Amor De Pai escrita por Little Flower


Capítulo 4
Explicações.... E o confronto.


Notas iniciais do capítulo

Bom, boa leitura.

Capítulo atualizado em 02/03/21 (OBS: Esse foi um dos capítulos que eu mais amei reescrever haha)



Este capítulo também está disponível no +Fiction: plusfiction.com/book/182404/chapter/4

 

[Edward]

— O que? Como ela pode ser sua filha, Edward? — perguntou Eleazar, incrédulo.

— Querido, se acalme. É claro que eles terão a reposta. — Interveio Carmen segurando sua mão. Ele relaxou ao seu toque e assentiu.

— Eu, bem... Evolvi-me com uma humana, ela chamava-se Bella. Nós nos relacionamos fisicamente resultando na concepção da criança, ela deu à luz a Renesmee, porém não resistiu. Um mistério que nos intriga, pois Renesmee cresce no ritmo normal... — esclareci, a voz um pouco distante, tentava esconder meu sofrimento ao relembrar a morte de Bella.

Era insuportável pensar que ela não estava mais viva aqui comigo. Com nossa filha.

— Como? Ela é filha de uma humana? — indagou Eleazar de olhos arregalados, ainda cético.

— Com um vampiro. — Completou Carmen tranquilamente, mas com certa admiração com a novidade. –— Posso sentir seu cheiro doce de vampiro, mas também há outro aroma... De sua parte humana... Fascinante. Vocês podem sentir também, os Cullen jamais mentiriam para nós. 

— Como isso é possível? — Tanya ainda estava em choque.

Contamos absolutamente tudo o que sabíamos para nossos amigos. O fio de esperança que nos agarrávamos em busca de mais explicações foi perdida assim que constatamos que eles sabiam tanto quanto nós.

A palavra “hibrido” era desconhecida no mundo dos vampiros. Como não haviam fatos verídicos que afirmassem existirem tal espécie, pouco se sabia sobre. De repente, o sentimento de medo transcorreu meu corpo, minha filha era especial, diferente.

Algo que os Volturi tinham total apreço. Felizmente, minha família e poderia apostar que os Denali também, garantiriam que isso jamais chegasse ao conhecimento da autarquia vampiresca. Afastei àqueles pensamentos e voltei ao presente.

Como Renesmee ainda dormia, a acomodei no quarto de hóspedes no segundo andar.

[...]

Na sala de estar nos encontrávamos nos atualizando das novidades e amenidades após o momento de tensão e explicações. Tanya estava ao meu lado, desrespeitando meu espaço enquanto os outros debatiam um assunto qualquer. Exceção de Alice que ficara no quarto com Renesmee até que ela acordasse e evitar algum tipo de pânico de minha filha por estar num cômodo desconhecido. 

— Renesmee é linda, Edward. Idêntica a você.  — Comentou Tanya passando a mão em meu cabelo — E quanto à mãe dela? Nunca mencionou que tinha alguém.

— Tanya, eu entendo sua curiosidade, mas não gosto de falar no assunto. Ainda amo demais a mãe de Renesmee e, embora ela não esteja mais aqui, eu nunca deixarei de amá-la. É só o que precisa saber.  — eu esclareci um pouco seco. Tanya não pareceu se intimidar. Seus olhos âmbar eram penetrantes e continuava a acariciar meu cabelo.

— Mas ela não está mais aqui como você mesmo falou e Renesmee precisa de uma figura materna... — começou ela, quando foi interrompida por um ser baixo de cabelos acobreados numa expressão nada amigável. Chegara na companhia de Alice, que ria em silencio pelo comportamento de Renesmee.

— Já tenho uma mãe! Não preciso de outra! — disse ela extremamente nervosa com o comentário, as mãos na cintura numa postura séria enquanto fuzilava Tanya com o olhar.

— É claro, criança. Não quis chatear você... — defendeu-se Tanya, afastando-se consideravelmente de mim. Cruzando os braços e forçando um sorriso.

Renesmee deu de ombros.

“Eu não gostei dela, papai...”  seu pensamento me fez rir minimamente. Tão pequena e tão ciumenta. Embora eu não duvidasse da capacidade de minha filha em compreender as insinuações de Tanya e tentar enfrentá-la pela memória de Bella, preferi por não prolongar o assunto. Ela derrotou um puma, por que não uma vampira que estava jogando charme para seu pai?

A diversão naquilo tudo me distraiu.   

— Oh, a pequenininha acordou! — Carmen comemorou num sorriso amável assim que peguei minha garotinha em meu colo. Ainda encantada por presenciar segundo seus pensamentos “um milagre vampiresco”. Humanas gerarem crianças hibridas? Era um fato inimaginável e incomum até conhece-la.

Seu pequeno corpinho relaxou em alivio e alegria em ser aceita novamente por desconhecidos. 

— Venha, meu anjo. Vou apresentar você aos nossos amigos. — eu disse e caminhei com ela até onde os Denali estavam. – Essa é Carmen, o marido dela Eleazar. Kate, Irina e Tanya. — Gesticulei indicando cada um.

Mais sorrisos receptivos.

— Olá pequenininha! É um prazer conhecê-la oficialmente. — disse Carmen a Renesmee que deu um largo sorriso, se deliciando com a nova amizade.

— Obrigada, é um prazer conhecê-la também, Carmen. — respondeu Renesmee educadamente. E riu gostosamente quando a mais velha espremeu suas bochechas o mais delicada possível. 

— Que amor! Você quer alguma coisa? Um suco talvez? — perguntou ela.

— Hum... Você sabe fazer panquecas? — perguntou Renesmee com as sobrancelhas arqueadas a Carmen.

— Oh, é minha especialidade. Você quer? — pediu Carmen. Renesmee assentiu freneticamente.

— Eu quero... Se não for incomodar.

— De forma alguma, querida. Afinal, não costumo cozinhar frequentemente — rimos da piada — Quer preparar comigo? — sugeriu ela e Renesmee olhou-me, uma pergunta muda se eu permitia. Concordei com a cabeça. No instante seguinte ela pulou de meus braços e segurou a mão de Carmen, rumando em direção da cozinha, como se fossem conhecidas há muito tempo.

Carmen também estava fascinada por estar tão perto de uma criança depois de décadas.

O fato de Renesmee aceitar novas companhias tão rápido me deixou com um sentimento esquisito. Difícil de explicar. Talvez eu esperasse que ela grudasse em mim o tempo todo, sob minha vista eu poderia protege-la melhor.

Porém eu não podia permanecer nesse pensamento. Não existia mais risco nenhum que ameaçasse sua vida. Pelo menos não aparentemente. 

— Ela é uma gracinha! — comentou Irina acompanhando com os olhos os últimos passos das duas figuras.

— É. Pequena e tão inteligente — concordou Kate.

— Você precisa ver o que ela é capaz de fazer! — murmurou Emmett que estava ao lado de Rosalie. Kate e Irina olharam para ele esperando por mais detalhes de seu comentário. E rapidamente o assunto foi direcionado para Renesmee mais uma vez. 

Rindo da empolgação de Emm em falar das façanhas da pequena, caminhei para a porta da frente lentamente, me esgueirando até sentar-me na escada da varanda e encarar o belo pôr do sol a minha frente. Lembrei de um tempo antigo, lembranças quase palpáveis, quando costumava dizer que o pôr do sol era a hora mais segura para Bella, mas também a mais triste, pois tinha que me separar dela.

Bella! Minha Bella. Ao pensar nela novamente meu coração imóvel e despedaçado doeu. Meus olhos arderam e perdi o fôlego como eu se precisasse de fato respirar para sobreviver. Quis com toda a força do meu ser ter lágrimas para derramar, poder lamentar seu sopro de vida arrancado por minha culpa. Se eu não tivesse a deixado novamente, teríamos encontrado juntos uma forma de preservar sua vida e de Renesmee.

Raiva. Sentia a cólera passar por cada parte de mim. Não possuir o luxo de ter as reações que desejava me deixava enojado. Um vampiro sem alma que deveria ter se afastado de seu amor quando ainda era tempo... Meu corpo gélido e paralisado me causava tanta repulsa. Nunca cansaria de desejar a humanidade.

O pensamento de que ela estaria melhor com ele era torturante, mas não passava de uma verdade nua e cruel... Balancei a cabeça rudemente. Pare, Edward!

Eu não possuía mais a alternativa de ir à Itália e pedir que me matassem dessa vez. Porque eles descobririam sobre minha criança e é claro que não a poria em risco. Nem minha família. Agora eu tinha uma pessoa pela qual eu deveria existir. Minha filha. Renesmee. Ainda que sofresse, lamentasse minhas escolhas e as de Bella, nossa criança sempre precisaria de mim. Do seu pai. E eu não podia... Eu não deveria jamais deixá-la. E nunca mais voltar a pensar essas coisas.

Sacudi a cabeça para espantar todos os pensamentos de uma vez.

Isso! Seja forte por Renesmee...

Senti alguém caminhar em minha direção. Queria que não fosse Tanya, eu estava nervoso demais e nada agradável sairia de mim naquele momento.

Quando captei o cheiro e os pensamentos quase silenciosos da minha nova companhia, suspirei aliviado.

— Edward... — começou Alice, sentando-se ao meu lado na escada.

­­­— Sim, Alice? – perguntei sem emoção na voz olhando para a além do horizonte.

— Edward, pare de pensar em coisas que podem afetar negativamente Renesmee. — queixou-se ela, provavelmente meus pensamentos suicidas de minutos antes tinham mudado um pouco o rumo do futuro, deixando-a apreensiva.

— Não se preocupe, Alice.

Suspirou.

— Mesmo que doa, é verdade, Bella está morta. — disse ela entre dentes, tentando abafar seu gemido de dor por ter proferido tais palavras — Eu também a amava. Amo. Nunca deixei de pensar nela, afinal ela era minha melhor amiga! — Alice sorriu tristemente pensando na época em que ela e Bella eram próximas. Se ela também pudesse chorar, suas bochechas pálidas estariam encharcadas.

Toquei seu ombro para lhe dar um pouco de conforto. E no fim acabamos abraçados de lado. Um passando algum tipo de força que duvidávamos possuir, apenas tentando nos consolar de alguma forma que não teríamos mais Bella de volta.

Novamente, me senti sendo observado e fiquei em estado de alerta e endireitei a postura. Esqueci por um momento a atmosfera melancólica que nos envolvia naquele momento.

— Alice?

— Sim?

Me afastei um pouco para encará-la.

 — Você me consideraria louco por dizer que sinto como se estivesse sendo vigiado? — eu perguntei com a testa franzida.

— Como assim vigiado?

— Não sei explicar. Mas é de fato estranho.

— Será que Aro enviou algum vampiro para nos espionar? — perguntou Alice retoricamente distante e acabou completando — Eu estou sempre mais atenta a respeito das escolhas vindas de Volterra. Eu teria visto algo.

— Não, estranho é, mas não é uma sensação desagradável. Será que seria algo relacionado a B...

— O que? Isso é ridículo, Edward. — disse Alice com deboche.

Revirei os olhos.

— Não há possibilidade nenhuma de Bella ter alguma coisa haver com essa sensação — continuou mais séria. — Isso é impossível e você sabe. Por favor, não dê falsas esperanças para a criança...

— Eu não vou contar disso à Renesmee. Só queria comentar com você sobre este fato.

— Esqueça isso, Edward! Renesmee merece um pai bem da cabeça. — Se limitou a rir, balançando a cabeça pesarosa. 

Meu coração congelou, mais ainda que eu achava possível. Quando eu praticamente estava “espumando” de raiva e deliberando seriamente em jogá-la para a floresta atrás da casa dos Denali, uma voz melodiosa e infantil chamou meu nome de dentro da casa.

— Pai! — gritou Renesmee, através da janela de vidro da cozinha.

Empurrei de leve o ombro de Alice com o meu antes de me levantar e seguir para onde minha filha estava. Mesmo sendo tão irritante ela não merecia meu comportamento. Alice e eu sempre fomos unidos, passamos tanto tempo em convívio que era impossível não a enquadrar como minha irmã. E irmãos tendem a brigar de vez em quando.

A cozinha era moderna, um balcão de mármore no centro e seis banquetas, armários em tons escuros, assim como a porta da geladeira — para manter as aparências em casos extremos. Uma mesa de madeira sofisticada e cadeiras no mesmo estilo.  

— O que foi, meu amor? — perguntei a minha pequena.

— Papai, a tia Carmen me ensinou a fazer panquecas! E me deixou virar, olha só! — disse ela sorrindo largamente segurando uma frigideira com a supervisão da mulher com expressão radiante. Somente naquele momento, pude notar a roupa de Renesmee suja de massa.

Sacudi a cabeça em divertimento, ela era uma criança afinal de contas, precisava se lambuzar. Ela estava em estase com a experiencia na cozinha. E não havia nada com que eu preocupasse, pois em caso de qualquer acidente eu agiria rápido.

— Estou vendo, meu anjo. Percebi que sua roupa também curtiu a bagunça.

Ela gargalhou esfregando uma das mãos sujas de farinha no vestido e depois levando à boca com olhos arregalados em susto.

— Ops!

Dei de ombros sorrindo, demostrando que não havia problema àquela sujeira, contanto que ela estivesse se divertindo.  

Encostei-me a parede ainda em alerta enquanto Carmen auxiliava Renesmee a jogar a massa redonda para cima e alcança-la com a frigideira no momento certo. Os risinhos de minha filha me contagiavam de uma forma inexplicável. Faziam com que esquecesse das minhas dores e frustrações.

[...]

— Aqui está mi querida. — disse Carmen colocando o prato com cinco panquecas coberta de calda de chocolate sobre o balcão onde minha princesa se sentou. Coloquei seu babador, me encontrava ao seu lado para observá-la.

— Obrigada Carmen. — disse Renesmee em seu tom suave se lambuzando com as massas.

— Por nada, pequenininha... — disse Carmen derretida, sorrindo para ela e sendo retribuída. Eu li nos pensamentos de Carmen como ela já estava dominada pela magia de Renesmee, o que era totalmente recíproco. Para ela, Carmen já garantia um lugar em seu coraçãozinho inocente.

Carmen e eu olhávamos Renesmee comer, ambos com nossos próprios motivos de encantos por ela. A garotinha estava tão concentrada que não prestou atenção na conversa em que engatamos.

— Eu não pude dizer antes, Edward, mas eu sinto muito por perder sua parceira. — Respirei fundo de forma devagar para tentar afugentar aquela insistente dor no fundo do coração, já que eu não tinha mais alma — Não consigo dimensionar sua dor. 

— Obrigado, Carmen.

— E perdão por não termos respostas quanto ao que vieram procurar conosco.

— Tudo bem... O que importa é que não deixaremos de buscar saber mais sobre. Faremos tudo que estiver em nosso alcance...

— E pode contar conosco também. Ajudaremos no que pudermos.

— Obrigado novamente. — Meneei a cabeça com pensamentos e indagações novas, já um pouco distante. Ela apertou meu ombro numa demonstração de carinho e conforto. Sorri de leve e a mesma correspondeu.

[...]

A temporada com os Denali fora totalmente proveitosa, embora tenhamos continuado com as pesquisas sobre híbridos, restava tempo para o lazer. Era bom estar com os amigos. E Renesmee era o motivo crucial para fazer cada minuto o mais precioso. Ainda mais para Carmen que quis participar ativamente dos cuidados que envolviam minha filha, como em deixa-la mais perfumada que as flores de campo a ajudando no banho, ou em alimentá-la, ou até mesmo em acompanhar de perto o processo de fazê-la dormir. Cada dia era um cardápio diferente que o paladar de Renesmee experimentava. E eu ficava feliz com toda a receptividade.

Imaginar que Bella pudesse estar perto, talvez nos olhando de algum lugar me deixava estranhamente aliviado e animado com aquela possibilidade ilusória. Se fosse verdade ou não, trazia certo conforto ao meu coração tão inconformado. Ela deveria saber que nossa menina estava feliz e que embora sentisse sua falta assim como eu, era amada por todos que a cercavam.

Nossa filha era incrível. Tão pequena e tão destemida. A julgar por sua pouca idade era notório que por ser metade vampira partia desse fato sua tamanha evolução quanto a falar perfeitamente e sua inteligência inquestionável. Sem mencionar a força que possuía ao derrubar suas presas. Questões que já incrementavam partes das pesquisas no caderno de anotações de Carlisle.

Todos ganharam seu apreço, com exceção de Tanya, na qual as investidas em se aproximar de mim não passaram despercebidas por ela. Embora eu tivesse deixado claro que não queria envolvimentos românticos nem agora e nem nunca. Renesmee fazia questão de enxotar Tanya quando a mesma insistia em jogar seu charme.

Nós passeamos quase todos os dias conhecendo a cidade, as garotas ficaram satisfeitas em leva-la para fazer compras e a encheram de presentes.

O ponto auge das surpresas que rondava Renesmee para os Denali foi ao caçarmos — assim como nós alguns dias atrás — ficaram admirados e em choque com tamanha facilidade, agilidade e graça em Renesmee abordar sua comida.

Porém precisávamos ir a outro lugar e o dia de nos despedirmos chegou.

Então estávamos nós prontos para retornar à Forks, para mais explicações e um possível confronto. Não sabíamos se a trégua entre nossa família e os Quileute ainda existia, eles sabiam sobre Renesmee e de alguma forma a decisão de Bella em levar a gravidez — algo desconhecido, impensável, assustador para os lobos — a diante nos ligava ainda que indiretamente a quebra do trato. Algo como um pressentimento ruim me deixava inquieto. Era necessário estar em alerta para qualquer coisa que viesse a acontecer. 

Terminávamos de arrumar nossas malas no carro e Renesmee se despedia chorosa dos Denali. Havia se apegado demais a eles. Me deixava apreensivo o fato de que ela estava triste em dizer adeus. Até mesmo nem se lembrava de quando não achou interessante a viagem antes. 

— Oh. Minha pequenininha vou sentir sua falta. — Murmurou Carmen tão triste quanto ela, agachada em sua altura, algo na forma como sua face se contorcia numa careta externava a impressão que estaria chorando. Se isso fosse possível.

— Eu também tia Carmen. — disse Renesmee com um beicinho gracioso e se abraçaram ternamente. Carmen depositou um beijo carinhoso na testa de Renesmee após se afastarem um pouco.

Depois foi a vez de Irina, Kate, Eleazar receberem um abraço apertado e beijos molhados e estralados nas bochechas. Renesmee apenas trocou um aperto de mão leve com Tanya, demonstrando sua boa índole e lindo coração, embora não gostasse tanto assim da vampira “atirada”.  

— Bom, serão bem-vindos a nossa casa em Los Angeles. Quando quiserem ir vê-la. — sugeriu Carlisle gentilmente.

— Tenho quase certeza, meu caro amigo, que irão nos ver em L.A antes mesmo do que imaginam. — comentou Eleazar com um pingo de divertimento rindo brandamente ao indicar Carmen e minha filha de mãos dadas e nos fazendo acompanha-lo.

Atento aos pensamentos da criança, ela via Carmen como uma figura materna tanto quanto em Esme, ainda que os tratamentos fossem quase iguais, ela havia se apegado demais a vampira mais velha. Renesmee sentia ainda que inconsciente amor materno nos braços de Carmen. O que lhe foi tirado com a ausência de Bella. Saber daquilo mais uma vez me incomodou, pois não sentia capaz de fazer muita coisa a respeito. Pelo que eu li em algum lugar uma vez nas minhas pesquisas desesperadas em conseguir informações sobre paternidade, algumas crianças sentem mais necessidade das mães do que os pais. É um laço forte ainda que as mães não estivessem junto das crianças, não se rompia jamais.

Então ninguém jamais tomaria o lugar de Bella no coração de Renesmee — isso para mim era inquestionável —, mesmo que não tivera a chance de conviver mais tempo com a mãe, ela amava Bella demais. O que era recíproco por parte de Bella, lutou por sua filha até onde pode, a protegeu, a amou antes de morrer ou até depois disso.

Não notei que tinha petrificado totalmente com os pensamentos rondando minha mente até sentir o doce timbre de minha filha, me fazendo piscar freneticamente e voltar a me mexer ou respirar.

— Vamos papai? — perguntou Renesmee e pegou minha mão para me fazer sair do torpor, estava com o rosto vermelhinho pelas emoções e sorria fracamente para cima, já que tinha que forçar o pescocinho para me olhar melhor. Fechei a porta do porta malas com um back surdo que estava suspensa no ar.  

— Vamos, anjo. — Respondi correspondendo ao seu sorriso e me despedi dos Denali, agradecendo toda a estadia e gentileza com minha filha. Especialmente a Carmen.

Quando todos estavam acomodados em seus lugares dei a partida. Era um único carro que continha três bancos largos. Emmett por ser o maior ia no do carona ao meu lado. Carlisle e Esme iam ao lado de Renesmee que estava sentada na cadeirinha com o Jackie espremido em seus braços, mimando a netinha de vez em quando. Jasper, Alice e Rosalie iam no segundo.

A viagem quase toda fora silenciosa, algumas vezes conversávamos alguma coisa trivial ou passávamos o informe de coisas essenciais sobre Charlie para Renesmee, que dormiu no meio da viagem. Num consenso unânime, achamos melhor ir de carro dessa vez, chegaríamos a Forks no máximo ao entardecer no dia seguinte. 200 km por hora.

— Não acham que os cachorros vão saber quando chegarmos? — perguntou Rosalie, expressando seu desprezo pela espécie.

— Provavelmente, mas não consigo prever nenhuma decisão. Como sempre Rosalie.  — Disse Alice como se fosse óbvio. A loira bufou. Sem dúvidas os Quileutes saberiam, sentiriam nossa presença de volta assim que “pisássemos” em Forks.

Sem a vantagem de estar atentos aos futuros passos dos lobos não tínhamos ideia se era realmente seguro para Renesmee. Estava angustiado. Eu esperava cegamente que aquilo não se tornasse um problema. Eles não poderiam premeditar um ataque. Em termos, não havíamos feito nada.

Como explicar que carregávamos conosco uma criança hibrida inofensiva, sem nenhum traço da maldade que os vampiros transformados tinham? E ainda mais, convencê-los de que ela não oferecia perigo?

Ao contrário, ela era a pessoinha mais doce que eu já vira. A encarei através do espelho retrovisor e sorri abobalhado para minha filha, seus olhos abertos e atentos agora. Ela não percebeu meu olhar sobre si, concentrada em cantar alguma cantiga infantil sendo acompanhada por sua avó Esme e tia Alice.

Rosalie de vez em quando fitava a cena de soslaio, um tanto inconformada. Ainda estava enraivecida por Nessie preferir a aproximação das garotas Denali a ela. E isso não foi o pior, ela havia dito em alto e bom som para Rosalie que a tia estava no último lugar de sua lista de tios preferidos.

Rosalie pensava nisso o tempo inteiro. Ela apenas desejava que agora, Renesmee gostasse dela, pouco que fosse. A loira se sentia ressentida, mas foi ela própria que havia criado essa situação e errado na primeira impressão passada a Nessie.

[...]

Conforme íamos nos aproximando de Forks meu estômago se revirava, nervoso. Nessie olhava tudo com uma careta. “É verde demais!” ela pensou. Gostava de coisas coloridas. Com um riso eu lhe disse que este tinha sido o primeiro pensamento de sua mãe ao chegar na cidade pela primeira vez.

— Mas depois ela pôde perceber que não era tão ruim... Afinal foi aqui que nos conhecemos.

Renesmee sorriu com os olhos brilhantes, fascinada. Qualquer menção de meu romance com Bella lhe causava isso. Ou apenas falar o nome de sua mãe.

— Nossa, papai... — suspirou ainda com o sorriso na voz e dei uma piscadela. O assunto tomou outro rumo quando ela retornou a falar — O vovô Charlie vai gostar de mim? — quis saber ela, nervosa. Com uma pontada de medo e incerteza.

— Claro que vai, meu amor. — eu garanti sorrindo e ela correspondeu com um esticar de lábios leve.

Estacionamos em frente à residência familiar do chefe Swan. Tantas lembranças, tantas memorias. Era um misto de emoções a me confundir por dentro. Sacudi um pouco a cabeça. E me concentrei em minha filha, o coração de Nessie começou a acelerar. Virei-me e estiquei meu braço para acariciar seu rostinho com minha mão, a expressão de tranquilidade se transformando em aflição.

— Acalme-se, meu anjo. — eu disse ternamente.

Saí fechando a porta atrás de mim com devida força, fui até a de trás e tirei Renesmee da cadeirinha. Já em meu colo, seu corpinho tremia levemente. 

— E vocês? — indaguei, para minha família.

— Acredito que o melhor seja a conversa acontecer somente entre você e ele, filho. — Respondeu Carlisle. E todo o restante do clã Cullen concordou através de suas mentes.

Assenti.

— Tudo bem, vão esperar aqui? Não sei quanto tempo pode levar.

— Vamos cobrir perímetro nos arredores, Edward.  — Decretou Alice saindo do carro e se espreguiçando teatralmente, sendo seguida por nossa família. — Lobos. Matilha. Queremos verificar se é seguro, eles podem estar por perto. 

— Obrigado, Alice.

“Não é necessário agradecer, você sabe que nos preocupamos com Nessie. Mais do que conosco”.

 — Um possível conflito seria bom para os ânimos. — desdenhou Emm, empolgado.

Eu sorri de canto. Mas ideia de qualquer indicio de combate com Nessie no meio era péssima para mim. 

— Até mais, bonequinha. — disse Alice e deu um beijo na bochecha de Renesmee, que retribuiu com um sorriso.

Acenou para nossa família e caminhamos em direção a porta da casa de Charlie ao mesmo tempo em que eles se dividiam correndo floresta a dentro. Nenhum pensamento relacionado a nós, aparentemente todos os vizinhos de Charlie estavam no conforto de seus lares. Perfeito. O que eu menos queria era alguém esticando o pescoço para nos ver e espalhar boatos. Era arriscado ter Nessie exposta assim, se as pessoas a vissem iriam chegar à conclusão mais óbvio: Renesmee, fruto do relacionamento de Isabella Swan com Edward Cullen.

Bati na porta apressadamente.

Olhei para os dois lados. Limpo ainda. Bati na porta mais umas vezes com mais força. Escutei passos suaves, o que estranhei pois o andar de Charlie não costumava ser sutil.

Arregalei os olhos quando vi Sue Clearwater a minha frente, totalmente surpreso. Sabia ao seu respeito e vi seu rosto nos pensamentos de Seth quando enfrentamos Victoria e Riley juntos.

— Edward Cullen? — Indagou ela, como se esperasse minha visita.

— Sim.  — Respondi de forma gentil aceitando sua mão para apertar em um cumprimento formal. Seu olhar parou em Renesmee que tinha o rosto escondido em meu peito. Ela dividiu a atenção em nós dois. “Meu Deus!”.  — Charlie está?

— Oh, sim. Queira entrar, por favor.  — Falou educada, porém no fundo um tanto hesitante. Ela sabia o que eu era, sendo parte do conselho de La Push é claro que saberia. Entrei e um forte cheiro de lobisomem encheu o ar, fazendo-me franzir um pouco o nariz. Renesmee farejou o ar, mas não fez careta. Como se o odor não fosse repulsivo para ela quanto era para mim.

Charlie terminava de descer as escadas de cabeça baixa. Ao elevar seus olhos eles se prenderam na garotinha com o rosto escondido. Então deu um meio sorriso, fascinado e incrédulo ao mesmo tempo. Depois sua atenção parou em mim.

­— Oh, Charlie, eu estava indo chama-lo. — falou Sue.

— Ah sim, obrigado, Sue.

Ele limpou a garganta.

— Edward. — falou firmemente num aceno mínimo de cabeça, retribuí.   

— Senhor Swan.

Umedeceu os lábios, respirando fundo. 

— É ela?

Assenti.

— Renesmee... Seu avô quer ver seu rostinho. Não quer conhecê-lo? — perguntei ao pé de sua orelha. Ela acenou com a cabeça levemente. Então virou o rosto lentamente para encará-lo. Ele arfou ao finalmente ter acesso aos seus traços. “Minha nossa! Com certeza ela é minha neta! Veja os olhos! E o rosto!” pensou ele. Uma lágrima solitária se formou na borda de seu olho e escorregou pela sua bochecha.

— Oi, vovô! — disse ela sorrindo calorosamente. Ele retribuiu e outras lágrimas se seguiram.

— Olá. Posso ganhar um abraço seu, Renesmee? — perguntou Charlie com os braços abertos. O rosto banhado em lágrimas. Nessie olhou para mim e eu assenti deixando-a no chão em seguida. Correu e Charlie a pegou no colo. Deram um abraço emocionante, percebi ao reparar por sobre seu ombro que Nessie chorava copiosamente.

Conectados ainda que indiretamente num lamurio de uma perda em comum. Bella.  

Tão sensível.  

O encontro tão emocionante me deixou sem fôlego por alguns minutos. Eu acreditava que se eu ainda pudesse produzir lágrimas, estaria igual a eles.

Podia ver a chama de esperança se acendendo no peito de Charlie. Lhe trazendo vida aos olhos e iluminando seu rosto.

Depois de um tempo, Charlie me devolveu Renesmee. Sue acompanhou tudo da cozinha, ainda estava tentando processar a ideia de que o chefe Swan tinha uma neta e que ela estava ali diante de seus olhos. Algo desconhecido e que ressentia seu povo, mas que aparentemente não poderia ser considerada perigosa.

— Vovô, meu nome do meio é Carlie sabia? Em homenagem à Carlisle e Charlie, meus vovôs.

Charlie ficou um momento em silencio, tomado pela surpresa e por ternura com aquele último ato de carinho de sua filha. Era reconfortante saber que mesmo longe ela se recordara dele.

— É mesmo?

Renesmee balançou a cabeça enfaticamente, demonstrando em como ficava empolgada em compartilhar aquele fato.

— Fico muito feliz em saber disso, querida.

— O vovô Carlisle disse a mesma coisa. — ela riu inocente.

— Eu imagino que ele tenha ficado tão honrado quanto eu... Hey, você gostaria de ver o quarto da mamãe?

— O que? O quartinho da mamãe? Com tudo dela? Eu quero sim!

— Eu... apenas preciso conversar com seu pai um pouco e aí nós vamos lá, tudo bem?

— Vai demorar muito?

— Eu espero que não.

Ela bateu palminhas, radiante, como Alice.

— Muito bem Edward. Agora eu preciso saber de tudo... — disse Charlie se direcionando a mim.

Um pensamento totalmente insano preencheu minha mente. Devo mencionar à Charlie partes da verdadeira história? Ou mantenho nosso segredo a salvo?

— Renesmee... — Interveio Sue de forma doce se aproximando de nós. — Eu sou a Sue.

— Oi, Sue.

— Você não gostaria de ir ver as flores do jardim? Elas estão pequenininhas, mas elas precisam crescer mais, posso deixar você regá-las, quer? 

Aquilo foi a deixa para que ela virasse o rostinho para mim, esperando minha resposta, muito empolgada. Sorri assentindo.

— Sim, sim! Eu quero!

— Vamos lá.

Quando ela pegou a mão de minha filha, lhe enviei um olhar de gratidão que foi retribuído com um sorriso pequeno. Assim que as vi deixar a casa pelas portas dos fundos, voltei minha atenção para Charlie.

— Bem Charlie, é extremamente crucial que esse assunto não saia daqui. Você tem que saber que a história pública é a que importa mais...

— Por que você está insistindo em manter segredo? Eu não compreendo. E se eu não tivesse telefonado? — pediu Charlie cruzando os braços, tentando não soar tão rude. — Você me diria alguma coisa sobre ela? — indicou com a cabeça o lugar lá fora onde a pequena estava com a mãe de Seth.

Hesitei, sem uma resposta convincente. Ou para me defender.  

Não estava em meus planos, eu nem mesmo havia pensando em Charlie antes de sua ligação inesperada. Não porque queria manter Renesmee longe de seu avô levado pelo egoísmo, mas porque desde que ela chegou não tinha tido tempo para isso. Estávamos focados em compreender sua espécie. Fora que voltar a Forks também não parecia uma solução inteligente. Os lobos fariam daquilo uma forma de quebrar o tratado, se é que ainda existisse.

Charlie bufou sorrindo de canto, tirando suas próprias conclusões pelo meu súbito silencio. Era evidente que ele ainda alimentava certo rancor de mim por ter ido embora mais uma vez da vida de sua única filha.  

— Eu entendo, Charlie. Sinto muito se passei a impressão errada, eu jamais esconderia ela de você. Como você mesmo disse, ela possui uma parte de Bella.

— Mas então, porque ninguém pode saber?

Hesitei novamente. Como poderia explicar que nossa garotinha corria perigo sem nos expor?

— Não é seguro. Eu não posso falar nada mais que isso, sinto muito.

Ele suspirou, mas por fim cedendo.

— Como você soube, que ela existia? Bella procurou você? — quis saber, curioso, mudando de assunto.

— Sim e não. Ela não sabia onde me encontrar.

— E como você terminou com Renesmee nos braços?

Narrei os fatos. Ocultando que foi após o nascimento sangrento de Renesmee que Bella morreu, que a tia Lara era na verdade uma vampira camarada que se prontificou em ajudar sua filha até que ela desse à luz, que por minha completa estupidez não tínhamos mais Bella em nossas vidas. Basicamente distorci a verdadeira história para não soar tão assustadora. 

Mencionei sobre a carta de Bella, ainda que eu quisesse muito mostra-la, eu não poderia. Nela continha muitas informações sobre nosso mundo, que se Charlie soubesse o poria em risco também. Em certo momento, ele desabou num sofá próximo. O rosto contorcido numa agonia quase palpável.

— Eu nunca entendi porque ela foi embora. Ela pensava que eu faria o que? Que eu a expulsaria por estar grávida? Eu jamais a magoaria dessa forma. Eu não seria um pai baixo desse nível.

— Eu sei que não, e ela também. Charlie, tenho ciência de minha parcela de culpa nisso, mas você não fez nada de mal, foi uma escolha de Bella.

— Assim como a mãe dela, anos atrás.

— Realmente acha que com esse pensamento chegará a algum lugar? — ele que até então estava encarando o nada, fixou seus olhos em mim.

— Não sei... — sussurrou — Ainda sinto falta dela em qualquer lugar que eu olhe, posso imaginá-la preparando o jantar ou chegando em casa com aquela lata velha laranja que dei de presente. — Embora o tom melancólico estivesse ali, ele sorriu de lado. Saudoso.

— Eu posso imaginar. — Fiz eco aos seus sentimentos. Preso em minha própria bolha de masoquismo. E respirei profundamente.

[...]

Renesmee encarou o cômodo de forma encantada, tudo estava no mesmo lugar, até mesmo a colcha roxa floral. Tive que me controlar para os flashes de lembranças vividas com Bella ali, não me cegassem. Podiam se passar anos e o cheiro dela ainda permanecia impregnado nas paredes do seu quarto.

Seus dedinhos tocavam tudo que ela podia alcançar, curiosos. Fotos, seus olhos pararam numa espécie de mural de fotos que eu nunca tinha visto antes. O que me levou a suspeitar ser feito de Charlie.

— Ela possui mesmo 1 ano de idade?

— Sim. Muito inteligente, não é?

— Demais. Ela fala perfeitamente e anda sem tropeçar. Muito avançada para a idade. Mesmo com o tom infantil de criança ela não hesita nas palavras. — Afirmou, me deixando um tanto incomodado, o seu tom suspeito.

— Papai, é o senhor? — uma fotografia em especial chamou sua atenção. Não era necessário chegar mais perto e me certificar que sim, éramos Bella e eu em sua festa de aniversário catastrófica de 18 anos na antiga casa em que morávamos.

— Sim, sua mãe e eu, no aniversário dela.

O mural era um pouco mais acima, mas ela conseguiria tocar facilmente. Ela passou bons minutos admirando a foto em questão, maravilhada. Novamente seus dedinhos curiosos desenharam os traços de nossas figuras enquanto um sorriso radiante se alargava em seu rosto.

— Vocês são tão lindos juntos. — Nessie sussurrou ainda concentrada na foto.

Sorri e para minha completa surpresa Charlie ao meu lado, sorriu também.

— Você pode ficar se quiser, querida.

— Sério, vovô?

— Claro.

A ajudei a pegar a foto, retirei os ímãs em forma de borboletas que a sustentava e lhe passei o papel.

— Obrigada, vovô. — pediu para que ele se abaixasse e depositou um beijo estralado em sua bochecha, segurando a fotografia como se fosse seu tesouro mais valioso, o que para ela era de fato.

— Por nada, querida. Ah, me parece que tem um embrulho ali próximo ao travesseiro, por que não verifica o que é?

Renesmee andou até onde o avô tinha indicado e capturou sem dificuldade o pacote num papel rosa choque.

— Vá em frente, abra. — incentivou quando ela o encarou pedindo permissão para abri-lo. Segundos depois havia pedaços espalhados pelo chão e Nessie retirou de lá uma linda boneca trabalhada em porcelana de cachos marrons.

— Nossa, ela é linda. É para mim?

— É, você gostou?

— Sim, eu amei! Obrigada, vovô. Acho que merece muitos beijinhos. — E assim ela fez.       

Enquanto descíamos a escada deixei com que Charlie a levasse em seus braços. Queria prolongar um pouco mais o laço que estava sendo criado ali entre eles; ambos planejavam um dia de pesca para que ele lhe ensinasse todos os truques para apanhar bons peixes.

— Vocês realmente não podem ficar mais alguns dias?

— Não, Charlie. Infelizmente não podemos estender mais nossa estadia em Forks.

— Entendo... — suspirou se contendo para não fazer mais perguntas. “Tanto mistério...” — Hum, Edward. Eu compreendo que você não quer que ninguém mais saiba sobre ela, mas quando Jacob veio aqui... Não pude evitar em contar a ele, desculpe.

Estremeci com a menção de seu nome. Jacob Black sabia que estávamos vindo. Charlie achava justificável quer por ele ter sido “melhor amigo” de sua filha, ele tinha direito de saber sobre Renesmee. Embora ele mais que ninguém, até mesmo antes de mim, tinha conhecimento de sua existência.

— Eu espero não ter criado nenhum problema. — Se adiantou Charlie antes que pudesse responder.

— De forma alguma. — Tentei manter minha calma ao dizer aquilo quando na verdade eu queria muito reprova-lo. Mas ele não tinha culpa, como ele saberia que Jacob nunca gostou da ideia de Bella prosseguir com a gravidez? — Devemos ir andando. Se despeça de seu avô, meu anjo.

Renesmee prontamente obedeceu, deu abraços apertados em Charlie e Sue, o mais delicada possível e agradeceu mais uma vez sobre seus presentes.

—  Prometo que a trago sempre que for possível para lhe ver, mas presumo que o melhor para ela seja morar longe daqui. — Assegurei e ele assentiu um pouco a contra gosto. “Ele é o pai, afinal”, pensou.

— Ela é a criança mais linda que já vi. — ele comentou acariciando o cabelo de Nessie e fitando-a, que retribuiu com um sorriso. Pude ver em seu rosto, pude observar o sentimento que crescia ali. Charlie era tão indefeso à magia de Renesmee quanto o restante de nós.

— Sim, ela é linda.

— Se parece muito com você dois. — externalizou seus pensamentos e se sentiu novamente melancólico ao mencionar Bella — Acredito que se Bella estivesse aqui seria aquele tipo de mãe coruja tão grudada quanto mandona. — Riu.

— É, eu não duvido disso. — O acompanhei na risada, mas depois meu tom mudou — Renesmee é tudo para mim. Pode não acreditar em minhas palavras, mas eu ainda amo demais sua filha, chefe Swan, e esse sentimento nunca passou, ainda eu fosse embora, um pedaço meu ficava com ela aqui... Eu também sofro todos os dias por ela ter partido e eu não ter tido a chance de mudar o rumo das coisas.

— Ora, o que é isso, filho? — o tratamento me surpreendeu mais uma vez naquele fim de tarde, Charlie estava me consolando? — Não teve culpa nenhuma no que aconteceu, foi uma fatalidade. — disse Charlie e vi incrédulo tocar meu ombro o apertando um pouco.

Se ele soubesse a verdade sobre a causa da morte de Bella e minha verdadeira origem. E que eu permiti que ela fizesse parte desse mundo por amá-la tanto. Ele me perdoaria?

Eu poderia ter a transformado antes de ela suspirar uma última vez. De fato, eu não tinha certeza de qual das duas opções era a menos pior. Mas eu arriscaria optar pela última solução.

— Eu poderia, Charlie. — Afirmei novamente, no fundo querendo que ele compreendesse o que estava escondido nas entrelinhas, mas não havia como. Ele me encarou de forma especulativa, quase semicerrando os olhos. Sua mente se misturando em bolos confusos.

Sacudi a cabeça, respondendo a sua pergunta muda. Eu não poderia ir além, poderia nos complicar ainda mais. A todos nós.

Ele estava se sentindo estranho, sabia que alguma coisa estava muito errada, e com a minha recusa ele não teve como continuar insistindo. Ele pensou que se me pressionasse de alguma forma, poderia não ver mais sua neta. Então mudou de assunto enquanto nos conduzia até a porta da frente.    

— E sua família?

— Eles estão caminhando um pouco. Acharam melhor termos essa conversa o mais privada possível.

Assentiu.

Nos despedidos de Charlie novamente e caminhamos para o carro. Não pude conter meu suspiro de alivio por não ter estragado nada. Ainda que ele especulasse sobre os mistérios que rondavam a respeito de mim, ele jamais chegaria à conclusão de que eu era um vampiro.

Olhei novamente para os lados a procura de algum perigo evidente. Porém, tudo continuava na mais completa paz. Achei estranho que família ainda não tinha retornado. Nessie acenou animadamente uma última vez antes de seu avô fechar a porta. Coloquei os presentes no banco do carona.

— Papai. Nós podemos passear na floresta daqui rapidinho? — perguntou ela com um beicinho.

— Eu não sei se é uma boa ideia, meu anjo.

— Por favor, só um pouco...

Suspirei derrotado e concordei com a cabeça. Embora não tivesse muito mais o que fazer, já que eu não fazia ideia onde o clã poderia estar agora. Tentei o celular de Alice enquanto caminhávamos em direção a floresta, meu corpo inteiro tenso, algo como um pressentimento ruim matutava no meu interior. A chamada não completou, em nenhuma das outras três vezes que tentei algum contato com a baixinha. Eu queria sair daquela cidade o mais rápido fosse possível.

Crack!

— O que foi isso? — perguntou Renesmee ao se sobressaltar. 

— Um esquilinho que talvez quer fazer amizade, Nessie.  — Eu disse rindo de sua expressão de espanto. Ela se desprendeu dos meus braços e seus pés tocaram a grama. Ela olhou encantada para o cenário verde e marrom sorrindo de leve, nem parecendo que a um tempo atrás parecia não gostar do lugar; e correu a toda velocidade mata adentro — Renesmee!

Disparei atrás dela. Ela ria, classificando aquilo como uma brincadeira divertida. Ela, minha filha hibrida — ainda que uma criança doce e pura — não conseguiria mensurar todos os riscos que ao se afastar de mim, corria. Ainda mais ali naquela floresta em particular, cheia de inimigos.

Então escutei barulhos de patas se aproximando.

Arregalei os olhos. E quando finalmente a encontrei numa clareira sem flores — a mesma que Bella e eu tínhamos como nosso lugar especial — a chamei novamente e ordenei que caminhasse até mim. Rindo com as mãozinhas em frente à boca, achando que eu ainda estava brincando deu as costas e quando estava prestes a dar outro passo para continuar sua fuga, um lobo enorme de cor preta apareceu mostrando os dentes num rosnado intimidante. Ela não precisou se mover pois eu já me encontrava em sua frente a trazendo para mim de forma brusca e a afastando do lobo. Seu pequeno corpo trêmulo.

— Papai. — sussurrou chorosa e escondeu o rosto em meu peito, amedrontada. Estreitei meus braços ao seu redor.

Devolvi o olhar desafiador do lobo, não me abalando em nenhum momento. Não demorou muito para um grupo de formar. Acompanhei com os olhos enquanto outros lobos de tons variados se juntavam a ele, Sam. O alfa da alcatéia. 

Um lobo de cor cinza — Seth — que me olhava calorosamente, era o único arredio naquele confronto. “Sinto muito, Edward”, desculpava-se ele. Enquanto os outros rosnavam ferozmente em minha direção ele se pôs em silêncio.

Em meu colo Renesmee ainda tremia e soluçava, se encolhia ao som canino que eles produziam, seu medo da alcatéia era quase palpável. Eu senti a cólera correr por todo meu corpo.    

Um garoto de pele morena avermelhada expos sua presença contornando os lobos e ficando à sua frente. Jacob. Meu corpo enrijeceu mais ainda. Seu olhar era um misto de ódio e raiva. Não tão diferente do meu. Em seus pensamentos uma única palavra tomava espaço: VINGANÇA.

— Edward Cullen, que desprazer em ver você de novo. — disse acidamente, mostrando toda a sua repulsa.

— Jacob Black, ou prefere lobinho? — sorri sarcasticamente, me deliciando com sua careta — Faço minhas suas palavras.  

Seus olhos pretos — tão escuros como o tom de uma noite sombria — caíram na direção a minha filha assustada. Arqueou uma sobrancelha de forma especulativa. Em nenhum momento hesitou com seu plano de vingança, embora fosse apenas uma criança. Como poderia ele perdoar a criatura que matou a garota que tanto amava?

Quis avançar sobre ele naquele momento. Mas não podia arriscar com Nessie nos braços.    

— Ora, ora, ora. Então essa é a coisa que matou Bella? Esse é o monstro que a destruiu? — perguntou entre dentes. Inconscientemente dei um passo à frente diante da fúria que me encontrava. Como ele teve a ousadia de chamá-la assim?

— Nunca. Mais. Repita. Isso.  — eu sibilei entre dentes. — Ela não é um monstro, é apenas uma criança inocente!

Ele gargalhou. Que vontade de cravar meus dentes no pescoço daquele cretino.

— Quem mata a própria mãe é considerado o que então? — zombou ele, sorrindo com os olhos.

Respirei fundo. E dei outro passo inconsciente. Não podia atacá-lo, mas a ideia de vê-lo morrer aos poucos não me parecia tão infeliz. Minha pequena hibrida contava somente com minha proteção ali e eu não poderia ser tão insano dessa forma. Nessie chorava, um choro de culpa substituindo o de medo. As palavras do cachorro sarnento ecoavam em sua cabecinha. Ela mantinha o rosto escondido em meu peito. Acariciei seus cachos.

— O que irrita mais você, cachorro? Bella nunca ter aceitado o seu “amor” ou que eu seja o pai da filha dela?

Assisti satisfatoriamente quando seu riso cessou e seus lábios se formaram numa linha fina. Seu corpo começou a tremer. Mais um pouco e certamente ele explodiria no ar como um lobo fedorento.

— Como Bella foi capaz de amar você? Como ela preferiu dar a vida por essa criatura que você está carregando, sanguessuga?

— Isso machuca você, não é? Lidar com o fato de que nós temos uma filha.

— Cala essa sua maldita boca, se você não tivesse voltado ela ainda estaria aqui e eu faria de tudo para que ela esquecesse você para sempre! Como da última vez.

— Mas não se pode voltar no tempo. E você não pode mudar nada, nenhum de nós dois pode.

— Eu já falei para você calar a boca, seu sanguessuga idiota. — gritou exasperado e apontou o dedo indicador na minha direção. — Você vai pagar, você e a sua criança demônio. Os dois de uma vez só, isso é maravilhoso! — disse Jacob, voltando a sorrir com determinação e parando de tremer.  

Dita essas palavras os lobos se aproximaram lentamente de nós, com exceção de Seth, que se manteve no lugar, muito cordial. Ele também achava injusto. Era uma luta desvantajosa. Jacob não se importava tampouco.

Eu estava me preparando para fugir quando escutei o barulho de folhas secas sendo esmagadas ruidosamente por passos dentre a mata, não demorou e minha família rapidamente se pôs em posição de ataque ao meu lado. Formando uma meia lua. Finalmente.

“Edward! Se prepare para correr com Renesmee a leste!”  avisou Alice. Acenei discretamente, para que não pudesse ser perceptível.

— Jacob... Não acha mais sensato resolvermos isso em uma conversa civilizadamente? Lutar não é a melhor escolha. — Carlisle tentou intermediar, com a expressão serena. 

— Civilizadamente? — riu sarcasticamente e sacudiu a cabeça numa recusa — Eu acho que não. Só vou conseguir ter paz de espírito quando eu destruir quem matou Bella! Ou seja, o monstro que vocês estão protegendo... Ela é um perigo para nosso povo!

— Renesmee não é um monstro seu cachorro sarnento! Monstro é você que quer machucar uma criança! — vociferou Rosalie visivelmente irada com o adjetivo tanto quanto eu.

— Então esse é seu nome? Charlie me disse algo parecido, mas não fiz questão de prestar atenção.

— Cala a boca cão! — alertou Emmett batendo o punho em sua outra mão aberta. — Vou ser feliz eternamente em acabar com a sua raça se não parar da falar assim de minha sobrinha!

Jacob ergueu as mãos em rendição teatralmente com um sorriso desdenhoso.

— Eu estou morrendo de medo, grandalhão!

— Aposto que se Charlie Swan ficar sabendo, não ficará nada feliz com essa tentativa estúpida de ferir um bebê, que é a neta dele. — lembrou Rosalie.

— Se ele souber o que ela é de verdade, ele vai compreender.

— É mesmo? Eu não contaria com isso, lobinho. — sibilou Alice.

Sua expressão firme vacilou por alguns segundos, mas também se recompôs rápido e fez um sinal com a mão, para que os lobos avançassem sem hesitação.   

— Papai! Eu quero voltar para casa...  — sussurrou Renesmee ainda com medo. Olhou para mim e seu rosto estava vermelho e seus olhinhos também.

Alice gritou meu nome em pensamento.

“Se prepare... um... dois... e já!”  assim que sua contagem mental terminou disparei com Renesmee, tendo consciência que eles ficariam bem. Dei uma olhada por sobre o ombro no mesmo instante em que os lobos tentaram nos alcançar, mas minha família os impedira. Jacob também tentou nos seguir depois de explodir no ar. Ele até podia ser dez vezes o meu tamanho, mas nunca seria rápido o suficiente para me capturar.

E se ele ousasse alguma coisa dessa vez eu não pensaria duas vezes antes de ataca-lo.

Me lancei por dentro da floresta na velocidade de um raio, em direção a um lugar seguro. Corri e corri.

[...]

— Papai. — Sussurrou Renesmee.

Encontrei uma caverna no meio da divisa entre o Canadá e o EUA e estávamos sentados nas rochas. Eu enxergava perfeitamente bem no escuro, ao contrário de Renesmee que tentava ver alguma coisa pela luz de sua pulseira que brilhava no escuro, presente de Carmen.

— Sim, meu anjo?

— Acho que o lobo já foi. — falou ela e sua voz tremeu ao citar a palavra ‘lobo’.

— Está tudo bem agora, vem cá. — a puxei para mais perto de mim e beijei seu cabelo perfumado.

— Por que eles me odeiam? — quis saber, chorosa.

— Não odeiam você Nessie, eles só não a entendem. Por que nunca viram algo igual.

— Isso quer dizer que eu sou única?

— Quase isso, crianças hibridas como você, são raras.

— Mas ele disse que eu sou um monstro porque matei a mamãe.  — Repetiu as palavras do cachorro desgraçado e desatou a chorar. Eu enxugava suas lágrimas, minúsculas gotas inocentes, mas outras se seguiram.

— Não, jamais repita isso novamente, Renesmee! Você entendeu?  — Pedi olhando dentro de seus olhos e ela assentiu, ainda que não pudesse enxergar direito meu olhar reprovador. — O que dizia na carta?

— Que a mamãe me ama.

— Desde que...?

— Desde que soube que eu estava no ventre dela. Mas papai... — fungou.

— Não. Nada de “mas”, Renesmee! Jamais deixe que te façam se sentir inferior. Você não tem culpa de nada. Você é amada.  —  A espremi em meus braços e depositei um beijinho em sua testa — Entendeu?

Ela assentiu.

— Vamos para casa.  

Fiz uma checagem rápida para me certificar que não havia perigo e não encontrei nenhum sinal do cachorro sarnento. Eu a peguei no colo e corri diretamente para a segurança de nossa casa, já que seria bastante arriscado voltar a Forks com ela. Em meio a velocidade surreal, Nessie se distraiu se esquecendo um pouco da quase luta ou o veneno que o cachorro destilara. Achou o máximo a ‘viagem’ tradicional.

Assim que chegamos um tempo depois, não pude reprimir o suspiro de alívio por encontra-los lá, eles tinham Jasper afinal. Embora na ultima luta ele tivesse ensinado o necessário aos lobos para se esquivar dos ataques de vampiros.  

— Derrotamos os cachorros! — Comemorou Rose assim que nos viu.

— É mesmo? — Perguntei numa espécie de riso e Renesmee desceu do meu colo para ir abraçar o restante da família.

— Sim, os mandamos de volta para o canil! — disse Rosalie orgulhosamente. Renesmee ficou de frente para Rosalie e fez sinal que ela se abaixasse.

— Tia Rosalie me desculpa? — Pediu num tom suave e que demonstrava seu arrependimento.  

— Por que, meu amor?

— Porque eu fui grossa com a senhora naquele dia e eu sinto vergonha por isso.

­— Oh, é claro meu amor.  — Devolveu de forma doce, radiante.

Renesmee estendeu os bracinhos para ela e se abraçaram. Festejamos em uma breve salva de palmas.

Caminhamos para dentro de casa e conversamos sobre a quase guerra. Assim que fugi com Nessie o confronto corpo a corpo começou, ambas as espécies se enfrentando. Aparentemente o plano original era atacar diretamente minha filha. Pois como não obteve êxito, a alcatéia voltou a La Push quando o Black retornou com o rabo entre as pernas, fazendo-os recuarem.

Dando tempo também para que Carlisle acionasse a companhia onde alugamos o carro para que alguém viesse busca-lo. Pegaram nossos pertences e rumaram para casa chegando uns minutos antes de Renesmee e eu. Não haviam visto Charlie durante o processo de resgatar nossas coisas. Também passei os informes brevemente a respeito de nossa conversa.

— Foi sensato, filho. Envolver Charlie daria uma desculpa a mais para que os Volturi voltassem a focar em nossa família. — Concordou Carlisle.

— Mas ele desconfia de algo, pude perceber em seus pensamentos.

— Não acho que isso venha a se tornar um problema. Afinal, vampiros não existem para os humanos.

— Imagina o que ele diria se descobrisse tudo?

— Ele tentaria te matar com o revolver de xerife, simples assim. — Alice manifestou sua opinião e nos limitamos a rir.

Renesmee que estava brincando com Rosalie de boneca sobre o tapete felpudo da sala, não prestou atenção ao nosso diálogo, ambas tentando recuperar o tempo desperdiçado resultado do desentendimento de dias atrás.   

— Olha aqui Nessie! — Emmett surgiu com seu sorriso largo trazendo Jackie nos braços. — Toma seu lobinho!

Minha filha gritou e começou a chorar. Levantou-se correndo em minha direção e a peguei no colo assim que estendeu seus braços para mim, fiquei um pouco assustado com sua reação. Comecei a acariciar seu cabelo para tentar tranquiliza-la.

— Meu anjo, o que foi?

Sacudiu a cabeça.

— Não... Não... Quero mais isso! Tira ele de perto de mim, tio Emm! — Soluçou sem olhar para Emm ou o lobo de pelúcia, enterrou o rosto em meu peito.

Em minha mente pude acompanhar a cena medonha durante sua lembrança: um lobo preto enorme mostrando os dentes enquanto um rosnado assustador escapava de sua garganta. E seu corpo tremeu assim que ela tentou esquecer.

— Leve-o daqui Emmett!

— Com prazer... — disse ele compreensivo, percebendo o estado de Nessie. Emmett de longe era a pessoa mais brincalhona e criança que se poderia imaginar, porém havia uma coisa que ele não suportava era que ameaçassem a família que o resgatou.

Ele estava tão irado quanto eu naquele momento, ao mesmo tempo que sentia compaixão por sua sobrinha. Continuei dando ênfase enquanto ele se afastava com bicho nas mãos: 

— Tire os miolos dele, rasgue, queime!

Aqueles lobos iam me pagar caro por traumatizar minha filha!

— Não quero mais ver lobo nenhum! Eles são maus! — choramingou ela.

— Não, minha filha, você nunca mais verá algum! Eu juro.

— Nem quero mais voltar para Forks! Nunca mais!

— Nunca mais. — Prometi.  


Não quer ver anúncios?

Com uma contribuição de R$29,90 você deixa de ver anúncios no Nyah e em seu sucessor, o +Fiction, durante 1 ano!

Seu apoio é fundamental. Torne-se um herói!


Notas finais do capítulo

Comentem gente linda! Por favor.
Beijoss ♥