Amor De Pai escrita por Little Flower


Capítulo 20
Talvez tudo melhore...


Notas iniciais do capítulo

Oi leitoras =D
Não me esperavam tão cedo não é? Pois é
Ah e um agradecimento especial a: Lyssahcullen pela recomendação. Amei. Estou muito feliz =D
Boa leitura.

Capítulo atualizado em 06/03/21



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[Bella]

 

Eu estava sentada no sofá da sala modesta, as mãos pousadas no volume em minha barriga já perceptível, onde abrigava meu tão amado bebê. Embora não me arrependesse da minha escolha evitava me olhar no espelho. A minha aparência era horripilante. 

Senti algo se romper dentro de mim e comprimi os lábios fortemente, sufocando o grito. Depois de um tempo a dor amenizou, como se nada tivesse acontecido. Recuperada, resolvi me levantar para limpar a bagunça que havia deixado na pia quando fiz meu almoço. 

Ao pegar os talheres, o bebê se agitou mais uma vez provocando outra fratura em meu corpo e fez com que eu cortasse a palma da mão com a faca, quando o sangue jorrou da ferida seus movimentos pararam de repente.

Franzi o cenho.

— Bella, querida, onde você está? — ouvi a voz melodiosa de Lara e a porta sendo fechada. 

— A-aqui... — eu sussurrei ainda intrigada. 

Será que...

Ela chegou à cozinha com algumas sacolas e arregalou os olhos diante do ferimento em minha mão. Pegou um pano molhado e o limpou delicadamente, eu estava tão concentrada em meus pensamentos que não havia feito nada para estancar.  

— O que aconteceu? — indagou preocupada. 

— Eu... Eu cortei a mão com susto quando o bebê se mexeu, estava arrumando a louça. — expliquei um tanto distante, então Lara me ajudou a voltar a sala e sentar no sofá.

— Você não precisa se esforçar tanto. Está tão fraca, querida... — Lara me analisou com uma expressão infeliz, seus olhos agora âmbar me fitando seriamente — Bella você tem certeza de que...

— Já falamos sobre isso, Lara... Não desistirei do bebê... — afirmei convicta. E a cena de minutos antes voltou a mim. Mudei de assunto simultaneamente — Algo me ocorreu com esse pequeno incidente.

— Como o que?

— Tudo o que eu como não é capaz de sustenta-lo, certo?  

Lara assentiu confusa.

— Ele é forte... Assim como a espécie de vocês.

— Onde quer chegar com isso?

— Pense Lara, o bebê se acalmou quando me cortei. Isso deve significar alguma coisa. 

Então seus olhos se arregalaram de surpresa.

— É, claro. Como não pensei nisso antes? — disse a si mesma como uma repreensão. — Ele também é parte vampiro. Você não consegue sustentar nada no estomago a mais de uma semana! Você quer tentar?

— Sim, não podemos mais perder tempo. Preciso ficar forte por ela, pode ir, eu ficarei bem...

Depois disso, ela saiu em disparada da cabana onde morávamos. Voltou algumas horas depois trazendo uma sacola de papel em suas mãos. Ela retirou de dentro algumas bolsas de sangue para por na geladeira e despejou a que havia separado antes num copo com canudo. 

— Tenho meus contatos. — respondeu ela ao encarar minha expressão interrogativa e estendeu o copo para mim. 

Eu nunca imaginei beber o sangue de alguém ainda humana. Mas seria eternamente grata à essa pessoa. O gosto era esquisito, não ao ponto de me fazer vomitar, mas ainda assim incomum. Beber sangue humano? 

Tudo pelo meu bebê... 

Graças aquela descoberta minha aparência havia melhorado bastante, meu rosto tomou a cor normal, fiquei indiscutivelmente forte e saudável. Tudo melhorou... até o dia em que finalmente minha Renesmee veio ao mundo e restou a mim apenas a lembrança de seu pequeno corpo quentinho e olhos familiares. 

 

Essa memória cooperou para que as coisas melhorassem um pouco.  

Estávamos na sala de estar quando Emmett surgiu com uma expressão nada habitual, tive uma sensação ruim. Alie e Jazz seguiam em seu encalço. 

— O que aconteceu, Emm? — perguntou Carlisle, preocupado. 

— Rose, ela... — parou no meio da frase. 

Ele sacudiu a cabeça pesaroso com uma careta de dor. Nunca tinha visto Emmett daquele jeito, nunca. Quis confortá-lo de alguma forma, ainda que não soubesse o que havia de errado. Embora ele fosse o triplo do meu tamanho, parecia muito mais frágil agora.  

— Ela foi embora... — Alice completou, com o braço enlaçado ao de Jazz, suas expressões abatidas. Provavelmente eles estavam no momento em que Rosalie decidiu partir.

Renesmee deu um pulo do sofá.

— Como assim a tia Rose foi embora? — indagou com a voz embargada e seus olhos cintilaram com as lágrimas.

Tapei minha boca com surpresa. 

— Oh, querida. — Esme tentou confortá-la, mas ela preferiu o conforto do pai se jogando em seus braços. Todos ficaram em silêncio, assimilando a infeliz notícia. Por que ela fez aquilo? Edward a obrigara a deixar os Cullen por causa de sua reação mais cedo? Não, ele não havia saído do meu lado em nenhum momento. 

Ou seu ódio por mim era tanto ao ponto de não continuar mais com sua família? Eu me senti responsável e mal conseguia encarar Emmett depois daquilo.

Daquele dia em diante Emmett passou de brincalhão e sorridente para uma figura extremamente séria e fechada, ele não estendia uma conversa com alguém por muito tempo, a única a conseguir ter sua total atenção era Renesmee. 

Era visível sua tristeza, sua dor por estar longe de Rosalie. Como um amor poderia nos abalar tanto... Eu mais que ninguém poderia afirmar isso, se fui capaz de cometer loucuras sem Edward. 

Perguntava-me como estava sendo todo esse clima para Jasper também. 

 

[...] Uma semana depois [...]

Minha barriga já era visível, parecia estar no sétimo ou oitavo mês de gestação e não duas semanas e um dia. Porém, estava sendo muito mais fácil com Edward e sua família ao meu lado. Eu me alimentava bem agora. Por outro lado o bebê estava causando fraturas em meu corpo, abrindo mais espaço para se acomodar. Quando carreguei Renesmee não me lembrava de ter tantas fraturas, o que me fez pensar que o bebê era muito maior e ainda mais forte. A dor era excruciante, mas eu enfrentaria tudo aquilo pelo meu filho. 

O bebê agitou-se e ouvi algo se quebrando, minha costela. Comprimi os lábios fortemente e engoli o grito de dor. Eu não podia fazer isso na frente da minha filha enquanto me encarava atentamente. Não queria que ela sofresse. 

─ Mamãe, está doendo alguma coisa? 

Sua mãozinha tocou meu rosto. 

Neguei com a cabeça ainda com os lábios apertados. 

Renesmee acariciou meu rosto com muito carinho e só aquele gesto fez com que eu me sentisse melhor, estar ao seu lado bastava. Não devia ser simples entender como um filho era tão precioso para uma mãe? Como não pude deixar de lutar por ela? Agora eu precisava ser forte pelo seu irmão também. Embora eles não suportem me ver machucada, ainda assim me ajudam. Porque isso é ser uma família, aceitar suas escolhas ainda que custosas. Além de me revigorar a cada dia, sei que farão o impossível para que fiquemos juntos.  

Edward me pegou no colo para me transportar para o escritório de Carlisle, que havia sido transformado num pequeno quarto de hospital. Com aparelhos e tudo que serviria para me manter bem. Ou viva. Escutei as reclamações de Renesmee por não poder vir também.

Assim que me examinou ele informou que não havia como colocá-la no lugar senão afetaria o bebê. E tentou mais uma vez descobrir com a máquina de ultrassom o gênero da criança. Sem progresso.  

Edward apertou minha mão assim que Carlisle se retirou. 

─ Bella, eu não suporto mais vê-la tão mal... ─ murmurou com uma careta.

─ Shiiii, por favor, Edward. É só uma fase, logo estarei bem. Nós estaremos bem, juntos... Para sempre. ─ eu respondi e devolvi o aperto em sua mão – Não sabe o quanto é importante ter você me apoiando e ao meu lado nessa decisão. Obrigada. 

─ É por que te amo loucamente. E nossos filhos. Mas não saberei o que fazer caso tudo saia do controle... ─ ele sussurrou a última parte e deu a impressão que estaria chorando, se isso fosse possível. 

─  Eu também amo você, muito. Por isso não desista de nada, nem mesmo quando tudo parecer sem esperança, prometa, eles precisarão de você. 

Edward me encarou intensamente. O breu em seus olhos cintilaram. 

─ Prometa, por favor. ─ supliquei e as lágrimas escaparam sem que eu conseguisse impedir. ─ Eu vou suportar até o fim... Eu vou conseguir.

─ Eu sei que consegue, você é forte. ─ ele disse com convicção.

─ Ainda assim você tem que prometer caso eu não con....

─ Você vai. E eu jamais desistirei de você ou de vocês. Porque os amo. 

 Me calou com um beijo confortante e apaixonado. Sei que queria aguentar até o fim, mas apenas estava o preparando caso alguma coisa desse errado. 

Será que eu teria outra chance de voltar?

 

[Renesmee]

Com meus poucos anos de vida eu não entendia muito o mundo adulto ou suas complicações. Mas por que minha mamãe continuava mal? Por que meu irmão machucava a mamãe? Por que machucar o ser que nos deu a vida? Tia Alice disse que ele não fazia isso porque queria, não era de propósito. 

Eu sei que ela sente dor, mas não conta para não me preocupar. Ninguém além do papai sabe que eu choro todas as noites bem baixinho no meu quarto. Eu estava tão feliz por ela e o papai terem se casado e estarmos todos juntos. 

Será que não podíamos ser felizes por muito tempo? Não que eu não estivesse alegre por ter um irmão. 

Eu chorava pela dor que ela sentia, chorava pelo medo em não tê-la mais com a gente. Amava minha mãe tanto quanto o meu pai. Eram tudo para mim. Eu não sabia se seria capaz de aguentar se a mamãe morresse de novo. 

Por que ele não podia ser um bebê bonzinho e parar de machucá-la mesmo que não fosse de propósito? Ele podia nascer logo para que o papai e eu o conheçamos. E finalmente ter nosso feliz para sempre. Não vejo a hora de conhecê-lo.

Eu também estava muito triste com o abandono da titia Rosalie. Ela não devia ter ido embora. O titio Emmett não era mais o mesmo, nunca mais o vi sorrir de verdade. Ele estava muito mal, mal mesmo. Às vezes eu precisava deixar minha angústia de lado e tentava alegrar minha família.

Hoje era um daqueles dia. Pensa, Renesmee, o que fazer?

Coloquei um sorriso nos lábios e caminhei para a cozinha, onde a vovó Esme preparava um lanche especial para a mamãe e eu. Como ela estava de costas, abracei suas pernas.

─ Eu amo muito a senhora vovó, sabia disso? ─ eu disse e ela me pegou nos braços rindo levemente. Abraçou-me fortemente e me deu um beijo na bochecha antes de responder. 

─ Oh, eu sei. E também amo você, querida. O que seria de nós sem o nosso solzinho particular? ─ disse ela gentilmente e eu alarguei o sorriso. 

E também lhe dei um beijo estalado na bochecha. Ela me colocou no chão e andei até onde a titia Alice e o titio Jazz estavam.

Fiquei na frente de ambos com as mãos na cintura.

─ Oi, amorzinho! ─ disse tia Alice sorrindo fracamente.

─ Só oi? Onde está a minha titia radiante? Nenhum abraço? ─ fiz biquinho, indignada. 

Ela riu levemente.

 Me colocou sentada em seu colo, me rodeando com seus braços frios.

─ Desculpe, Nessie. 

Assenti.

─ A mamãe vai ficar bem, titia. E eu vou ter um irmãozinho lindo, quem sabe uma irmãzinha para brincar de boneca comigo? Vai ser o máximo!  

Ela riu da minha animação. 

─ Vai ser ótimo, sim. Podemos decorar um quartinho para ele que tal?

Balancei a cabeça várias vezes.

─ Simmm. Vamos fazer surpresa para a mamãe e o papai! ─ eu disse animadamente e o semblante de tia Alice mudou um pouco. ─ O que foi, tia?

─ Não é nada, Nessie. Eu apenas me lembrei de algo. 

Franzi o cenho.

Abracei o tio Jasper e desci do colo da tia Alice. Eu sentia que estavam escondendo alguma coisa de mim. 

Antes de sair de casa peguei uma cestinha e colhi algumas flores para enfeitar minha casinha dos fundos, mas antes que chegasse lá, vi uma figura conhecida sentada numa pedra um pouco distante. Corri até ele e ofereci uma flor branca menor que meu dedo mindinho. 

Ele me olhou e aceitou a flor. 

─ Titio... Não fica assim. A tia Rose volta logo...  

Sua expressão que não estava muito boa, de repente ficou ainda pior, havia um vinco entre suas sobrancelhas quando ele disse: 

─ Não... Diga o nome dela, Nessie.

─ O que? ─ perguntei com os olhinhos arregalados.

─ Você é muito pequenininha para entender. Mas o problema é que eu estou bastante magoado com ela. Não quero ouvir seu nome. ─ murmurou ele. Os adultos eram tão complicados. Mas fez sentido para mim. 

─ Tudo bem, tio. Eu também estou triste com ela. 

Cruzei os braços e fiquei emburrada, fazendo uma cena. 

Ele sorriu um pouco.

─ Consegui tirar pelo menos um sorriso! ─ eu dei saltinhos o fazendo rir levemente. ─ Posso ficar aqui um pouquinho com você?

─ Claro. Você é uma ótima companhia. O que ia fazer com essas flores?

Olhei para a cesta próxima aos seus pés. 

─ Ah, era para enfeitar minha casinha. Quer ir me ajudar?

─ O que estamos esperando? Vamos nessa!

Assim consegui com que tio Emm se distraísse um pouco, recheamos minha casinha com as flores e ficou linda, toda colorida. Ele e eu também conversamos muito sobre tudo. 

Como a noite estava começando decidi voltar para casa, mas tio Emmett ainda quis permanecer mais um pouco lá fora. Entrei e subi as escadas para perguntar ao papai as respostas dos meus pensamentos. 

Foi quando eu escutei a conversa... 

─ O que faremos Carlisle? ─ era meu papai. Conversava com o vovô Carlisle. ─ Mesmo bebendo o sangue, ela ainda continua debilitada. Não quero que sofra mais com costelas quebradas!

Estavam falando da mamãe.

─ Vamos transformá-la assim que o bebê nascer.

─ Você está certo de que não seria arriscado demais?

─ Edward, é a única solução ou prefere perdê-la novamente? Provavelmente para sempre. 

─ Não. 

Demorei a perceber que o grito havia vindo de mim. 

─ Por favor, papai. Não deixa a mamãe morrer! ─ eu disse entre lágrimas e depois os soluços escaparam da minha garganta.

─ Renesmee! O que está fazendo aqui? ─ disse ele um pouco surpreso. Estranho, pois o papai escuta meus pensamentos. Eu corri até ele e implorei com as mãos juntinhas. Ele me pegou no colo, me abraçando fortemente.

─ N-não deixe ela... morrer. ─ minha voz falhou na última parte da frase.

Era a pior coisa do mundo não ter uma mãe. Eu já passei por isso uma vez, não quero ter que passar novamente. Era como se algo faltasse em sua vida, pensar que sua mãe não pode estar com você o tempo inteiro, te dar um abraço apertado e repleto de carinho, dizer que ama você, ou simplesmente vê-la é tão ruim quanto a dor. Dói muito, muito mesmo só em pensar. O choro é um complemento apenas, pois a dor insuportável é a que está no coração. 

─ Não vou deixar, meu anjo. ─ disse ele me olhando com carinho.

Beijou meu cabelo e inspirou.

─ Promete pra mim? 

─ Eu prometo! Pare de chorar, meu anjo. Não gosto de vê-la assim. 

Balancei a cabeça.

Me aconcheguei mais em seu colo e descansei minha cabeça em seu ombro. Ele teria que honrar a promessa. Eu não queria mais conversar, nem falar nada. Queria apenas ficar ali, nos braços do meu pai e com a mamãe. Levantei minha cabeça e encarei o rosto dele.

“Vamos ficar com a mamãe?”.  

Perguntei mentalmente com os olhos pidões.

Assentiu e começou a caminhar comigo. 

─ Continuamos a conversa depois. ─ ouvi vovô Carlisle dizer e antes que ele descesse a escada tocou minha mão e desejou boa noite. Respondi boa noite também. 

Chegamos e lá estava ela, deitada com os olhos fechados. Mesmo um pouco doente ela ainda era a mamãe mais linda do mundo. 

Sorri por lembrar que ainda a teria, o papai iria transformá-la depois do meu irmãozinho nascer e todos nós ficaríamos bem. Juntos. Eternamente. 

─ Ela está dormindo? ─ sussurrei para o papai.

─ Acho que está sim... ─ sussurrou de volta.

Papai deitou ao lado da mamãe e me puxou para junto de seu peito, esparramada do jeito que eu havia me acostumado. Segurei a mão da mamãe e peguei com a outra a do papai. Parecia que tudo estava perfeito. Mas na verdade não estava, aquela bolha perfeita feita de felicidade que nos envolvia havia sido perfurada por algo chamado ‘realidade’.

Infelizmente nada pode ser inteiramente perfeito. Eu estava com medo, mas queria acreditar que tudo acabaria dando certo no final. Minha mamãe sobreviveria. Meu pai havia prometido que cuidaria dela. E o papai não mentia. 

Seja forte, Nessie. 

Eu estava chorando de novo. Papai enxugou cada lágrima delicadamente. 

─ Vai ficar tudo bem, anjinho. ─ ele assegurou.

─ Honre a promessa! ─ eu sussurrei sonolenta depois que o choro cessou e assim que ele começou a cantarolar minha canção de ninar eu acabei dormindo. 


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Notas finais do capítulo

Espero que tenham gostado :)
Beijos ♥