Amor De Pai escrita por Little Flower


Capítulo 8
Dê tempo ao tempo!


Notas iniciais do capítulo

Aí gente!Desculpe a demora!
Feliz ano novo!*_*
Espero que gostem...
Boa leitura...

Capítulo atualizado em 02/03/21



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[Edward]

— Renesmee... — eu comecei ganhando sua atenção — Lembra-se do sonho que teve com sua mãe?

Assentiu minimamente.

— Primeiro quero pedir desculpas por duvidar de você, Nessie.

— Não tem problema, papai — soluçou de leve — Mas se isso faz o senhor se sentir melhor... Eu desculpo sim.

— Obrigado, meu anjo. — afaguei sua bochecha sorrindo e o canto de seus lábios se ergueu um pouco. Eu duvidava merecer uma criança tão maravilhosa quanto àquela.  

Suspirei para continuar a explicação.

— Certo, meu amor. Não precisa chorar mais, vamos descobrir o que aconteceu com sua mãe para não se lembrar de nós. Você se lembra que ela disse que não seria fácil a volta dela, não é?

Concordou com a cabecinha mais uma vez, de leve. Um pensamento ecoando petulantemente em sua mente.

— Não pense isso, meu anjo. Sua mãe ama você, ela não quis te machucar.

— Mas... Mas... Dói aqui papai! — pousou a mão sobre o coração. E aquilo foi capaz de partir o meu próprio.

— Eu sei, meu bebê, mas teremos de ser forte. Para aguentar tudo, você consegue?

— Eu consigo, papai! — sua voz soou firme, decidida. E um singelo sorriso se espalhou em seu rosto de anjo.

— Eu não esperava menos de você, Nessie... Nós temos a mamãe de volta.

— Para sempre agora?

— Para sempre. — garanti, sentindo a certeza vibrar por todo o meu ser.

Acenou ainda sorrindo e retribui ao gesto.

Voltei à estrada. E ao chegar em casa, retirei Renesmee que havia dormido no meio do caminho. O dia definitivamente tinha sido exaustivo. Tantas emoções. Cumprimentei minha família ao disparar com Nessie em direção ao seu quarto e a cobri. Beijei sua testa e meus olhos passearam pelo porta-retrato e focaram no rosto pálido que eu jamais pensei em ver novamente.

Minha Bella estava de volta.  

[...]

— Edward. Alice ligou, disse que teve uma visão com Bella. — relatou Esme, incrédula. Rosalie estava ao seu lado de braços cruzados, apreensiva. Ambas aguardando uma explicação para àquele relato não tão “insano” agora.   

— Esme, nós vimos a Bella. — eu respondi cautelosamente.

— Como é?

— Renesmee foi a primeira a vê-la. Nós conversamos um pouco, ela não faz ideia de quem somos.

Esme refletiu por um instante. Possivelmente por estar habituada a agir como humana, ela se sentou, como se precisasse realmente se recompor pela grande surpresa. Seus sentimentos em conflito.  

— Não consigo entender toda essa história. Bella morreu. Não morreu?

Sentei ao seu lado no sofá.

— Sim, pelo visto de alguma maneira ela está de volta.

— Mas como isso é possível? — inqueriu retoricamente.

— Eu mais do que ninguém gostaria de ter essas respostas, mãe.

Ela se levantou de novo e apoiou a mão em meu ombro, oferecendo um sorriso fechado.

— Não me entenda mal, meu filho. Eu estou feliz que ela esteja bem e viva, mas tudo isso é...

Concordei com a cabeça. Embora em nosso mundo tudo fosse possível de acontecer, pessoas surgirem do nada após constar sua morte, era totalmente surreal.

— Na verdade, preciso contar uma coisa para vocês.   

Relatei o sonho de Renesmee de uns dias atrás. E ambas quase não acreditaram no que ouviram. Por fim, por não possuir mais nenhuma explicação, pedi para repararem Nessie enquanto decidi caminhar pela floresta. Precisava de um tempo sozinho para digerir tudo aquilo.

Não consegui me conter e me vi indo checar onde Bella estava. Dei início a busca do parque, seguindo o rastro de seu doce perfume — como senti falta daquele aroma —, parecia ainda mais inebriante do que antes. Fui conduzido até uma casa amarela de dois andares, vitoriana em detalhes brancos. Queria ter certeza de que ela realmente estava bem.

Sem nenhuma necessidade de colocar ar nos meus pulmões, ainda assim minha respiração ficou pesada. Percebendo que estávamos tão próximos, mas tão distantes. Queria tê-la junto ao peito, sentir seu calor. Aquilo me quebrou mais uma vez.  

Tomei a liberdade de acompanhar a conversa através dos olhos de “Josephine”. Pelo que pude notar, elas estavam numa cozinha simples, papel de parede florido abraçava o ambiente, havia um fogão brilhante, uma mesa de cerejeira marrom com seis lugares onde compartilhavam um lanche, armários pintados recentemente de vermelho e uma porta dos fundos. Eu poderia entrar por aquela porta facilmente e roubar Bella para mim.

Sacudi a cabeça para me concentrar no diálogo que acontecia. Era uma ideia completamente estupida, mas despertadora. Você tem que ser forte, Edward, lembrei-me.   

Diga-me Bella, quem era aquela menina e o rapaz que conversavam com você?” perguntou a senhora, a expressão de Bella se tornou indecifrável.

Eu não sei Josephine. O rapaz, Edward, disse me conhecer, mas não me lembro de nenhum dos dois...” respondeu Bella firmemente e eu senti meus olhos arderem, como se quisessem chorar. Embora soubesse que ela não se lembrava de mim, não pude evitar a dor aguda apunhalar meu coração imóvel, que já se encontrava abalado. Era difícil me deparar com aquela realidade... O que eu estava esperando? Primeiro de tudo, eu jamais pensei que isso poderia de fato acontecer. Segundo, se em meu interior havia fantasiado, durante aquele reencontro, que Bella correria para nos abraçar e diria o quanto estava feliz em me ver, em ver nossa filha? E assim nos beijarmos apaixonadamente? Sim, eu tinha imaginado tudo isso. Pobre, Edward...  

Tentei me conformar me dizendo que tudo ficaria bem, que o que quer que estava acontecendo iria passar, mas doía tanto...

Sacudi a cabeça enraivecido.

Pensei que conseguiria ser forte o bastante para ter paciência, mas pelo que eu estava vendo não.

Minha mente começou a desenrolar ideias absurdas para tentar explicar o que de fato se deu ao seu retorno... Será que o cachorro realizou alguma lavagem cerebral em Bella para que se esquecesse de nós? Ou pior, ele teria a capacidade — ou crueldade — suficiente para inventar toda a história de sua “morte”? Ele tentou matar minha criança, então talvez fosse. Entretanto, Jacob Black não seria tão esperto em esconder, eu teria detectado algo naquele dia do confronto. E afinal de contas, Jessica Stanley e até mesmo Charlie haviam visto seu corpo desfigurado. Afastei aquela hipótese mirabolante.

Minha respiração mais uma vez começou a pesar. Eu a queria junto de mim, com nossa filha, ao nosso lado, onde ela pertencia...  

De repente me vi ali no meio da floresta derrotado, abraçando meus joelhos como uma criança inconsolável por não ter seu pedido atendido, ou um cara sofrendo por amor. Enterrei meu rosto e solucei miseravelmente.  Sentia meu coração em estardalhaços, como se estivesse sendo perfurado por todas as armas pontiagudas que pudessem existir no mundo e causar aquela sensação excruciante...

Será que aguentaria tudo isso de maneira firme?

Um humano deveria estar à beira da morte para sentir aquela dor insuportável.

[Bella]

Eu estava realmente grata pela estadia da senhora Walter em sua residência, de fato era uma mulher bondosa. E embora eu ainda estivesse uma pilha de nervos quanto aos acontecimentos confusos até aquele momento. Não consegui frear meus pensamentos e a imagem do rapaz e da garotinha surgiam sem que eu me controlasse...

Eu sentia uma angustia profunda apertar em meu peito e não sabia o porquê. Isto começou a me corroer desde o momento em que me separei daquela garotinha linda... E por mais estranho que parecesse de Edward Cullen também. Por que a menininha havia me chamado de “mamãe?”, esse questionamento reverberava em minha mente. E foi ainda mais bizarro o sentimento inexplicável que assolou meu coração ao ouvi-lo.

Me encontrava sentada no sofá menor azul, distraída passava os dedos de leve numa das almofadas de bordado impressionante em meu colo. A casa era pequena e simples, mas muito acolhedora. E me senti muito bem instalada ali.

— Bella, aceita um lanche? — perguntou Josephine, com seu sorriso gentil.

— Sim, se não for incomodar. Parece que não como há um século! — eu disse com escárnio e ela riu comigo. Gesticulou para eu segui-la e o fiz. A cozinha dizia muito sobre ela. Muito organizada e exalava simpatia por todo o lugar.

— Certo, aqui está. Espero que goste. — falou ela docemente e depositou sobre a mesa um prato contendo sanduíches caseiros que emanavam um cheiro apetitoso, depois serviu dois copos com suco de laranja.

— Nossa, quando a senhora fez tudo isso?

— Ah, você ficou parada ali muito tempo. Venha comer, menina! Está morrendo de fome!

Não hesitei, meu estômago estava roncando ruidosamente e por alguns segundos a encarei envergonhada enquanto ela me oferecia um daqueles seus sorrisos maternais. Sentei a mesa e ela se acomodou próxima a mim. Tentando me controlar mordi um pedaço do pão civilizadamente constatando o quanto realmente estava delicioso.

— Sra. Walter está divino! Muito obrigada. — limpei os cantos da boca com o guardanapo após engolir.  

— Bella! Já disse a você para me chamar apenas de Josephine, menina! — rimos — E não há de que. É um prazer ajuda-la.

— Obrigada mais uma vez.

Quando percebi os sanduíches não existiam mais e finalizei bebendo todo o meu suco, que também estava maravilhoso. Satisfeita limpei mais uma vez os últimos vestígios da minha bagunça. Josephine me olhava minuciosamente, com certa curiosidade.

— Diga-me Bella, quem era aquela menina e o rapaz que conversavam com você?

— Eu não sei Josephine. O rapaz, Edward, disse me conhecer, mas não me lembro de nenhum dos dois... – eu disse e novamente a sensação em meu coração. Eram tão estranhos esses sentimentos desconhecidos, como o que senti pela garotinha e por meu coração se acelerar ao ver o Edward. Sacudi a cabeça.

— Sabe o que eu acho? — lançou Josephine.

Meneei a cabeça.

— Tem alguma coisa aí minha jovem, por que você não os conhece e ainda sim eles sabem quem você é? — inqueriu ela, e por não ter nenhuma resposta para aquilo apenas dei de ombros.

Mas de fato isso era intrigante, e bizarro.

[...]

Liguei novamente para meu pai, como ele pediu, passei o endereço da residência de Josephine. Por sorte ele ainda estava em casa, prestes a sair, graças a Deus ele havia conseguido uma passagem dentro do seu orçamento na internet.

Ela me acomodou em um dos quartos de hóspedes para tomar um banho quente e descansar um pouco antes que Charlie chegasse. Quando saí do banheiro me deparei com um vestido vermelho de flores azuis sobre a colcha cinza, não era o meu estilo, mas não pude recusar tanto pela gentileza de Josephine quanto ao fato de não ter roupas. Fiz uma careta de leve enquanto encarava meu reflexo no espelho, as alças eram finas e o tecido pendia até os joelhos, reparei que contrastava com meu tom de pele e não havia ficado tão ruim. Meus cabelos castanho-escuros estavam espalhados nas costas.   

Deitei na cama notando o cansaço se apoderar do meu corpo, todas aquelas emoções e acontecimentos haviam sido desgastantes demais. Sentindo a maciez do colchão e do travesseiro de penas sob mim me permiti relaxar e não me esforcei em deixar os olhos abertos, derivando para o mundo dos sonhos.

Tive um sonho esquisito, onde tudo ao redor possuía um brilho mágico e pessoas de semblantes serenos. A água era cristalina e havia diversas pedras preciosas. Eu sentia uma paz interior, mas no fundo sempre estava com a sensação de buscar algo ou alguém...  

Pisquei os olhos um tanto desnorteada ao despertar. E demorou um pouco mais de um minuto para me recordar.

Uma única luz vinha do abajur sobre o criado mudo e impedia que a penumbra alcançasse o restante do cômodo, sobre ele havia uma bandeja de prata sustentando um prato com biscoitos e um copo de leite. Sorri. Muito aquecida por aquele gesto de Josephine.

Depois de degustar do lanche, saí do quarto de cor creme e desci as escadas, pensativa, muitas coisas se embolavam na minha mente, como se quisesse encaixar peças de um quebra cabeça sem sentido... Josephine estava no sofá, uma xícara de porcelana em uma mão e a outra um livro de cor verde. Levantou a cabeça para me recepcionar e sorriu.

— Oh, você ficou linda neste vestido, coube direitinho!

Sorri envergonhada, certamente com as bochechas rosadas.

— Obrigada, Josephine. E obrigada também pelos biscoitos, estavam ótimos.

— Ah! Isso não foi nada, que bom que gostou.

Sentei ao seu lado, pigarreando.

— E, hum, nenhum sinal do meu pai?

— Não, querida. Fique tranquila que logo ele irá chegar.

Assenti. Tentando me manter tranquila.

Esperei que ela terminasse de beber seu chá de hortelã e a ajudei a preparar o jantar. Talharim ao molho pesto e suco. Arrumamos a mesa e comemos ao som de suas diversas histórias. Ela tinha dois filhos, que moravam em Nova York e Texas, e sempre vinham visita-la. Havia perdido seu marido há quatro anos e por alguma razão aquele fato em especifico me abalou de uma forma inexplicável, não consegui evitar ir as lágrimas ao ouvi-la mencioná-lo com tanta ternura.

Não passava das oito da noite quando escutamos a campainha tocar uma vez, duas vezes e depois com mais urgência. Como já tínhamos retornado para a sala de estar, troquei um olhar com Josephine antes de me encaminhar até a porta de madeira azul e abrir a porta, com o seu consentimento o fiz.

Acredito que nunca me emocionei tanto ao ver a pessoa que estava a minha frente. Meu coração martelava dentro do peito ruidosamente e minhas bochechas ficaram encharcadas antes que eu percebesse. Nunca tinha sentido tanta saudade de Charlie, como se não o visse há muito, muito tempo. Pude notar o meu estado refletido em seu rosto. Jamais vi uma lágrima sequer cair de seus olhos.

Ele me encarava de volta, com certa incredulidade. E o que me chocou: com evidente espanto.      

— Pai! — entoei com a voz embargada.

Me joguei em seus braços e o apertei com força, ele correspondeu na mesma proporção. Seu corpo tremia levemente. Por um momento me lembrei do abraço de mais cedo com a garotinha linda de cabelos acobreados. Ela sempre surgia de alguma forma em minha mente.

— B-bella?

— Sim, pai.

— Bella?

Franzi a testa. Mas mantive o tom de voz suave.

— Sim, pai. Sou eu.  

Ele nos afastou e pousou suas mãos em meus ombros para me analisar minuciosamente. E de me abraçou mais uma vez.

— É claro que é você, Bells! — um sorriso iluminou seu rosto, marcando os pés de galinha. — Não sabe quanta saudade eu senti de você, garota.

— É bom vê-lo, pai! Também senti sua falta. Quer entrar?

Ele assentiu.

Guiei caminho a dentro, e ao adentrar a sala olhou em volta discretamente. Sua mala foi largada próximo ao sofá. Josephine se manteve de pé acompanhando nosso momento, em silêncio.

— Olá, você deve ser Charlie o pai de Bella.

— Exato. E você Josephine.

Eles trocaram um aperto de mão formal e sorrisos.

Os questionamentos incessantes percorriam minha cabeça com força total pela sua reação estranha. Era como... como... se realmente não acreditasse que eu estava bem ali, com ele. Mas, porquê?

Eu os segui até o sofá, Charlie sentou ao meu lado no maior e Josephine na poltrona de frente para nós. Meu pai me olhou mais uma vez e sorriu e eu retribuí. Afinal de contas o que estava acontecendo com ele? Um silêncio perturbador pairou no ar, mas aquela era a hora de saber como eu tinha ido parar ali.

Olhei fixamente para Charlie, tomando coragem para minhas indagações. Um emaranhado de perguntas se acumulou. E soltei o que meu intimo clamava:

— Pai, eu preciso de explicações, por favor!

Ele hesitou por um instante.

— Sobre o que exatamente?

Sentindo que seria melhor ter esta conversa a sós com ele. Olhei para Josephine e antes que eu pudesse falar alguma coisa, ela se empertigou sorrindo para se retirar, dizendo que estaria na varanda dos fundos se precisássemos de algo. E prontamente agradeci.

— Eu encontrei um rapaz chamado Edward Cullen hoje, e ele disse que me conhecia muito bem. O senhor sabe quem é? — indaguei quando não havia mais nenhum sinal de Josephine.

Ele me encarou antes de responder. 

— Edward Cullen, claro! A família dele é amiga da nossa. Você veio para visitá-los, você não se lembra?

Neguei com a expressão mais confusa do mundo.

— Não, pai. Não consigo recordar a viagem para cá. Quero dizer, eu me lembro de sair de Phoenix e vim morar com você, fazer amigos em Forks, de reencontrar Jacob, e só! — relatei, dando de ombros.

Ele arregalou os olhos.

— Pai, por favor. Eu não consigo entender o que vim fazer aqui...

— Bells, você confia em mim? — lançou de repente num tom sério.

Acenei com a cabeça veemente. Tomada pelo tom de seriedade que aquela conversa extava exigindo. É claro que eu confiava em meu próprio pai.

— Certo, preciso ir a um lugar primeiro. Você pode aguardar algumas horas, por favor?

Assenti.

Eu o levei até a porta e me deu outro abraço, repetindo que não demoraria. No meio do caminho até os fundos para encontrar com Josephine minha cabeça latejava não de forma física, mas psíquica. Pensar que com a chegada de Charlie eu teria respostas, ele me deixou ainda mais confusa.

Isso estava ficando esquisito. Muito, muito esquisito.

 

[Edward]

Assim que me recompus decidi voltar para casa o quanto antes, Renesmee já devia estar acordada, ela poderia precisar de mim. Ouvi seu choro enquanto me aproximava e senti meu peito se apertar com aquele som.    

— Renesmee, querida. Não chore, por favor. Seu papai deve estar chegando... — Esme tentava tranquiliza-la. Como pude ser tão egoísta ao ponto de deixar minha Renesmee aqui sozinha, num momento sensível? O troféu de pior pai do mundo deveria ser destinado a mim.

— Ele não foi embora para sempre, foi?

— Não, claro que não, meu amor. — Rosalie quem respondeu, firme.

Disparei e quando passei pela porta da frente vi seu rostinho perfeito contorcido numa aflição sem igual, seu sofrimento em cada pensamento seu e no modo como ela se encolhia no colo de Rose. Quando me viu não hesitou em se lançar em meus braços já abertos, seu corpinho tremia.

— Papai... Pensei que tinha me deixado também... — disse ela e um soluço escapou.

Engoli em seco. E me xinguei mentalmente.

— Não, nunca seria capaz de deixar o meu anjinho. Jamais pense isso, Nessie.

Ela acenou levemente com a cabeça.

Depois de um tempo ela se acalmou e eu fiquei a observá-la brincar de boneca com Rosalie, ambas sobre o tapete peludo enquanto eu estava encostado no sofá de braços cruzados. Antes de qualquer aviso levei um tremendo choque ao ouvir a aproximação de um carro e o mesmo parar em frente à casa, escutei o back sutil de uma porta. Os passos firmes e pesados eram tão marcantes quanto seu próprio cheiro, que reconheci imediatamente. Charlie Swan. Ele estava ali. Não demorei em ficar ereto e recebê-lo na porta.

Ele sabia sobre Bella. E era disso que ele viera tratar comigo. Mais uma vez meu coração se apertou. Sufocando-me, mas não podia me permitir abalar, Renesmee estava ali.

A mente de Charlie era uma profusão de descrença e confusão. Por um instante me questionei a razão de Alice não ter entrado em contato para mencionar sua chegada à cidade.   

Ao ficar de frente para mim, poucos metros de distância, acenou com a cabeça.

— Edward.

— Charlie.

— Onde está minha neta? — perguntou olhando sobre meu ombro para tentar enxerga-la.

— Está brincando na sala, entre por favor.

— Obrigado.

Dei espaço para ele entrar e o conduzi para a sala de estar. Quando seus olhos a encontraram ele deu um largo sorriso.

— Nessie! Venha com o vovô! — arrulhou ele, com certa emoção contida. No momento em que Renesmee escutou sua voz virou o rosto na direção dele, se levantou num pulo correndo e se aconchegou no calor de seu abraço.

— Vovô! — cantarolou, entusiasmada. — Estava com muitas saudades suas!

— É mesmo? Eu também Nessie, infelizmente não podemos nos ver sempre, não é?

— É, vovô. Porque... Os lo...

— Porque Jacob e seus amigos quase a machucaram, como lhe disse Charlie... — interrompi antes que Nessie completasse a palavra. Ela me encarou com o olhar de desculpas. “Desculpa papai, me esqueci que não posso falar!”.

Toquei seu rostinho para responder que não precisava se preocupar.

— E até hoje eu não consigo entender o porquê Jacob fez isso. Não consigo aceitar. No dia seguinte fui a La Push e a “conversa” não foi muito bonita. De qualquer forma não existe mais nenhum laço com eles.

Fiquei de fato impressionado com sua atitude, Charlie sempre aparentou relevar qualquer coisa que envolvesse os Black. E aquilo era... Inacreditável.

— Sinto muito que tenha chegado a esse ponto, Charlie. — falei, embora não sentisse coisa alguma.

— Não sinta, Edward. Minha neta é muito mais importante e se tentaram fazer algum mal a ela não devem ser pessoas de boa índole.

Assenti. E ele partiu para o assunto que estava lhe corroendo incessantemente.    

— Edward, eu preciso conversar com você...

Balancei a cabeça.

— Claro. Rosalie, por que não sobe com Nessie? — pedi e ela concordou pegando Nessie do colo de seu avô. Ela beijou a bochecha dele antes de ir.

Quando elas estavam no primeiro degrau da escada, soprei um beijo a ela, que o pegou fechando a mãozinha e depois colocando a mão em cima do coração. Numa forma de guarda-lo ali. Sorri.

Demorou mais que o normal para que desaparecessem escada acima, por Charlie estar ali era primordial manter as aparências. Gesticulei para que ele sentasse no sofá, quanto que eu me acomodei no menor. Não demorou muito para que abordasse o assunto.

— Edward, a primeira coisa que eu gostaria de saber é: você sabe como é possível que Bella esteja aqui e viva?

Neguei firmemente.

— Não, estou tão perdido quanto você... Renesmee e eu a encontramos no parque e ela não faz ideia de quem somos...

Um lampejo de compaixão passou por sua face, o que me deixou novamente surpreso.

— Entendo como deve ser complicado e de certa forma doloroso, o fato de Bella não se recordar dessa parte importante.

— De certo é, demais. Muito mais difícil para Nessie, ela não consegue compreender realmente. Mas quero me concentrar na realidade em que ela voltou...

— Não me interprete de forma diferente, eu estou tremendamente contente em ter minha filha de volta, mas tudo isso é... Confuso.

Meneei a cabeça. Entendia perfeitamente aquele sentimento.

Um silencio questionador se arrastou por aquele cômodo.

Ele fechou os olhos inspirando profundamente. Tomado por um pensamento que rondava sua mente, incessante. E me decidi permanecer em silencio quanto aquele novo rumo da conversa, até que fosse necessário responde-lo.

— Jacob disse algo durante a discussão naquele dia em La Push que me incomodou. Me fez refletir muito.

Concordei com a cabeça, indicando que prosseguisse. Tendo sucesso em esconder o ódio mortal que crescia dentro de mim.

— Ele me falou que você e sua família não eram o que pareciam ser. Primeiro eu achei que ele estava fazendo aquilo para me chatear ou atingir você indiretamente, mas não pude deixar de notar detalhes mínimos que rondam vocês. Afinal eu sou um xerife.  

Fiquei estático, embora estivesse por dentro do assunto através de sua mente. Queria tentar me controlar diante do fato em que aquele lobo maldito tinha rompido um acordo importante entre nossas espécies.    

— Aquelas palavras me acompanharam durante todo o tempo e quando percebi comecei a vasculhar nas coisas que Bella guardava... É claro que não tive que me preocupar em ser repreendido por ela, já que estava morta... — um toque sombrio soou de sua voz. — Não encontrei nada, nada que pudesse provar o que Jacob havia me dito, admito que foi frustrante. Mas eu sei que existe algum mistério por trás disso e não estou apenas me referindo a volta da minha filha...

— Charlie... — finalmente decidi me pronunciar.

— Edward — ele me interrompeu —, eu não vim aqui para acusar você ou a sua família. Eu apenas preciso saber... Isso que ele disse, é verdade?

Não diga nada a ele, Edward. A voz da razão gritou na mesma hora. Você não precisa revelar todo o segredo, apenas seja sincero. A outra parte mais condescendente aconselhou. Você irá se meter em encrenca. Os Volturi nunca deixarão isto passar despercebido e jamais irão deixa-los em paz.

— Por favor.

Respirei fundo como se precisasse de coragem.

— Sim, é verdade. Mas nunca nos encare como algum tipo de ameaça.

Ele soltou a respiração pela boca.

— Certo. Isso é tudo que eu preciso saber, por ora. Eu estou bastante aflito e meu coração é fraco demais para suportar mais surpresas. Eu sei que são boas pessoas e nunca machucariam minha filha e minha neta.

Nunca. Aquelas duas para mim eram tudo.

— Jamais.

Dei um tempo para que ele absorvesse a leve revelação. Podia ouvir seu coração bombear descompassado, a veia do pescoço pulsando. Foi quando ele retornou a falar, me distraindo do frenesi que aquela veia havia causado.

— Precisamos formular alguma história, Bella não pode retornar para Forks, tendo em vista a sua situação por lá. E embora eu queira estar junto a ela, seu lugar é com vocês, me sentiria muito mais seguro com ela estando aqui.

Fiquei sem palavras por um instante.

— Obrigado por isso, Charlie. Isso significa muito.

Ele acenou com a cabeça.

— Precisamos da história.

— Certo.       

Assenti.

Depois de construirmos uma história realmente convincente para trazer Bella para cá, nos despedimos até que Charlie retornasse com ela dali a pouco tempo. Quando a porta se fechou, corri até o quarto de Renesmee. Rosalie escovava seus cachos enquanto ela estava sentada em frente à penteadeira. Os olhinhos fechados apreciando o passar da escova entre os cabelos.

Fico feliz que ela esteja de volta, bom para Nessie. O pensamento de Rosalie não condizia com seu real sentimento. Portanto ignorei o comentário.   

— Renesmee, preciso conversar com você, meu anjo. — falei, fazendo com que ela abrisse os olhos de súbito e olhasse para mim através do espelho oval com bordas douradas. Rosalie permaneceu no lugar — no deixe sozinhos, por favor, Rosalie. — assim que eu disse aquilo ela me fuzilou com o olhar, que também ignorei. Deu um beijo em Renesmee e jogou o cabelo dourado para trás quando passou por mim.

Me aproximei um pouco mais onde Nessie estava e me agachei em sua altura para fitar melhor seus olhos achocolatados tão lindos.

— Querida, sua mamãe irá vim para cá conosco... — ela sorriu largamente, os olhos brilhando — o vovô Charlie vai trazê-la daqui um tempinho, você se lembra o que conversamos no caminho para casa?

Ela tocou meu rosto com sua mãozinha “Sim”.

— Certo, precisaremos ter paciência até que a mamãe se recorde você, de mim e de nossa família, você pode fazer isso, não é?

“Posso... Eu não vou poder chama-la de mamãe ainda?”

— Infelizmente não, meu anjo. Ainda não.

Soltou um suspiro triste. Mas um sorriso mínimo surgiu.

“Depois que ela lembrar de tudo vamos fazer coisas de mamãe e filha?”.

 — Pode apostar que sim, meu amor. Terão todo o tempo do mundo. Mas por ora, vamos fazer com que ela se sinta bem conosco. Estamos juntos nessa, Nessie? — perguntei e levantei a palma de minha mão. Ela parou para pensar um pouco e sorriu largamente batendo com a palma da sua mãozinha na minha.

[...]

Renesmee se remexia em meu colo, ansiosa. Liguei para Alice informando tudo e ela, Jasper e Emm não demoraram para chegar. Nos encontrávamos na sala de estar, eu estava bastante nervoso e tenso. Se meu coração batesse ele certamente estaria prestes a saltar pela minha boca... Como será que estava sendo toda aquela atmosfera para Jasper?

— Se acalma, meu amor. — aconselhei ao pé da orelha de Renesmee. Ela olhou para cima e deu um sorriso nervoso. Tocou meu rosto com a mão “A mamãe não vai embora de novo, não é?”.

— Não, e você precisa falar enquanto ela estiver presente, como conversamos, tudo bem?

Assentiu.

— Muito bem. — plantei um beijo em seu cabelo.

— Certo, eles chegarão em menos de três minutos! — cantarolou Alice animada. Troquei um olhar com ela, que revirou os olhos. Depois que chegaram, ela se desculpou por novamente ter me deixado de fora do fato de Bella retornar e a chegada de Charlie Swan. Não era uma obrigação sua nos informar todas as visões que tinha, porém por se tratar daquele assunto, era primordial estar por dentro. Ela alegou não querer me encher de falsas esperanças, queria verificar melhor a respeito daquelas visões confusas do futuro. E foi quando tudo aconteceu.

Ouvimos o carro alugado de Charlie estacionar no mesmo espaço de horas trás, duas portas abriram e fecharam. O cheiro dela preencheu minhas narinas me fazendo fechar os olhos e apreciar o aroma tão maravilhoso. Meu peito queimava de saudade.

Alice me deu um tapa no ombro.

— Se concentre! — repreendeu ela. E eu revirei os olhos.

Carlisle conseguiu uma dispensa naquele dia do hospital para estar presente e se posicionou ao lado de Esme, próximos a parede de vidro. Rosalie mal continha sua ansiedade, temia perder a atenção total de Nessie, quanto a esse fato não se tinha argumentos. Era inevitável evitar a aproximação entre as duas, eram mãe e filha afinal.

O som da campainha soou. E meu corpo ficou ainda mais enrijecido.  

Carlisle quem os recepcionou, pois eu acreditava não ser capaz de me controlar se a visse tão perto de mim novamente. E os conduziu até a sala. Poucas vezes tive o privilégio de vê-la usar vestidos e sempre a achei magnifica neles. Para meu completo desespero e fascínio ela trajava um de cor vermelha com flores azuis que destacavam sua pele alva. Os cabelos castanho-escuros caídos ao redor do rosto.

Fiquei a encarando bobamente até alguém chutar meu pé. Pisquei freneticamente desviando o olhar para baixo, precisamente os cabelos de minha filha, um pouco envergonhado. Ao retornar minha atenção para Bella. ela esticou um sorriso tímido. Retribuindo com meu sorriso torto, assisti com satisfação seu coração falhar por um momento e voltar a bater aceleradamente. Suas bochechas ganharam um tom rosa pálido, externando seu desconcerto, exatamente como me lembrava.

— Bem, Bella. Esses são os Cullen, nossos amigos. — apresentou Charlie gesticulando para nós. Carlisle se aproximou esbanjando sua habitual gentileza.

— Sou Carlisle Bella. E essa é minha família. — disse ele indicando cada um ao mencionar nossos nomes. Ela acenou timidamente para meus irmãos em contra partida, mas quando chegou minha vez e de Nessie ela ficou nos encarando fixamente. Tive a impressão de ver um brilho especial em seus olhos ao focar em mim e em nossa filha, do qual ela não tinha conhecimento. Porém depois seu olhar voltou ao normal, bom, o normal de agora.

— É tão bom vê-la, Bella! — exultou Esme, sorrindo largamente. 

— Oi. Sinto muito por não me recordar...hum, de vocês.  — disse ela sinceramente, meneando um pouco os ombros.  

— De forma alguma, querida. Charlie me informou de sua perca de memória, você tem algum vislumbre de ter sofrido algum acidente? Assalto? — Carlisle indagou.  

— Não, não. — negou veemente.

— Tudo bem. Você pode ter sofrido algum tipo de trauma grave para não se lembrar. Eu sou médico, posso dá uma olhadinha em você, o que acha?

Mais uma vez meneou os ombros.

— Acho que sim... Bom, eu sinto algumas pontadas na minha cabeça.

— Vamos checar. Depois podemos conversar um pouco mais.

Ela assentiu e se despediu de todos.

[...]

Durante toda a examinação no escritório de Carlisle, Bella permaneceu em silencio, apenas falando quando ele perguntava algo. Podia sentir sua confusão, o quanto ela buscava por respostas tanto quanto qualquer um de nós ali. Principalmente Charlie.

Carlisle, é realmente possível que eu possa ter esquecido da minha viagem até aqui por ter sofrido algum trauma?”

Sim, querida. Você não possui nenhum tipo de ferimento externo. Talvez tenha passado por alguma experiencia tão forte e ter acometido o apagão.”

Entendo... Queria muito poder me recordar desse pedaço que sinto faltar...”.

Vamos ajuda-la, querida, não se preocupe. Pode se levantar, já acabamos.”

Ao colocar os pés novamente na sala de estar Alice se materializou na frente de Bella, assustando-a um pouco.

— Oi Bella. Sou Alice, somos tipo melhores amigas. — disparou em dizer, e eu arregalei os olhos.

— Er, sério?

— Sim! E posso dizer que está maravilhosa nesse vestido, um tanto retrô, mas muito adorável.

— Hum, obrigada. — ela relanceou o olhar entre Charlie e Alice. Não de forma apavorada, mas como se lamentasse ter se esquecido daquele fato.

— Por nada, você vai ficar aqui conosco, certo? Não se lembra que fizemos inúmeros planos para quando viesse? Ah, que cabeça a minha, é claro que não lembra, me desculpe!

Fechei os olhos por um momento. O que Alice estava fazendo?

Mas Bella riu.

— Eu, acho que vou. Segundo o meu pai eu estava super empolgada para estar aqui.

Alice soltou um gritinho animado.

— Desculpe por Alice, Bella. Ela só está feliz por ver você. — Carlisle interceptou. 

Ela acenou sorrindo.     

Fazia parte da história que havíamos combinado, na qual Bella parecia agarrar como única verdade. Ela confiava em Charlie, afinal. E eu estava me esforçando o máximo que eu conseguia para ficar sentado, tentando controlar Renesmee e a mim próprio. Não por muito tempo, pois minha filha pulou do meu colo e alcançou Bella.

— Oi, sou Renesmee Carlie Cullen — relatou Nessie sorrindo, ganhando um olhar encantado de Bella. Eu acreditava que no fundo tinha sentimentos por ela, por nós. Guardamos as pessoas que amamos no coração não na mente.

— Hey, você é a garotinha do parque! Renesmee é o seu nome? É lindo. — ela declarou, sincera. 

Renesmee ficou radiante.

— Me desculpa por ter a chamado de mamãe, é que você se parece muito com ela! — ela se desculpou mentalmente na mesma hora por dizer aquilo. Mas não foi de todo o mal. Bella sorriu timidamente sem conseguir responder — posso te dar um abraço? — Bella piscou algumas vezes surpresa com o pedido.

— Claro. — respondeu, um misto de doçura e ainda de espanto.

Ela inclinou-se e retirou Nessie do chão a abraçando, um gesto simples, mas tão esperado por minha filha. Nossa filha. Eu podia ver a atmosfera terna que envolvia as duas, embora a falta de memória de Bella não permitisse que ela soubesse quem vinha ser a pessoinha que carregava nos braços, era nítido um forte sentimento que as conectava. E no fim eu que fiquei sorrindo bobamente presenciando aquele momento.

[...]

Eu estava nervoso. Definitivamente nervoso. Sem saber como agir. Um vampiro com mais de 100 anos de existência.

Todos tinham plena consciência que eu seria a única criatura do universo que deveria ser designado àquela tarefa. No entanto, ignoraram este fato. Eu conseguia sentir seus olhos curiosos em minhas costas enrijecidas conforme avançávamos em direção ao quarto de hospedes. Exatamente, fui encarregado em acompanha-la e levar a bagagem que Charlie providenciou até seu novo aposento no fim do corredor.

— Então... Hum... Sinto muito por estar passando por essa perda de memoria — falei de repente, nada mais que a verdade.

— Oh, obrigada, Edward. Eu também.

 Sorri para ela por sobre o ombro, recebendo um tímido em resposta.

— Deve ser difícil para você ter que encarar isso longe de Charlie.

— Como assim?

— Bom, por ele ser a única pessoa da qual você se lembra. Nós somos como estranhos para você... — senti um gosto amargo ao dizer aquilo.

Bella não disse nada de imediato e logo chegamos ao nosso destino. Antes que eu pudesse fazer qualquer movimento para abrir a porta, ela o fez e adentramos o cômodo. Deixei suas coisas ao pé da cama e me virei apenas para flagra-la me observando. Suas bochechas rapidamente ganharam um tom rosado. Como sentia falta de vê-la corada. E sorri de lado.

— Espero que seja do seu agrado. — e passei os informes: — Ali fica o banheiro, tem toalhas limpas no armário e tudo que irá necessitar. O guarda-roupa, claro — ela riu — e se precisar de qualquer coisa não hesite em me falar. Você deixa-la sozinha para se acomodar melhor...

— Edward, obrigada. Hum, e quanto ao que você disse sobre serem estranhos para mim pode até ser verdade, mas posso ver que são boas pessoas. Essa gentileza toda é muito genuína. — senti meus olhos arderem, ela estava sendo sincera, confiava em nós, ela sempre confiou.

Ela caminhou para estender sua mão para mim, e eu comecei a ficar apreensivo demais, se ela sentisse minha pele gélida iria achar anormal. Os humanos eram naturalmente quentes. Porém, no meio do processo ela conseguiu enroscar o pé nas malas e tombou para frente em cima de mim. Embora os vampiros possuíssem reflexos impressionantes, a precisão que a situação exigiu foi totalmente falha, por não esperar aquilo. E eu caí para trás com um back.  

Fiquei paralisado, e Bella não estava diferente. Ambos nos encarando intensa e calorosamente. Vi quando sua testa ganhou um vinco mínimo, mas perceptível, mas nenhum dos dois ousou dizer nada. Tê-la tão próxima a mim de novo me trouxe sensações a muito tempo esquecidas. Um calor capaz de aumentar minha temperatura se alastrou lentamente por cada partícula do meu ser.

Encarei seus lábios rosados e os tornei meu único foco... Seu beijo, precisava dele. Edward, não! Minha consciência tentava me alertar. Não estrague tudo!  Mas eu não consegui ser racional naquele instante. Num impulso inevitável aproximei mais meu rosto e quando senti sua respiração quente fechei os olhos... Parecia tão certo, nós pertencíamos um ao outro afinal.  

Quando nossos lábios se encontraram Bella ficou parada em choque no começo, mas depois se rendeu também. Totalmente entregue. Enlacei sua cintura enquanto ela passava os dedos macios em meu cabelo. Naquele instante eu percebi duas coisas, a primeira: que faria qualquer coisa que estivesse ao meu alcance para que Bella me amasse novamente, porque eu era dela e ela era minha.

E a segunda, o medo que ela saísse correndo quando notasse quem eu era de verdade, se dissipou um pouco, pois ela estava sentindo meu tom gélido e parecia não se incomodar nenhum pouco.


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Notas finais do capítulo

Vamo comentar povo lindo!!
Bjão!