Amor De Pai escrita por Little Flower


Capítulo 3
Viagem ao Alaska... e problemas à vista.


Notas iniciais do capítulo

Espero que gostem...
Nos vemos lá embaixo. Preciso da opinião de vocês.

Capítulo atualizado em 02/03/21



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[Edward]

Após a breve conversa que tive no escritório com Carlisle e minha família, terminantemente foi decidido que iriamos a Denali no dia seguinte, para tentar obter algumas informações. Eles acabaram por me convencer, tendo em vista que eu era o único contra. Eram nossos amigos afinal, eles não fariam nada que prejudicasse minha filha ou a nós.  

Jasper e Alice nos lembrou de um pequeno detalhe: o passaporte de Renesmee. Eles iriam contatar um amigo especialista e iam buscar a encomenda no mesmo dia. Poderíamos ir na forma tradicional — correndo — porém como tínhamos Renesmee agora, era preferível o transporte aéreo.   

Contei o que aconteceu no shopping a eles. Não gostaram muito de ver Nessie com expressão tristonha. Tratei de logo fazê-la se entreter com os brinquedos, mas ela só quis o lobo. Ainda estava chateada demais com a situação. Se encontrava sentada no meio da sala sobre o tapete peludo de cor branca agarrada ao lobinho. E eu estava muito incomodado com seu estado. Eu estava em pé encostado na parede da sala observando-a.

— Nessie, por que não quer brincar com o papai? Não me ama mais? — fingi estar magoado. Ela ficou surpresa, se levantou correndo em minha direção com um sorriso largo. Parou em minha frente e eu me agachei para ficar em sua altura.

— Na uh, papai eu te amo. Só que eu... Ainda estou pensando em hoje à tarde. — disse ela e sorriu tristemente — a garota me empurrou por que eu não quis sair da frente dela ela disse assim “oh, pirralha saí da frente!” e eu disse “peça com licença e eu saio”. Aí ela me empurrou. Fui educada papai, não entendo por que ela me empurrou...

— Talvez ela não esteja acostumada com bons modos, Nessie.  

Pensou por um instante.

— Eu acho que entendi... Será que eu vou conseguir amiguinhos?

Hesitei, embora Nessie aparentemente soubesse controlar seus instintos vampirescos não sabíamos realmente qual parte sua predominava. Deveríamos zelar por nosso segredo se não quiséssemos repetir o mesmo episódio de um tempo atrás e sermos visitados pelos Volturi, porém não a privaria de algo tão simples e necessário como o convívio com outras crianças humanas. Era um risco que estava disposto a correr.   

— Eu aposto que sim. — A tranquilizei com um sorriso e continuei lhe incentivando — você é uma garotinha muito meiga. Quando chegar a hora certa eles irão aparecer. Não se preocupe, tudo bem?  — Toquei a ponta de seu pequeno nariz com o dedo indicador. Ela sorriu.

— Tá bom. — Concordou ela.  — Ah, papai?

— Sim?

— Vamos brincar de boneca?  — Ela sugeriu com um beicinho. Eu fiz uma leve careta. Boneca. Um vampiro com mais de 100 anos brincando de boneca. Mas no fim acabei cedendo. Tudo por minha filha. Eu repetia em minha mente.

Nunca me imaginei brincando de boneca Barbie e com minha filha. Emmett não ajudava gargalhando do jardim sentado sobre o galho de uma árvore observando tudo atentamente. Devia me sentir mal por desejar que aquele galho se rompesse?

E eu ainda tive que deixar minha voz aguda para parecer feminina, eu havia ficado com a loira enquanto Renesmee a morena. Espantosamente, eu acabei por achar divertido. E nem me importei mais quando Alice apareceu na sala de estar achando graça da minha performace. Ela tirou uma foto para guardar de recordação.

Às vezes olhando Renesmee eu podia enxergar minha Bella. No jeito como ela olhava, era tão inocente... Em como esboçava seu sorriso angelical que me enchia de vida e esperança.

— O que foi papai? — perguntou Nessie percebendo que tinha parado de conduzir os movimentos da boneca em minha mão. Balancei a cabeça para me concentrar de novo ao presente.

— Não é nada, meu anjo.

Voltamos a brincar... Não papai, é Dorothy o nome dela... Nessie me lembrou ao retomarmos à história, pois eu continuava a errar durante os diálogos das duas melhores amigas que estavam decidindo o que fazer na primeira vez que iam ao shopping sozinhas.

— Por que está rindo, Nessie? — perguntei curioso, com as sobrancelhas unidas.

— É engraçado sua voz quando fala como a Barbie. — respondeu ela risonha e começou a gargalhar, abafando as risadinhas com as mãos sobre a boca.

— Ah, é? — eu perguntei e a peguei no colo fazendo cócegas em sua barriguinha. Ela ria gostosamente e ficou corada pelo ataque. Eu decidi parar quando percebi que ela já estava ficando sem fôlego. Ela caiu deitada de costas enquanto se recuperava. 

Seu estômago roncou e Renesmee me encarou, os olhos achocolatados pidões. Eu ri e a peguei no colo novamente caminhando em direção à cozinha. Coloquei-a sentada na cadeira alta que comprei enquanto preparava seu lanche.

— O que quer comer Nessie? — perguntei me virando para encará-la.

— Hã... Eu queria panquecas!

— Panquecas? Já é hora do jantar.

— Tudo bem, hum... — tamborilou os dedinhos no queixo — Então quero espaguete com carninhas redondas, por favor! — pediu ela sorrindo em desafio. Você vai conseguir, papai? Desdenhou. Sorri debochadamente.  

— Sem problemas. Saindo em poucos minutos!  — Eu assegurei e fui até o armário para pegar os ingredientes. Esme havia feito compras no mercado hoje, abastecer o estoque para Nessie. Agora tínhamos motivos para encher a despensa.

[...]

Com tudo pronto coloquei o espaguete com as carninhas redondas — que na verdade eram almôndegas — num prato para Nessie. Jogando uma camada de molho vermelho por cima da massa e pus na bancada de sua cadeirinha. Estendi o garfo e ela o pegou sorrindo.

Já estava com o babador cor-de-rosa das princesas da Disney — que eu sabia que ela adorava — amarrado no pescoço para evitar desastres em sua roupa, embora era evidente que Renesmee fosse tão delicada quanto uma flor, até mesmo ao caçar. Ela tinha uma graciosidade admirável.

Uma câmera fotográfica apontada para ela em minhas mãos, fez com que ela sorrisse empolgada fazendo uma pose adorável, se esquecendo do estomago vazio. Indiquei para que ela comesse o jantar.

Deu uma garfada no espaguete conseguindo capturar uma porção cheia e levou até a boca. Mastigando cautelosamente, então uma série de garfadas frenéticas se seguiu. Cliquei, para registrar o momento. Satisfeito.

— Então... Ainda acha que não sei cozinhar? — perguntei presunçoso.

Ela fez sinal para que eu esperasse enquanto terminava de mastigar.

— Desculpe papai, pensei que o senhor não soubesse preparar uma comida tão gostosa! — confessou ela.

— Está perdoada. — Dei uma piscadela — Depois você irá tomar banho para que amanhã acorde cedo, lembra-se da viagem, não é? — havia comentado com ela sobre a viagem pouco depois de retornar à sala, antes de brincarmos.

— Sim.

— Vou precisar de sua ajuda para fazer sua mala porque não sei o que vai querer levar.

— Arrã. Vamos ficar muito tempo lá, papai?

— Uma semana talvez, tudo depende se conseguirmos as informações que iremos buscar. — expliquei.

— Sobre mim?

— Exatamente.

Depois de Nessie terminar seu jantar. Subimos para o meu quarto e lá separamos sobre a minha cama tudo o que levaríamos para o Alaska. Alice entrou com uma mala média cor-de-rosa.

— Achei que precisariam. — disse ela e deixou em cima de minha cama. Iniciou uma conversa com Nessie sobre o seu quarto novo. Tão entusiasmada quanto a baixinha viciada em decoração.

Arrumei as peças de roupas de Nessie na mala enquanto as duas ainda dialogavam. De vez em quando desviava meus olhos do trabalho e encarava o rostinho fascinado de Renesmee com tantas possibilidades. Jamais pensei que um monstro como eu um dia seria prestigiado com um anjo tão doce e encantador como minha filha era.

Ela era tudo para mim.

— O senhor escutou, papai? Meu closet vai ser rosa! – cantarolou Nessie animada demais.

— Sim, eu ouvi. É muito legal meu anjinho! — eu disse sorrindo.

Se voltou para Alice escutando tudo atentamente, sem muitas exigências quanto àquela parte. Depois, foi minha vez de separar minhas coisas, o que não demorou devido a pouca necessidade de trocar de roupa.

— Edward! — chamou Carlisle do primeiro andar. — Traga Nessie para medir, por favor.

— Já estamos indo.

Olhei para Nessie e nem parecia ter prestado atenção ao pedido de Carlisle.

Chamei Renesmee que pulou em meus braços já estendidos, prontamente. Alice nos seguiu até o andar de baixo, os pensamentos agitados devido a conversa.

Chegamos à sala de estar e a passei para o colo de Esme, pois assim que enxergou a avó estendeu os bracinhos para ela. Carlisle já com a fita métrica pediu que Nessie se esticasse e não se movesse, onde ela o obedeceu e ele a mediu.

— Hum... Permanece com o mesmo tamanho. Interessante. — Ponderou por um instante e depois disse em palavras claras — Nessie não cresce no ritmo que pensei. Como posso perceber ela cresce no mesmo ritmo normal, como qualquer criança humana.

— Então...

— Sim, ela pode se passar por uma criança normal sem ter que se exilar do mundo humano. — Esclareceu Carlisle. Nessie sorriu largamente, seu raciocínio inteligente fez com que pudesse captar e compreender cada palavra que seu avô tinha dito.

— Oh! — Arfou Esme, após Renesmee encostar a pequena mão em sua bochecha, completamente aturdida quando uma imagem do rosto dela rodeada de corações surgiu assim que dedinhos meigos alcançaram seu rosto. 

— O que houve, Esme? — indagou Carlisle, preocupado.

— Nessie...Ela...Você me mostrou isso?

— Sim, vovó. Posso mostrar as coisas com minhas mãos. — respondeu despreocupadamente.

Olhei a cena com um sorriso torto.

—Você tem um dom?! — constatou Carlisle admirado. — Pode me mostrar? — ele perguntou.

— Claro vovô — ela disse sorrindo e fez Carlisle se encher de alegria, sorrindo abobalhado.

Eles surpresos e eu orgulhoso, por dentro do que estava acontecendo. Porém nada iria me preparar para o que ela mostraria a seguir.

Ela encostou sua mãozinha gorducha em seu rosto. Depois de um minuto Carlisle arfou. E meu sorriso oscilou até desaparecer. Eu os acompanhava vendo através de seus pensamentos as imagens turbulentas de seu nascimento. De como Bella sorriu para ela antes de morrer e se eu pudesse chorar o faria. Vi a devoção e o brilho nos olhos de Bella quando viu sua filha, como ela a chamou de Renesmee e disse que a amava.

— Interessante. — Declarou Carlisle. Todos estavam em silêncio, pasmos nos observando.

Sua mão deixou o rosto de Carlisle e se voltou a encostar-se a Esme.

— O que Nessie mostrou? — perguntou Alice notando que eu sofria.

— Ela nos mostrou seu nascimento. — Respondi a ela antes que Carlisle pudesse fazê-lo, e todos me olharam compreensivos.

— Jamais devemos voltar a Forks. — Se manifestou Rosalie nos fazendo encará-la.

— Sim, concordo. É um risco enorme com Nessie. — Aprovou Carlisle — pelo o que parece os lobos não ajudaram Bella, não sabemos o que eles pensam sobre Renesmee.

Apenas com a possibilidade de Jacob Black comandar um ataque contra minha filha e Bella me deixava zonzo, desnorteado. E acima de tudo enraivecido. Ele repudiava a ideia de Bella ser transformada em vampira, porque não odiar o ser que ela gerou e que consequentemente morreu para salvar? 

Devíamos mantê-la o mais afastada possível de Forks. As pessoas não poderiam saber sobre ela, a que conclusão eles iam chegar? Ela também era parecida com Bella. Se isso chegasse a Volterra...  

Antes que o telefone começasse a tocar, Alice o atendeu.

— Alô?

Alô, é da residência dos Cullen? — eu conhecia aquela voz. Charlie. Como ele conseguiu obter nosso número?  

— É sim. Charlie?

É Alice. Preciso falar com Edward. — Pelo tom de sua voz parecia atordoado.

— Certo, irei passar para ele. Foi bom ouvir sua voz.

— Charlie? Sou eu, Edward. — falei com a testa franzida confuso assim que Alice me passou o aparelho, e ele ficou alguns segundos em silencio. — Como posso ajudá-lo?

Como pode me ajudar? — bufou indignado — Jessica Stanley acabou de entrar em contato me perguntando se era possível que Bella havia tido um bebê. Porque viu Edward Cullen com uma criança muito parecida com ela.  — disse ele num tom baixo, ainda mais ameaçador.

— Como é? — perguntei muito chocado por constatar que Jessica Stanley não tinha perdido tempo para satisfazer suas curiosidades. Apertei minhas mãos em punho.

Charlie respirava profundamente e depois de mais um minuto de silencio, ele suplicou:

Edward, conte-me a verdade! fez uma pausa Se eu tenho uma neta... Ela é a única lembrança de Bella... — sua voz estava ficando rouca, talvez estivesse prestes a chorar. Pelo amor de tudo que é sagrado. Olhei para minha família que acompanhavam a conversa.

— O que eu digo? — perguntei a eles de modo geral, movendo apenas os lábios sem emitir som algum. 

— Não, diga que é mentira. Que tudo isso é invenção da tagarela! — ralhou Rosalie sacudindo a cabeça. Porém em contra partida todos faziam eco ao mesmo pensamento: “Você quem decide”.  

Charlie não conseguiu se controlar, ouvindo seus soluços através do telefone, aquilo me comoveu... Ele ainda estava sofrendo por perder Bella, sua única filha, tanto quanto eu. Parecia tão cruel não permitir que Charlie conhecesse sua neta. Como ele mesmo havia mencionado: ela era única lembrança de Bella. E eu não podia ser tão egoísta dessa forma. Ele tinha o direito de ter motivos para manter-se de pé, assim como nós.

Era possível fazer aquilo sem nos expor de fato.   

Não imaginaria minha vida sem Renesmee. Eu devia estar com uma expressão dolorida, pois algo tocou minha perna e olhei para baixo. Os olhos achocolatados mais lindos me fitando como se quisessem me tranquilizar. Ela assentiu, como se dizendo para eu aceitar...

“Papai, diga a verdade sim!” pensou ela.

Edward? Você ainda está aí? — perguntou Charlie com a voz rouca do outro lado da linha e fungou.

Respirei fundo. Torcendo para que estivesse fazendo a coisa certa.

— Charlie, nós não podemos ter essa conversa por telefone.

Então é verdade?  — ele arfou, cético. Não o culpava.  — Como.... como posso encontra-los?

— Iremos até Forks na semana que vem e explicaremos.

— Semana que vem?

— Sim, precisamos resolver uns assuntos antes... — eu pensei um pouco — Alguém mais sabe sobre isso, Charlie?

Ele hesitou antes de responder.

— Ninguém que precise se preocupar.

Tentei manter a calma. Ninguém que precisasse me preocupar. Um nome surgiu em minha mente e enrijeci arrumando minha postura. Mas optei por não me aprofundar nisso.

— Você acha que consegue manter a discrição? Não queremos atenção, isso é importante.

Irei fazer o impossível para que ninguém mais saiba... Eu ainda custo a acreditar que é verdade...é muito para processar. — Suspirou — a criança, ela está bem? 

— Sim, ela é perfeitamente saudável e muito linda. — sorri para Renesmee ainda enlaçada em minhas pernas, ela retribuiu ao gesto.

Eu posso saber o nome?

 — Ela se chama Renesmee. Não se preocupe Charlie, você vai conhecê-la em breve.

Pude imaginar o sorriso de esperança em seu rosto pálido.

Eu vou aguardar vocês. Por favor, Edward, cumpra o que disse. 

— Não se preocupe. Na segunda estaremos em Forks. Até breve, chefe Swan.

Até mais, Edward.  — Disse ele e encerrou a chamada.

— Argh, Edward! Porque não me escutou? — resmungou Rosalie de braços cruzados sustentando uma carranca — Mas como sempre tudo se trata da songa monga da Bella, não é?

Renesmee a fuzilou com olhos.

— Do que chamou minha mamãe?! — pediu ela irritada. E caminhou até a tia com passos largos.

— Renesmee me desculpe... Eu... Er...

Ela sacudiu a cabeça. Muito chateada.

— Ela era uma pessoa muito boa e nunca lhe fez mal, disso eu tenho certeza. Não merece ser insultada desse jeito, tia Rosalie! Não fale assim dela! Nunca mais! — berrou todas essas palavras apontando o dedinho indicador na direção da loira. Depois saiu correndo chorando, subindo as escadas.

Aturdido, fiquei um momento processando o que acabara de acontecer, embora achasse que Rosalie tinha escutado o que merecia. Renesmee hesitaria em se aproximar tanto dela agora, ao menos Rosalie não pensaria que Renesmee pertencia a ela. E a loira pensaria duas vezes — ou mais — antes de comentar mais alguma outra asneira sobre Bella na frente de Nessie.

Todos estavam estáticos nos lugares, reflexo do meu próprio espanto. Ninguém ousou dizer nada também. Rosalie esboçava uma expressão dolorida e arrependida, se martirizando por dentro por ter sido tão tola.  

Sacudi a cabeça e fui atrás de minha filha no andar de cima, especificamente em meu quarto. Escutei os soluços de Nessie vindo de lá. Abri a porta devagar, sentei ao seu lado na cama e a encarei compreensivamente.

— Nessie... — Comecei e toquei sua pequena mão suavemente.

— Pa-pai! — fungou — Me desculpe... Eu... Eu...

— Nessie está tudo bem, mas o que você fez não foi muito legal.

— Desculpe, eu não...não queria, mas eu não gostei de como a tia Rosalie chamou minha mamãe. Não parece ser uma palavra boa. — Revelou inocentemente, a puxei para um abraço, beijando seu cabelo.

— Shiiiu, tudo bem. Não se preocupe, ao menos você deu um motivo para sua tia refletir sobre como tratar as pessoas... — falei acariciando seus cachos. Algo me fez concordar em jamais comentar a antipatia que Rosalie sempre nutriu por Bella ao conhece-la, devidos aos seus inúmeros motivos e escolhas erradas. Renesmee cortaria laços com a tia terminantemente. — Agora é melhor ir dormir. Amanhã acordaremos bem cedo para viajar...

Ela assentiu, o rostinho ainda molhando, que eu gentilmente sequei.

Após o breve banho, vesti seu novo pijama dos ursinhos carinhosos e escovei seus cachinhos com delicadeza. E notei orgulhosamente que estava me tornando um especialista em pentear cabelos.

Como no dia anterior, deitei ao seu lado e ela sacudiu a cabecinha. Afastou meus braços que estavam em frente ao peito e deitou esparramada em cima de mim, colocando meus braços ao seu redor. Boa noite, papai.

— Boa noite, meu anjo.

Não demorou muito e notei sua respiração calma e ritmada, sem perceber comecei a cantarolar a canção de ninar que eu havia composto à sua mãe. Sentindo a saudade mais uma vez apunhalar meu coração.

Carinhosamente acariciava seus cabelos, dei um beijo ali e inspirei seu aroma, docinho e floral como o de Bella...Ah, Bella! Quem devia estar desfrutando de todos aqueles momentos com Nessie, era ela e não eu. Eu não merecia tanta compaixão. Foi Bella quem lutou até o fim para salvar nossa filha, e eu não fiz nada para evitar que ela se fosse para sempre. Eu era um idiota mesmo.

Um imbecil! Como aquela cicatriz em meu peito doía. Meus olhos arderam como se eu quisesse chorar, mas eu não podia, minha garganta ficando seca. Nenhuma lágrima sequer podia cair de meus olhos. Isso era revoltante!

Depois que conheci Bella sempre desejei ser humano, para poder lhe dar uma vida normal e feliz. A ilusão preencheu minha mente, a imagem dançou diante dos meus olhos. Era uma noite como aquela, em uma casa incrivelmente bonita e grande, Bella e eu estávamos sobre uma cama de casal, nossa filha dormindo como um anjo no outro quarto tendo os sonhos mais lindos e puros. Enquanto sua mãe e eu nos amávamos em nosso quarto completamente apaixonados, como se não existisse mais ninguém no mundo além de nós...

Sacudi a cabeça rudemente. Essas cenas me faziam sentir pior do que já estava.

Se houvesse uma forma de trazê-la novamente, eu não hesitaria em fazer qualquer coisa, mas não existia. Jamais existiria! Nunca mais poderia ver seu lindo rosto em forma de coração, e o leve tom rosa pálido em suas bochechas quando ela corava. Ou as palavras doces que aqueciam meu coração parado.

— Papai. — sussurrou Nessie, me tirando dos meus pensamentos. Fitei a linda garotinha de olhos cor de chocolate. Eu tinha a impressão de que jamais iria me enjoar de admirá-los.

— Sim, Nessie? — perguntei confuso — Não deveria estar dormindo meu amor?

— Dormindo? — perguntou ela confusa — O sol já nasceu, Papai! O senhor disse para eu acordar cedo, por que vamos viajar. Levanta! — disse ela e pulou de cima de mim. Puxando minha mão. Eu olhei para a janela, alguns raios de sol escapavam através da fenda das persianas, ao andar até lá e afastá-la por completo pude constatar que as nuvens cinzentas encobriam o sol.

Não percebi que já tinha amanhecido. Virei-me para encarar Renesmee, mas não consegui vê-la por lá. Uni as sobrancelhas.

— Nessie? — chamei, embora conseguisse ter uma visão dos meus próprios pés descalços por um ângulo baixo, através de seus pensamentos.   

Escutei uma risadinha debaixo da cama. Sorri e fui a sua direção bem devagarzinho, entrando na brincadeira.

— Engraçado... Eu pensei que tivesse visto uma garotinha chamada Nessie por aqui... — então eu me agachei e ela estava com um sorrindo. Eu estiquei meus braços e a tirei de lá. Quando eu já estava em pé e ela em meu colo. Dei uma série de beijos em todo seu rosto e ela gargalhava.

— Para, para papai! — disse sem fôlego e corada.

— Muito bem, você vai tomar banho e vamos nos arrumar. Vamos sair às sete e meia. — eu disse e ela assentiu. Peguei sua toalha e fomos até o banheiro onde lhe dei um banho gelado. Ela não reclamou pela temperatura, para Nessie tudo estava bom, e depois a enxuguei

Andei para o quarto com ela e a deixei sentada em minha cama. Fui até o guarda-roupa temporário — palavras de Alice e de Nessie — e escolhi um vestidinho quadriculado lilás e preto com uma blusa de magas branca, sapatilhas pretas e meia calça branca com detalhes de lacinhos prateados.

Depois de devidamente arrumada, adornei seu cabelo com um laço cor-de-rosa como uma tiara.

Sorri para ela.

— Ficou linda! Os Denali vão amar você! — eu disse.

— Mesmo? — perguntou temerosa.

— Claro, você é um encanto... — eu assegurei e lhe dei um beijo na bochecha. — Agora fique lá embaixo que eu vou me arrumar, tudo bem? — ela assentiu e caminhou em direção da porta — Nessie... Não corra!

Ela não deu ouvidos correndo assim que passou pela porta. Sacudi a cabeça.

Vesti uma blusa de magas compridas verde-escuro, uma jaqueta jeans e calça jeans escura, tênis esportivo e penteei meu cabelo num topete.

Peguei minha mala, a de Nessie e a sua mochila em forma de coração. Desci as escadas na velocidade inumana e Nessie estava segurando o grande lobo nos bracinhos. Ele era gigante comparado a ela.

— Nessie, vai levar o lobo? — perguntei confuso.

— Vou. Jackie não pode ficar sozinho.  — Respondeu ela, firme. Jackie? Tão parecido com...

— Mas você tem todos os brinquedos que queria levar aqui dentro da mala.

— Não podemos deixa-lo, papai! — tão teimosa.

— Renesmee Cullen! — eu disse autoritário. Seus olhos brilharam como o gatinho de botas. — Não faz isso! — eu disse fechando os olhos. Ela sempre conseguia me persuadir. — Nessie, por favor!

— Ele é especial para mim!

A encarei por alguns segundos.

— Tudo bem. Leve-o! — eu disse derrotado.

Ela sorriu e saiu saltitando pela porta principal da casa.

— Me dá suas malas Edward! — pediu Emmett e as pegou, caminhando porta a fora por onde Renesmee estava sentada com o Jackie.

[...]

Tudo já estava pronto. Até o aeroporto íamos em dois carros, no meu Volvo — Alice e Jasper — e no conversível de Rosalie — Carlisle, Esme e Emmett —. Renesmee ia comigo, já acomodada em sua cadeirinha, ela não queria estar na companhia de Rosalie. Ainda estava um pouco ressentida com o que aconteceu no dia anterior.

Dei a partida, depois que meus dois passageiros se arrumaram em seus lugares. Alice ao lado esquerdo de Renesmee — com o bracinho ao redor do lobo — e Jasper ao direito, ele começou a interagir com Nessie e eu li em seus pensamentos que ela gostava do tio cada vez mais. 

Chegado ao aeroporto, depois de fazer o Chek-in — dentro da mochila de Renesmee continha seu passaporte, escrito Renesmee Swan, providenciado pelo contato de Jasper — já estávamos no portão de embarque. Renesmee tinha um sorriso enorme no rosto ao mesmo tempo em que se sentia um pouco nervosa. Eu fui encarregado de levar Jackie, já que ela sumia quando o carregava e eu tinha medo que ela tropeçasse devido o bicho tapar sua visão por completo.

Depois de fazermos a escala chegamos ao Alaska. Nossos amigos estariam nos esperando em sua casa, onde nós sabíamos onde era localizada.

— É muito longe? — perguntou Renesmee soltando um bocejo, após longos minutos do carro alugado em movimento.

— Não, já estamos perto. — Respondi olhando para ela através do espelho retrovisor.

Ela fez um leve aceno com a cabeça.

— Pode dormir se quiser meu amor. — disse Alice a ela. Então Nessie encostou a cabecinha na janela do carro e fechou os olhinhos. Segundos depois adormeceu.

Um tempo depois já estávamos em frente à grande casa dos Denali em estilo moderno. Algumas paredes de vidros, decorado externamente na cor cinza e marrom. Dois andares, um jardim vistoso com flores diversas e grama verde recém cortada. Uma paisagem pouco comum tendo em vista o clima invernal quase constante.    

Todos nós saímos do carro. Fui até onde Nessie estava e a tirei com cuidado para não a acordar. A aninhei em meus braços, ela cabia perfeitamente, como se tivessem sido feitos para tê-la ali.

— Carlisle! — ouvi a voz de Eleazar exclamar — que bom vê-los!

— Igualmente Eleazar. — respondeu Carlisle. Virei-me e caminhei atrás dos outros com Renesmee. Carmen, Kate e Irina posicionadas ao seu lado. Tanya terminava de descer as escadas que levavam para a casa.

Logo que me viu abriu um sorriso, mas desmanchou quando viu Renesmee em meu colo. Uniu as sobrancelhas.

— Quem é essa criança que está segurando Edward? — perguntou ao lado das irmãs.

Os outros que até então estavam concentrados em se cumprimentar, focaram sua atenção em minha filha e eu.

— Esta é minha filha.

Choque era a única expressão que os Denali esboçavam.


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Notas finais do capítulo

GENTE... Eu preciso de sugestões :
1ª. Querem que a Bella volte ou não?
2ª Querem que a história vá até Nessie ter dez anos ou querem que vá até ela ter o imprinting com Jacob aos dezessete anos?
Votem please!