Amor De Pai escrita por Little Flower


Capítulo 18
Lua de Mel


Notas iniciais do capítulo

Sempre serei muito grata a pessoa que foi minha beta por um tempo, 'Vic' obrigada pelos conselhos e pelas sugestões você me ajudou bastante... ♥
Obrigada pelos comentários, gente!
Boa leitura...

Capítulo atualizado em 06/03/21



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[Edward]      

Ao fim de nossa dança a baixinha extremamente irritante e persistente levou Bella para se trocar, alegando que tinha escolhido com cautela a roupa para ser em vão. Também troquei minha roupa, substituindo o elegante paletó por uma blusa social azul-claro e uma calça preta.

— Nós vamos cuidar bem dela, Edward... — garantiu Esme mais uma vez, passei Nessie para seu colo. Fiquei olhando minha filha minuciosamente, guardando cada memória de seu rostinho. Parecia um pouco exagerado, mas desde que chegou a minha vida nunca fiquei tanto tempo longe dela. Sem poder vê-la. O que me tranquilizava era que minha família estaria ao seu lado e pelo menos me comunicaria ao celular com minha pequena.

— Papai, divirta-se... — disse ela inocentemente, Emmett que estava observando tudo atentamente encarou-me e sorriu maliciosamente.

Revirei os olhos.

— Não se preocupe comigo, se concentre apenas em você e a mamãe. — disse ela e sorriu levemente tocando meu rosto. Nenhuma imagem foi mostrada, apenas fez carinho. — Confesso que estou meio chateada em não poder ir, mas eu entendo. Teremos todo o tempo do mundo juntinhos, não é? — parou de afagar meu rosto e me encarou fixamente. Seus olhos achocolatados idênticos aos da mãe ainda mais intensos.

— Para sempre. — prometi e ela seu sorriso se alargou.

Senti um toque quente em minha mão e virei o rosto encarando o de minha esposa, sorri involuntariamente com o pensamento. Ela usava um conjunto azul-marinho, lindo, dando contraste a sua pele marfim. Ela estava perfeita, divina.

— Vamos! — Alice surgiu de algum lugar nos apressando.

Bella conversou com Charlie e se despediram entre lágrimas e declarações de amor. Agora conseguia compreendê-lo perfeitamente, as preocupações ou em como ele fazia de tudo para manter o coração dela inteiro. Dei um beijo terno na testa de Renesmee. Sendo retribuído com um abraço apertado e um beijo estalado na bochecha.

Ela fez a mesma coisa com a mãe.

— Tchau, mamãe, papai. Vou esperar ansiosamente pela volta de vocês, contando os minutos, os segundos... Mas sem pressão!

Rimos sendo seguidos pelos demais.

— Até mais, meu anjo... — eu disse.

De repente ela pulou para o colo da mãe num movimento ágil.

— Mamãe, cuida bem do papai. Não deixei nenhuma mulher chegar perto do que é nosso... — Renesmee sussurrou ao pé da orelha de Bella. Ela riu, mas Renesmee continuou séria, esperando a resposta.

— Pode confiar, meu amor. Ninguém meche com o que nos pertence. — Bella beijou a bochecha de Renesmee com carinho.

— Amo muito você, mamãe. Não se esqueça, vou sentir mesmo muitas saudades suas e do papai... — disse Renesmee com a voz ainda mais intensa. Abraçou a mãe pelo pescoço tendo certo cuidado com ela. Era uma cena tão linda e perfeita, não cansava nunca de vê-las juntas assim. Compartilhando esse momento de ‘mãe de filha’.

Não era necessário enfatizar que sentiríamos saudades de nossa pequena.

— Também amo muito você, meu amor. Daqui a pouco estaremos de volta. — deu um último beijo em sua testa e a entregou a Esme. Afaguei sua bochecha e ela pôs a mão em cima da minha. “Amo você” disse em pensamento com os lábios esticados.

Retribuí.

Acenamos para eles e entramos no carro.

Afivelamos os cintos e olhamos para nossas famílias que acenavam sorridentes. Renesmee fez uma expressão triste, mas se recompôs quando percebeu que a olhava.

— Ela ficará bem... — dissemos ao mesmo tempo, rindo nervosamente em seguida.

Bella segurou minha mão livre.

— Pronto?

Olhei mais uma vez para minha filha pelo espelho retrovisor do carro e suspirei.

— Pronto... — afirmei e beijei sua mão.

Ela sorriu e sua atenção foi tomada pela vista através da janela. Voltei minha atenção para a estrada em direção do aeroporto. Pisei no acelerador ao ouvir ao longe um uivo. Desde a cerimônia até o final da festa fiz o enorme esforço em não ir até onde ele observava escondido e quebrar todos os seus ossos. Os seus pensamentos eram os piores, mas sabia que ele estava fazendo aquilo para me enfurecer. Uma certa preocupação me inquietava. E se ele tentasse algo contra Nessie mais uma vez? Foi por isso que havia conversado com Jasper e Emmett para ficarem atentos caso acontecesse alguma coisa.

Porém, ele estaria em desvantagem. O que o manteve ali fora apenas a esperança — ainda que fosse pouco provável — que Bella desistisse.

Sacudi a cabeça arrancando dos meus pensamentos e encarei Bella de soslaio, mas ela não tirou os olhos da janela. Certamente tinha escutado. Talvez quisesse fingir que aquilo tinha sido apenas fruto de sua imaginação, então apenas apertei sua mão.

Devia me concentrar apenas em Bella e eu.

[...]

— Rio de Janeiro? — perguntou Bella ao pararmos ao balcão internacional para fazermos o check-in de nosso próximo voo.

— Só uma escala. — eu garanti.

O voo para a América do Sul foi longo e Bella dormiu na maior parte do tempo. Mas ao invés de ficarmos no aeroporto para uma nova conexão pegamos um táxi pelas ruas escuras da cidade, passei as instruções em português ao taxista para nos levar até a marinha. A expressão de Bella era curiosa devido ao idioma estrangeiro e esbocei um pequeno sorriso.

Mantive meu braço ao seu redor, sua cabeça repousada em meu peito. Chegamos à doca e eu fui na frente caminhando pela longa fila de iates segurando nossas malas enquanto ela me seguia. Larguei as malas no convés e ajudei Bella a subir.

Eu preparei o barco para a partida e seguimos para o leste do mar. Pouco tempo depois pude enxergar a pequena ilha ao longe e apontei:

— Bella, olhe lá.

Ela encarou a direção em que eu havia mostrado com os olhos semicerrados e então quando sua expressão se suavizou percebi que finalmente tinha enxergado. A figura triangular e achatada. Não demoramos a chegar à borda da ilha.

— Onde estamos? — perguntou Bella.

— Essa é a ilha de Emmett. 

Eu ri de leve.

— Ilha de Emmett? — perguntou com uma pitada de escarnio.

— Sim. Depois de descobrir que Carlisle havia presenteado Esme com uma ilha ele ficou extremamente magoado e quis uma também. Então Carlisle com seu coração excecionalmente bondoso comprou uma para ele.

Bella riu, sacudindo a cabeça com a informação.

Eu a acompanhei me recordando da cena em que Emmett praticamente implorou ao Carlisle por aquele presente. O grandalhão até chegou a se ajoelhar e pedir de mãos juntas. Eu achava impossível existir um vampiro como Emmett.

— Ao leste se localiza a dela.

Peguei as malas e as deixei no píer, ofereci minha mão a Bella sorrindo de canto e ouvindo com satisfação seu coração se acelerar. Mas ao invés de colocar seus pés no chão eu a trouxe de encontro a mim, carregando-a nos braços.

— Não devia esperar até chegar na porta? — perguntou um sorriso leve.

— Tudo que eu faço tem que ser completo... — eu lhe disse.

Depois de percorrer o píer, passamos por uma trilha de areia clarinha através da vegetação escura. Ao adentrar a casa acendemos as luzes automaticamente pelos cômodos, pois a energia funcionava com censores de movimentos. Emmett era bem moderno.

Chegamos ao segundo quarto principal, era grande e verde oliva, e a parede mais distante era praticamente feita de vidro. Do lado de fora, a lua estava brilhando na areia branca e, apenas a alguns metros de distância da casa, as ondas brilhantes.

— Eu vou buscar as malas... — eu lhe disse e andei calmamente até o píer.   

Voltei minutos depois e as deixei perto da cabeceira da cama. Bella encarava fixamente e passou os dedos de leve no lençol de seda cor creme. Como na noite anterior as expectativas fizeram meu estomago se revirar. Ainda que já tivéssemos tido nossa primeira noite.

Beijei seu pescoço exposto, a pele quente, mais que o normal. Bella virou lentamente passando seus braços ao redor do meu pescoço. Rapidamente tomei seus lábios doces e macios. O beijo casto, aprofundando-se.

— Bella...

Ela parou o beijo devagar e encarou-me bem no fundo dos meus olhos. O tom chocolate, brilhando.

— Edward, sabe o quanto sonhei com isso? O quanto eu desejei poder simplesmente tocá-lo? E agora estamos juntos de novo... Tivemos outra chance. — disse ela.

— Eu também, Bella... Sonhei todos os dias em tê-la em meus braços novamente, em poder sentir seu cheiro... — inspirei seu doce aroma, que tanto sentia falta. Acariciei seu rosto delicadamente como no casamento e uma espécie de choque elétrico percorreu meu corpo, começando a ficar em brasa. — Tão linda... Tão minha.

Ela sorriu levemente ao ouvir aquela declaração que não era mais que a verdade.

— Para sempre... — sussurrou — Não tenha medo, nós pertencemos um ao outro agora... — tornarmos a nos beijar, mas agora com mais urgência mais necessidade. Elevei seu pequeno corpo nos braços para deitá-la delicadamente na cama, tento o máximo de cuidado e lembrando-me a todo instante que ela ainda era humana e não podia ultrapassar os limites.

— Mas, se eu fizer alguma coisa... Se eu a machucar me diga no mesmo momento... — alertei-a pausando o beijo e ela assentiu sem desviar os olhos. Voltamos a nos beijar e nos entregamos ao amor...

[...]

Olhava para o dossel da cama com os braços embaixo da cabeça. Me indagava o quão condescendente eu havia sido durante toda a minha existência para merecer tanta felicidade? Qual ato bondoso foi crucial para que eu tivesse uma nova oportunidade? Que eu fosse abençoado?

Olhei para o rosto adormecido de minha esposa, a expressão serena, corada e um sorriso leve em seus lábios. Fora mais fácil canalizar minha força em outra coisa para que Bella não se machucasse. Corri os olhos pelas plumas dos travesseiros espalhadas pelo quarto e depois para os pedaços de madeira da cabeceira no chão. Analisei a pele dela por debaixo do fino lençol com marcas clarinhas fáceis de sumir.

Eu poderia arriscar dizendo que a noite passada havia sido umas das melhores. Nosso amor estava mais vivo, mais uma vez tínhamos o concretizado. E a cada segundo que se passava eu estava loucamente mais apaixonado por minha esposa.

Já estava amanhecendo, ela logo acordaria.

— Edward? — escutei a voz sonolenta de Bella e a encarei.

— Sim, amor?

— Não é nada. Só queria ter certeza de que tudo o que passei ontem foi real. — disse ela e afaguei seu rosto com os dedos, ela suspirou ainda de olhos fechados. Ela me puxou num movimento rápido e surpreendendo-me com um beijo urgente.

— Bella... Você deve estar com fome. — eu disse contra seus lábios, relutantemente.

Ela ignorou e continuou.

Eu a segurei e parei o beijo rudemente, fazendo-a abrir os olhos, confusa.

— O que foi, Edward?

— Teremos a noite inteira, amor, mas agora você deve se alimentar...

Ela revirou os olhos bufando.

— Ok. Deixa-me vestir alguma coisa então... — disse ela afastando minhas mãos de si, frustrada.

Levantei-me e a deixei no quarto indo para a cozinha, vasculhei na geladeira o que poderia fazer para seu café da manhã. Peguei alguns ovos e suco de laranja. Lembrei-me de Nessie naquele momento, minha filha amava suco de laranja. Pensar nela me fez lembrar de minhas preocupações ao seu respeito.

Será que estava bem? Será que ela tinha dormido tranquila? O que estaria fazendo? Meus pensamentos foram interrompidos por uma Bella pedindo atenção.

— O que teremos para o café, chefe Cullen? — sentou-se na banqueta em frente ao balcão de mármore no centro da cozinha e apoiando os cotovelos.

Eu ri.

— O que acha de omelete?

— Perfeito!

Assenti e fui preparar.

Assim que ficou pronto deslizei a omelete para o prato de porcelana. Emmett podia ser um idiota “às vezes”, mas foi sano quando decidiu ter “uma casa como a de humanos”, isso implicava em ser equipada com eletrodomésticos, moveis, louças, utensílios...

Deixei o prato na frente de Bella, lhe entreguei o garfo junto com o copo de suco. Sentei-me ao seu lado.

— Obrigada. — disse ela e deu uma garfada nos ovos mexidos, ao sentir o sabor fechou os olhos em satisfação — Nossa, está uma delícia!

— Muito obrigado. — dei uma piscadela. — Eu não disse que você primeiro devia provar minha comida para opinar sobre o elogio de seu pai?

— Quando?

— No aniversário de Renesmee. — eu disse firmemente. Tinha memória fotográfica.

— Ah... — pensou um pouco então sorriu encolhendo os ombros — É verdade. Desculpe, devia ter acreditado. — disse ela e rimos.

Voltou a se deliciar com o desjejum.

— Então... — pigarreou — Você não vai vim com aquela antiga história de querer me proteger e não tocar mais em mim, não é?

Suspirei.

— Não, amor. Apenas sendo um pouco mais cuidadoso, não terá problemas. — eu disse e analisei bem sua expressão. Ela sorriu largamente e pareceu muito satisfeita com o que havia escutado.

— Ótimo! — disse feliz. — Então... — parou sugestivamente tocando minha mão sobre a mesa e movendo as sobrancelhas.

— Bella, pelos céus! Não pode esperar um pouco? Acabou de comer... — eu disse prendendo o riso. Sua expressão murchou e os ombros caíram, frustrada.

Optamos por assistir TV. Estava passando um filme de comedia brasileira e servi como tradutor devido a sua pouca compreensão do idioma. Depois de um tempo, Bella e eu nos deitamos no sofá aproveitando as cenas engraçadas. Então foi quando ela me atacou novamente.

[...]

Fazia quase duas semanas que estávamos naquela bolha perfeita onde só existia Bella e eu. Liguei umas cinquenta vezes para Renesmee, ela estava bem, claro. Para meu alivio. Com saudades nossas, ficávamos conversando durante horas para aplacar um pouco a saudade:

— Papai! — Nessie deu um gritinho animado — O senhor e a mamãe estão bem? Aí é legal? Estou morrendo de saudades de vocês dois! — disse ela interruptamente sem nem me dar chance de responder.

— Calma, meu anjinho. Estamos bem, também estamos com saudades suas... Aqui é muito legal sim. Talvez possamos voltar para cá no seu próximo aniversário...

— Vai demorar muito, papai... — queixou-se ela e imaginei sua careta.

— Assim podemos planejas melhor nossa viagem, meu amor. Então, você está bem? O que está fazendo?

— Estou perfeitamente bem, quero dizer só está um pouco entediante sem você aqui pra brincar comigo. Mas o tio Emmett faz o que pode. — rimos — É verdade que onde estão é a ilha dele?

— É, sim. Ele se humilhou um pouco para tê-la.

Renesmee riu gostosamente. Esse som era tão lindo.

— A mamãe está aonde?

— No banho.

— Ah, que pena. Queria falar com ela também, queria escutar a voz dela...

— Vamos fazer assim, mais tarde nos ligamos de novo para você conversar com a mamãe, tudo bem? — propus.

— Arrã. Espero que não demora muito para vocês voltarem... Eu tenho um amiguinho novo sabia papai? — disse ela e eu enrijeci no lugar, levantei do sofá ficando numa postura ereta e estática.

— E quem é ele, filha?

— O filho da namorada do vovô Charlie, a tia Sue. — disse ela. Namorada de Charlie?

Meus olhos se arregalaram de surpresa.

— O nome dele é Seth! — continuou Renesmee — Ele é tão legal, papai. Sabia que ele é um lobo? Mas ele é do bem, não tenho medo dele. Eles vieram ontem aqui para me visitar...

— Sue está namorando seu avô?  — não conseguia acreditar ainda.

— Difícil de acreditar, não é? Mas o vovô ainda está muito jovem para a idade. Eles se amam assim como você e a mamãe, ah... O amor! — disse ela e suspirou no final da frase.

Enrijeci no lugar.

Seth estava na nossa casa? E minha família permitiu? Não poderia deixar de relevar sua postura naquele dia no confronto com os lobos. Seth era confiável, mas o restante da alcateia não. De qualquer forma minha família protegeria nossa Renesmee. E se tivesse acontecido algo, eu teria sido informado.

— Papai ainda está aí?

Sacudi a cabeça para voltar ao presente.

— Desculpe, meu anjo. Eles ainda estão aí?

— Não, mas o vovô disse que virá no próximo mês. Está tudo bem mesmo?

— Está sim., querida.

Pigarreei.  

— Renesmee... Hora do banho... – escutei ao longe a voz de Rosalie.

— Já vou tia! Tenho que ir, papai. — disse tristemente — Amo vocês.

— Também amamos você, anjinho, muito. Mais tarde ligo novamente para você conversar com a sua mamãe...

— Tá bom. Até mais tarde, papai. Beijo.

— Tchau, meu anjinho.

[...]

Os empregados tinham arrumado nossa “pequena” bagunça, abastecer o deposito e a geladeira há pouco tempo. Embora não desconfiassem da aura sobrenatural que nos rondava, ficaram estupefatos com a situação do quarto. Mas tão pouco questionaram e apenas fizeram seu trabalho.  

Em uma tarde Bella e eu resolvemos passear pelas trilhas da floresta explorando o lugar e nos deparamos com uma cachoeira convidativa. E onde criamos mais uma recordação para nossa lua de mel.

Me encontrava deitado na cama do quarto de paredes cor de creme, aguardando o retorno de Bella, que permanecia há meia hora no banheiro... Quando fiz menção em checar se estava tudo bem... 

— Edward... — ouvi meu nome ser chamado com um tom rouco.

Meus olhos se arregalaram com o que vi. Bella trajava uma linda lingerie preta de renda que pouco cobria sua pele alva. Ela caminhou até ficar à minha frente, colocando as mãos na cintura. E nossa... Olhei cada pedacinho de seu corpo.

— O que achou? — perguntou com um sorriso torto.

— Está linda... Sempre está.

Tentei puxá-la para meu colo, mas ela se esquivou antes que a alcançasse, fazendo gesto de não com dedo e pegando um pequeno controle preto.

Franzi o cenho.

De repente uma música baixa com batida sensual soou do pequeno aparelho de som embutido em cima de uma cômoda no canto do quarto.

— Bella... O que você... — minha pergunta foi interrompida.

— Relaxe, querido. — disse ela com a voz rouca dando uma piscadela.

Começou a dançar no ritmo da música sensualmente. Não conseguiria dizer se aquilo havia sido ensaiado. Ela não parecia nenhum pouco nervosa, sua postura confiante. Quando percebi do que estava acontecendo realmente meus olhos se arregalaram mais uma vez. Ela estava fazendo strip-tease para mim? Bella Swan? A garota tímida que detestava ser o centro das atenções? Era algo novo que eu admitia gostar. Nunca imaginei Bella e eu num cenário assim.

— Quem é você e o que fez com a minha Bella? — eu perguntei com escárnio e ela fez careta rindo de leve.

— Edward, para! Assim eu não consigo! — queixou-se ela. E prendi o riso por ver sua expressão um pouco emburrada.

— Desculpe, amor.

Ela foi até o aparelho de som para desligar e silenciando o ambiente. Virou-se e refazia os passos em minha direção com os lábios pressionados, porém parou subitamente e seus olhos ficaram sem foco.

Quando percebi o que iria acontecer eu pulei da cama e corri em sua direção a tempo para pegá-la nos braços e evitar que seu corpo encontrasse o chão. Entrei em pânico com ela desacordada assim. Convenci-me com muito esforço que ela logo acordaria e a deitei na cama. Segurei sua mão bastante apreensivo, sem nunca desviar meus olhos de seu rosto mais pálido que o normal.

— Bella, meu amor... — eu sussurrei perto de seu ouvido. — Abra os olhos, por favor...

Supliquei com os olhos e com o pensamento. Meu alivio foi enorme quando pude finalmente encarar o tom de chocolate que tanto amava.

— Edward, o que... O que aconteceu? — murmurou confusa com o cenho franzido.

— Você desmaiou... Está se sentindo bem? Dói alguma coisa? Me diz Bella! — eu pedi, atônito.

— Calma, eu realmente estou bem...

— Tem certeza?

— Sim. Não se preocupe. Não deve ser nada. — disse ela novamente.

De repente ficou com o tom pensativo, olhando para além de mim. Como se lembrasse de algo constrangedor suas bochechas ganharam um tom rosa pálido que achava adorável e ela não olhou mais mim.

— Bella? — chamei-a.

Suspirei e então peguei seu rosto em minhas mãos obrigando-a a me encarar.

— Algo errado, meu amor?

— Hum. Você não achou exagerado? — indagou um tanto constrangida se referindo ao seu strip-tease.

Eu ri.

— Não, na verdade estava gostando... Você estava diferente, poderosa. Linda. — eu disse e depois de afastar as mechas que caíram em seu rosto, rocei meus lábios nos seus delicadamente. Como aparentemente tinha se recuperado total do desmaio, ela me abraçou fortemente estreitando nossos corpos e intensificou ainda mais o beijo.

[...]

Para garantir a segurança de minha esposa teria que me alimentar.  

Deixei um bilhete em cima da cômoda ao lado da cama e saí em disparada. O quanto antes eu fosse, mais rápido eu voltaria para ela. Embora sempre fosse difícil me separar dela, eu deveria usar de minha sensatez.

Era extremamente atrativo caçar em terras desconhecidas. Por instinto fui diretamente para o centro da floresta e fiquei alerta a qualquer movimento. A espera pela presa não se prolongou tanto consegui saciar minha sede, mas o ardor em minha garganta continuou.

Resolvido o problema. No caminho de volta me deparei com um bando de cervos e mais uma vez tentei abafar o ardor... Um pouco mais para frente me deparei com uma onça pintada. A intensão no começo não era atacá-la.

Ela ficou parada assim como eu, ambos nos encarando, dois predadores. Foi quando eu tive a ideia de me divertir um pouco. De repente outras duas — uma maior e outra menor — se juntaram a ela. Seria melhor do que eu imaginava. Crack! O som do galho fez com que a primeira avançasse para mim e antes que pudesse alcançar um fio de cabelo meu, me desvencilhei. Ela rugiu irritada. Corri floresta adentro, sentindo a adrenalina percorrer meu corpo. As três tentavam me alcançar.

Gargalhei.

Parei no momento em que senti o tecido da minha blusa ser rasgado. Hora de pôr um ponto final. Havia um pequeno lago e decidi atravessar por ele e retardar as onças que ainda estavam em meu encalço. Zangado por ter minha blusa estragada me virei instantaneamente e soquei a primeira onça que vinha em minha direção seu corpo se chocando nas rochas, em seguida chutei a outra que tentou cravar seus dentes em mim que também teve o mesmo destino. A menor foi a última, enlacei seu pescoço e o quebrei com facilidade.

Suspirei.

— Que pena! — murmurei pela minha diversão ter chegado ao fim e ao ver seus corpos nas bordas do pequeno lago. Decidi beber seu sangue senão seria um desperdício.

[...]

Depois de me lavar e trocar de roupa assim que cheguei na casa, me deitei ao lado de Bella e beijei seu cabelo, ela ainda dormia tranquilamente. Seu corpo estava suado devido ao clima extremamente quente do país e a trouxe para mais perto de mim.  

O sol no horizonte ainda estava nascendo.

Ela não demorou a acordar e como em todos os dias preparei seu café da manhã. Decidimos andar pela praia e aproveitar mais um pouco da lua de mel. Sentamos entre algumas pedras, que ficava próxima à margem da praia.

Em pensar que estava aqui, em lua de mel com a mulher que sempre desejei ser minha esposa. Era tudo tão bom, agradável como se fosse um sonho realizado. Não trocaria por nada todos esses momentos inesquecíveis.

— Eu amo você... — eu declarei a ela fitando seu rosto corado.

Ela olhou para mim apaixonadamente.

— E é uma das razões por estarmos aqui... Também amo você. — disse ela e aproximou seu rosto. Roçando seus lábios nos meus, segurou meu pescoço com a mão e aprofundou o beijo. O calor intenso e profundo se apoderando do meu corpo, eu ansiava por mais...

Por mais que aquele lugar não fosse tão apropriado nós fazermos aquilo eu não me importava. Não havia ninguém ali além de nós dois. Era até um pouco mais excitante. Terminamos nos encaixando como peças de um quebra cabeça que se completam, o ritmo de nossos corpos lento e calmo. Apenas mostrando o amor que sentíamos...

[...]

No dia seguinte, quando a aurora surgia eu mantinha meus braços ao seu redor e ela repousava sua cabeça em meu peito, sempre tentando aliviar seu corpo do calor extremamente alto do Brasil.

De repente seus olhos se abriram e seu rosto ficou com uma tonalidade levemente verde. Olhou assustada para mim então afastou meus braços de si atirando o lençol de qualquer jeito e pulando da cama desesperadamente, correndo em direção ao banheiro do quarto. Inicialmente fiquei sem reação, então quando voltei a mim fui atrás dela.

Quando cheguei ela terminava de dar descarga. Abriu o armário acima do lavatório e tirou a escova e a pasta de dente.

— Bella, amor. Está se sentindo bem? — perguntei preocupado.

Ela se sobressaltou de leve e pigarreou antes de dizer alguma coisa.

— Agora estou... Preciso me livrar o gosto horrível na minha boca. Pode voltar lá para cama, me junto a você daqui a pouco.

Assenti e dei um beijo em sua testa.

Embora achasse seu pedido um tanto incomum segui para fora do banheiro. Faria meus questionamentos assim que ela retornasse para mim. Meia hora se passou e quando finalmente se aconchegou em mim sua aparência estava mais corada. Quando ela me percebeu observando-a ela sorriu, mas este não chegou aos seus olhos.

— Bella, está mesmo bem?

Ela hesitou um pouco e respirou fundo.

— Sim... Claro. Eu acho que comi algo que não me fez bem ontem. — disse ela, soando um tanto nervosa, porém talvez ela ainda estivesse sobre o efeito do mal-estar. Não deveria ser nada senão ela me contaria.

Depois que a fiz beber o copo com água que havia trago a puxei para meus braços, ela devolveu o aperto de uma forma diferente, eu não sabia realmente explicar a sensação que tive, como se esse fosse o último. Depois senti seu corpo tenso de repente. Tentei me convencer de que aquilo era minha imaginação querendo pregar uma peça em mim já que eu estava tão feliz.

Afinal nós teríamos toda a eternidade juntos.

 [...]

Terceira semana de lua de mel.

Pensava em tudo e em nada ao mesmo tempo. Alguma coisa estava errada.

Bella se recusou a fazer trilha de novo ou voltar àquela cachoeira agradável. Será que ela finalmente havia percebido que tinha sido um erro estar comigo? Ou se tornar uma imortal?

Então ela surgiu, usando um vestido azul-bebê de algodão até os joelhos, as pontas de seu cabelo pingando no assoalho.

— Então, o que a senhorita quer para o café? — perguntei fazendo graça, mas ela sorriu apertado sem mostrar os dentes. Sem vestígios daquele humor apreciável que tinha. — Bella?

— Ovos mexidos está ótimo, Edward. — disse com a voz gélida.

Assenti um pouco intrigado com aquela situação. Ou foi a surpresa de como sua voz soara.

O som dos ovos fritando preenchiam o silencio que pairou no ar de repente. Ela estava se empanturrando bastante esses dias, dormia muito também. Ela parecia... Diferente. Seu olhar não era mais aquele intenso e acalentador desde que acordara hoje pela manhã. Ouvi o arrastar da cadeira atrás de mim e ela se sentou em silêncio. Pus o prato a sua frente e suco de maçã.  

Colocava os utensílios que tinha utilizado para lavar e quando me virei para perguntar se Bella queria mais alguma coisa, no mesmo instante ela se pôs de pé correndo em direção ao lavatório da cozinha com a mão em frente à boca. Vomitou violentamente ali. Segurei seus cabelos para que não atrapalhasse.

Quando parou respirou de olhos fechados.

— Bella? Você está bem?

— S-sim, vou escovar os dentes... Posso ir sozinha. — disse ela me parando com a mão quando fiz menção em ir também. Ela seguiu sem olhar para trás, melhor dizendo, para mim. Por que ela estava agindo assim? Vasculhei em cada memória que guardara daqueles dias na ilha, mas em nenhum eu tinha feito algo de errado ou algo que a magoara.

Novamente fiquei perdido e sem explicações claras.

Comecei a me preocupar ainda mais. Aqueles episódios estavam mais frequentes a cada dia. Uma pessoa em perfeito estado de saúde não ficaria vomitando daquela forma. Se ela não melhorasse eu ia levá-la a cidade contra a sua vontade para algum médico examiná-la.

— Bella, talvez seja melhor irmos ao hospital — minha fala foi interrompida ao entrar no banheiro e me deparar com aquela cena. Bella estava encolhida no canto do banheiro e chorava descontroladamente.

Fiquei aflito por vê-la naquele estado e prontamente meus braços estavam ao seu redor. Acariciei seu cabelo, tentando acalentá-la. Porém assim que cada palavra saia da minha boca parecia fazê-la se sentir pior, pois ela chorava ainda mais.

— Bella, por favor, acalme-se. — eu pedi com ternura.  

Ela piscou os olhos freneticamente cessando o choro aos poucos e seus olhos encontraram os meus. Havia um toque de aflição. Suas mãos estavam frias.

— Pode me explicar o que está acontecendo? — ela apenas continuou me olhando. Como se estudasse minhas expressões. — Por favor, Bella. É para eu tentar ajudá-la. — tentei fazer com que ela confiasse em mim.

Respirou fundo de olhos fechados.

Depois se empertigou e pousou suas mãos em seu ventre. Mais lágrimas caíram em silencio.

Franzi a testa.

— Edward, eu estou grávida... — sussurrou.

Grávida. Bella estava esperando um bebê hibrido de novo.

No momento eu não reagi. Em seguida fechei minhas mãos em punho para controlar a fúria que começava a se apoderar do meu corpo. Idiota. Eu era um completo idiota. Como não havia pensado que ela poderia conceber outra criança minha? O quão inconsequente eu tinha sido?

De repente as cenas que Nessie havia nos mostrado de seu nascimento sangrento e complicado surgiu em minha mente. Eu sabia como isso terminaria... Como nossa filha e eu ficaríamos sem chão se a perdêssemos de novo.

Porém eu também deveria ser racional. Aquela criança, ela era como Renesmee, tão inocente quanto ela. Embora ela ainda fosse capaz de machucar a mãe devido suas habilidades metade vampira. Era um caminho estreito. Bella significava demais para nós e a criança também. Só em pensar naqueles dias sombrios em que descobri que seu coração não batia mais, que nunca mais a veria, ou que ela teria uma vida feliz causava uma enorme dor em meu peito...

Abaixei a cabeça totalmente sem soluções.

Como ousaria ferir um para salvar o outro? Seria cruel demais e jamais me perdoaria. O monstro que estava adormecido em mim deveria continuar assim...  Tanto Bella quanto a criança eram um pedaço de mim.

— Vamos encontrar uma forma de tudo ocorrer bem dessa vez... — eu sussurrei. Perguntando-me internamente se ela conseguira escutar. Então ela ergueu a cabeça e me encarou, os olhos vermelhos.

Tomou minhas mãos nas suas, o olhar intenso, fazendo eco a pergunta que rondava a minha mente: “Como?”


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Notas finais do capítulo

Espero que tenham gostado. Beijos. Foi o maior capítulo da fic haha
Beijos ♥
L Cullen