[Edward]

A luz matinal se estendia por todo horizonte... A cada segundo eu ficava ainda mais nervoso. Talvez porque hoje era o meu casamento, cheio de expectativas. Como se tivesse sentido minha presença, Bella acordou no meio da noite me fazendo perguntas e tendo ataques de ciúmes com visão de Alice a respeito da casa noturna... Eu ri pela lembrança.

Nem foi preciso comunicar ninguém para que soubessem, embora a baixinha tenha acalmado as garotas informando nosso destino real. Emmett e seu talento em nos colocar em saia justa.

Ela preferiu dormir com Renesmee no quarto dela, ainda decorado com a festinha delas.

Fiquei ereto no chão e decidi passar no quarto para verificar se as duas estavam bem, mesmo podendo ouvir o ressonar tranquilo de suas respirações quis checar.

— Edward! — gritou Alice com tom mandão do andar de baixo. Dei um beijo de leve na testa de ambas e desci as escadas sem pressa. — Vamos. Ainda falta preparar umas coisinhas. — puxou meu braço me arrastando com ela.

As quatro fileiras de bancos que acomodariam os poucos convidados estavam posicionadas no devido lugar. Esme terminava de enfeitá-los com tule marfim e arranjos de flores artificiais em contraste com a madeira lustrosa, e a ajudei a terminar. Depois enlaçamos as lamparinas nas árvores, pois a cerimônia seria ao anoitecer e foi pensando pela mente brilhante da baixinha para deixar o local bem iluminado.

— Então, preparado Edward? — perguntou alguém atrás de mim. Virei-me lentamente e ali estava Tanya trajando calça jeans e uma blusa cumprida na cor verde. Atrás dela estava sua família. Os cumprimentei educadamente e eles se espalharam para cumprimentar minha família. Depois voltei ao que estava fazendo e a respondi em alto bom som:

— Certamente estou.

— Nenhuma dúvida sobre sua escolha de noiva? — questionou insolente com um sorrisinho.

Suspirei.

— Tanya, não faça isso. — fiz uma pausa, olhando para ela seriamente.  — Eu realmente sinto muito nunca poder ter correspondido aos seus sentimentos, mas pare. É nítido para qualquer pessoa que eu tenho a total certeza que quero me casar com minha Bella. Tê-la para sempre.

— Bem... — ia falando ela, mas foi interrompida pela voz de minha filha.

— Papai! — gritou ela atravessando o caminho entre a casa e a floresta. Ela tinha um sorriso enorme no rostinho corado, ainda vestida com o pijama roxo de orelhas da noite anterior.

— Sim, meu anjo? — perguntei quando não faltava nenhum espaço entre nós. Eu a peguei no colo enquanto ela respirava num arfar.

— Eu só queria avisar que acordei e ficar com o senhor um pouco, já que iremos passar um bom tempinho sem se ver.  — disse ela com um beicinho.

Assenti para Tanya e comecei a me afastar com minha filha nos braços.

— Nós voltaremos em breve, meu anjo. Mas já que quer ter a companhia de seu protetor e querido pai que assim seja. Vamos tomar banho primeiro.

Fiz cócegas em sua barriga fazendo com que ela gargalhasse e ficasse vermelha, então decidi parar. Ainda riamos quando entramos em casa.

Ao dar apenas dois passos Renesmee viu Carmem, que prontamente a abraçou e a encheu de elogios, dizendo que estava linda e mais fofa ainda. Depois que ela foi mimada pelo restante do Clã Denali a deixei no banheiro, e maneira sutil para não acordar Bella peguei a toalha e sua roupa. A despi e liguei o chuveiro, ensaboando todo seu corpinho, lavei seus cachos com os respectivos cremes e por fim a sequei. Coloquei seu vestido vermelho de babados e calcei nela sua sapatilha de joaninhas.

Penteava seu cabelo quando ela começou a conversar comigo.

— Papai, o senhor está feliz? — perguntou enquanto comia um alcaçuz. Seu pequeno braço enlaçado num pote cheio deles.

— Mais do que feliz, meu amor. Sou muito grato pela segunda chance que estou tendo.

— Fico feliz porque tenho vocês dois, papai. Foi o que sempre quisemos, não é? Ter a mamãe de volta! — disse ela radiante e com um sorriso amplo.

— Exatamente. Sei que está chateada por não poder ir conosco.

Ela suspirou.

— Um pouco, mas o tio Emm me disse que crianças não podem ir para a lua de mel. — relatou ela. Congelei, o que Emmett revelou além daquilo?  — E também disse que a mamãe não iria dormir depois que isso acontecesse...

— O que? — eu estava me controlando para não quebrar aquela escova na minha mão. Eu iria destroçar Emmett e depois transformá-lo em cinzas. Mas relaxei por não encontrar nenhuma evidencia de que a inocência de minha filha tinha sido arruinada, embora ainda quisesse esfolá-lo.

— Por que ia virar uma vampira, papai! O que o senhor pensou? — indagou com a expressão confusa. Ela era inteligente e muito, mas quanto a esses assuntos, não tinham espaço em seu coração puro. Novamente não quis que ela crescesse. — Papai? O senhor está bem?

Sorri levemente.

— Estou, não se preocupe. Você quer ir passear um pouco?

Ela assentiu freneticamente com um sorriso.

Assim que descemos comuniquei aonde a Alice aonde iria. Ela dava os últimos retoques na decoração e “permitiu” nosso passeio, como se precisasse da permissão daquela baixinha. Caminhei de mãos dadas com Nessie pelas ruas de L.A. A paisagem vistosa, o ar com cheiro floral parecia muito mais belo do que os outros dias. Talvez porque a atmosfera feliz pairava sobre nós. As nuvens estavam um pouco acinzentadas, o clima fechado, mas nada que ameaçasse chover

— Papai, um dia vamos embora daqui, não é? — perguntou de repente quando sentamos num banco diferente do parque que costumávamos ir. Naquele só havia grama, cercados e alguns brinquedos.

— Sim, infelizmente. Mas talvez demore um pouco.

— Ah! Que bom.

— Não se preocupe tanto, meu anjo. Hoje não é dia para isso.  

— Tem razão, papai... Hum. Eu já disse isso inúmeras vezes a você papai, mas quero que não se esqueça: Eu te amo muito!

Sempre que eu ouvia isso, aquele sentimento aquecia meu coração de uma forma maravilhosa.

— Também amo você, meu anjo. Você é tudo para mim... — eu disse com um sorriso e a puxei para o colo para abraça-la. Beijei o topo de sua cabeça.  

Ainda custava a acreditar em como eu havia contribuído para gerar um ser tão perfeito como esse em meus braços. Eu a protegeria de tudo, daria minha vida por ela, é claro por sua mãe também. Pensar nela, a trouxe para o centro de meus pensamentos.

— Estou nervoso... — sussurrei contra o cabelo de Nessie. Ela riu levemente, deduzi, pois seu corpinho tremeu.

— Eu também estou um pouquinho... Em menos de algumas horas terei meus pais juntos oficialmente. — festejou, radiante. Se desvencilhou um pouco de meus braços e me encarou, aqueles olhinhos achocolatados brilhando — Mas se faz o senhor se sentir melhor, papai. Eu te tranquilizo.

Afagou minhas bochechas com suas pequenas mãos quentes.

Seu sorriso sereno, porém, caloroso me confortou. Realmente, aquele dia seria o começo de uma nova vida. Decidi que deveríamos voltar, a firmei no chão e peguei sua mão. No caminho comprei para ela sorvete que um senhor estava vendendo num carrinho.

Chegamos em casa e ainda faltava muito tempo para a cerimônia. Ainda assim antes de levar Renesmee para que pudessem se arrumar, Alice me deu uma bronca. A nanica realmente estava à beira de um colapso. 

Ri com o pensamento.

Meu paletó foi deixado sobre minha cama com ordens restritas de que tivesse cuidado ao vestir. Como se eu pudesse ou quisesse estraga-lo, mas aquela era Alice. Durante as horas que se seguiram tentei checar nos pensamentos dela como Bella estava, embora não precisasse me certificar de que ela estaria maravilhosa. A baixinha não baixou a guarda em nenhum momento, cantava uma música do Muse e citava poemas.

Revirei os olhos e grunhi frustrado.

Vesti o paletó dourado, penteei o cabelo, calcei os sapatos e logo estava pronto. O nervosismo ainda correndo pelo meu corpo, se eu fosse humano meu coração sem dúvida alguma estaria martelando freneticamente. Desci as escadas e os convidados já se encontravam ali. Eu sabia que Bella desejava que Renée estivesse ali, compartilhando da mesma felicidade. Mas sabíamos as consequências dessa escolha, os Volturi certamente ainda não haviam esquecido da promessa que fizemos em Volterra. Ainda que não revelássemos sobre nossa origem, seria perigoso para Renée, Bella e minha família. Com Charlie ali já era demasiado arriscado.

Cumprimentei com um aceno para minha família, nossos amigos de Denali e alguns conhecidos da vizinhança à medida que caminhava para me posicionar no local e esperar por ela.

Meneei a cabeça para o padre e olhei esperançoso para onde alguns minutos ela entraria. Havia chegado a hora. Rose sentou-se na banqueta do piano e a marcha nupcial tradicional soou...