Amor De Pai escrita por Little Flower


Capítulo 11
Recomeçando


Notas iniciais do capítulo

Quero agradecer a todos os meu leitores mais uma vez. Obrigada pelos reviews desejando felicidades pelo meu aniversário :)
Giicullen este capítulo é dedicado a você.

Capítulo atualizado em 02/03/21



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[Bella]

— O que aconteceu, Bella? Está se sentindo bem? — indagou Edward, preocupado.

Eu balancei a cabeça positivamente.

— É apenas emoção por vê-los novamente... — eu sussurrei. Ele pareceu pensar um pouco, então arregalou os olhos, e fez uma pergunta muda. Eu acenei levemente com a cabeça. — Eu consigo me lembrar de tudo...

— Bella?! — exclamou ele com a voz um pouco rouca. Abriu os braços para mim, sem pensar duas vezes eu corri e me aconcheguei ali, com cuidado para não acordar Renesmee. O não funcionou, pois a mesma se remexeu e abriu os olhos lentamente.

— Mamãe? O que foi, por que está chorando? — perguntou confusa e bocejou. Eu a abracei fortemente, mais lágrimas. — Está sentindo dor mamãe?

— Não, estou chorando de emoção, meu amor. Fale de novo, por favor! — eu pedi como uma boba, admirando seu rostinho tão perfeito e tocando de leve.

— Falar de novo? O que mamãe?

— Isso mesmo, de mamãe!

— Ahhhh! Mamãe, mamãe, mamãe! — entoou ela feliz. — Isso quer dizer que... Você recuperou as memorias que têm o papai e eu?

Assenti.

— Sim, lindinha. Quero que saiba que eu te amo tanto! Tanto, tanto! — eu falei dando beijinhos em seu rosto. Ela riu. Sentou em meu colo e eu mantinha meus braços ao seu redor.

— Eu também te amo, mamãe!

Edward se levantou e olhava a cena maravilhado e um pouco cético.

— Não acredito que se lembrou, mas como?

— Sua canção...

— Não, a canção é sua. Eu fiz para você... — disse ele com o sorriso torto de forma terna. Eu sorri um pouco abobalhada, ele ainda causava as mesmas reações em mim. Meu coração já estava descompassado. Era meio constrangedor saber que ele podia ouvir. — Temos que conversar, Bella...

Acenei com a cabeça.

— Renesmee, por que não vai lá embaixo contar a notícia? — propus e ela pulou do meu colo radiante, correndo porta a fora. Levantei-me e firmei a frente de Edward um pouco tonta. Parecia ter se passado toda uma vida desde a última vez que o vira e ainda ficava deslumbrada.

Ele me encarou com o rosto transmitindo toda a emoção por estar em minhas memórias novamente, como se fosse a primeira vez nos víamos depois de tanto tempo. Ao menos era diferente daquela vez, Edward não estava tentando se matar em Volterra.

— Primeiro, quero implorar seu perdão.

— Como é?

— Por favor, preciso que entenda meus motivos por ter a deixado novamente... — ele suspirou e me enfeitiçou com um ar intenso — Eu achava que ficaria melhor, segura... Que você merecia uma vida normal, sem vampiros buscando vingança atrás de você, sem guerra, sem se preocupar em perder sua vida... E no fim de tudo, eu não suportei vê-la com todas aquelas marcas depois daquela noite, o perigo que a expus...  — eu tentei abrir a boca para responder, mas ele me parou — Bella, eu quis voltar no mesmo instante, mas não podia ser tão egoísta. Eu sempre amei você e continuarei te amando, ainda que não decida ficar e ir embora... Eu irei compreendê-la...

Eu o olhava descrente, ele achava mesmo que eu faria isso? Tolo da parte dele, depois de todos esses anos ele ainda não tinha entendido que fazia parte da minha vida? Uma grande parte. Mesmo porque jamais seria forte o suficiente para deixá-lo... Isso nunca seria uma escolha, por que seria? Ele era e é meu único amor.

— Edward. Você não aprende, não é? — eu perguntei num tom irônico — Eu sei que todas as vezes que você se foi, era para me proteger, mesmo que eu não achasse necessário. Eu escolhi viver com você, eu sempre soube dos riscos que era estar envolvida no seu mundo... E também sempre deixei claro que eu não me importava, desde que o tivesse... Você não vai se livrar de mim tão fácil. Eu não vou embora, nunca pensei nisso...

— Me desculpe, Bella... — ele fechou os olhos por um momento, e ao tornar a abri-los cada palavra sua fez minha pele se arrepiar — Eu nunca vou parar de pensar em como pode me amar tanto... Eu merecia ser punido por todas as vezes que a fiz sofrer ou se machucar por minha culpa... Eu quem deveria ter a existência ceifada, não você...

Dei poucos passos em sua direção e tomei suas mãos nas minhas, aquele tom gélido era tão aquecedor, ainda que soasse controverso.

— Mas eu estou aqui agora, eu não lembro como... — tentei buscar memorias do desconhecido de como consegui “retornar”, mas não encontrava nada, sentia pontadas leves na cabeça. — Isso é o que importa. E eu preciso dizer... Que eu te amo e a mais ninguém, só você que eu quero! Mesmo que tivesse seguido com seu plano de me dar esta chance de “viver uma vida normal e feliz”, eu jamais encontraria alguém por quem sentisse um décimo do que sinto por você... Por que esse o que tem aqui... — pousei minha mão sobre o coração — é só por você.

— Bella, eu também a amo muito. Perdoe-me por tudo... Eu prometo que jamais repetirei essa loucura novamente... — disse ele em tom arrependido. Beijei suas mãos e olhei dentro de seus olhos dourados que brilhavam.

— Se isso o tranquiliza, Edward. Eu o perdoo... Jamais negaria isso.  Mesmo porque... Você fará com que fiquemos juntos para sempre. Não vejo motivos para não me transformar...  — eu respondi e ele negou. — Edward...

— A condição que debatemos ainda está de pé. — rebateu com um sorriso de lado.

Revirei os olhos.

— O casamento.

Ele assentiu, o sorriso ainda presente.

— Não vejo motivos para não acontecer dessa vez... — pega nas minhas próprias palavras.

Respirei fundo.

Numa defensiva, minha mente me obrigou a lembrar que eu havia aceitado o pedido e o grande dia não havia acontecido porque Edward havia partido. Balancei a cabeça, tentando esquecer aquilo que me acompanhou por tanto tempo enquanto ainda levava Renesmee em meu ventre.

— Por ora, vamos focar somente no presente? — pedi ao passo que ele prontamente concordou. 

Num movimento que não percebi, eu já me encontrava nos braços de Edward com seus lábios frios e doces nos meus, ambos fazendo juras e declarações de amor. Eram dois longos anos, afinal...

— Eu te amo... — disse ele apaixonadamente contra meus lábios.

— Como eu amo você...

Depois do nosso momento, descemos para conversar com a família Cullen. Abracei todos novamente, como se fosse a primeira vez. Alice era mais empolgada, me sufocou num abraço durante quase quinze minutos, estava radiante e quicava no lugar toda hora. Rosalie foi ainda mais hostil, se limitou apenas em menear a cabeça e me olhar um pouco mais que segundos. Agora que eu me lembrava de tudo, era fácil compreender seu desprezo. Emmett, me espremeu entre seus braços e me rodopiou. Jasper trocou um aperto de mãos comigo e deu uma piscadela. Esme, foi muito acolhedora e maternal, sorriu e também me abraçou. Carlisle, fez uma ligação, pois estava de plantão no hospital.

Depois dos cumprimentos, Renesmee não saiu do meu colo e me encarava com um olhar tão maravilhado que eu quase me desmanchei em lágrimas. Agora, ela podia me tratar abertamente como sua mãe. E ter minha filha em meus braços era tão maravilhoso, pois achei que a única lembrança que ela teria de mim e eu dela, era após seu nascimento.

Como Renesmee tinha que voltar para cama, Edward, ela e eu subimos. Voltamos para o quarto de Edward, deitamos abraçados, um pertinho do outro. Foi maravilhoso. Eu não consegui conter o choro, e ao sentir cada batida do coraçãozinho de Renesmee, mais lágrimas caiam... Eu não conseguia acreditar que eu tinha as pessoas que mais amava no mundo. Eu possuía mais perguntas para fazer, mas eu não precisava me preocupar, pois no dia seguinte eu teria as respostas. Por ora, apenas aproveitei a realização de um sonho...

Edward cantarolou uma canção de ninar e Renesmee e eu adormecemos em seguida.

[...]

Espreguicei-me e apalpei o lugar ao meu lado. Abri os olhos rapidamente, porque não havia ninguém ali. Varri com os olhos o local, realmente era o quarto de Edward então eu não estava sonhando. Comecei a entrar em pânico.

— Bom dia! — saudou uma voz aveludada e Edward entrou no quarto com uma bandeja, Renesmee estava ao seu lado, com um vestidinho amarelo de babados e os cachos impecáveis. Tão linda. Quase rasguei os lábios ao estica-los o máximo que eu pude. Sentei na cama, me encostando na cabeceira.

— Bom dia, mamãe! — cantarolou Renesmee.

— Bom dia, meus amores. — respondi ainda com o sorriso — Que horas são?

— Hum... Dez e meia. — disse Edward e colocou a bandeja em meu colo.

— Nossa... E para que tudo isso?

Continha desde café com leite até suco de laranja, panquecas, frutas e alguns ovos mexidos. E para completar uma rosa vermelha num jarrinho de cristal.

— Não seja estraga prazeres, Bella. É para comemorar o recomeço de nossa vida! Se acostume porque enquanto ainda for humana terá esses tipos de tratamento! — decretou Edward, ele ainda cometeria coisas piores que aquilo, eu tinha certeza.

— Bom, obrigada. — eu falei realmente tocada e olhei para Renesmee — Não vai tomar café, meu amor?

— Na uh, eu já comi, mamãe. E ainda bem que a senhora acordou, porque o papai e eu vamos caçar. 

Caçar? Renesmee. Animais selvagens. Renesmee, que tinha quase dois anos de idade! Por um momento havia fugido de minha mente que minha filha também era parte vampira. Eu conseguia apenas enxergar que ela era a minha garotinha que eu queria proteger.

— Como assim vão caçar? — não consegui ocultar minha apreensão.

— Bella, não se preocupe. Nossa filha não corre nenhum risco, iria se surpreender ao vê-la derrubando as presas. E eu não estou apenas inflando meu orgulho de pai, ela é incrível.

Renesmee sorriu lindamente com o elogio do pai, certamente agradecendo por pensamento.

Tentei imaginar uma criança tão pequena derrotando pumas ou qualquer outro animal que pudesse se alimentar, era ao mesmo tempo surreal e fantástico. Porém, acreditava não ser capaz de me manter sã para verificar por mim mesma, pois iria acabar perdendo os sentidos ou morrer — de novo — de nervosismo...

— O papai está certo, mamãe. Ele e os titios vão cuidar de mim.

Ainda estava um pouco relutante, mas acabei por concordar com a cabeça. Era uma das necessidades de minha filha tanto quanto de Edward e os Cullen.

— E então vão me deixar aqui sozinha? — fiz piadinha para tentar ficar tranquila. Edward riu.

— De jeito nenhum, Alice e Esme vão ficar aqui com você.

— Ah. Eu acho que estarei em boas mãos então.

— Pode apostar que sim. — ele deu uma piscadela — Voltaremos ao anoitecer. Será preciso apenas algumas horas.

— Certo. Quanto mais rápido vocês forem, logo estarão de volta.

Renesmee balançou a cabeça.

Eu me senti egoísta por um momento. O que seria apenas algumas horas comparado a eternidade que teríamos?

— Coma, Bella. Enquanto está fresco.

Olhei para a bandeja, repleta daquelas coisas deliciosas muito atrativas para mim e meu estômago faminto.

— Essa é a nossa deixa. Até depois, Bella. — disse Edward e me deu um leve beijo nos lábios.

— Tchau, mamãe. — Renesmee se inclinou e me deu um beijo estalado na bochecha.

— Tchau, meu coração, cuidem-se. E não demorem! — eles assentiram e Edward pegou Renesmee no colo sumindo porta a fora.

[...]

Após almoçar bife com batatas preparado por Esme. Estávamos na sala de estar conversando com Alice sobre Renesmee e Edward, quando a campainha soou. Alice e eu competimos para ver quem chegava primeiro, combinando que ela não usaria seus poderes sobrenaturais para ser um desafio justo.

Acabei ganhando, porém no meio do caminho reparei que sua expressão divertida havia mudado para uma estranha, um toque sombrio havia ali. 

— Há! — comemorei, ao passo que ela rosnou para a porta.

Eu a olhei confusa.

— O que houve, Alice?

— Como ele tem a coragem de aparecer aqui depois de tudo o que fez?! — respondeu ela entre dentes mais para si mesma, o olhar ainda fixo na madeira. Um frio se instalou na boca do meu estomago, tive um leve pressentimento.

Ainda assim abri a porta, para me arrepender amargamente depois. Sentimentos me tomaram ao identificar a pessoa... Raiva, ressentimento, dor, uma pontada de ódio, mais raiva. O largo sorriso que carregava fez os sentimentos ruins se intensificarem mais ainda.

— O que faz aqui, Jacob? — perguntei com desprezo.

— Eu vim ver você, Bells. É claro.

— Você não é bem-vindo aqui. Vá embora! — rosnou Alice.

Jacob esticou os lábios num sorriso sarcástico.

— Eu não dou a mínima para suas ordens, nanica. Vim para conversar com Bells.

Queria que eu meu olhar fulminante fosse capaz de transformá-lo em cinzas naquele instante. Que ele se sentisse envergonhado ou arrependido de quase machucar minha bebê. Talvez algum dia conseguisse perdoá-lo. Talvez.

— Sabe que poderíamos acabar com você neste exato momento, não é? — rebateu ela. Eu estava travando minha própria batalha, tentando controlar a cólera que se instalara em mim.

— Acha que eu tenho medo de suas ameaças? — disse fechando a cara e cruzando os braços. Ele estava mais forte do que me lembrava. — Fica na sua.

— Não a trate dessa forma! — vociferei — Ela está certa. Você não deveria estar aqui! Por que não responde minha pergunta?

Ele respirou fundo. Alternando a atenção entre Alice e eu.

— Eu vim ver você, como disse. Queria saber se era verdade o que Charlie disse... Sobre você estar viva. — amansou a voz, o que me fez revirar os olhos.

Eu bufei.

— Se era apenas isso e você constatou que sim, pode ir.  — eu disse sarcasticamente e ele me olhou confuso.

— Você deveria voltar comigo. Charlie também comentou que não se lembrava deles, Bella! Por que continua aqui? São completos estranhos para você...

— Eu nunca ouvi tanta besteira de um ser tão irritante quanto você! — reclamou Alice, enraivecida.

— Não se intrometa, nanica! — cuspiu ele rudemente.

— Nanica é a sua mãe! — ela ia avançando para cima de Jacob, mas a parei. Não queria que Alice lutasse, poderia se machucar...

— Alice, não. Por favor, você pode deixar eu falar com Jacob? Não vai demorar.

Ela assentiu meio a contragosto e semicerrou com os olhos para ele antes de voltar para dentro. Ao passo que Jacob esticou os lábios largamente.

— Tire o sorrisinho da cara, Jacob. Eu não pretendo estender essa conversa por muito tempo.

— O que? Eu não estou insinuando nada, Bells. Então, Charlie...

— Jacob, não perca o seu tempo. Para começo de conversa, se eu quisesse ir, isso já teria acontecido. Primeiro, eu não acho que meu pai seria tão indiscreto para envolver outras pessoas. Segundo, eu estou me esforçando muito para não tentar arrancar seus olhos.

— Então isso quer dizer que continua a mesma tola de sempre. Acorda para a realidade, Bella. Eles não são o que pensa, isso é tudo mentira.

Respirei fundo.

— Isso não diz respeito a você, mas eu lembrei, minhas recordações voltaram tão rápido que nem percebi que as perdi. Jacob, entenda. Edward é quem eu amo é ele quem eu quero. Nós temos uma filha. Você se lembra? O bebê que você queria covardemente matar, não só uma, mas duas vezes. — disse a última parte entre dentes.

Ele levantou as sobrancelhas.

— Isso é verdade. Isso é porque você não consegue enxergar o que eu vejo, essas criaturas frias são as coisas mais abomináveis! A sanguessuga filhote havia matado você! Tinha te destruído, aquilo não merecia viver! — rebateu no mesmo tom. Uma raiva descontrolada me atingiu, obrigou minhas pernas a irem até Jacob e olhá-lo com toda a ira que tomava meu corpo. Nunca desejei tanto ser vampira para causar a pior dor que ele pudesse sentir quebrando os seus ossos.

— Nunca, nunca a chame de “aquilo” de novo. Ela é a minha filha! Um ser maravilhoso e eu não admito que fale dela dessa forma. Vai embora daqui! Você não deveria nem ter pensado em estar aqui Jacob! Siga em frente, me esqueça! — eu gritei apontando o dedo na sua cara. Voltei nos calcanhares para casa e pisava forte. Mas senti um aperto em meu braço, me impossibilitando que eu prosseguisse. — Me solte!

O olhar de Jacob se transformou em desespero.

— Bells, você não lembra do nosso beijo antes de eu ir para aquela luta idiota? Você disse o que sentia por mim... Isso mudou? — pediu Jacob bem perto ao meu ouvido.

— Eu nem preciso responder a isso. — puxei meu braço e o encarei, coberta de magoa — Todo e qualquer tipo de sentimento que eu tinha desapareceu no dia em que eu disse que estava grávida e você quis machucar o meu bebê. Quando eu mais precisei você deu as costas para mim. Jacob, depois desse dia disse a mim mesma que só amaria meu bebê, mesmo que eu perdesse a minha vida. Eu quis lutar por ela até o fim. Agora a tenho ao meu lado e Edward também! Amo os dois com todo meu ser. Eu não sinto mais nada por você Jacob, bem, não sei se rancor conta, pois é só isso que sinto quando eu olho para você... — eu disse, a sinceridade machucando muito mais se eu o tivesse feito fisicamente.

Ele riu sem humor voltando a cruzar os braços.

— Você ainda é capaz de amar o sanguessuga? Depois do que ele fez com você?! — ele perguntou ironicamente.

— Sim, sempre o amei. O que ele fez não foi nada comparado ao que você me fez! Não foi Edward quem me obrigou a tirar a minha filha. Não foi Edward quem disse que não se importava mais comigo, ele sempre se preocupou por isso ele foi embora...

— Eu também Bella, eu me arrependi quando disse aquilo no dia em que você se mandou... Eu não queria vê-la morrer aos poucos por culpa... — ele não completou a frase, o que foi esperto de sua parte.

— Jacob, eu não vou repetir tudo que eu falei. Vai embora, se Edward voltar antes... Não quero uma luta. Eu só quero viver em paz com minha filha e o homem que eu amo. Aqui com a família que me acolheu...

— Eu não vou permitir!

— Isso não cabe a você. Eu vou me transformar e não há nada que você possa fazer para me impedir.

Ele me olhou com dó num curto período de tempo... Depois seu olhar se transformou em raiva, seus olhos negros queimavam... Ele se virou para ir embora, mas me encarou por sobre o ombro.

— Espero de verdade que não se arrependa da decisão que tomou. Mas eu vou esperar...

— Até meu coração parar de bater...

— Talvez até depois disso. — declarou e correu floresta a dentro.

Era tão errado sentir remorso depois disso. Ele não merecia minha compaixão. Depois que ele tentou contra a minha filha! As lágrimas insistentes escorregaram de meus olhos, mas limpava cada uma com raiva de mim mesma. Senti braços frios tocarem meus ombros, me confortando.

— Obrigada Alice.

— Pode contar comigo, Bella. Você vai ficar bem. — disse ela e depois me abraçou. Eu não aguentei e deixei as lágrimas escorrerem de meus olhos mais uma vez. — Vou tentar esconder o que aconteceu aqui quando Edward chegar. Não se preocupe.

Assenti.

Ela me levou para dentro da casa e me acomodou deitada no sofá. Pousou minha cabeça em seu colo e pôs a acariciar meus cabelos. Esme foi até a cozinha preparar chá para mim.

Agradeci por Edward e os outros não estarem naquele momento, com certeza tudo teria se transformado em uma luta. Temia por Edward decidir viajar ir até Forks para enfrentar Jacob, porém eu não fazia ideia se eu iria realmente impedi-lo.  

[...]

— Mamãe, chegamos! — Renesmee saltou do colo do pai e correu em minha direção. Abri os braços e a peguei. Edward deu uma piscadela enquanto esticava o canto do lábio, foi impossível não retribuir.

— Oi, meu amor. Como foi? — perguntei com carinho, colocando uma mecha atrás de sua orelha.

— Foi legal! O papai pegou o puma maior e eu o menor! — disse ela e meus olhos por pouco não saíram das orbitas. Meu Deus! Como assim um puma? Por ver minha expressão chocada Renesmee começou a rir. — Isso não é tão assustador... Quando a senhora for imortal poderá ver.

Eu ri.

Alice e eu fizemos várias coisas a tarde para espantar o episódio Jacob e proteger nossa mente. Acreditava que estava funcionando, já que Edward manteve a calma desde o momento que chegara. Ou ele estava escondendo muito bem. Eu sabia que era errado ocultar esses assuntos dele, mas eu realmente não queria perturbá-lo. Do que adiantaria? Jacob nunca mais iria se atrever a aparecer de novo.

Ao que parecia eu o tinha enxotado para sempre. Eu ainda conseguia sentir o peso do remorso, porém me recordava que ele tentara contra minha pequena, algo que eu demoraria — se tivesse a possibilidade — a perdoar.  

— Mamãe, se lembra do que a senhora prometeu para mim, ontem? — perguntou Renesmee. Eu a olhei, confusa.

— Hum?

— Disse que ia brincar comigo hoje.

— Ah, sim. Vamos.  — eu disse sorrindo e ela me puxou pela mão.

Fomos até seu quarto e brincamos de tudo por muitas horas, ela me fez fazer tanta coisa ali... Naquele momento estávamos incorporando a realeza. Não era surpresa para mim que Renesmee tinha as fantasias de todas as princesas da Disney, e de outros contos de fada também. Ela amava. Ela estava fantasiada de cachinhos dourados e eu de Bela da “Bela e a fera”. Coincidência.

— Bella! — cantarolou Alice.

Olhei para ela e a baixinha tinha uma câmera em mãos, que clicou na hora que eu olhei.

— Alice! — eu gritei.

— Ah Bella, você não tem muitas fotos com Nessie! Não estrague o momento. Vocês precisam eternizar isso. — resmungou ela.

Não contestei, pois, era a pura verdade. Todos os momentos com a minha filha precisavam ser registrados.  

[Edward]

Felicidade, essa simples palavra continha todo o poder de me definir. Eu não cabia em mim. Por isso havia sido alvo de piadinhas e insinuações por parte dos meus irmãos durante a caçada. Renesmee, apenas ria, na maioria das vezes não compreendia o que eles falavam. O que me fez bater em seus tios para que engolissem suas palavras para preservar a pureza de minha pequena hibrida.

Ao contrário deles, o pensamento de Rose era o mais hostil possível. Ela tentava esconder de mim, mas acabou cometendo alguns deslizes. Porém, nem mesmo o pessimismo de minha “adorável” irmã adotiva era capaz de me intimidar e levar embora toda a paz que sentia.

E a felicidade.

Bella finalmente havia se lembrando de nós. Da sua filha, de mim. Certamente era o destino nos dando uma nova oportunidade para sermos felizes juntos, de eu fazer as escolhas certas dessa vez e deixar o passado para trás. No momento, Bella e Nessie estavam no quarto dela brincando, Alice como sempre foi importunar as duas.

Depois de convencer Bella a deixar ser clicada como Bela do desenho da Disney, foi minha vez de ser convocado ao ensaio:

— Edward! Suba aqui e se vista de fera!

— Pirou Alice? — cruzei os braços enquanto Emm e eu sacudíamos a nossa cabeça para a nanica.

— Edward, por favor! — tentou mais uma vez.

— De jeito nenhum! — eu rebati.

— Papai... — começou Renesmee suavemente — Por favor, papai!

Como aquela criança hibrida de um ano e meio tinha este poder sobre mim? Simplesmente porque ela era minha filha, faria tudo para que estivesse bem e feliz.

— Estou indo. — falei escutando as risadas de Emm e Jazz.

Em alguns segundos já estava irrompendo pela porta. Eu não acredito que estou fazendo isso. Ao me ver entrar, Nessie sorriu largamente mostrando as duas covinhas e eu não consegui ficar mais bravo. Quando meus olhos encontraram Bella, perdi o ar, ainda que não tivesse necessidade de enviá-lo aos meus pulmões.

— Bella, você está linda. Nessie, você está maravilhosa.

Ambas fizeram uma leve reverencia em agradecimento, o que arrancou um riso de mim.

Bella caminhou até mim, me abraçou e a envolvi com meus braços. Ela fungou em meu pescoço e eu beijei seu cabelo. Depois ela permitiu que eu encaixasse meus lábios nos seus. Aquela era mesmo a Bella que eu conhecia? O beijo foi se intensificando e cada segundo o coração dela acelerava. 

— Hey, desculpe incomodar esse momento de afeto... Não preciso lembrar que têm uma criança nesse cômodo, não é? — repreendeu Alice.

Com relutância me afastei de Bella e respirei fundo, semicerrando os olhos para Alice. Olhei para minha filha e ela estava com o cenho franzido, por um instante fiquei constrangido.

— Nessie?

— Por que os adultos se beijam assim? — perguntou ela com as sobrancelhas unidas.

— Isso quer dizer que eles se amam, Nessie. — respondeu Alice.

— Ah, claro, claro. A mamãe e o papai sem amam muito... Então, eu vou beijar alguém assim um dia? — perguntou inocentemente com uma careta engraçada. Ao ouvir aquilo eu me enrijeci no lugar. Não mesmo. Ela não beijaria alguém jamais! Jamais! Ninguém ousaria chegar perto do meu bebê!

Só de pensar em tal possibilidade eu tive vontade de quebrar alguma coisa... Mas me detive. Alice e Bella aparentemente se divertiam com os ciúmes que sentia.  

— Bem, é cedo demais para falarmos sobre este assunto, meu anjinho. — eu disse entre dentes, mas tentando soar delicado. Renesmee deu de ombros, deixando aquilo de lado.

Respirei aliviado.

— De qualquer forma o único homem na minha vida que eu amo demais é o senhor papai! — disse ela sorrindo como um anjo.

— E eu Nessie? — gritou Emmett, inconformado.

— Tudo bem, tudo bem. Os únicos homens na minha vida é você, o tio Emmett, tio Jasper, vovô Carlisle e o vovô Charlie. Ah, e também o tio Eleazar. — disse ela sorrindo largamente para mim. Eu a tirei do chão a abraçando.

— Você é uma garotinha muito esperta! — eu disse, como um arrulho e toquei na ponta de seu nariz.

Ela riu.

Eu estava me tornando meio possessivo com ela. Eu sabia que algum dia minha Nessie iria amar alguém, eu queria apenas proteger seu coração de ser partido. Talvez ela não compreendesse o peso de ser diferente ainda. Não seria tão fácil criar laços com alguém, tendo que manter segredo sobre nossa espécie...

Alice me obrigou a usar aquela fantasia ridícula de Fera, nos posicionou em frente a uma das paredes do quarto rosa de Nessie e fez os cliques. 

— Ah, é melhor eu sair! — falou Nessie. Ela estava insistindo em dizer que cachinhos dourados não tinha nada a ver com “Bela e a fera”.

— Mas você é nossa filha, Renesmee. — respondeu Bella suavemente.

— Mas a “Bela e a fera” não tem filhos no filme, ou melhor, filha.

— Na nossa versão do desenho, eles tiveram uma linda menininha de cabelos cacheados.

— Podemos mudar a história?

— Claro. E estamos fazendo tudo isso por você.

— Tá bom! — bateu palminhas sorrindo e voltou correndo para o onde estávamos parados.

 Retornamos a sessão de fotos em posições e caretas diferentes. A nanica realmente havia se superado dessa vez.

[...]

Minha felicidade se intensificava a cada segundo, cada dia. Sempre que eu olhava para Bella e Renesmee me perguntava o que eu havia feito de tão bom para ser abençoado com aqueles dois anjos incríveis. Eram perfeitas. Com elas ao meu lado minha existência se tornava ainda melhor, mais confortante e apreciável.

Bella propôs em levarmos Renesmee ao recital de Balé que teria no teatro próximo. Nossa filha estava se interessando por sapatilhas e tutus cor de rosa ultimamente. Eu nunca havia ido a um espetáculo de Balé antes, a ideia não me parecia tão ruim. 

Dividir os cuidados de Nessie com Bella era natural, mas eu ainda gostava bastante de arrumá-la. Eu terminava de preparar seu cabelo, estavam soltos e com duas presilhas de borboletas de prata que balançavam as asas em cada lado. Eu já me encontrava pronto e Bella estava em meu quarto terminando de se arrumar. Sim, ela estava dormindo ali, ao meu lado, mas não fazíamos nada que não devesse.

— Prontinho. — eu disse a ela e lhe dei um beijo na bochecha. Renesmee foi até a penteadeira e se olhou. Sorriu para o espelho. — Está ainda mais linda, meu amor.

— Sou mesmo papai? — perguntou ela me fitando, depois se virou para o espelho novamente. — Tão linda assim?

— Sem dúvida, você é a menininha mais linda que existe no mundo! — eu disse e abri os braços no mesmo instante em que ela correu e para pular ali.

— Obrigada, papai. — sussurrou ela contra meu peito.

— Pelo que meu anjo?

— Por ser meu papai, sempre me proteger e me amar. Agora temos nossa mamãe e seremos uma família completa! Eu te amo muito papai. — disse ela com um sorriso.

— Esse é meu dever Nessie, eu lhe protegerei para sempre. Você fez brotar em mim um amor maravilhoso que nunca pensei em existir. Nessie amo você demais. — acariciei seu rostinho com gentileza.

— Eu amo você desde a barriga da mamãe, papai... — declarou ela e isso me surpreendeu um pouco, esperei que continuasse. — Ela falava sobre você para mim todos os dias, como era bonito, como a olhava com carinho e era bastante protetor em relação a ela... Então eu amei você através da mamãe... Por ela sempre colocar em minha cabecinha para ter sentimentos bons, não tristeza ou mágoa, porque não iria fazer bem para nenhum de nós dois...

Eu queria poder chorar, como Renesmee estava. Seu rostinho corado banhado em lágrimas, eu a abracei mais forte. Mesmo longe Renesmee me amava, ela sempre esperou por mim. Novamente o remorso começou a querer me consumir. O que me confortava era que não tinha perdido muito da vida da minha Nessie.

— Hey, estão prontos? — perguntou Bella na porta do quarto de Nessie.

— Nossa mamãe, está linda! — elogiou Renesmee e Bella franziu o cenho ao ver o estado de Nessie.

— Meu Deus! Renesmee? Está se sentindo bem? Edward! — disse Bella agoniada e caminhou em passos grandes até nós. Ela usava um vestido azul-marinho — a cor que eu amava em Bella —, ele realçava a cor de sua pele, sapatos fechados cinzas de salto baixo e para completar o look preferiu deixar o cabelo solto com leves cachos nas pontas.

Agora entendia de quem Renesmee havia herdado sua beleza.  

— Linda como sempre. — eu disse com um sorriso.

Bella ganhou um tom vermelho nas bochechas, demonstrando sua vergonha aos elogios.

— Obrigada aos dois, mas ainda não me disse meu coração. Por que estava chorando?

— Não é nada não mamãe. O papai e eu estávamos apenas conversando. — tranquilizou ela.

— Momento pai e filha? — Renesmee assentiu — Então tudo bem. E você também está linda neste vestido cor-de-rosa. — comentou ela e pegou Renesmee do meu colo a colocando no chão. Renesmee correu escada abaixo, sem nos esperar. Bella ia andando, mas a peguei pela cintura e a abracei por trás.

— E eu, meu amor? Nem me disse o que achou do meu traje. — eu sussurrei ao pé de sua orelha. Meu queixo posado em seu ombro. A pele de Bella se arrepiou.

— B-beem, é verdade, desculpe. Está lindo Edward, como sempre. — falou ela gaguejando.

Eu ri. A mesma Bella de sempre. Eu a virei de frente para mim para assim a beijar. Separei mais meus lábios para inalar seu hálito quente e cheiroso.

Quando o beijo ficou mais intenso, eu decidi que era à hora de parar. Não podia esquecer que ela ainda era humana, ainda existiam limites, bem o meu limite na verdade. Ainda conseguia me lembrar nitidamente das marcas que havia deixado em seu corpo após àquela noite de amor. Peguei seu rosto em minhas mãos o afastando, cuidando para ser o mais gentil possível.

Bella estava ofegante. Nossas respirações fora do ritmo.

— Edward... — sussurrou Bella.

— Não, amor. Não.

— Sério Edward? Esse papo de “dormimos juntos depois do casamento” não se aplica mais para nós dois. Você sabe que não, então por que não... — ia dizendo Bella, mas a interrompi.

— Estamos um pouco atrasados para o nosso compromisso, Bella. Quer mesmo escutar as piadinhas de Emm? — ela fez careta — Foi o que eu pensei. E eu apenas quero que você se torne minha esposa. A ideia é tão ruim assim?

Bella respirou fundo muitas vezes de olhos fechados.

— Tudo bem, eu aceito. — disse firme, tornando a abrir os olhos.

— Isso é sério? — indaguei, radiante. O sorriso mais largo do mundo quase rasgando meu rosto.

— Sim. Seríssimo. Espere um momento. — disse ela e caminhou em passos leves até onde estavam suas coisas, vasculhou dentro da mala e tirou dali uma caixinha azul. Tirou a tampa e olhou para mim quando me mostrou o anel oval com várias pedrinhas. O mesmo que havia colocado em seu dedo após aceitar se casar comigo, antes da guerra com os recém-criados. — Eu o guardei comigo esse tempo todo, mas na noite em que fugi não o encontrei em lugar nenhum, talvez não fosse para leva-lo. Do jeito que eu sou eu teria perdido com certeza. Eu o encontrei remexendo nas coisas que Charlie trouxe de Forks.

— Bella, eu não acredito. — eu relatei, chocado. Ela voltou até mim e colocou o anel na minha mão.

— Quer fazer as honras? — perguntou ela sorrindo e esticou a costa de sua mão esquerda. Sua expressão tão alegre quanto a minha, nem parecia a mesma pessoa relutante de minutos atrás. Talvez porque queríamos o mesmo. Ficarmos juntos e selar nossa união oficialmente.

Me ajoelhei e ao fazer isso tive um Dejavú. Tomei sua mão gentilmente na minha enquanto a encarava com todo o amor e fiz a pergunta determinante a qual estava ansioso por ouvir uma vez mais:

— Bella Swan, você aceita ser minha esposa para todo o sempre?

— Sim, para todo sempre.

 Deslizei o anel em seu dedo anelar, cabia perfeitamente como da última vez e depositei um beijo sobre.

— Então estamos oficialmente noivos.

— ... E dessa vez nada irá nos separar, meu amor.


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Notas finais do capítulo

Espero que tenham gostado. Quero reviews...
Bjão.
L. Cullen