Wish You Were Here escrita por Jules


Capítulo 33
All My Loving


Notas iniciais do capítulo

Bom gente, perceberam que eu demorei pra postar esse. Não foi por atraso nem nada, é só que eu tenho 46 leitoras e nem 10 reviews estou recebendo direito. Então agora enquanto eu não tiver 10 eu não posto ok? =)
Espero que gostem desse capítulo! Boa leitura!



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Aquela foi a noite do inicio de minha vida. Pois bem, deixe-me contar como havia sido a premiação naquele dia mais cedo, e só então poderão saber do que exatamente eu estou falando.

Quando havia ido à Paulo –o cabelereiro que mexia no desastre que eu chamava de cabelo, periodicamente –mostrei minha mais recente compra e o vestido que havia me orgulhado tanto de achar. E ele, como um bom amigo gay, simplesmente surtou assim que o viu, alegando que já havia o visto em um filme de princesas e que pelo fato de eu ser ruiva como ela (acho que se referia a Anastásia) disse que sabia exatamente o que fazer comigo para o tapete vermelho, digo, isso depois de quase pirar quando lhe contei as novidades. Seja como for, ele tentou ao máximo deixar-me exatamente como a princesa da Disney e devo dizer que depois de um belo de um esforço, e uma arrumada em meu aplique ele havia obtido sucesso e eu estava simplesmente maravilhosa.

Depois daquilo, fui para casa onde Sarah me passou bem as instruções do que eu deveria fazer e do que não deveria fazer, eu estava completamente nervosa, tinha que admitir, mas depois que já estava vestida em minha roupa e pronta para ir, meu nervosismo quase havia ido embora e eu estava muito mais concentrada nas olhadas quase impressionadas do ator que me acompanhava na limusine. Sim. Eu disse limusine! Da para acreditar em uma coisa dessas? Com certeza era o maior carro que eu já havia visto em toda a minha vida! Seja como for, foi tudo ótimo, blá-blá-blá, tiramos muitas fotos, muitas pessoas nos fizeram perguntas, sorrimos para as câmeras de mãos dadas, Logan e eu andamos pelo tapete a todo momento juntos e sempre sorridentes, estávamos completamente radiantes, o casal do momento.

Assim que entramos no salão onde estavam sendo indicados os prêmios, eu não pude sequer acreditar na surpresa genuína que havia tomado o rosto do autor, quando havia lhe sido entregue um deles, e nisso, foi chamado para fazer uma pequena prévia do seu mais novo filme sobre o palco, juntamente de alguns de seus colegas de elenco. Ele estava realmente feliz e eu podia ver em seus olhos... Eu me sentia feliz também, não só por estar ali e ser o foco de várias das câmeras, mas também por o ver daquela forma, aliás, havia algum tempo que não via um sorriso real aparecer no rosto do ator. Algumas palavras de agradecimento, e algumas em minha homenagem que fizeram meu coração saltar. Lindo. Depois que havia descido do palco e depois de muita emoção, o pessoal todo que estava ali, havia nos chamado para uma festa. Uma festa de famosos! Da para acreditar? Eu superqueria ir! Mas o que realmente me impressionou, foi a surpresa que levei, quando dos lábios do ator, que antes estavam tão animados, saiu um nítido e único “agradeço o convite, mas acho que vamos voltar para a casa”.

O caminho de volta foi silencioso. Logan sequer olhou em meu rosto, e quando lhe perguntava alguma coisa, minhas palavras simplesmente pairavam no ar, sozinhas. Ele não tentava o mínimo de esforço para me responder. Será que eu havia feito alguma coisa? De novo? Será que Brandon havia sido “vida louca” o bastante para me dedurar para Logan? Se sim, os dias do garoto estavam contados.

Bem, agora estava eu ali. Simplesmente sentada em minha cama olhando para o teto, enquanto a casa do Maverick caía no mais profundo silêncio, onde toda a família havia saído para um “jantar” de comemoração ao prêmio e eu, completamente desanimada, resolvi ficar em casa. Eu não culpava Logan, nem estava com raiva com ele por não ter querido ir à festa, mas não era aquele o real problema. O problema era que o garoto parecia desanimada e há mais tempo do que simplesmente ontem. Havia alguma coisa de fato acontecendo com ele e ele não queria falar com ninguém sobre isso. Nem com Jason, nem com Sarah, muito menos comigo. Era um mistério e esse mistério estava matando o Logan que todos nós conhecíamos.

Eu não queria contar minha noite no tapete vermelho de forma tão resumida assim, mas o que veio a seguir foi muito mais importante do que algumas palavras ensaiadas e câmeras para lá e para cá. Aquilo foi real, e aquilo foi o que definitivamente tirou o cargo de Atlas dos meus ombros.

Depois de algum tempo deitada na cama sem conseguir dormir, já estava vestida em meus pijamas de “cupcakes” por todo o short e camiseta quando havia descido para tomar água. Já havia soltado meus cabelos e deixado minha coroa de brilhante de lado para ficar o mais confortável possível. Eu estava confortável, mas agora era a simples sede que me aporrinhava. Abri a geladeira, servindo-me de um gelado copo d’água, e enquanto batia a sua porta para fecha-la, pude ouvir um pequeno ruído vindo do lado de fora... Que foi quando senti o medo me atingir.

Eu estava sozinha dentro de casa. Quem mais poderia estar ali? Com o coração batendo forte e as mãos levemente trêmulas, coloquei o copo sobre a bancada, enquanto em passos pequenos andava em direção à porta da cozinha. Meus olhos viajavam por todo o espaço da casa, enquanto tentava enxergar ao máximo a origem dos sons que ao meu ver, estavam vindo do lado de fora, da área da piscina. Talvez fosse Bruce, talvez fosse um esquilo, mas aquele som era humano demais para ser qualquer uma dessas opções.

Desistindo de todo aquele medo, caminhei em direção ao vidro, e espremendo os olhos para conseguir enxergar com a pouca luz do lado de fora, pude distinguir uma sombra, uma silhueta de alguém sentado na espreguiçadeira, de cabeça baixa e imóvel. Prendi a respiração quando reconheci o terno de quem estava o usando mais cedo. Com um longo suspiro abri a porta, e em passos lentos caminhei em direção à Logan.

Mordi o lábio enquanto sentia meu coração bater forte. O engraçado é que eu estava menos nervosa quando imaginava que os ruídos poderiam estar vindo de algum ladrão ao assassino. Eu estava fora de perigo, mas mesmo assim qualquer conversa que tinha com Logan, poderia ter um resultado inesperado, e com isso minha possível morte. Olhei calmamente para o garoto de cabeça baixa, para finalmente perceber que ele enterrava o rosto nas mãos, e não se movia, na verdade, o único ruído que fazia, era de seus soluços. Logan estava chorando.

Limpei a garganta com medo de ousar me aproximar de mais, recebendo os olhares confusos e surpresos, decorados com lágrimas que os enxiam do garoto. Um leve sorriso se abriu em meu rosto que foi rapidamente substituído por preocupação e que causou um reflexo em Logan, tão inesperado, que ao invés de se levantar e disfarçar como eu previa, apenas enterrou o rosto nas mãos novamente, e como se eu não tivesse ali, voltou aos seus lamentos. Foi então que não aguentei ficar parada. Ignorando o provável fato de levar uma patada, ou como diria Luke “uma comida de rabo”, caminhei em direção ao ator, tocando levemente em seu ombro e esperando que ele me olhasse. Mas ele não fez. Eu era como um fantasma.

–Logan? –Chamei no tom mais suave que pude, sem receber resposta. Meu coração batia forte. –O que faz aqui? Pensei que tivesse saído com seus pais.

–Não saí com ninguém. –Grunhiu ele com voz chorosa. –Como pode perceber.

–O que aconteceu?

Perguntei confusa. Por um momento, ele não respondeu nada. Apenas continuou no silêncio olhando para o chão. Ele não queria sequer olhar em meu rosto, e aquilo estava me matando. Por isso apenas continuei.

–Olha, eu não sei o que está acontecendo. Eu... Pensei que as coisas estivessem ficando melhores entre a gente, pensei que estivéssemos começando um tratado de paz, mas sempre que eu penso alguma coisa, você me prova que a realidade é exatamente ao contrário. Eu não sei o que pensar agora. Eu te vejo aqui, magoado como você está e você sequer quer me contar o que está acontecendo? Eu tenho direitos de saber, não acha? Eu posso tentar ajudar, Logan. Quero ficar de bem com você.

–Esse é o problema! –Exclamou Logan se colocando de pé e fazendo-me desequilibrar da posição mal ajoelhada em que estava quase caindo de bunda no chão. –Esse é a droga do problema!

Olhei confusa para Logan. Espere. O que era o problema? Acho que não estávamos seguindo a mesma linha de raciocínio. Rapidamente me coloquei de pé recuando alguns passos cambaleantes tentando me afastar dele em uma altura segura. Eu sabia como ele agia quando estava nervoso, e quando isso acontecesse, gostaria de não estar por perto.

–Qual é o problema, Logan?

–Eu! –Exclamou, indignado, enquanto limpava o rosto com as costas das mãos. –Eu sou idiota! Não podemos ficar de bem, Mandy!

–Por que não?

Perguntei confusa. Logan balançou a cabeça negativamente, olhando para a paisagem enquanto piscava, inquieto.

–Porque você me traiu! Me traiu na cara dura, quase destruiu tudo e eu estou aqui, querendo te perdoar! Eu não quero te perdoar! Não quero gostar de você! Mas que merda!

Abri a boca para falar, mas por um momento, dali não saiu som. Como assim? O que ele estava dizendo? Sentia meu coração batendo tão forte, que talvez se eu olhasse para meu peito, pudesse ver o seu formato através da pele. Dei dois passos em direção ao garoto enquanto engolia em seco. Eu estava hesitante. Não sabia até que ponto poderia chegar... Mas eu queria entender mais.

–Não quero gostar de você também.

Soltei quase como em um sussurro. Logan se virou para mim com os olhos inchados, e franziu a testa por um momento se sentindo confuso. Engoliu em seco.

–O quê?

–Eu não quero gostar de você, também. –Repeti. –Logan, você me humilhou várias vezes, me agrediu, transou comigo e depois disse que era só para a diversão, me usou, me xingou e me fez de boba muitas vezes. Mas eu estou aqui agora. Olhando para você e perguntando por que você está mal. Me preocupando com você. Se eu pensasse em não perdoar cada coisa que fiz à você...

Logan fungou mais uma vez, olhando-me um tanto impressionado. Eu nunca esperei nem em um milhão de anos presenciar uma cena como aquela. Logan chorando, como uma criança de seis anos indefesa, como se estivesse perdido e não soubesse o que fazer... Era de partir o coração, até mesmo quando a causa de todo esse sofrimento era eu. Não me leve a mal, mas algo em pensar que talvez ele sofresse por mim, fez com que eu me sentisse melhor... Talvez até bem.

–Eu... Eu fiz isso, certo? –Perguntou quase desacreditado, enquanto despencava sobre a espreguiçadeira, enterrando o rosto mais uma vez em suas mãos e soltando um leve grunhido enquanto balançava a cabeça negativamente. –Eu sou um bosta.

–Ei, ei, ei! –Exclamei enquanto corria em sua direção ajoelhando-me de frente para ele. Não me importava se estava muito perto, ou se estava correndo perigo. Só senti que aquela era a coisa certa. –Eu também fiz muita besteira e você sabe disso... –Abri um sorrisinho relutante. –Eu também sou uma bosta.

–Sim, você é. –Concordou Logan soluçando mais uma vez. –Só que eu quis tanto me vingar de você, e não te perdoar, que eu acabei fazendo igual. Agora eu... Eu não tenho mais desculpa...

–Desculpa para o quê? –Perguntei um tanto aflita enquanto tocava seu joelho. –Logan?

O ator balançou a cabeça negativamente como se estivesse repreendendo a si mesmo, e mais uma vez fungou, afundando mais ainda o rosto em suas mãos, fazendo com que pudesse escutar com cada vez mais dificuldade sua voz.

–Uma desculpa pra não te perdoar.

Pisquei algumas vezes olhando aquela cena e sentindo meus olhos arderem. Oh céus. O que era aquilo agora? Eu já não havia cansado de chorar? Acho que não. Mas o que era aquilo afinal? Choro de tristeza? Não. Choro de alívio. Era como se eu tivesse despejando um peso de séculos de minhas costas de uma só vez e eu nem podia acreditar. Estava emocionada. Abri um sorriso para Logan, fungando uma vez, sentindo meus olhos se enxerem, e logo, receber os olhares confusos do garoto. Solucei.

–Me perdoa então.

–Você está chorando? –Soluçou também, agora um pouco confuso. Assenti quase dando risada, enquanto sentia o híbrido de emoções me passando. –Por que está chorando?

Perguntou Logan em voz chorosa. Funguei mais uma vez soltando um soluço, enquanto balançava a cabeça negativamente e sorria ao mesmo tempo. Eu estava sentindo uma diversidade de emoções que nunca havia sentido antes. Quem visse aquela cena de fora, poderia achar dramática demais, ou até mesmo cômica. Eu já sentia as lágrimas descendo por minhas bochechas.

–Eu não sei. Esperança, talvez.

–Esperança de quê?

Perguntou fungando assim como eu. Dei de ombros.

–De ficarmos bem.

–Vamos ficar bem.

Logan assentiu tão rápido, quanto foi para puxar-me contra si, e apertar seus lábios contra os meus, assim como nossos rostos já molhados pelas lágrimas. Eu podia sentir cada intensidade, desejo, saudade, despejos, de tudo o que sequer sabia o que poderia saber o que era em um simples toque, em um simples beijo, em um simples aperto. Um aperto tão forte em meu corpo, que faziam todos aqueles outros beijos que já demos parecerem com nada. Aquele era de fato diferente, estávamos nos reconciliando, e daquela vez era pra valer. Estávamos acabando com todos os nossos grandes problemas, estávamos ficando bem.

As mãos de Logan apertaram-me ferozmente, puxando-me para cima de seu corpo, na medida em que me encaixava em seu colo, e me puxava para tão perto, de forma que parecia que se nos juntássemos um pouco mais, nos tornaríamos um só. Ambas as respirações estavam altas, repletas de desejos, repletas de vontade, repletas de fome e total saudades. Queríamos aproveitar aqueles três meses que havíamos passado brigados, queríamos compensar tudo em um único momento, em tentar não esquecer como foi terrível o tempo que passamos longe do outro, e em como nunca mais em toda a nossa vida poderíamos fazer algo como aquilo de novo. Eu pertencia à ele, ele pertencia à mim. Aquela era a verdade. Aquela era a nossa única certeza.

Com um longo e pesado suspiro, nossos lábios depois de já vermelhos se desgrudaram, mas era como se não quiséssemos fazer aquilo. Um abraço forte me tomou, iniciado sabe-se lá pela parte de quem. Não queria me soltar de Logan. Nunca mais. E nem ele de mim. Um sorriso se abriu em meu rosto e logo nenhum de nós parecia chorar. Com o dedo, sequei a última lágrima dos olhos do garoto, enquanto ele fazia o mesmo com os meus. Um sorriso se brotou no rosto do ator, e antes que eu pudesse falar qualquer coisa, colou mais uma vez os lábios aos meus, apenas os roçando, e sentindo a forma maravilhosa como eles se tocavam, como se sempre fosse para ser daquela forma. Era algo que nunca havia sentido por ninguém, que nunca iria sentir.

–E nessa hora que eu digo que te amo?

Perguntei com um quase sorriso. Logan deu de ombros, abrindo um sorriso quase tão divertido quanto o meu e balançou a cabeça negativamente, enquanto colocava uma mecha do meu cabelo para trás da orelha.

–Eu não sei. Esqueci meu roteiro.

–Foda-se os roteiros.

Revirei os olhos alargando o sorriso. O mesmo aconteceu no rosto de Logan. Ele passou o dedo suavemente por minha bochecha, enquanto suavemente aproximava seu rosto do meu, a ponto que podia sentir sua respiração quente e seu perfume maravilhoso, o perfume que sempre senti falta, os olhos azuis, os cabelos negros e o sorriso de canto. Era Logan, que eu havia sentido tanta falta por completo. Deu uma leve risadinha, e assentindo, concordando com meu comentário, tocou os lábios em meu rosto, e olhando fundo nos olhos, abriu a boca lentamente, onde dela, pude ouvir sair das maravilhosas palavras:

–Eu te amo.

–Eu também te amo. –Respondi ajeitando-me em seu colo. –Mas não vamos passar a ser um casal meloso, vamos? Tenho que me preparar psicologicamente para isso.

–Acho que não seria legal. –Logan fez uma caretinha dando risada. –Não vou te trazer flores... Não vou te levar para passear por aí... Não vou te fazer surpresas em restaurantes chiques... Não vou planejar encontros ao luar... Em outras palavras, não vou ser gay.

Logan sorriu, fazendo-me soltar uma risada e assentir, enquanto revirava os olhos e dava de ombros, enquanto levava os lábios ao seu rosto, fazendo um alto estalo ao beijá-lo.

–Acho que podemos ser um pouco românticos.

Logan ergueu uma sobrancelha abrindo um sorriso, divertindo-se com minha ideia. Pisquei.

–De que parte?

–Que tal um piquenique?

–Eu fecho.

Assentiu enquanto aproximava mais ainda o rosto do meu, puxando-me para cima de si, enquanto encostava-se na espreguiçadeira, fazendo-me inclinar sobre seu corpo e mais uma vez nossos lábios se grudarem. Escorregou as mãos lentamente por minha cintura, enquanto aproveitava cada centímetro meu, que havia passado tanto tempo sem tocar, na medida em que sentia seu coração bater tão forte e acelerado quanto o meu. Aquilo era perfeito. Eu nem podia acreditar. Naquele momento, meu maior medo, era de acordar e descobrir que tudo aquilo não passava de um sonho. Nada poderia ser mais decepcionante do que aquilo.

Senti a mão de Logan penetrar o tecido de minha blusa, na área das costas, e suas mãos agora geladas, subirem por minha pele quente, sentindo-a levemente. O ator soltou um suspiro enquanto descolava meus lábios dos seus, e demorando um pouco para abrir os olhos, escorregou as mãos para minha cintura mais uma vez, e engolindo em seco, fitou-me com os olhos azuis, dessa vez sem secura e sem ressentimento. Só os mesmos olhos de antes.

–Não sabe como senti falta.

–Se me der mais uma nota de cem dólares amanhã, juro que te mato.

Logan deu uma risadinha fazendo uma careta e assentiu.

–É justo... Me desculpe por aquilo.

–Peço desculpas por tudo também. Não farei mais nada por suas costas.

–Fico feliz. –Assentiu Logan. –Dorme comigo?

Parei por um momento o observando atentamente. Não que eu não quisesse dormir com Logan nem nada, na verdade eu estava bem no clima... Só que tanta coisa havia acontecido ultimamente que só no fato de pensar em qualquer relação sobressalente naquele momento, simplesmente me enjoava. E eu no fundo, queria ter certeza de que tudo aquilo era permanente. Não que eu duvidasse dele, mas eu queria ter certeza de que continuaríamos do jeito que estávamos. Não queria me apressar.

Abri um sorriso enquanto me inclinava sobre ele e grudava meus lábios aos seus mais uma vez, saboreando o doce sabor de sua língua, antes de balançar a cabeça negativamente e soltar um suspiro.

–Estou cansada.

–Tudo bem.

Logan assentiu com um leve sorriso, enquanto eu saía de cima do seu corpo, deitando-me ao seu lado e rezando o máximo que eu podia para que ele não ficasse chateado comigo. Não demorou muito para que eu fosse envolvida por seus braços quentes. Um sorriso se abriu em meu rosto enquanto me aninhava lentamente contra seu corpo, e sentia o vento frio daquela noite saindo para longe de nós. Era como se tivéssemos uma capa protetora, onde apenas nosso calor era suficiente. Logan deu-me um beijo no topo da cabeça, enquanto ambos virávamos o rosto para observar as estrelas. O céu estava cheio naquela noite. Um sorriso se abriu em meu rosto. Eu sentia tanta falta das estrelas do meu país... Do meu amado Brasil, que ao meu ver, brilhavam muito mais do que as de L.A, exceto naquela noite, em que estavam excepcionalmente brilhantes.

Apoiei o queixo no peitoral do garoto enquanto sentia sua mão afagando meus cabelos. Uma sensação tão maravilhosa que sequer existem palavras para descrevê-la.

–Quando eu for para o Brasil conhecer o tão famoso Rio. Espero que você me mostre a cidade.

–Eu até mostraria. –Dei uma risadinha. –Só que no Rio sou tão turista quanto você.

–Que tipo de brasileira é você?

Perguntou Logan indignado, fazendo-me lhe dar um tapa no braço e rir em seguida com o ato. Revirei os olhos.

–Não é todo brasileiro que conhece o Rio! É como muitos americanos que não conhecem Nova York.

–Touchet. –Sorriu para mim enquanto afagava lentamente meu rosto. –Você conhece Nova York?

–Sim...

–E não conhece o Rio?

Ergueu uma sobrancelha. Escondi o rosto em minhas mãos e soltei um grunhidinho fazendo-o rir ainda mais com a cena. Logan balançou a cabeça negativamente enquanto voltava os olhares para o céu.

–Ok, eu sou uma brasileira de merda... Melhor?

–Melhor.

Sorriu enquanto permanecia com os olhos fixos no céu negro. A casa estava no mais completo silêncio, nem mesmo Carmen havia dado sinal de vida. As luzes estavam todas apagadas, e naquele momento estávamos apenas Logan e eu, apertados em uma espreguiçadeira de piscina, sob um imenso céu estrelado que brilhava mais intensamente ali no escuro. Imaginava meu país, meus amigos, minha família... O que estariam fazendo agora? Logo eu estaria de volta, e poderia abraçar todos eles, e nunca mais soltar.

–Mandy... –Pude ouvir a voz de Logan chamar, pousei os olhos no garoto enquanto ouvia lentamente as batidas de seu coração próximo à minha orelha. Sorri. –Aquela garota... Fanny. O que aconteceu com Zoe?

Abri a boca para falar, mas por um momento não saiu voz. Zoe. Estremeci. Olhei para a piscina e fitei-a por um momento em silêncio. A verdade é que nem eu sabia o que tinha acontecido com Zoe. Havíamos brigado por uma coisa tão besta... E agora mal olhávamos para a cara da outra. Eu sentia falta dela, sim, havíamos passado tanto tempo juntas, até mais do que com Logan, mas mesmo assim, era como se nunca fossemos voltar a nos falar.

–Nós brigamos pouco antes de eu brigar com você.

–Então você brigou com todo mundo. –Ele ergueu uma sobrancelha. –Que sorte.

–Sim, sim... Se não fosse pela Fanny e pelo pessoal...

Dei uma risadinha só em imaginar o inferno que teria sido minha vida e como talvez eu sequer tenha não reconquistado Logan. Fanny havia me deixado mais bonita, Fanny havia me deixado forte, Fanny havia me ensinado como lidar com Logan... E só agora eu havia percebido aquilo. Eu devia muito a aquela menina.

–Quando eu vi você com Zoe pela primeira vez, cheguei a pensar que eram irmãs. Eu não sei... Eram tão próximas.

–Para você ver...

Resmunguei. Logan encheu o peito prendendo a respiração e por um momento fez silêncio. Franzi a testa, ainda fitando a paisagem brilhante de L.A, afrente de nós.

–Eu não sei, Mandy. Acho que vocês deveriam ter feito as pazes há muito tempo...

–Zoe é uma idiota, Logan! –Olhei para ele indignada. –E aliás, por que tanta preocupação agora?

–Porque é estranho. –Deu de ombros. –Estou dizendo só o que penso, anjo. Não fique com raiva de mim. Acho que conseguiria voltar à vida que tinha antes, e ainda manter os amigos atuais... Eu realmente te curti com aquele estilo de líder de torcida.

Revirei os olhos com o que ouvi e abri um sorriso balançando a cabeça negativamente.

–Sabia que ia gostar.

Resmunguei enquanto sentia meus batimentos cardíacos desacelerarem. Só de pensar em Zoe, eu sentia uma certa raiva. Mas por quê? Talvez pelo fato de Logan estar certo. Zoe tinha tantos amigos quanto eu quando brigamos, e eu arranjei novos amigos –que antes eram pessoas que odiávamos –tão mais rápido, que deve ter acabado com a chance de Zoe e eu voltarmos a nos falar. Ela deve ter se sentido sozinha de certa forma também, sempre nos observava ao longe... E eu nunca havia parado para pensar no seu lado da moeda, o que pensando bem, se parece com algo que eu realmente faria.

Mordi o lábio olhando para o lado, enquanto o silêncio tomava conta de nós. O clima pesado passava aos poucos, e Logan tinha uma expressão irritante quase vitoriosa no rosto. Era como se ele pudesse ler a minha mente. Erguendo uma sobrancelha e levantando-me de onde estava, coloquei-me sobre o garoto, apoiando minhas pernas de cada um dos lados de seu corpo, e com um sorriso sem mostrar os dentes, aproximei-me de seu rosto, fitando-o fundo nos olhos.

–Fale de novo.

Logan franziu a testa um pouco confuso, mas logo um sorriso abriu-se em seu rosto, enquanto tocava minha cintura. Franziu a testa.

–Desculpe. O quê, anjo?

–Isso mesmo.

Sorri ao ouvir novamente o apelido do qual sentia tanta falta. “anjo”. Uma coisa nossa que havia simplesmente desaparecido pelo tempo, e agora retornando, tirando a palavra “Mandy”, em tom irritado dos lábios do garoto, e voltando com um doce e sutil “anjo”, que tanto amava. Mordi levemente os lábios.

–De novo...

–Anjo?

Deu uma risadinha enquanto aproximava meu rosto do seu, lhe dando um forte beijo. As mãos do garoto estavam firmes em minha cintura, e senti meu coração disparar quinze vezes mais, quando uma delas subiu por minhas costas, depositando-se em minha nuca, onde segurou meus cabelos, e forçou meu rosto contra o dele, como se nunca fosse capaz de me soltar, como costumava fazer antes.

Eu não sei. Acho que havia dado voltas e voltas para parar onde eu estava, mas no fundo, aquilo era tudo o que eu queria... Ou grande parte. Eu havia me esforçado tanto para esquecer Logan, pela razão de eu ainda sentir algo por ele, e agora eu via isso. Havia sofrido, mas vê-lo passar pela mesma situação que eu era quase bom. Havíamos ambos passado por uma época ruim e agora havíamos superado. Havíamos ficado juntos, e como em tantas outras vezes em que estava errada, podia sentir que aquela era real. Não acho que Logan ainda teria tantas forças para me enganar depois de tantos meses. Me restavam sim, poucos meses naquela país. Mas algo me dizia que esses meses, seriam os melhores de toda a minha vida.



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Notas finais do capítulo

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