Wish You Were Here escrita por Jules


Capítulo 29
Lady Is a Tramp


Notas iniciais do capítulo

Bem gente, obrigada pelos 10 reviews... Aqui vai mais um após feriado! hahahaha Espero que gostem!



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Eu juro que não conseguia entender, nem conseguiria saber o que se passava na mente de Logan. Não fui clara? Deixe-me explicar. Naquela manhã, Logan e eu havíamos acordado como um só na cama, meu corpo estava completamente quente, envolvido em seus braços aconchegantes e ele tinha uma respiração suave que nada além de mais vontade de permanecer na cama, me dava. Havíamos aberto os olhos no mesmo momento e assim que fizemos, um sorriso se abriu em meu rosto. Eu estava prestes a dizer “bom dia”, mas assim que Logan pareceu raciocinar o que estava fazendo o com quem estava (estava fazendo, vulgo, simplesmente abraçando!) o sorriso em seu rosto se desfez e se levantou de forma tão grosseira que me fez bater o rosto contra o travesseiro. Porra! Será que ele estava sonâmbulo quando havia me abraçado na noite anterior? Não! Eu juro de pés juntos que ele estava certinho na cabeça quando fez o que fez, mas ele era bipolar! Esse era o real problema!

O resto da viagem até L.A foi completamente em silêncio. Sarah havia nos parabenizado pela entrevista, mas nada além disso. Logan sequer pegou em minha mão quando os paparazzi apareceram, simplesmente seguiu de cabeça baixa como se estivesse distraído e sem presença alguma ao seu lado. Eu queria loucamente saber o que eu havia feito dessa vez, mas algo me dizia que seja o que Logan tivesse, não era comigo.

Quando chegamos em casa já era quase noite e eu não via a hora de finalmente cair contra a minha cama e dormir para sempre, não fiz questão de conversar com ninguém também, meu ânimo estava no chão e eu estava completamente frustrada pelo fato de por um momento sequer eu ter pensado que talvez Logan e eu estivéssemos bem. Sabe... As vezes eu queria apenas ficar em paz. Como quando estávamos naquela entrevista com Alan Carr... Havíamos, digo, eu pelo menos havia me divertido tanto que por um momento pensei que Logan e eu poderíamos ter alguma chance de nos aturarmos mais uma vez, talvez não como um casal, eu não era boba, mas pelo menos como irmãos de intercâmbio... A mais fraca de qualquer relação pacífica... E mesmo me odiando por me sentir tão bem em seus braços... Por querer sentir mais do seu corpo... Por querê-lo de volta, eu não podia negar que até sonhar com isso eu havia sonhado. Isso tudo não saía da minha cabeça. O quão avassalador poderia ser o tempo? Eu tinha medo de essa pergunta ser a minha sina para o resto da minha existência.

***

–Olha só a nova garota famosa queridinha dos EUA! Eu totalmente vi sua entrevista no Alan Carr! Estava tão maravilhosa!

–Sim! Você e o Logan são tão lindos juntos! Te invejo!

–Eu tenho vontade de morder os dois!

Era o que eu mais ouvia sair da boca das minhas amigas naquela manhã. Um sorrisinho sem graça se abriu em meu rosto e assenti, mesmo adorando o fato de minhas amigas me admirarem tanto naquele momento, pensar em Logan poderia ser um pouco incômodo para o que eu sentia naquele dia. Estávamos no refeitório naquela hora, sentados na mesa circular no meio do salão onde as pessoas legais costumavam ficar... Não gosto de rótulos, mas eram o que falavam quando eu estava do outro lado do refeitório em uma mesa próxima à lata de lixo. Seja como for, os garotos estavam dando risada e comentando sobre o programa enquanto giravam suas bolas de basquete nas mãos, porém, nem todos eles pareciam exatamente felizes e entretidos... Na verdade, Brandon me olhava com um certo ressentimento no olhar, o que era aquilo? Um sorrisinho sem graça se abriu em meu rosto, mas ele apenas continuou calado me observando, me fitando com os olhos azuis, frios. Estremeci. Não precisava de mais um par de olhos azuis me observando de forma fria.

Me voltei para minha amiga dando risadinhas enquanto Fanny me abraçava tão forte que sentia meus olhos saltando para fora do meu rosto.

–Sabe o que é mais fofo? A reportagem que Mandy e eu fizemos na semana passada! Tão linda! Acho que Mandy e eu fazemos um casal lésbico muito mais legal do que ela e Logan.

Gargalhei com o que escutei e balancei a cabeça negativamente, Fanny sabia ser muito boba quando queria.

–Tenho que concordar, Fanny, mas se meus pais descobrirem sobre nós...

Levei a mão a testa fingindo um desmaio coisa que fez todos na mesa dares risadas. O sinal infelizmente tocou antes que eu pudesse dar minha última mordida em meu muffin. Que aula eu teria em seguida? Álgebra? Se fosse eu teria que correr, se não conseguisse uma nota boa, teria sérios problemas com minha agencia de intercâmbio. Fanny e as meninas soltaram um grunhido desanimado enquanto se levantavam lentamente dando o último gole em seus sucos naturais.

–Droga. Tenho a gorda da Leslie agora. E vocês?

–Marcus.

Falei dando de ombros, minha amiga fez um biquinho e um X em seu peito como se estivesse marcando o seu coração.

–Magoei. Sentirei saudades.

Brinquei, dei uma risadinha lhe erguendo a mão e fazendo uma cara de dor.

–Partilharemos a dor.

Com um sorriso me coloquei na direção oposta aos meus amigos enquanto me dirigia de forma um tanto afobada à sala de aula, eu tinha que chegar e rápido. Mas antes que eu pudesse dar meu primeiro passo sequer, uma mão barrou meu caminho, me puxando para trás e me deixando cara a cara com os olhos azuis que até a pouco me observava de forma cuidadosa. Ergui a cabeça para olhar no rosto de Brandon que era um tanto mais alto que eu e abri um sorrisinho.

–O que foi senhor ranzinza?

Perguntei em um tom brincalhão, Brandon torceu o nariz abrindo o seu sorriso sarcástico que me tirava do sério. Mordi o lábio.

–Você vai sair comigo. Tipo um encontro de verdade.

Acho que a cor do meu rosto saiu. Eu estava escutando certo? Eu... Eu não podia. Um encontro com Brandon? Fora de questão! E ele sabia daquilo! Por que estava me perguntando uma coisa dessas?

–A gente não pode! –Falei quase como um sussurro. –Sabe que eu tenho namorado.

Brandon ergueu uma sobrancelha desacreditado e balançou a cabeça negativamente me barrando de passar pela porta.

–E daí? Ele não vem sendo exatamente um problema para nós.

–Brandon... –Falei enquanto fechava os olhos massageando o cenho. –Eu tenho realmente que pegar essa aula.

Falei, o jogador deu de ombros como se seja o que tivesse que fazer teria que esperar. Mas eu não tinha tempo! Olhei enquanto o refeitório isso se esvaziando mais e mais.

–Então isso é um sim?

Insistiu. Soltei um suspiro batendo o pé.

–Podemos conversar mais tarde? Eu realmente...

–Não. –Interrompeu-me. –Vamos falar agora.

Bufei olhando para o teto. Quanta teimosia! Ele estava pirado ou coisa do tipo? Achava que tinha estabelecido bem meus padrões de “garota comprometida” para ele. Ou parcialmente... Mas mesmo assim! Brandon sabia sobre Logan e sobre a mídia e como tudo isso se impunha em qualquer decisão que eu teria que tomar, infelizmente.

–Eu tenho tempo...

Continuou. Soltei um grunhido mais uma vez tentando o empurrar, mas ele não moveu um músculo.

–Brandon isso não é justo! Sabe como é complicado para mim...

–Foda-se. Você nem gosta do cara! –Insistiu. –Vai Mandy! Só uma noite. Não precisamos ir para um lugar tão movimentado.

Soltei um suspiro. Oh céus. Meus olhos se voltaram para o professor de matemática que passava pelo corredor. Talvez se eu corresse eu conseguiria entrar a tempo na sala e ainda assistir a aula. Olhei para Brandon completamente irritada pela espécie de “chantagem” que ele estava fazendo no momento e assenti lhe dando um soco no peito.

–Hoje às oito horas, um cinema, escuro onde ninguém possa me ver e trate de ser discreto.

Falei enquanto lhe empurrava conseguindo finalmente um espaço para mergulhar em direção ao corredor. Oh céus... Eu tinha um encontro com Brandon! Isso era... Isso era muito bom, certo? Mas como tudo o que era bom na minha vida, implicaria problemas, e o problema principal era: Como meu “namorado” iria reagir com essa notícia?

***

–Mandy! Não! Não ande aí está...!

Esse foi o momento em que eu escorreguei no chão úmido da cozinha derrubando todo o saco de farinha que havia me oferecido para guardar para Carmen. Eu tenho boas intenções! Eu juro! Digo, eu havia visto a espanhola indo preparar uma sobremesa especial para os Maverick hoje, e não pude deixar de me oferecer como ajuda... Carmen mais do que qualquer um sabe sobre meus desastres na cozinha, e provavelmente sabe que se eu não casar com um chef de cozinha, meus filhos irão passar fome, mas eu nunca a deixo dizer não. Eu sempre tento a ajudar... E como naquele momento, sempre acabo pisando em alguma meleca, como a que a farinha misturada com a água caída no chão estava fazendo.

–Oh! Me desculpe! Eu limpo!

Exclamei desajeitada enquanto pousava o saco de farinha sobre a mesa, fazendo um punhado escapar para fora dele, sujando a superfície de madeira também. Carmen levou a mão ao rosto fechando levemente os olhos provavelmente tentando achar paciência... Já eu? Deslizava em busca a um pano de chão.

–Eu peço para guardar um saco, você me cria uma pista de patinação de farinha. Fico impressionada com sua criatividade, Chica. Infelizmente você só as usa para as artes do mal.

Não resisti em tentar soltar uma risada diabólica ao ouvir o que Carmen disse, tossindo logo em seguida pelo triste fato de eu não ter cordas vocais tão fortes assim. Abri um sorrisinho para a espanhola enquanto ela agarrava o pano das minhas mãos me impedindo de me aproximar da enorme gosma no chão.

–Não faça isso, vai sujar o resto da cozinha com suas pegadas melecadas. –Falou em seu sotaque enquanto colocava o pano de lado. –Eu limpo já, já.

Abri um sorrisão em desculpas lhe dando um abraço, coisa que a fez revirar os olhos e dar risada. Abri um sorrisinho agora sincero para ela a olhando cuidadosamente. Mordi levemente o lábio.

–Tem mais alguma coisa que eu possa fazer? Colocar o açúcar, mexer a panela?

–Não! Sente-se na mesa e fique quieta.

Falou enquanto me fazia ter uma crise de risos com o tom imperativo em sua voz. Revirei os olhos enquanto me apoiava no balcão pegando alguns morangos sobre a bancada que Carmen usaria para fazer o doce, os saboreando. A espanhola me dirigiu um olhar torto enquanto soltava um suspiro e desistia de me dar mais broncas, coisa que me fez soltar mais uma risadinha.

Minha atenção foi tirada da doce fruta que eu saboreava naquele momento, quando os passos adentraram a cozinha. Carmen olhou para Logan erguendo sua mão gorducha para ele enquanto arregalava os olhos.

–Cuidado! Não pise nessa meleca que a Mandy fez!

Logan olhou para o chão confuso e logo em seguida para mim, que lhe abri um sorriso vermelho devido ao morango, morrendo-o logo em seguida ao perceber que meus dentes deveriam estar em uma coloração engraçada. Logan deu uma risadinha e revirou os olhos, enquanto desistia de atravessar a cozinha e se apoiava na bancada do lado que estavam.

–O que vamos ter de bom, Carmencita?

–Brigadeirão. Apoiado pela brasileira aqui.

Falou apontada para mim. Abri um sorrisinho dessa vez sem exibir os dentes e dei uma risadinha para Carmen assentindo, Logan lambeu os beiços.

–Isso soa bem... –Falou em um sorrisinho simpático, enquanto virava seus olhares para mim logo em seguida. –Hm... Mandy. –Falou limpando a garganta um pouco desajeitado. –Tá indo um pessoal para a casa do Sterling hoje... Eu sei que é durante semana e tal, mas eles realmente insistiram que eu te chamasse... Não consegui dizer não. –Sorriu. –O que me diz?

Mordi o lábio olhando para Logan e desejando por um momento sumir. Olhei para Carmen com um sorrisinho e pulei a gosma no chão, passando para o outro lado da cozinha enquanto me dirigia à porta.

–Qualquer coisa me chame, Carmen. –Falei enquanto acenava. –Hm... Não vai dar.

Respondi para Logan simplesmente enquanto saía da cozinha. Sim, eu simplesmente saí correndo como uma idiota e isso ficou nítido. Por um momento imaginei que Logan teria ficado parado olhando para o nada com cara de “mas o que..”, e provavelmente tinha realmente ficado, mas depois de um tempo pude ouvir seus passos apressados atrás de mim e sua mão tocando meu ombro, parando-me.

–Como assim “não vai dar”? Não pode sei lá, deixar os estudos só por hoje?

–Não é só pelos estudos... –Falei um pouco sem jeito tentando achar uma forma legal de contar o que pretendia. –Hm... Eu não posso sair... Porque tenho planos para hoje.

Falei sem jeito. A expressão serena no rosto do ator falhou por um momento e ele cruzou os braços me fitando com os olhos desconfiados. Queria me bater! Quando finalmente ele estava ficando legal comigo novamente... Mordi o lábio abrindo um sorrisinho de desculpas que não funcionou muito bem, pois ainda me analisando, Logan perguntou:

–Planos? Com quem?

Queria protestar. Dizer que eu não lhe devia explicações nem nada do tipo, mas se eu desse um chilique daquelas as coisas poderiam ficar realmente ruins... Fora que responde-lo na defensiva daquele jeito, poderia fazer parecer que Brandon era muito mais especial para mim do que um amigo qualquer com quem eu iria sair... O que era a verdade, mas exatamente o que eu não queria que Logan descobrisse.

Limpei a garganta desviando meus olhares para qualquer outro lugar.

–Hm... Com um amigo.

–Um amigo? –Perguntou erguendo uma sobrancelha. –Um cara?

Assenti um pouco sem jeito. Logan inclinou a cabeça para trás soltando um longo suspiro irritado e bateu o pé levemente parecendo cansado. Franzi a testa já esperando aquela sua reação.

–Mandy! Pensei que a gente já tinha conversado sobre isso! Você não sossega?

–Ah Logan! –Falei arregalando os olhos. –É só um amigo.

Logan levou a mão à têmpora a massageando lentamente enquanto fechava os olhos. Balançou a cabeça negativamente.

–Mas é claro que não é. E você está comigo, porra!

–Estou?

Perguntei erguendo uma sobrancelha, Logan fez uma careta.

–Não... Quer dizer, para todo mundo lá fora, sim. Então sim. Não podemos ter feito uma entrevista daquela para você estragar tudo em uma noite saindo com um carinha qualquer!

–Ninguém vai nos ver!

Garanti. Achei que estava o acalmando, mas com minha frase, a expressão de horror e indignação no rosto de Logan só aumentou, o que me fez estremecer.

–Então ele realmente não é só um amigo.

–Talvez...

Falei desviando os olhares, mas pude ouvir um suspiro e uma risada um tanto sarcástica saindo de seus lábios.

–Você realmente se supera rápido.

–Rápido? –Olhei para ele indignada. –Isso tudo está me matando! Brigas! Eu preciso relaxar!

–Mas que faça isso sem me deixar com cara de corno na mídia!

Rebateu agora sentindo um pouco de perda de controle em sua voz. Revirei os olhos soltando um gemido enquanto balançava a cabeça negativamente.

–Não seja por isso. Ninguém vai nos ver.

–Você não entende! –Exclamou. –Tem gente com câmeras no celular em todo lugar, Mandy! Não é tão fácil se esconder assim! Você vai estragar tudo!

Cobri o rosto com as mãos respirando fundo. Logan balançou a cabeça negativamente soltando um grunhido pesado, enquanto agarrava o celular em seu bolso com força e começava a digitar um número. Olhei para ele curiosa.

–O que está fazendo?

–Avisando a Sterling que não vamos.

–No plural? Não vai mais?

Perguntei franzindo o cenho. Logan me olhou de canto de olho, eu podia ver que respirava um tanto alto e já tinha uma coloração avermelhada no rosto. Com os dentes trincados e os nós dos dedos brancos ao segurar o telefone, apenas balançou a cabeça negativamente.

–Perdi a vontade de ir.

***

–Brandon para com isso! –Dei uma risadinha enquanto lhe dava um empurrão. –O que eu falei sobre chamar atenção?

Estávamos na fila do cinema naquele momento, esperando para conseguirmos entrar no filme que por acaso estaria lotado. The Rock Of Ages. Eu já tinha ouvido falar dele, mas nunca tinha tido tempo para realmente assistir, e quando Brandon havia sugerido, a ideia pareceu um tanto maravilhosa.

Ele estava se comportando direitinho, posso dizer. Usava seu boné azul do Demons que deixava apenas a ponta dos seus cabelos castanhos à mostra e os olhos verdes dificilmente poderiam ser reconhecidos pela penumbra que o chapéu causava em seu rosto. Naquele momento, um homem passando de cantor Mexicano havia chamado a atenção do jogador, que agora insistia em comprar um “sombreiro”, para assistir o filme conosco. Dei risada escondendo o rosto com as mãos quando ele colocou o chapéu chamativo que já não ajudava muito considerando a altura do garoto que não era das menores.

–Só falta agora uma violinha e eu posso fazer uma serenata para você.

Brincou com seu sorriso divertindo, dando uma risada enquanto eu arrancava o chapéu gigante de sua cabeça. Assim que fiz, sem querer, bati o chapéu contra um casal que estava parado atrás de nós. Arregalei os olhos assustada quando a mulher soltou um grito escandaloso até demais e bateu o pé parecendo um tanto mal-humorada. O homem nos olhou feito, em tom repreensivo para Brandon, como se fosse sua culpa, que ria como um retardado naquele momento.

–Minha nossa, me desculpe!

Exclamei. A mulher revirou os olhos batendo o pé.

–Preste atenção garota.

–Nossa, relaxe.

Falou Brandon franzindo o cenho para mulher me defendendo, olhei assustada para ele quando o cara gigante que acompanhava a mulher deu um passo em minha direção.

–Olha como fala com minha mulher.

–Calma, cara. –Falou Brandon em um tom relaxado e sério. –Estão criando cena sem motivo. Foi um acidente.

Falou o homem revirou os olhos com sua cara marrenta e olhou para a mulher soltando um longo suspiro.

–Esses pirralhos...

Resmungou enquanto passava a nossa frente na fila em direção ao menino que recolhia os ingressos para liberar o pessoal. Olhei para Brandon ainda assustada e chocada com a situação enquanto ele se abaixava para pegar um pedaço de papel que havia caído no chão. Franzi a testa completamente confusa.

–Credo, que pessoal estressado.

Falei. Brandon assentiu olhando para o papel em sua mão e abrindo o seu sorriso contagiante de caninos pontudos enquanto o analisava.

–Sim, e eles estão sentados exatamente atrás de nós no cinema. –Falou mostrando uma parte destacada do ingresso deles que havia caído no chão. –Acho que eles não vão enxergar a tela muito bem. Fizemos bem em comprar o sombreiro.

Dei risada dando um tapinha leve no braço de Brandon que já queria arrumar confusão. O garoto riu junto comigo enquanto tirava nossos ingressos do bolso e entregava para o rapaz que logo nos liberou.

–Tenha um bom filme.

Falou em um tom completamente fanho, coisa que fez Brandon e eu trocarmos olhares e segurarmos o riso que brotou em nosso ser a todo custo. Como éramos maus. Brandon pegou em minha mão enquanto caminhávamos em direção a sala e olhava os bilhetes.

–Sala 7. “Tenha um bom filme”.

Falou imitando o rapaz da bilheteria de forma tão hilária que me fez gargalhar alto até demais. Balancei a cabeça negativamente olhando para ele em uma forma divertida de desaprovação... Se é que isso existe.

–Você vai para o inferno.

Brinquei. Brandon deu risada assentindo e logo dando de ombros.

–Já tenho minha cadeira reservada lá do lado do demônio.

Revirei os olhos com um sorrisinho, e olhei para Brandon bem na hora que o casal ranzinza que estava perto de nós passou pelo corredor adentrando a sala sete. Brandon e eu trocamos olhares silenciosos e logo em seguida, o garoto deu de ombros, colocando seu chapéu enorme mexicano e passando o braço em volta do meu ombro, enquanto caminhávamos em direção à sala.

–Então vamos lá. Teremos um ótimo filme.

(...)

Eu não preciso dizer que o filme foi maravilhoso, certo? Um musical inteiramente de rock dos anos 80, com atores maravilhosos e com cenas de humor divertidíssimas! E eu ainda consegui ter prestado atenção no filme, por incrível que pareça, mesmo com as pipocas que o casal irritado jogou na gente, enquanto Brandon ainda usava seu Sombreiro, uma cena que era impossível da qual não dar risada. Depois que o filme acabou –e nós cantamos quase todas as músicas baixinho, em um show especial para nossos novos amigos sentados atrás de nós –Brandon e eu caminhamos em direção a um pequeno bar restaurante que tinha ali perto, já que ele estava com fome. Eu também não reclamei. Comi deliciosos petiscos, enquanto Brandon insistia para que eu experimentasse o Chopp do bar, eu nunca fui muito chegada nessa bebida, mas eles tinham tantas variedades, que tenho que admitir que alguns dos que provei de Brandon, havia realmente me agradado.

Por um momento me perguntei há quanto tempo ele bebia. Brandon estava no mesmo ano que eu, ou seja, tinha dezessete anos, no máximo dezoito. Ele parecia conhecer tão bem o lugar, que não estranhava que ele já tivesse vindo com seus amigos ali para beber vezes anteriores, mas mesmo que com essa idade, fosse legal um homem beber no Brasil, ali ele deveria esperar pelo menos mais três anos para isso... E realmente não parecia se importar.

Depois que saímos do bar restaurante, e do jogador fazer questão de eu conhecer o dono dali, um escocês chamado Paul –muito gentil, aliás –finalmente caminhamos de volta ao seu carro, onde ele estaria me levando de volta para a casa... Ou eu achava.

Estávamos na esquina da casa dos Maverick quando o carro parou. Olhei para Brandon com um sorrisinho no rosto e apontei para a mansão branca.

–Minha parada é ali.

Falei contente, ainda realizada pela noite maravilhosa que havíamos passado. Brandon abriu um sorriso e assentiu soltando um leve suspiro, quando me inclinei em sua direção lhe dando um delicioso beijo, e me preparava para descer do carro. Franzi a testa o observando por um momento.

–O que foi?

Perguntei, Brandon estreitou os lábios dando de ombros e abriu um sorrisinho sem exibir os dentes, me penetrando com os olhos verdes fundos, com um brilho de insistência dentro deles.

–Queria que a noite não acabasse aqui.

–Nem eu. –Falei com um sorriso. –A noite foi maravilhosa.

Brandon alargou o sorriso ao ouvir o que eu disse, e se aproximando de mim mais uma vez, grudou seus lábios nos meus em mais um delicioso beijo... Porém dessa vez, senti uma intensidade acima do normal, e uma certa afobação... Como na noite em que havíamos ficado pela primeira vez, ou quando nos escondíamos das pessoas debaixo da arquibancada depois do treinamento de Brandon... Eu sentia um certo desejo. Franzi a testa quando as mãos de Brandon me envolveram, puxando-me para mais perto de si, e subindo por minha blusa, pararam na altura do meu seio, o alisando. Afastei-me dele naquele momento. Eu gostava de Brandon e tudo mais, mas eu realmente não achava que seria bom chegar muito tarde na casa dos Maverick naquela noite, ou eu teria sérios problemas.

–Hm... Eu tenho que ir. Amanhã temos aula e tudo mais.

Falei enquanto me preparava para abrir a porta, mas Brandon foi mais rápido, me puxando para si mais uma vez e me dando mais um beijo, o qual não fiz questão de retribuir.

–Qual é. Não vai morrer se ficar mais um tempinho comigo.

Falou. Sim, eu ia. Tentei afastar Brandon de mim, mas agora ele me segurava forte e pressionava suas mãos contra meu corpo em uma intensidade que eu nunca havia visto antes. Mais uma vez ele começou a alisar meu corpo, coisa que me incomodou completamente, e mais uma vez, me fez recuar.

–Eu tenho que ir.

Falei séria. Brandon fechou a cara e com o dedo indicador trancou o carro. Meus olhos se arregalaram surpresos enquanto eu tentava abrir a porta sem sucesso, e logo em seguida era puxada para cima do colo do garoto enquanto era afogada em mais uma maratona de beijos. Tentei me soltar, mas os braços do jogador agora eram firmes em meu corpo e provavam-se fortes até demais. Eu estava sendo forçada a transar com ele? Tentei lhe dar um empurrão grunhindo, e assim que seus lábios foram em direção a meu pescoço, continuei a me debater na tentativa de me soltar.

–Brandon! Me solta!

Gritei, mas ele não me escutou. Colocou a mão entre minhas coxas e subiu-as em direção ao short que eu usava, alisando todas as áreas cobertas por ele, e por fim abrindo o botão. Soltei um gritinho de raiva e frustração por não ser forte o bastante para brigar com ele.

–Para com isso, Mandy. Não seja estraga prazeres, deixa rolar.

Falou enquanto enterrava suas mãos por debaixo do tecido da minha blusa, causando-me repulsa ao sentir o contato de sua pele na minha. Balancei a cabeça negativamente protestando, eu me debatia o máximo que conseguia para me soltar.

–Me solta!

Gritei mais uma vez. Com todas as minhas forças, choquei meu joelho contra a... Hm... Área sensível do garoto, que estava mais a meu alcance, e enquanto ele se dobrava pela dor, aproveitei o momento para puxar a trava e me soltar do seu corpo. Joguei-me para fora do carro, enquanto Brandon me olhava de forma irritada. Meu coração estava a mil e eu me sentia a beira das lágrimas, não de tristeza, mas sim de frustração e de raiva. Como eu não poderia ter percebido antes o quanto ele era um idiota?

–Quer saber?! –Exclamou. –Não quero mais também. Muito complicada! Vá dar para o seu namoradinho quando chegar em casa. Pra ele eu tenho certeza que você não deixa de ser puta.

Falou enquanto ligava o carro. Sentindo a raiva explodir em meu corpo, arranquei o sapato de salto que usava e corri, acompanhando o carro que até então não estava em alta velocidade e o joguei, com todas as minhas forças, vendo-o bater contra Brandon, que me olhou com os olhos arregalados e logo fez uma careta.

–Você é louca!

Exclamou enquanto o carro sumia na curva. Bati o pé na calçada irritada. Será que todo homem era um babaca? Será que eu estava destinada a virar freira? Senti as lágrimas descerem por meu rosto e cobri-o com as mãos soltando o grito mais alto que minhas cordas vocais permitiram naquele momento. Como eu era burra! Burra! Eu nunca aprendia! Por que apenas caras como Brandon me eram interessantes?! Mas que merda!

Em passos pesados caminhei até a porta, abrindo-a com cuidado para tentar não acordar ninguém. Com as costas das mãos, enxuguei as lágrimas que haviam descido por meu rosto e levando o sapato que havia me restado nas mãos, caminhei na ponta dos pés tentando ser o mais silenciosa o possível.

Estava quase subindo as escadas, quando uma luz, vindo da sala de estar chamou minha atenção. Cuidadosamente ergui a cabeça para ver quem estava ali, e me surpreendi ao ver Logan, sentado em uma poltrona com apenas um abajur ligado, me olhando sério, como se tivesse acabado de matar alguém, como em um daqueles filmes de pais ciumentos, onde o personagem costumava descobrir naquela altura, que estava ferrado. Senti meu corpo desmoronar quando seus olhos, frios, como antes, me olharam da cabeça aos pés em desaprovação, como eu estava, com as roupas fora do lugar e cabelos atrapalhados. Senti o choro entalar em minha garganta, mas o segurei.

–Eu posso explicar.

–Não precisa.

Falou Logan simplesmente enquanto se levantava da poltrona e em passos pesados caminhava até o bar. Agarrou suas chaves sobre o cinzeiro com violência e caminhou em passos pesados e raivosos em direção à porta.

–Vou sair. E não me espere.

Foi tudo o que disse, sem sequer olhar para trás.



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