Wish You Were Here escrita por Jules


Capítulo 26
Young, Wild and Free


Notas iniciais do capítulo

Sim! Vocês não estão loucas! Eu postei antes! ahahahah Me senti meio mal por ter atrasado com o último capítulo, então está aí o próximo com três dias de antecedência! Oh Yeah! hahahah Esse capítulo é meio grande, eu sei, mas é muito especial para o desempenho da Mandy daqui para frente... Bom, espero que gostem!
xoxo



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–Fala sério! Alan Carr? Está brincando?

Logan estava com a macaca naquela manhã, devo ressaltar essa frase. Sarah havia tido sucesso em achar um bom talk show onde pudéssemos divulgar o nosso relacionamento falso e acho que o Sr. Sou Mimado Maverick não havia gostado muito da ideia. Eu? Estava animadíssima! Não para falar com Logan, muito menos em público... Seria muito mais legal se eu tivesse, sei lá, ganhado entradas para assistir o meu apresentador favorito conversar com uma estrela engraçada como Ashton Kutcher ou então a própria Adele, mas falar comigo? E com Logan? Essa era a receita correta para uma próxima bomba de Hiroshima.

Naquele momento estávamos presenciando mais um épico, e agora repetitivo bate boca Sarah e Logan. Como sempre eu estava ocupada preocupada com a ponta da minha unha, afundada no sofá, enquanto tentava me afastar ao máximo para não levar um soco, digo, Logan já havia quase me agredido inúmeras vezes, eu com certeza não queria arriscar uma próxima.

–Eu ainda não entendo qual é o problema!

Exclamou Sarah tentando fazer o filho escuta-la, mas aquilo parecia mais impossível do que fazer Bruce tomar banho... Aliás... Onde estava aquele cachorro?

–O problema, é que eu nunca estive em um talk show tão grande! E quando eu consigo algo assim, eu tenho que compartilhar com ela! E ainda sobre uma mentira? Pelo amor de Deus o que eu fiz de tão ruim assim na minha outra vida?

O que ele fez de ruim? Nessas horas que eu deveria manda-lo a merda. Ele era um ator! Rico! Com uma família maravilhosa e tenho que admitir que ainda por cima era gato! Caralho Logan, se essa sua vida é um castigo por pecados de vida passada me diga quais foram para eu poder fazer igual!

–Chega de reclamações! Achei que a gente já tinha resolvido isso! Não lhe disse que não queria mais bate bocas?

–Só que isso está ficando impossível, mãe! Não está vendo que nada disso está ajudando? É tudo um castigo, não é? Por não ter ouvido seus malditos conselhos?

Então foi nesse exato momento que Logan levou no rosto, o tapa mais forte que já vi em toda a minha vida. E não fui eu que dei! Olhei um pouco assustada para Sarah que olhava completamente vermelha para o filho que insistia em ser um babaca. A mulher respirava alto e parecia estar cansada. Se Logan fosse esperto, não abriria a boca.

–Chega! –Gritou finalmente colocando moral. –Não vou aceitar mais isso. Sim! A Mandy errou! Mas você não me escutou e eu não quero que fique se dirigindo a ela dessa forma! Não na minha frente! Ela é uma mulher! Essa não foi a educação que eu te dei, Logan Wade Maverick!

Wow! Eu deveria me dar um tapa na cara naquele momento. Será que eu estava em um daqueles sonhos bem loucos, tipo quando sonhamos que estamos morando em um cupcake e depois acordamos com o bichinho de pelúcia todo mordido? Acho que não! Aquilo era realmente real e Sarah havia finalmente perdido a paciência com o filho. Realmente, me chamar de vagabunda já estava ficando repetitivo, e graças a Deus alguém além de... Bem, de mim havia reparado nisso.

–Tudo bem.

Grunhiu Logan enquanto olhava Sarah sair de perto de nós. Eu tinha um sorriso tentando ser completamente contido em meu rosto, mas eu não estava conseguindo. Logan virou-se para mim completamente raivoso, fuzilando-me com os olhos, ergueu uma sobrancelha provavelmente analisando minha reação completamente inaceitável para aquele momento.

–Do que está rindo?

Praticamente rugiu, mais uma vez segurei ao máximo minha vontade de rir.

–Não estou rindo.

Falei com a tentativa falha de tentar parecer séria. Eu estava com a famosa boquinha de ostra naquele momento... Uma cena um tanto cômica. Logan revirou os olhos, completamente abismado por tudo o que estava acontecendo. Por que para ele era tão difícil? Eu havia sido usada, xingada, agredida e ainda estava reagindo melhor com tudo aquilo. Credo.

–Você tem sérios problemas, mas ria disso: iremos pra Inglaterra para um maldito talk show sobre uma mentira, e se você não for cem por cento perfeita com suas palavras, crio uma cova pra você no jardim.

–Ui. –Respondi em tom completamente desafiador a suas ameaças. –Pode fazer um caixão acolchoado para mim? E de preferência colocar o Kurt Cobain comigo?

Logan estreitou os olhos me observando completamente desconfiado, como se tentasse descobrir de onde toda aquela minha audácia para responde-lo havia surgido, mas eu devo falar uma coisinha: depois que comecei a sair com Fanny, aprendi a ser uma megera com quem merece, e ah! Logan com certeza merecia a maior frieza de todo o mundo.

–Sarcasmo? –Ergueu uma sobrancelha. –Resolveu mudar de identidade mais uma vez?

–Mudei. –Falei sorrindo. –Gostou?

–Não muito. –Respondeu. –E que roupas são essas agora? Dança em uma boate nas horas vagas?

–Só quando me pagam bem.

Sorri. Logan humedeceu os lábios e estreitou os olhos mais uma vez erguendo a cabeça, como se estivesse se defendendo de alguém que estava o peitando. Um sorriso se abriu em seu rosto e logo em seguida o ator deu de ombros.

–Eu preciso pagar? Ou continua a me fazer de graça?

–Estou mais exigente com a clientela agora. –Retruquei. –Só faço com homens.

Logan deu risada com minha resposta e assentiu, balançando a cabeça negativamente, provavelmente achando engraçada a tirada que eu havia lhe dado... Mas não era para ser engraçada. Na verdade, era a verdade. Logan não era um homem. Aliás, estava longe de ser.

–Percebe que ao dizer que eu não sou homem, está xingando o seu próprio gênero, certo?

Perguntou com um sorrisinho vitorioso no rosto. Balancei a cabeça negativamente.

–Não estou te chamando de mulher. Você é muito menos do que um homem, consequentemente cem vezes menos uma mulher. Você é algo... Indefinido.

Logan assentiu dando uma risadinha da minha resposta e olhou para a janela, como um ato sarcástico de alguém pensativo. Em seguida me observou novamente, agora se aproximando de mim em passos leves e levando o seu rosto para bem perto do meu, até seus lábios tocarem minha orelha, e com a voz bem baixa, sussurrou:

–Escute o que o indefinido tem a dizer agora. –Sorriu deixando seus lábios roçarem em meu rosto. –Nós “indefinidos” não temos sentimentos. Você foi uma boa comida enquanto durou.

Terminou sua frase enquanto com sua mão direita apertava minha cintura com força. Senti meu coração falhar uma batida e lutando contra todos os meus impulsos, travei minha mão contra o peitoral de Logan e com toda as minhas forças, o empurrei para longe de mim, coisa que o fez dar risada. Como ele poderia ser tão idiota?! Meus olhos estavam frios e raivosos em sua direção naquele momento, e isso não parecia incomoda-lo de forma alguma... Na verdade, ele parecia gostar. Logan tateou o bolso do jeans e com um sorriso, tirou sua carteira dali.

–Mas sejamos justos... –Continuou enquanto tirava duas notas de lá e jogava-as em cima do sofá ao nosso lado. –Isso deve pagar as duas vezes, certo? Quando precisar de mais, avise-me.

Engoli em seco segurando firme a tentação de sacar um revolver e lhe dar um tiro enquanto ele se retirava. Olhei para o sofá onde duas notas de dez dólares enfeitavam o couro. Balancei a cabeça negativamente, ah! Mas como em um milhão de anos eu poderia ter tido sentimento algum por... Por... Aquilo. Meus olhos fitaram frios as notas de dez reais, e revirando os olhos, simplesmente andei em passos pesados em direção ao meu quarto. Não vou mentir, minha vontade naquele momento, era de começar a chorar como em todas as vezes que Logan ganhava um bate boca no qual eu sequer queria fazer parte, mas naquele momento, algo foi diferente. Eu não estava querendo não chorar para não soar ridícula. Eu não estava chorando, porque havia percebido que tinha que guardar minhas lágrimas para coisas realmente importantes, e Logan definitivamente não era. Olhei sobre minha cama a revista das fotos que havia tirado na semana anterior com o pessoal do colégio. Eu levaria para eles verem no dia seguinte, mas com certeza já havia ido parar em suas mãos. Pode imaginar? Uma matéria todinha sobre mim! Nunca em um milhão de anos eu sonharia com que algo como aquilo fosse realmente acontecer... Mesmo com as consequências desagradáveis que isso aplicava.

***

–Eu não acredito que não saí com vocês na revista!

Esse era o momento em que Fanny olhava desolada para a revista em suas mãos que não havia tido a chance de aparecer. Mellody dava tapinhas de consolação na amiga que parecia realmente chateada... Eu também estava! Não queria que Fanny ficasse triste por não ter saído! Eu queria tanto que ela tivesse ficado até mais tarde no colégio aquele dia. Os olhos de Mellody se encontraram aos meus e então pude ver seus lábios se mexendo, onde pude ler as palavras que pronunciou sem som: Te avisei que ela ficaria assim.

Me sentei na mesa de frente para Fanny e a observei com o cenho franzido. Mesmo não sendo minha culpa, senti um certo peso na consciência.

–Fanny... Me desculpe. Eu... Vão ter outras matérias! Mesmo! Você vai sair em todas elas!

Tentei anima-la. A loira olhou para mim por um momento fungando. Seus olhos estavam brilhando e pude ver a tristeza sumindo da sua face aos poucos.

–Mesmo?

Falou em um tom um tanto sensível. Assenti certa. É claro! Teriam outras matérias! E com certeza eu as faria com Fanny já que de todas as garotas do grupo, Fanny era a mais chegada... Quer dizer, adorava Mell e Trisha também... Emily e Ash eram legais, mas não tão próximas quanto as três... Mas em fim! Fanny era a mais próxima. Ponto.

–Com certeza.

Com um sorriso enorme e o ânimo voltando ao seu corpo, Fanny me abraçou o mais forte que conseguiu, soltando gritinhos animados e dando pulinhos. Uma reação meio típica, mas que gostei de fazer parte. Dei risada com minha própria cena.

–Sabe o que isso merece? Digo! Não posso sonhar em aparecer um dia em uma revista com essa cara! Eu não corto o cabelo há um mês! Acredita nisso?

Ergui uma sobrancelha olhando para Fanny enquanto nossas amigas pareciam entrar em choque. Um mês? Acho que a última vez que cortei o cabelo eu ainda estava no Brasil. Por um momento senti o meu rosto esquentar. Eu havia aparecido na revista... Feia? Não! Eu não estava feia! Agarrei as páginas coloridas e folheei a parte que havia saído com meus amigos... Feia eu não estava... Talvez um pouco, sem graça? Essa era a raiva de andar com pessoas mais e estilosas do que você! Sempre ficava para trás! Meus olhos se dirigiram ao chão enquanto as meninas concordavam que precisavam fazer as unhas e coisas do tipo, oh céus, que tipo de bicho do mato era eu? Eu fazia a minha unha em casa! Acho que nunca havia pisado em um salão de beleza desde que havia chegado. Fanny pousou seus olhares em mim.

–Hm... Eu acho... Que um salão de beleza sairia bem.

Falei com um sorrisinho no rosto, as meninas assentiram.

–Sim! Mandy poderia aumentar seus cabelos! São lindos, é claro, mas curtos! Poderá ter cabelos grandes como nós! Aí sim será a líder de torcida ruiva mais gostosa de toda a escola.

Franzi a testa ao ouvir o comentário de Trisha e puxei as pontas dos meus cabelos para observá-las. Meus cabelos não eram tão curtos... Eles batiam nos ombros... Não era tamanho suficiente? Olhei para Fanny e as garotas, que tinham cabelos brilhantes, maquiagens perfeitas e roupas de marca... De fato, mesmo usando minhas roupas mais arrumadas e um pouco ousadas para ir a escola, eu era o patinho feio do grupo. Mordi o lábio.

–Eu coloquei aplique uma vez... Acabou com meu cabelo por um mês!

Comentou Emily. Olhei para ela um pouco confusa.

–Mas você colocou o de cola, não é? Não se preocupe com estragar o cabelo, Mandy! –Falou Fanny com um sorrisinho. –Saiu um novo tipo de aplique, que colocamos por grampos. Esse não quebra o cabelo!

Assenti com um sorrisinho me perguntando onde na terra eu arranjaria dinheiro para pagar uma transformação dessas que as meninas repentinamente quiseram jogar sobre mim. Céus! Um aplique “de grampinhos” não deveria ser lá barato! Suspirei. Bem... Na verdade havia um dinheirinho sim... Nos meus primeiros três meses, quando havia chegado nos EUA, eu havia trabalhado por um tempo em uma lanchonete e guardado minhas economias em um cofrinho para usar para comprar os ingressos do Party All Night Long. Quanto eu deveria ter lá? Cerca de uns mil dólares? Ok, talvez eu tenha vindo economizando alguns dólares que minha família vinha me mandando ao longo dos meses, mas a verdade era que eu não havia tido coragem de gastá-los ainda. As meninas viviam falando sobre bolsas e roupas de marca, em como os cabelos eram importantes, e... Eu sempre ficava de fora já que a roupa mais de marca que usava era um suéter que havia comprado na Aeropostale.

Soltei um suspiro perdida na conversa das minhas amigas. Quer saber! Talvez Fanny estivesse certa. Talvez ela tivesse tido coragem de me contar algo que Zoe nunca havia tido. Havia me dito que eu precisava mudar. E eu de fato precisava. A Mandy antiga era aquela que ouvia desaforos sem questionar e depois sofria no seu canto, a velha Mandy era aquela que se preocupava em ser invisível... Eu não tenho mais nada do que aquela Mandy tinha. Eu era uma nova pessoa, e com ela, deveria vir um novo visual. A Mandy popular, com vários amigos e que saía em matérias de revista. A Mandy que o mundo conhecia e a que eu gostava de ser. Sim! Estava na hora de mudar a minha vida, e eu começaria por esse processo de forma externa. Olhei para minhas amigas com um sorriso no rosto e dei um pulinho chamando a atenção delas e de forma radiante, exclamando:

–Cabelereiro? Só isso? O que acham de compras?

***

Meu coração estava a mil quando o cabelereiro resolveu virar minha cadeira de frente para o espelho. Eu havia passado duas horas inteiras tendo o cabelo lavado, escovado, aberto, espetado, grampeado e depois de dor e sofrimento e o cansaço fatigante de ficar sentada. Voi la! Meus olhos pararam antes em Chad, o gay que estava arrumando meu cabelo. Ele tinha um sorriso radiante no rosto e batia palminhas animado, como se tivesse transformado o meu desenho de terceira série na Mona Lisa... O que eu esperava que fosse algo similar.

–Estava quebrado, estava seco, estava judiado e estava sem graça, mas graças a mim, depois de muito trabalho e esforço, você ficou fabulosa!!!

Dei uma risadinha com sua frase completamente modesta e olhei para Fanny que me dirigia um sorriso aprovador. Sorri de volta, pois só ver minha amiga me olhar daquela forma, era coisa que realmente me realizava. Fechei os olhos e respirei fundo. O por que daquele suspense todo? Bem, porque aquilo significava muito mais para mim do que simplesmente um novo corte de cabelo. De certa forma, isso significava mais, era o início de algo novo, era o meu renascer espiritual e físico... Era uma época da minha vida, que eu me lembraria para sempre.

Contando até dez, abri os olhos de uma vez, me deparando com uma imagem que me tirou o fôlego só de olhar. Chad não estava sendo modesto. Eu estava maravilhosa. Juro que eu não estou sendo metida! Eu realmente estava tão diferente! Estava tão... Não eu! Um sorriso se abriu em meus lábios que cobri com a surpresa. Meus cabelos que batiam nos meus ombros, agora desciam cacheados até uma mais ou menos o tamanho de uma mão abaixo do meu seio, estava volumoso e com um brilho incrível, que parecia deixar o ruivo vivido, como labaredas de um fogo ardente. Com um sorriso mexi em meu cabelo que caía em cachos pesados, estava tão... Me levantei da cadeira e sem pensar duas vezes abracei Chad, que deu risada com minha reação.

–Oh céus! Diga-me que sou um gênio! Diga! Diga!

–Chad! –Falei dando risada. –Você é um gênio.

–Ah! Eu sei!

Demos risada enquanto Chad mexia em meus cabelos, os jogando para trás me mostrando o quão volumoso e brilhante ele estava. Aquela pessoa no reflexo... Parecia eu... Parecia uma estranha conhecida... Uma nova forma que amei possuir.

–Devo dizer que vai arrasar?

Perguntou o homem dando uma risadinha, Fanny balançou a cabeça.

–Ela sabe disso. Acho que o namorado de alguém vai pirar.

Cantarolou, coisa que me fez dar risada e revirar os olhos. Realmente, a última coisa que eu queria, era agradar Logan. Mas pensar no fato de ele me olhar, me desejar e não poder me ter... Era tentadora. Abri um sorriso enorme para Fanny e lhe dando um abraço, afinal, ela havia sido a dona da ideia de tudo isso.

–Obrigada por me dizer que eu precisava mudar.

Falei. Fanny deu de ombros dando risada e assentindo.

–Você já era linda. Só precisava de um brilho.

Falou. Dei uma risadinha assentindo. Eu estava em estase! As meninas que haviam acabado de voltar da cafeteria do lado, arregalaram os olhos e soltaram gritinhos animadíssimos quando me viram. Fanny havia feito uma hidratação e uma escova maravilhosa, mas mesmo o seu resultado tendo sendo tão bom quanto o meu, a minha mudança havia sido drasticamente maior, digo, Fanny já era fabulosa antes... Agora só estava mais.

–Mandy! Você ficou linda!

Exclamou Mell pegando em uma mecha do meu cabelo. Dei risada agradecida.

–Obrigada!

–Isso é totalmente temos que fazer compras! Hoje foi o dia das garotas! –Exclamou Trisha em animação total. –Sabe o quão legal isso é?

–Muito!

Concordamos animadas.

–Tudo bem, vamos só pagar o cabelereiro... –Falei com um sorriso no rosto. -...Prada? Aí vamos nós!

Ouvi uma vibração das meninas em relação a minha ideia e juntas corremos até o caixa para deixar o salão o mais rápido possível – depois de beijar Chad, é claro. Bom, eu havia gastado quase duzentos dólares naquela brincadeira, mas eu realmente não me importava. Eu não iria na Party All Night Long de qualquer jeito, então o baile era a minha única opção, ou seja, comprar um bom vestido e um vestuário completo para os dias no colégio era a melhor solução que eu tinha... E a mais divertida. Eu estava me sentindo tão bem, que nem acreditava que era eu ali. Fazia tanto tempo que eu sentia animação sequer para me levantar da cama, agora eu queria estar em mil lugares ao mesmo tempo, queria mostrar a minha cara! Fanny, Trisha, Mellody, Ashley, Emily e eu saímos do salão rindo, como aquelas amigas nos filmes de adolescentes fazem, onde olhamos e desejamos ser como eles, sempre rindo, falando bobagem e atoa... Bem, naquele momento eu não queria ser como eles. Eu estava simplesmente tendo a chance de ser.

***

Eu estava entupindo o carro de Fanny com tantas sacolas que havíamos arrancado das mais diferenciadas lojas. Fanny havia até me dado um corpete na cor rosa clara que havia visto e “achado a minha cara”. Não discuti. O corpete era muito mais ela do que eu, mas não deixava de ser maravilhoso e ressaltar meus peitos em oitenta por cento. Havia comprado muitas roupas que valorizavam o meu corpo e que eram completamente dentro dos catálogos de moda. Pela primeira vez, eu não seguia o meu senso de “acho”, dessa vez eu tinha alguém para me dizer o que era legal e o que de mim eu poderia tirar de dentro disso, digo, quando eu falava de moda há algum tempo atrás, eu pensava que significava não ter senso crítico e usar coisas que você não gostava, mas não era bem assim. Tem como você achar o seu estilo dentro da moda! Ser você e ser fashion! Da para acreditar?

Fanny e eu havíamos vindo cantando Red Hot o caminho inteiro do Shopping até a mansão dos Maverick. Sabíamos todas as letras do álbum “Im With You” e havíamos caído na risada, quando havíamos parado o carro no sinal vermelho, e estávamos dançando e cantando o mais alto que conseguíamos, quando vimos que no carro do lado do nosso, haviam alguns garotos nos olhando de forma divertida, colocando a cabeça para fora do vidro e implorando para que falássemos com eles, mas apenas saímos com o carro, rindo feito retardadas. Seja como for, naquele momento Fanny estava encantada pela casa, não que a sua fosse menor, digo, a casa de Fanny era imensa também, mas acho que não foi bem a arquitetura que a deixou intrigada, e sim:

–Ah meu Deus é realmente aqui que a família Maverick mora?

–Sim.

Respondi com um sorriso no rosto enquanto saía do carro, abrindo a porta traseira e tirando as 23 sacolas contadas de lojas chiques que havia comprado. Exagero? Não para quem queria renovar o guarda roupa. Fanny pulou o conversível dando risada e me ajudando a segurar as sacolas, como se eu fosse uma espécie de cabide ou algo... Deixei três caírem no chão.

–Ah! Como você é desastrada! –Riu arrancando algumas sacolas de cima de mim. –Vem! Me dê isso!

Ri enquanto pegava a chave em minha bolsa e caminhávamos em direção a porta, eu queria tanto poder jogar tudo o que eu tinha no lixo –inclusive coisas de Zoe que ainda estavam comigo –e reorganizar tudo! Estava quase chegando na porta, quando a BMW branca parou atrás do carro de Fanny, chamando a nossa atenção. Logan fechou a porta distraindo, caminhando em nossa direção com a finalidade de alcançar a entrada, mas não havia nos visto, até que estava a apenas alguns metros de nós. Logan olhou rápido, mas antes que pudesse sequer raciocinar, seus olhares se voltaram em nossa direção, dessa vez um pouco espantados, como se Fanny e eu fossemos assombrações. Abri um sorrisinho.

–Oi.

–Hm... Oi!

Exclamou um pouco atordoado enquanto olhava para mim e para Fanny vezes consecutivas, provavelmente tentando entender o que estava acontecendo.

–O que você está fazendo aqui? Não estava no estúdio?

Perguntei confusa, Logan assentiu me observando completamente perdido, só então parecendo raciocinar o que eu estava perguntando e depois de um momento com cara de bobo, simplesmente respondeu, balançando a cabeça e fechando os olhos, como se tentasse acordar.

–Hm... Sim! Mas eu esqueci uns documentos em casa... Tive que vir pegar.

Hm-hm.

Fanny limpou a garganta, só então me fazendo perceber que ainda não havia os apresentado. Dei um tapinha em minha testa e dei uma risadinha, como se fosse uma boba.

–Fanny, esse é Logan, Logan essa é a minha amiga, Fanny.

Apresentei. Logan milagrosamente abriu um sorriso muito simpático para a garota e lhe ergueu a mão em cumprimento. A loira fez o mesmo.

–Prazer, Fanny.

–O prazer é todo meu.

Respondeu. Um sorriso se abriu em meu rosto com a cena, até que os olhos de Logan pararam em todas aquelas sacolas que eu segurava, e mais uma vez, pareceu surpreso, porém, ao invés de confuso, apenas deu uma risadinha simpática e me olhou com um sorriso no rosto, de uma forma, que ele não olhava para mim há muito tempo.

–Compras? Que bom que se divertiu hoje. –Falou simpático. –Fanny vai ficar em casa?

Perguntou, eu queria dizer que sim, mas minha amiga foi mais rápida e balançou a cabeça negativamente.

–Não... Infelizmente hoje não vai dar. Só vou ajudar a Srta. Desastrada com as sacolas.

Logan deu uma risadinha e assentiu enquanto me erguia a mão.

–Querem ajuda?

Perguntou. Balancei a cabeça negativamente.

–Não precisa.

–Tudo bem então... –Respondeu com um sorrisinho voltando os olhares para mim. –Já que Fanny não vai ficar hoje, vamos fazer algo hoje a noite, ok? Prometo que ficarei com você! Só tenho que resolver as coisas do estúdio.

Dei uma risadinha ao máximo tentando não vomitar com toda aquela atuação... O pior era que Logan era muito bom. Eu sabia que nada tinha mudado, e que ele estava daquela forma porque Fanny estava por perto. Eu entendia. E eu não caía mais em qualquer coisa que via e escutava. Assenti com um sorriso no rosto, o jogo dava para dois.

–Sei que sim, Sr. Ocupado. –Dei uma risadinha e me aproximando dele, lhe dei um selinho. –Vamos subir, ok?

Por um momento, eu vi a surpresa nos olhos de Logan, que ele disfarçou conseguindo fazer passar de que estava tudo nas mil maravilhas e que éramos um casal feliz. Fanny poderia achar isso. Era até bom para mim. Com um sorriso Fanny e eu entramos na casa e sem encontrar com ninguém, subimos as escadas aos pulos e dando risada como idiotas, logo, mergulhando dentro do meu quarto.

–Você viu a cara dele?

Perguntou Fanny com um sorriso. Dei uma risadinha.

–Ele ficou tipo “Mandy? UAU!!”.

Continuou imitando uma expressão exagerada. Dei risada assentindo. De fato, Logan havia realmente havia feito aquela cara! Ah! Aquilo era tão bom! Era uma sensação tão revigorante! Tão inovadora! Fanny observou o meu quarto com um sorriso no rosto, não era o lugar mais bonito da casa, mas era bem a minha cara. Como todos que entram em meu quarto, caminhou até a estante onde ficavam minhas fotografias. Com um sorrisinho no rosto, olhou foto por foto, minha mãe, minhas amigas do Brasil... Fanny pegou um porta retrato em especial. Um que estava caído, que eu havia colocado de barriga para baixo há um tempo atrás. Uma careta se formou no rosto da loira e logo ela deu uma risadinha sarcástica. Torceu o nariz.

–Essa foto aqui temos que mudar, não é?

Mostrou para mim o porta retrato onde estava aquelas três fotos, que havia tirado com Zoe. Um sorrisinho se abriu em meu rosto, mas senti meu coração se apertar... Eu... Eu havia me apegado tanto aquela foto, que não pensava em tira-la, mesmo brigada com Zoe.

–Claro. Temos que tirar uma foto legal depois.

Falei. Fanny assentiu.

–Com certeza. No baile, nós... –Mas então Fanny foi interrompida por um barulho, e arrancando o celular do bolso, arregalou os olhos para o visor. –Meu Deus! Tenho que ir! Amiga! O dia foi ótimo! Obrigada por tudo, blá-blá-blá! Te vejo amanhã! –Exclamou enquanto agarrava a sua bolsa e corria para fora do quarto, mas antes parou e me olhou com um sorriso enorme no rosto. –E não se esqueça de contar com detalhes sua noite com Logan, hein?

Piscou saindo do quarto em seguida. Dei uma risadinha. Fanny era de longe uma das amigas mais loucas que já tive, não que alguma delas fosse normal! Com um sorriso enorme no rosto e olhando para todas as minhas sacolas, as coloquei dentro do armário prontas para arruma-las... Mas então parei por um momento. Algo não me pareceu junto, algo me pareceu de certa forma vazio, egoísta... Estremeci.

Corri até minha estante e arranquei da impressora, uma folha de papel, pegando uma caneta esferográfica que não estava muito longe e pousando tudo sobre minha mesa, comecei a fazer uma coisa que nunca deveria ter parado de fazer:

Mamãe e papai,
Sei que tenho parado de mandar cartas e que ando mandando por meio desesperado, formas de contato por telefones, mensagens, e-mail e esse tipo de coisa que tira toda a graça de ter um parente a distância. Então tudo bem, voltei com minhas cartas.
Quero dizer para vocês ficarem tranquilos, e dizer que eu estou ótima. As aulas recomeçaram, como já devem estar sabendo e bem, eu entrei para as Cheerleaders! Acreditam? Nunca pensei que eu fosse fazer algo como isso um dia em minha vida, mas agora faz tanto sentido! E eu estou amando! Ah! Também comecei em uma escola de canto. Tenho aula toda terça feira e a professora é simplesmente a melhor de toda cidade. Um gênio da música. Minhas notas também, como provavelmente querem saber, estão lá em cima.
Fiz novas amizades também com meninas do colégio que nunca pensei que fosse gostar, mas agora são ótimas! Hoje nós saímos e nos encontramos com uns amigos também no Shopping quando fomos fazer compras... Ah! Eu coloquei um aplique! Não me matem, ok? Esse não vai acabar com o meu cabelo! Eles são de gente chique rsrsrs... Acho que fiz bem em economizar meu salário de garçonete, certo?
Bom, quero dizer também que estou morrendo de saudades de todos vocês, todos mesmo... E que os amo muito e logo estarei em casa.
Com amor, Mandy.

Depois de terminar de escrever a carta, assinei e junto com o papel, coloquei duas fotos que havia tirado recentemente. Uma minha vestida com meu novo uniforme de líder de torcida e uma que havia tirado hoje com Fanny e Bryan quando estávamos saindo do Starbucks na volta para a casa... E outra, é claro, minha sozinha para mostrar melhor o meu novo visual. Com um sorriso, joguei tudo dentro de um envelope e o selei, colocando endereço e todas aquelas coisas necessárias, correndo para fora da casa e mais uma vez, sentindo o cheiro das cartas, dentro da caixa de correio que eu não sentia a muito tempo. Eu sentia que estava voltando aos poucos, me recuperando aos poucos. A Mandy que eu sentia falta, e que estava presa dentro de mim, acabando de ser liberta.



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Notas finais do capítulo

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