This Feeling That I Get escrita por Schmerzen


Capítulo 6
Capítulo VI




Este capítulo também está disponível no +Fiction: plusfiction.com/book/181564/chapter/6

Remus estava deitado em sua cama, os olhos fechados, tentando conter algumas lágrimas. Madame Pomfrey havia liberado o garoto há algumas horas e ele fora direto para o dormitório, agradecendo por não encontrar ninguém no caminho.

Queria ficar sozinho com suas dores e medos agora. Queria encontrar coragem no fundo de si mesmo para se desculpar com Sirius e dizer a ele que não podiam ficar juntos, que era perigoso demais. Queria sanar aquela dor da esperança que se esvaia.

A esperança que Sirius acendera quando admitiu que gostava dele, que queria algo a mais ao lado dele. Ou talvez a esperança fosse sua culpa mesmo, afinal, ele sabia que nunca poderia ter uma vida normal, com ninguém. Sabia que iria doer durante um bom tempo, mas não deixaria nada afetar sua amizade, afinal se não podia ter Sirius como realmente queria, pelo menos ficaria com uma parte do garoto para si.

A noite já havia caído quando James e Peter apareceram na cama dele.

- Vamos pegar alguma coisa na cozinha? Você perdeu o jantar.

- Não, obrigado. Eu ainda estou com algumas dores musculares – mentiu Remus.

- Ah... Certo – o rosto de James perdeu a animação. – Remus, você realmente não está bravo conosco?

- Não! Claro que não, só estou dolorido mesmo.

- Bem, se mudar de ideia pode me acordar, independente da hora. Vou dormir agora.

- Obrigado, vocês são ótimos amigos.

Os dois sorriram para ele e se foram. Ele não deixou de reparar que Sirius não viera ver como ele estava. Ficou mais algum tempo, que poderiam ser duas horas ou dois minutos, quieto, apenas pensando sem conseguir dormir. E então ouviu alguém mexendo no cortinado.

- Oi – uma voz falou baixinho, perto do rosto dele.

Quando ele virou, assustado, encontrou dois olhos acinzentados o encarando.

- Oi.

- Vai mais para lá, quero deitar também.

- Aqui?

- Claro, espera que eu fique no chão? – Sirius deu um sorriso triste. – Seja bonzinho, eu vim te visitar.

Remus sorriu, envergonhado, e foi para o lado. O moreno deitou como ele, olhando para cima e com os braços sobre o corpo. Eles ficaram algum tempo em silêncio e quando finalmente decidiram se expressar, falaram juntos:

- Desculpa.

- Não, você me desculpa – Sirius falou. – Foi culpa minha.

- Não, fui eu quem machucou você. Como está o braço?

- Muito melhor do que seus cortes. Você está pior do que eu, não tente se culpar.

- Que droga! – Remus se exaltou, ainda falando baixo para não acordar os outros três colegas de dormitório. – Vocês não percebem que é tudo culpa minha?

- Remus, não foi você quem pediu para te arrastarmos por Hogwarts e não foi você quem pediu para se descontrolar ontem à noite. E por fim, não foi você quem pediu para ser um lobisomem, para de se culpar por isso e de pensar que só por esse motivo não pode ser feliz como qualquer outra pessoa!

O licantropo não tinha resposta para aquilo. Fechou os olhos pensando no que responder, pois ainda se considerava perigoso, não confiável e culpado.

- Que tal se nós dois parássemos de nos culpar? – Sirius virou para ele.

- Não sei se eu consigo – Lupin sussurrou.

- Então tente até conseguir. Você me promete que vai tentar? – a voz de Sirius agora era baixa e carinhosa.

Remus acenou positivamente com a cabeça, ainda encarando o teto. Ele só se deu conta de que estava apenas de calça quando sentiu os dedos de Sirius traçando um caminho em seu estômago. Ficou vermelho e fechou os olhos.

- Olha para mim.

Sentiu uma das mãos ainda em seu corpo, os dedos percorrendo lentamente a pele branca, e a outra virando seu rosto com delicadeza. Girou o corpo de modo a encarar Sirius sem precisar virar a cabeça e abriu os olhos; os dois agora estavam de frente um para o outro, os lábios quase se tocando quando Remus sussurrou:

- Eu gosto de você.

Um lindo sorriso ganhou os lábios de Sirius enquanto ele encostava sua testa na do castanho. Os dedos ainda percorrendo as cicatrizes no corpo magro.

- Eu também gosto de você. Muito mais do que deveria, Remus – a voz agora tinha uma amargura suave.

- Eu acho que...

- Shh. Não precisa achar nada agora.

Sirius beijou delicadamente o canto da boca de Remus, que sentiu os lábios secos com surpresa. O moreno passou a língua pela boca, umedecendo os lábios e sentindo o gosto de Remus. Com surpresa ele sentiu o castanho aprofundar o beijo, sedento, as mãos agora nas costas dele, que segurava o cabelo do menor com possessão e suavidade. Os olhos fechados, as expressões de êxtase, as línguas se entrelaçando em uma dança simples e deliciosa. Aquilo ainda era estranho para os dois, poderem se tocar daquele jeito. Mas, definitivamente, eles se encaixavam bem.

Quando se separaram, Lupin colocou o rosto na curva do pescoço do outro, escondendo a face corada. Decididamente precisava aprender a controlar esse rubor que sempre ganhava seu rosto.

- Acho que deveríamos ter nos beijado antes – Sirius riu, abraçando o garoto. – Foi bom.

- Concordo – as palavras abafadas.

- Tira o rosto daí, Remus, olha para mim.

- Não.

- Vai ficar com vergonha agora?

- Vou.

- Então está bem, vou ficar aqui esperando você ter a boa vontade de me olhar, para a gente poder conversar.

Sirius recomeçou a traçar com o dedo caminhos pelo tórax de Lupin, ainda com o gosto dele na boca. Sempre quis passar a mão nele – algo que lido assim parece meio pervertido – e agora que podia fazer isso iria aproveitar o máximo possível. O contraste entre a pele e as cicatrizes era, no mínimo, atraente.

- Quer parar de me molestar? – Remus riu, com o rosto ainda afundado no pescoço de Sirius.

- Não, estou bem assim.

- Sirius... E agora? – Lupin sussurrou assustado, temendo a resposta.

- Agora eu quero beijar você de novo.

Sirius puxou o rosto de Remus, capturando seus lábios em um beijo mais profundo que o anterior. O menor gemeu em sua boca, fazendo-o soltar um rosnado baixinho. A boca agora percorria com leveza o pescoço do castanho, que aproveitava o carinho. As mãos entrelaçadas. Os olhos fechados. O prazer silencioso.

Mechas pretas caíam nos olhos de Black quando ele implorou:

- Por favor, Remus, por favor, não me faça ficar sem isso... Não me faça ficar sem você.

Lupin não soube o que dizer, não tinha nenhum argumento. Não conseguia pensar em nada para responder, simplesmente porque também não queria ficar sem Sirius. Agora que havia provado o que era estar ao lado dele, sabia que tudo o que precisava era tê-lo para si e para o resto eles dariam um jeito.

Deixou-se perder no ébano dos cabelos, nos lábios vermelhos e inchados, naqueles olhos que pareciam abrigar pedaços de céu... E o abraçou, numa promessa silenciosa de que nunca iria se afastar.

Eles ficaram algumas horas daquele jeito; abraçados, silenciosos, apenas trocando carícias. A cabeça de Remus aninhada confortavelmente no peito largo do outro, que tinha as mãos em volta do corpo magro do lobisomem.

- Talvez eu deva ir para minha cama – Sirius comentou tristemente.

- Deve mesmo. Mas eu queria que você pudesse ficar.

- Eu não posso?

- Não – mas ao falar isso, Lupin estreitou os braços ao redor de Sirius.

- Tem razão.

- Eu sei. Que droga.

- Eu posso..? – o moreno interrompeu a pergunta.

- Você pode o quê?

- Ganhar um beijo de despedida?

Eles riram baixinho, trocando um beijo caloroso em seguida. E então Sirius foi para sua cama, deixando para trás um imenso vazio. Mesmo assim, Lupin suspirou e passou a língua pelos lábios, feliz por finalmente terem acertado as coisas. Sem saber que, dentro de seu cortinado, Sirius fazia a mesma coisa.


Não quer ver anúncios?

Com uma contribuição de R$29,90 você deixa de ver anúncios no Nyah e em seu sucessor, o +Fiction, durante 1 ano!

Seu apoio é fundamental. Torne-se um herói!


Notas finais do capítulo

Já estava mais do que na hora desses dois se resolverem logo. Depois de muita enrolação, né... rs
Amei escrever esse acerto deles. Foi tão lindo.



Hey! Que tal deixar um comentário na história?
Por não receberem novos comentários em suas histórias, muitos autores desanimam e param de postar. Não deixe a história "This Feeling That I Get" morrer!
Para comentar e incentivar o autor, cadastre-se ou entre em sua conta.