This Feeling That I Get escrita por Schmerzen


Capítulo 5
Capítulo V




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Algumas coisas mudaram para dois rapazes de Hogwarts no último passeio em Hogsmeade. Mas outras continuaram na mesma.

Os Marauders ainda aprontavam pelo castelo, fugindo de detenções – nem sempre – e sendo o pesadelo de Argus Filch. Mas quando estavam sozinhos, Remus e Sirius tentavam lidar com o recém descoberto sentimento recíproco.

Duas semanas depois do acontecimento no vilarejo, em frente à Casa dos Gritos, e eles já tinham dado um ou dois passos incertos em direção a um acerto. Remus se achava muito perigoso para qualquer tipo de envolvimento pessoal; Sirius tinha medo de não suportar o sofrimento do lobisomem e se sentia incapaz por não poder aplacar-lhe a dor.

Também temiam as reações de James e Peter, mas quanto a isso já haviam concordado que, qualquer que fosse o desfecho, ter um ao outro valia mais a pena. Além do mais, Sirius estava quase certo de que os amigos não reagiriam mal.

Com todas as preocupações que o afligiam, Remus só percebeu o dia quando Madame Pomfrey o alertou:

– Não se esqueça de passar em minha sala hoje à tarde, Sr. Lupin – ela sorriu bondosamente.

– Oh... É hoje.

– Havia se esquecido, Moony? – James olhou incrédulo.

– Por incrível que pareça...

– Você anda realmente fora de sintonia. O que houve?

– Preocupações. Os N.O.M.’s estão próximos.

– Eu é que devia estar preocupado com os N.O.M.’s – Peter entrou na conversa. – Meu desempenho em Transfiguração está cada vez mais deplorável.



- Hoje você vai permitir nossa visita? – Sirius questionou quando o licantropo se levantou para ir à sala da enfermeira.

– Ah. Claro.

– Bom – James sorriu, animado. – Estive vendo que tem alguns pontos a leste do castelo que não exploramos a fundo ainda.

– Estejam certos que estarei lá esperando.

Ele dirigiu um sorriso hesitante a Sirius, que retribuiu de modo encorajador, sem deixar que os outros percebessem. Foi até a sala de Madame Pomfrey, que o alocou na Casa dos Gritos.

– Sabe – ela virou para Remus antes de se retirar –, você é um garoto muitíssimo corajoso. O chapéu não poderia estar mais certo em uma escolha.

E então a enfermeira se foi, lacrando a porta com um feitiço e deixando-o com pensamentos aflitos.

– Ah, sim. Sou extremamente corajoso – ele resmungou com sarcasmo. – Não consigo nem mesmo assumir um relacionamento por medo.

Seus pensamentos logo foram para Sirius, como era comum nas últimas semanas. E ele soube que as lembranças de tudo o que fora dito e assumido recentemente entre os dois o ajudaria na dolorosa transformação. Não sentiria tanta dor, pois alguém havia se disposto a sofrer com ele.



Três animagos entravam sorrateiramente pelo túnel que levava ao lobisomem. O silêncio indicava que a transformação já acontecera, o que se confirmou quando entraram e encontraram uma forma peluda e encolhida num canto.

O cachorro latiu e o lobo os encarou, levantando. Logo, quatro formas selvagens ganhavam o terreno de Hogwarts.

Os Marauders se divertiam, correndo pela grama, sentindo o vento no focinho e só aquilo já fazia valer a pena; a liberdade. Era, também, o único momento em que Lupin sentia que a maldição mensal que carregava não era cem por cento ruim. Sua condição rendera a ele várias noites incríveis e amigos verdadeiros, que se provaram muito leais, inclusive quebrando no mínimo umas quinze regras da escola e algumas do Ministério da Magia por ele.

A neve suja tinha um rastro marcado com três grandes pegadas e então eles se jogaram no chão, arfando alegremente. O cachorro rolou, ganhando manchas acinzentadas na bonita pelagem extremamente preta. O lobisomem uivou, enfiando a cara na neve e o cervo brincava alegremente com o ratinho que estava mergulhado, procurando-o com a pata.

Padfoot sacudiu o corpo e jogou lama e neve em todos, ganhando alguns rosnados em troca. Soltou um latido estranhamente parecido com uma risada e foi brincar de morder o cervo. Prongs tentava acertá-lo com os chifres, enquanto ele pulava alegremente e desfilava como um cão competidor. Wormtail guinchava divertido e Moony assistia a tudo, com o que parecia um sorriso nos lábios lupinos.

De repente uma nuvem que estava sob a lua se moveu um pouco e uma luz muito branca banhou os quatro amigos. Tudo ficou ainda mais claro e a forma redonda mais evidente e prateada, dando a eles uma bonita visão. O primeiro que percebeu algo errado foi Wormtail, que guinchou, atraindo a atenção de Prongs e Padfoot. Eles olharam para o lobisomem, que estava uivando alto e passando as próprias garras pelo corpo, de maneira desesperada.

O cachorro saltou sobre ele, fazendo com que rolassem pelo chão. As garras de Moony tentavam acertar os animais que o continham e ele tentava morder e se soltar. Foi particularmente difícil para eles empurrarem o grande lobo que se debatia até o Salgueiro Lutador e, quando Wormtail correu para imobilizar a árvore, uma garra acertou a pata dianteira de Padfoot, que latiu agoniado.

Eles conseguiram finalmente acalmar o amigo, assim que o tiraram da luz forte do luar. Ele continuava tentando se arranhar, às vezes com sucesso, mas estava mais contido e se deixou levar pelo túnel até entrar na casa. Prongs olhou para a pata de Padfoot, que tinha um corte pouco profundo causado pelas garras do lobo e então se concentrou em manter Moony parado.

Felizmente não demorou muito para que a lua cedesse seu lugar ao sol fraco, ainda ofuscado pelo inverno. E então Remus caiu desmaiado no lugar onde antes jazia um animal selvagem.

James e Peter jogaram uma coberta por cima dele, para esquentá-lo enquanto Madame Pomfrey não chegasse e fizeram menção de ir embora, mas se detiveram quando viram que Sirius ainda estava em sua forma animal. Ele gania baixinho, como um choro, ao observar Remus machucado e foi mancando até ele, novamente puxando a coberta até deixar o tronco livre. Passou a lamber os ferimentos profundos com cuidado, não se importando com a plateia. Ainda gania quando terminou e ouviu a voz de James.

– Vamos, Padfoot, não podem nos ver aqui. Ele ficará bem, a enfermeira está vindo.

Trocou de forma novamente e seguiu os amigos, segurando o próprio braço machucado. 



Sirius encarava o teto do dormitório, sentindo o ferimento no braço pulsar. Madame Pomfrey havia enfaixado o corte, que não era nada comparado aos de Remus, após passar alguns remédios e ele agora estava em estado de choque. Nunca havia presenciado Moony tão violento e o rapaz nunca tinha desmaiado depois das transformações.

Sentia-se extremamente culpado por ter exposto e feito com que Remus se machucasse tanto e agora torcia para que o castanho fosse liberado logo, para ele poder pedir desculpas. Passava todas as noites de lua cheia se martirizando por não conseguir aplacar a dor de Lupin e agora, tudo o que fazia era infligir mais dor ao garoto. Odiou a si mesmo com o máximo de forças que pode.

Percebeu que seus medos estavam se concretizando; não era capaz de abrandar o sofrimento de Remus e mal podia suportar com ele sem trazer-lhe mais. Virou para o lado e sentiu uma lágrima escorrer e atravessar a ponte do nariz, alojando-se no travesseiro. Adormeceu algum tempo depois. 



– Estou me sentindo culpado, Peter.

– Eu também. Remus está péssimo e Sirius tem um corte no braço.

– Acho que devíamos dar mais atenção aos avisos de Remus.

– Dessa vez ele disse que podíamos ir, lembra?

– Sim – ele suspirou. – Por que será que ele se descontrolou daquela forma?

– A lua ficou diferente ontem, eu acho... Você percebeu também ou foi minha imaginação?

– Ficou maior, mais prateada e mais brilhante – James se lembrou. – Isso deve ter algum efeito em lobisomens. Talvez devêssemos pesquisar...

– Vamos até a enfermaria?

– Boa ideia. Vou ver se o Sirius quer ir.

Potter foi até o cortinado da cama do amigo e puxou levemente, enfiando o rosto no vão. Viu então que o garoto ressonava tranquilamente e saiu dali em silêncio.

– Ele está dormindo.

Madame Pomfrey olhou para os dois de cara feia, mas os deixou entrar. Não gostava de algazarra ali e James Potter e Peter Pettigrew não eram exemplos de silêncio, mas ela sabia que Lupin gostaria da visita. O garoto passava mais tempo lá do que qualquer outro aluno e ela se apiedava muito dele.

– Você está melhor? – Peter perguntou, chamando a atenção de Remus.

– Sim, estou. Olhem, estou muito envergonhado – ele baixou a voz para a enfermeira não ouvir. – Me desculpem, por favor, não queria ter feito aquilo, de verdade.

– Nós sabemos, fique tranquilo. A culpa é nossa, Remus.

– Não! Não é não, a culpa é minha. Não sei o que aconteceu, mas eu me descontrolei, acho que machuquei vocês e... – ele parou a frase, se dando conta de algo. – Onde está Sirius?

Os dois se entreolharam e Remus se desesperou. Provavelmente devia ter machucado o moreno, ou quem sabe mordido ele. Seus olhos se arregalaram de medo.

– Ele está dormindo um pouco.

– Eu o machuquei, não foi? Ah, por Merlin! Sirius está bem? Está vivo? Eu o mordi, não foi? Amaldiçoei a ele também e agora ele me odeia e...

– Ei! Calma! – James apertou seu ombro. – Ele está ótimo. Você não o mordeu, só acertou o braço dele, mas não foi profundo, madame Pomfrey já deu um jeito e segundo ela nem vai ficar a marca.

– Ah, ele deve me odiar agora. Tenho que pedir desculpa.

– Claro que não! Pare de se culpar – Peter confortou o amigo.

– É... Olha, todos sabemos que não é culpa sua. Ele só está mal. Acho que ele ficou realmente assustado, por que você desmaiou e estava muito machucado e Sirius provavelmente está se sentindo culpado também. Todos nós temos problemas com culpa, não é? – James deu uma risadinha.

– Mas não é culpa de Sirius. É minha culpa e... eu desmaiei?

– Sim. Você estava péssimo. E Padfoot ficou ganindo desesperado e depois ele lambeu seus cortes. Eu não sei se isso ajuda, mas já ouvi falar que os cachorros se lambem para fechar os próprios machucados... De qualquer forma, ele não odeia você.

Remus arregalou os olhos ao saber que Padfoot havia cuidado dele na frente dos outros. Mas parece que James e Peter não tinham enxergado a conotação que aquele ato tinha para ele e Sirius.

Então algo amargo tomou conta de Lupin e ele percebeu que havia provado seus dilemas; ele era muito perigoso. Dessa vez tinha apenas arranhado superficialmente, mas e na próxima? Se chegasse a morder Sirius, nunca se perdoaria por impor ao rapaz aquilo que era obrigado a carregar desde os oito anos.

Não devia aceitar a ajuda de Sirius, devia sofrer sozinho. Era muito egoísta de sua parte pensar que sua maldição pudesse ser dividida com alguém. Fungou baixinho, fechando os olhos para se martirizar.

– Quer que a gente fique aqui com você?

– Não, podem ir. Acho que preciso ficar um pouco só.

– Tem certeza? – Peter perguntou dividido. – Podemos fazer companhia em silêncio.

– Não, vou ficar bem. Assim que eu for liberado nós podemos conversar, mas agora eu preciso pensar um pouco.

Peter olhou para James, que deu de ombros, concordando. Despediram-se do amigo e foram para a biblioteca.


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Notas finais do capítulo

A galera toda se sentindo culpada... Aff, gente nobre me desgasta, KKK
Sobre o descontrole de Moony, quando a lua ficou diferente:
Imaginei que, como a lua cheia causa a transformação, quando ela fica ainda mais evidente, aumentaria o nível "animal" dentro dos lobisomens. Na verdade, algo bem lógico.



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