This Feeling That I Get escrita por Schmerzen


Capítulo 2
Capítulo II


Notas iniciais do capítulo

Só para situar, eles estão no quinto ano.



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A forma pálida e acabada se jogou com cuidado na cama, gemendo da dor ainda latente de alguns cortes. Pelo menos não perdera nenhuma aula dessa vez... Esperava estar melhor quando a segunda-feira chegasse, mas até estar um pouco menos exausto ficaria ali, encolhido em seu canto. Talvez nem dormisse, afinal aquela dor incomodava para valer.

Suspirou. E doeu.

Tentou se virar na cama. E doeu.

É, daquela vez fora realmente violento. Remus tentava entender o padrão. Deveria ter algum, mas a única dica que ele tinha era aquela percepção que lhe corria no corpo em algumas transformações. Ele simplesmente sabia.

Fechou os olhos para tentar descansar. Logo ouviu o som de seu cortinado sendo aberto e três certos Marauders entrando ali.

– Ele está dormindo? – ouviu a voz sussurrada de Peter.

– Não – murmurou.

– Ah... Bom, fomos até a enfermaria e nos informaram que você já tinha sido liberado. Por que não nos esperou? Poderíamos ter te ajudado a chegar até aqui.

– Vocês são três idiotas.

Ele se referia a não terem acatado seu pedido de deixá-lo sozinho.

– É verdade – Sirius concordou com um sorriso brincando nos lábios. – Mas somos idiotas que trouxeram chocolate.

– Bom, receber a visita de idiotas com chocolate é melhor do que receber apenas idiotas.

Ele encolheu um pouco o corpo, se colocando meio sentado na cama, para os outros poderem se sentar. Então eles abriram a caixa de chocolate da Dedosdemel e fizeram uma espécie de piquenique ali mesmo.

Às vezes um dos três se mexia muito na cama e alguns hematomas no corpo de Lupin latejavam, fazendo-o se segurar para não gemer de dor. Não queria assustar os amigos.

– Olha, já está quase na hora do almoço – Pettigrew comentou animado.

– Como você vai conseguir comer depois de todo esse chocolate?

– Sempre cabe algo a mais por aqui. Hum... espero que fique bem, logo, Remus. Volto mais tarde.

– Certo.

E então o menor saiu. Logo, James olhou para o próprio relógio.

– Vamos, Sirius? Vai almoçar agora também?

– Sim – ele pareceu meio dividido, mas acabou concordando.

– Então vamos. Nós voltamos daqui a pouco, quer alguma coisa?

– Não, estou cheio.

– Certo.

Assim que James saiu, Sirius sorriu para o amigo na cama e se levantou também. Lupin, então, segurou sua mão rapidamente, o impedindo de sair.

– Eu só queria agradecer – largou a mão. – Obrigado. Você sabe... pelas roupas.

– Não precisa agradecer. Sabe, me surpreendi de não termos pensado nisso antes.

– Verdade. Mas preciso arrumar um modo de parar de rasgar minhas vestes.

– Não é culpa sua, Remus – ele pegou no ombro do amigo ao dizer essas palavras, fazendo-o se contorcer de dor e deixar escapar um som indecifrável. – Desculpe! Desculpe, ai, droga, me desculpa.

– Não tem... problema. Vá almoçar.

Black dirigiu seus olhos excessivamente acinzentados para o outro e então desapareceu, deixando Lupin fechado em sua cama. Ele suspirou e fechou os olhos, ignorando a dor no ombro. Logo estava ressonando tranquilamente.



– Sabe, faz tempo que estamos silenciosos. Se ficarmos muito tempo sem aprontar algo, nossa fama vai se desmanchar...

– Tem razão. Fazer a Lily sair comigo tomou tanto tempo e esforço que não consegui pensar e nem bolar nada.

– Então ela finalmente aceitou?

– Claro, claro... Ninguém diz não a James Potter.

– Só a Evans disse umas setecentas vezes.

Sirius levou um tapa na nuca, enquanto Peter ria.

– Mas não era definitivo, sabe? – Ele explicou irritado. – Que tal armarmos algo para hoje? Esse sábado está maravilhoso para ferrar alguns sonserinos.

– O que sugere? – Peter falou após engolir o que estava na boca. Sentira falta de aprontar com os amigos. – Pena que hoje seremos só nós três.

– Compensamos Remus na próxima.

– Mas não é como se ele amasse nos ajudar, certo?

Eles riram.

Algumas horas depois, o plano pronto e todos nas suas posições, eles começaram a agir. James seguiu alguns sonserinos para a entrada de seu salão comunal, debaixo da capa, e então ficou esperando em um canto, enquanto Sirius terminava de enfeitiçar alguns objetos. Peter observava o mapa atentamente, mas se distraiu logo, vendo o outro trabalhar.

Assim que se lembrou do mapa, viu que Filch vinha diretamente para ali. James e Peter estavam protegidos pela capa da invisibilidade, mas Sirius que precisava de um espaço amplo para o que estava fazendo, estava apenas escondido em um canto de onde quem saísse do salão da Sonserina não o visse. Quem fizesse o caminho contrário poderia vê-lo muito bem. Peter se desesperou, apontando o nome de Filch no mapa.

– Sirius, venha para debaixo da capa, agora – sussurrou apressadamente, sendo ignorado pelo amigo. – Filch está vindo!

Black estava compenetrado demais para prestar atenção ao outro, que teve que agir de modo extremo. Saiu do “esconderijo” e o puxou, fazendo as coisas caírem e criando um barulho enorme.

– Oh, não! Filch agora está correndo, ele ouviu o barulho!

Pettigrew tentou jogar a capa por cima dos outros dois, mas eles ficaram com metade do corpo para fora e então, um milésimo antes do zelador chegar até onde estavam, saíram completamente debaixo, ficando visíveis. Melhor que fossem para detenção do que se Filch visse somente metade dos corpos e descobrisse a capa.

– Ahá! Olha só... Senhor Potter, senhor Black, é um imenso prazer revê-los. – o homem odioso falava com sarcasmo. – O que tem aqui para mim hoje? Objetos enfeitiçados... Não sabem que é proibido praticar magia nos corredores?

– Peter, vá – James sussurrou para o amigo invisível, que acabara de esbarrar nele.

– Detenção, é claro... Vamos para minha sala.

– Droga – Sirius bufou irritado. – Ele só tinha que olhar o mapa.



Lupin levantou da cama e esticou um pouco o corpo, procurando um lugar que ainda doesse. Só algumas pontadas incômodas, nada que ainda o prendesse a cama. Olhou o dormitório escuro e percebeu que somente Sirius não estava em sua cama ainda.

Foi ao banheiro se perguntando onde ele estaria e ao voltar deu de cara com o amigo entrando silenciosamente no quarto.

– Se perdeu no caminho?

– Quem dera. Não ficou sabendo da detenção?

– Outra? – Remus arqueou a sobrancelha.

– Pois é. E pelo visto, pegaram muito mais pesado comigo do que com James. Há quanto tempo ele está aqui?

– Não sei, acabei de levantar para ir ao banheiro. Só você não estava aqui. O que fizeram dessa vez?

– Longa história... – alguns fios de cabelos pretos caíram no rosto do garoto, que os retirou e fez uma cara pensativa. – Vamos roubar alguma coisa na cozinha? Você deve estar com fome.

– Ah, estou... Mas acho que você não quer outra detenção e – ele olhou o relógio – já é meia-noite.

– Vamos logo, para de ser medroso. Nós podemos usar a capa.

– Está bem. E eu não sou medroso.

– Não. Só é um garotinho muito responsável.

– É por aí...

Os dois foram até o Salão Comunal, que estava vazio, e então colocaram a capa para sair. Logo estavam de volta com alguns bolos, jarras de suco de abóbora e garrafas de cerveja amanteigada.

Sentaram-se perto da lareira – o tempo de novembro já estava começando a se transformar para o inverno que começaria –, os ombros se tocando, e abriram duas garrafas. O líquido os aqueceu brevemente e então cada um pegou um pedaço de bolo.

– E então, que tumulto vocês causaram hoje?

– Nenhum – Sirius disse desgostoso. – Filch impediu.

– Sério? Que... pena, eu acho.

– É. Mais pena ainda foi ter que lavar todo o quinto andar. E alguns banheiros. Espero que a pena de James tenha sido tão pesada quanto a minha.

– E Peter?

– Ah, o sortudo estava embaixo da capa quando o zelador chegou.

Eles ficaram mais algum tempo em silêncio, simplesmente aproveitando a comida.

– Você está bem?

– Bem melhor. Não cem por cento, mas bem melhor do que antes.

Sirius abriu a boca para perguntar algo, mas fechou rapidamente, ocupando-a em seguida com uma garrafa.

– Pode perguntar.

– Certo... Como é?

– Como é o que?

– Como é na hora em que você está se transformando?

O castanho pensou na pergunta durante alguns segundos, ponderando a resposta. Como era para ele a hora da transformação?

– Não precisa responder. Foi uma pergunta idiota.

– É como rolar em cacos de vidro – Lupin disse, ignorando Sirius. – Não que eu já tenha feito isso, mas imagino assim. Desde a primeira vez. Minhas garras se encarregam dos cortes que eu ganharia se realmente rolasse em vidro quebrado.

Black encarou o amigo, reparando nas olheiras enormes e em como o rosto parecia mais magro. Assim que ele levou a garrafa aos lábios, uma parte da manga desceu e Sirius pode ver algumas cicatrizes no braço. Cicatrizes que disputavam espaço com cortes recém feitos. Olhou novamente para o rosto dele e viu algumas cicatrizes ali também, mais discretas, mas com certeza eram cicatrizes.

– São feias, não é? As cicatrizes.

Ele baixou os olhos rapidamente para a própria mão.

– Não – respondeu sincero.

– Eu acho – Remus comentou calmamente, bebendo um pouco de suco de abóbora. – Minha mãe e meu pai um dia inventaram uma revolucionária técnica para conter minha autodestruição. Já dá para ver que não funcionou, certo?

Sirius olhou interessado para ele.

– Meu quarto ficava totalmente vazio nas noites de lua cheia. E eu era trancado ali, com um feitiço na porta e um na janela. Mas continuava a me machucar e sangrava até quase morrer. Então um dia minha mãe pensou em amarrar meus pulsos. Eu destruí a cama na qual estava amarrado em um segundo – ele riu amargamente.

“No outro mês eles me amarraram na parede de pedra. Nem mesmo um lobisomem seria capaz de arrancar um pedaço que fosse daquelas paredes. Dessa vez até pode se dizer que deu certo. Eles me encontraram amarrado no outro dia e sem nenhum machucado, fora, é claro, os braços e as pernas que eu quebrei tentando me soltar. Sorte que não amarram o pescoço, caso contrário acho que eu teria quebrado, também.”

Sirius escutava atentamente a narrativa dele, com os olhos arregalados. Imaginou ver Remus com os braços e pernas quebrados, além dos habituais machucados; tremeu com a ideia. Ele estava pensando em algo bom para dizer no momento, mas Lupin se levantou e falou para voltarem ao dormitório.

– Boa noite, Sirius – o garoto sussurrou ao fechar a cortina.

– Boa noite.

Deitado de barriga para cima, Sirius afastou os cabelos negros do rosto e pensou no que Remus havia lhe contado. Sentiu-se agoniado ao imaginar toda a dor pela qual o castanho passava e, mesmo sem entender muito bem o porquê, desejou ardentemente poder dividir o sofrimento com ele.


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Notas finais do capítulo

Eu sei que a Lily só aceita sair com o James no sétimo ano, mas eu decidi que aqui ela vai ver o quanto ele é foda dois anos antes, haha
E claro, Sirius e James tinham que arrumar uma detenção logo no início, não é? É quase uma marca registrada desses dois.
Acho que já deu para ver, mas eu amo diálogos '-'



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