Coloquei as coisas no meu malão, infeliz. Não queria regressar a Hogwarts, a vida parecia tão mais simples no mundo trouxa. O que eu desejaria dizer com mais simples seria: Sem Fred Weasley. Pensei em seus cabelos ruivos caindo de modo perfeito sobre os seus olhos. Novamente, aquele maldito flashback voltou na minha mente e as lágrimas começaram a cair. Já tinha desistido de tentar controlá-las. Fechei meu malão e o carreguei com dificuldade nas escadarias curvas da minha casa. Ao chegar lá em baixo, meu pai ainda vestia roupas de bruxo, e minha mãe roupas de trouxa, afinal, ela é trouxa. O tempo estava nublado. Notei fatos engraçados. Desde que aquilo aconteceu entre mim e Fred, foi raro um dia de sol. Passei minhas férias inteiras vivendo como uma trouxa na cidade de Londres, lendo os livros inteirinhos da escola depois que meu pai foram comprá-los no Beco Diagonal. Estava tão distraida com os meus pensamentos que nem havia reparado que meu pai já tinha trocado de roupa, e quando estava colocando o malão no porta-malas do carro, me lembrei que tinha esquecido minha coruja, Bella. Subi as escadarias novamente, peguei Bella e desci correndo. Fomos para a estação King's Cross e parei entre as plataformas nove e dez. Me despedi dos meus pais, e prometi enviar uma coruja a eles sempre que possivel. Estava no quarto ano, e precisava estudar para passar nas provas. Corri em direção a parede e quando abri os olhos, vi a tão conhecida locomotiva vermelha. Ao olhar ao redor, vi Fred. Estava fácil reconhecer quem era Fred, suas olheiras estavam profundas e ele estava com a pele branca, os olhos vermelhos. Parecia que tinha chorado. Bom, se chorou foi por qualquer outra garota, Fred Weasley nunca choraria por uma garota como eu.

– Ei, aquela é a Cath? - ouvi uma voz conhecida, e quando me virei, vi as minhas duas melhores amigas.

– É sim, não tá vendo a cara de tonta? E tem a Bella no carrinho. - sorriu Bel, e Ems ao seu lado gargalhava.

– Minhas lindas! - exclamei e corri até elas, abraçando-as, e elas retribuiram. - Que saudades que eu estava de vocês suas tongas!

– Então, vamos entrar? Precisamos reservar um compartimento. - Disse Ems, apressada como sempre. Entramos no trem e começamos a procurar um compartimento vago. Encontramos um no fundo do trem, e nos instalamos. Hermione e Ginny passaram por nós, Mione estava no segundo ano e Ginny no primeiro, elas nos cumprimentaram com um sorriso e um aceno de cabeça, pois logo atrás vinham Fred e Jorge Weasley e Neville Longbottom, mas Rony Weasley e Harry Potter não estavam presentes. Fechamos a porta do compartimento e era inevitável, só de vê-lo meus olhos já estavam cheios de lágrimas pesadas.

– Catherine! Você ainda não superou? - exclamou baixo Bel, pois eles estavam em um compartimento próximo, não queriamos arriscar.

– Realmente, estou chorando porque superei mula. - disse seca. Quando de tratava de Fred, eu me tornava fria, como estava por dentro. As lágrimas ainda corriam, eu precisava me distrair, então começei a pensar em quadribol. Eu era uma das artilheiras do time da Grifinória, e começei a pensar nos jogos do ano passado, quando me lembrei da comemoração da vitória de um dos jogos. Foi naquele dia, que tudo começou. Pedaços do flashback se formaram em minha mente, até que ele se tornou completo.

–flashback-

A Sala Comunal estava lotada, a Grifinória acabara de ganhar mais um jogo de quadribol. Todos nós estavamos felizes, o encarei e meu coração parou. Fred. Ele me fazia ficar sem ar, prendi a respiração e me perdi nos meus pensamentos. Voltei a terra com um cutucão no meu ombro direito, me virei, e vi Fred, parado ali sorrindo. Meu melhor amigo. Claro, ele só queria conversar, como sempre.

– Ah...é... Oi Cath. - Fred sorriu, e me derreti. Mas não deixei transparecer.

– Oi chato - sorri naturalmente, como se aquilo fosse normal, mas meu coração batia mil vezes por segundo.

– Será que nós podemos dar uma volta?

– Claro.

Passamos pelo buraco do retrato e fomos até os jardins em silêncio. Sentamos embaixo de uma das árvores e ele começou a falar.

– Cath, sei que isso pode estragar nossa amizade, mas eu não quero. Mas preciso falar.

– Pode falar, acho que nada seria capaz de estragar a nossa amizade.

– Bom, é que eu estou apaixonado por você Cath, sempre estive.

– Achei que você nunca diria isso.

O beijei, e não havia palavras para descrever aquele momento. Selei nossos lábios e sorri de modo envergonhado.

–fim do flashback-

Duas semanas depois, Fred me pediu em namoro, aquele ano foi lindo, eu passei o natal na casa dele, conheci sua família, e estávamos felizes. Retornamos a Hogwarts e passamos o resto do ano juntos. Saimos de férias ainda juntos, eu o amava mais do que tudo. Até que naquele maldito dia 16 de agosto recebi uma coruja de Ginny Weasley. Ela me disse que Fred tinha me traido, e ela tinha tirado uma foto. Dava pra ver claramente que ela ele, a carta foi assinada por Jorge, Ginny e Ron. Respondi a coruja, e então em um dia Fred apareceu na minha casa e a decisão foi o término. Mas aquilo não me fazia amá-lo menos, muito pelo contrário, a saudade que sentia dele fazia o meu sentimento ainda mais forte. Quando acordei de meus pensamentos, estava mergulhada em lágrimas e meu rosto deveria estar preto por culpa da maquiagem. As meninas olhavam uma pra outra sem saber o que dizer, seus olhares estavam fixos na porta do compartimento. Olhei até lá, e ali estava Fred, me assistindo chorar. Olhei dentro de seus olhos e o encarei de cima a baixo, olhei para seus olhos novamente e percebi: ele estava chorando tambem. E agora ele age como se tivesse sentimentos. Encarei Bel e Ems, elas estavam incrédulas e voltei meu olhar para a porta, ali estava Angelina, uma garota tambem do time de quadribol da Grifinória, beijando Fred. Ali foi inevitável deixar as lágrimas cairem, nem tentei impedir. Ele saiu da porta da cabine com Angelina, então cada uma das minhas amigas se levantou e sentou do meu lado, então elas me abraçaram. Suspirei, mas desejava nunca ter feito isso. Chorei mais ainda, me lembrando de quando ele era meu. Já que minha mãe era trouxa, eu não ganhava muitas coisas de bruxo nas datas festivas, então peguei meu presente de natal, um iPod cheio de músicas trouxas, e coloquei na reprodução aleatória. Tocava Bottom Of The Ocean, de uma cantora trouxa, Miley Cyrus. Aquela música meio que me descrevia com Fred. Ao me distrair em meus pensamentos, as lágrimas voltaram a cair. Aquilo já tinha virado meu cotidiano. Eu não conseguia dar um sorriso sincero, meu coração estava partido e frio longe dele. O caminho até Hogwarts tinha sido rápido e eu estava com os olhos inchados. Fui monótona até o salão principal e me sentei na mesa da Grifinória. Não comi nada no jantar, e esperamos a cerimônia de boas vindas acabar e a apresentação dos professores e fomos para a Sala Comunal. Ao chegar lá reconheci os cabelos ruivos sentados próximos a lareira e subi para meu dormitório. Deitei na minha cama e deixei as lágrimas cairem, finalmente destemidas. Depois de horas chorando, finalmente adormeci.

Acordei na manhã seguinte sentindo meus olhos pesarem. As minhas companheiras ainda dormiam, então fui para o banheiro, fiz minha higiene matinal e tomei um banho quente. Coloquei sem vontade minhas vestes e peguei meus livros. Fui para a sala comunal, era muito cedo, o dia estava amanhecendo. Estremeci ao ver que Fred estava em uma das cadeiras próximas a lareira. Coloquei os meus fones nos ouvidos e me sentei a sua frente, estávamos no outono, e estava começando a ficar frio. A música que começou a tocar era Before The Storm, de Miley Cyrus com Nick Jonas, ao prestar atenção na letra, meus olhos se encheram de lágrimas.

– Cath? – ouvi sua voz grave pela primeira vez em muito tempo. Levantei a cabeça e o encarei. Meus olhos marejados estavam prestes a desabar.

– O que você quer? – perguntei seca, mas meu coração queria abraçá-lo e beijá-lo novamente. – Quer que eu não chore por estar com o coração partido? Me quer de volta para partí-lo novamente? Quer que sejamos só amigos? Sabe Fred, acho que todas essas opções iriam me machucar. E quer saber por que? Porque eu te amo como você jamais me amou. – as lágrimas insistiam em cair lentas. Abaixei novamente a cabeça, Fred estava sem fala. Limpei minhas lágrimas e me levantei para tomar café no Salão Principal. Ele segurou a minha mão. Milhares de choques se passaram por todo o meu corpo.

– Cath. Foi um erro. Eu te amo tanto! – ele disse frágil. Me virei para olhá-lo, ele tambem chorava. – Angelina me beijou, eu nunca faria isso com você Catherine. – estremeci ao ouví-lo me chamar pelo nome. – Jorge está apaixonado por Angelina, se você acha que eu faria isso com você, pense se eu faria com o meu próprio irmão. Eu te amo, eu não suporto te ver chorar. – ele me puxou pela cintura. – Você é a pessoa mais importante no mundo para mim. Só quero que nunca se esqueça disso. Eu entendo se você nunca mais quiser falar comigo. Eu só queria que você soubesse o quanto eu te amo. – ele chorou, e por instinto, o abraçei e chorei no seu ombro, acariciei seus cabelos ruivos bagunçados e olhei no fundo de seus olhos. Ali, vi que ele estava sendo sincero, mas eu não estava pronta para encará-lo novamente.