A Irma da Serpente escrita por Tina Granger


Capítulo 3
Capítulo 3




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A Irmã da Serpente

Severus acordou cedo na manha seguinte, vestiu-se com vagareza e
desprezou a
saudação animada de Eddie. Com preguiça se encaminhou para o Salão
principal, quando estava a porta do grande salão Rachel veio sorrindo
até
ele.
- Bom dia Sevy!- saudou ela animada.
- Será que todo mundo resolveu acordar animado hoje?- resmungou ele.
- Não!- retorquiu ela- Só você que acordou azedo, como sempre!
- Isso era pra ser engraçado?- ele a olhou zangado.
- Não, só uma verdade! Olha a Sprout deixou um trabalho de cento e
vinte
centímetros sobre as mandrágoras para hoje, você já terminou o seu, é
claro!- falou ela muito rápido- Será que posso vê-lo?
- Não!- respondeu ele indignado- Se você acha que pode passar de ano
nas
minhas costas está enganada!
- Passar de ano nas suas costas?- ela riu debochada- Só esta faltando
dez
centímetros!
- E estamos na primeira semana de aula!- resmungou.
- Ah Sevy! Deixa vai!- ele cruzou os braços no peito.
- Não me obrigue a...
- Ah não!- ele viu o brilho nos olhos dela.
Rachel riu e se aproximou agarrando o rosto de Severus e enchendo a
bochecha
dele de beijos estralados. Snape se debateu tentando faze-la soltar,
mas não
adiantou.
- Ai!- falou Rachel, Snape olhou ao redor.
Cassandra havia passado por eles e esbarrado na morena. Rachel
estreitou os
olhos em direção a loira.
- Não tem olhos Cavendish?- berrou Rachel. Cassandra se voltou- Use-os
da
próxima vez!
- Você não tem cérebro Glenn?- perguntou Cavendish imitando a voz da
garota-
Use-o da próxima vez se não quiser acabar na enfermaria!
Rachel riu debochada.
- E seria você que me mandaria para lá? Essa eu duvido!
- Porque não ocupa sua boca com o Snape e não me deixa em paz?
Rachel ergueu a sobrancelha e ficou vendo Cassandra entrar no salão
lotado
de alunos. Riu baixinho compreendendo e se voltou para Severus.
- Como é Sevy vai me emprestar o trabalho ou vou ter que beijar você na
frente do Potter?
Snape contraiu os lábios e a encarou zangado, puxou o pergaminho.
- Se copiar eu juro que acabo com sua raça!
- Ah que amor! Juro que vou retribuir!- riu-se ela, voltando-se para o
salão.
- E se tornar a me beijar eu juro...juro...
- Jura que me esgana! Sei!
Snape seguiu a garota e sentou-se ao lado dela, sentiu o olhar raivoso
de
Cassandra e franziu o cenho. Sabia que Rachel tinha uma rixa com
qualquer
garota que ousava lhe lançar um olhar, e sabia igualmente que Cassandra
era
do tipo de pessoa que ou gostava ou não gostava da pessoa. Mas jamais
notara
qualquer atrito entre elas, pelo contrario Rachel parecia respeitar
Cavendish. Viu Eddie se aproximar e beijar a testa de Glenn, sentiu um
calor
no estomago que seria capaz de consumi-lo se Eddie ousasse algo mais
próximo.
- Esse é o seu trabalho?- perguntou Eddie, espantado, para Severus.-
Olha
tudo que escreveu, e pior com essa letra miudinha.
Snape puxou o pergaminho com nojo.
- Nosso trato não dizia respeito a Montgomery!- resmungou.
- Nosso trato não dizia respeito de eu manda-lo para a enfermaria com
brotoejas!- retrucou Glenn- Me dá isso aqui!
E puxou o pergaminho de volta com um olhar que lembrou a Snape alguém
que ele conhecia. Eddie riu, ele acordou do devaneio, esperou que a garota
lê-se seu trabalho e levantou-se.
- Já vai Sevy?- perguntou ela parecendo ofendida.
- O que você acha?- murmurou Severus e saiu.
- Te vejo na aula!- falou Eddie se levantando também.
Ouviu que Eddie o seguia e aumentou o passo, mas o garoto seguiu na
direção
oposta a ele. Suspirou aliviado, caminhou apresado pelos corredores ouvindo seus próprios passos ecoarem na pedra fria. A risada de Rachel ecoou mais atrás no corredor, apresou o passo ainda mais, já era bastante ruim ter
que passar o tempo das aulas com ela. Quando virou o corredor se deparou com Sirius rindo. Ele e Tiago estavam encostados à parede observando um pergaminho roto. Snape tentou se voltar e sair mas Sirius já voltava os
olhos para ele.
- Ranhoso! Você por aqui?
Ouviu Tiago murmurar algo para o pergaminho.
- E o que vocês estão fazendo aqui em baixo?
- Estávamos querendo nos divertir!- falou Tiago rindo.
Snape apertou a varinha no bolso.
- Porque não se atira da torre? Vai ser divertido ver você despencando lá de cima!
- Sabe que é uma boa idéia! Mas minha mãe ficaria muito triste!- Tiago
riu
baixinho- Talvez possamos tentar jogar algo mais inútil...
- Você por exemplo!- riu-se Sirius.
- Ou podemos fazer seu cabelo ficar cor-de-rosa!
Os dois se aproximaram rindo e Snape puxou a varinha. Tiago riu e
Sirius se
fez de indignado.
- Já esta fazendo mau juízo de nós?
Ambos puxaram as varinhas e se mediram. Snape podia ser bom em Defesa
mas
não podia com os dois, ficou a espera.
- Se afasta dele Potter!- falou uma voz arrastada as costas dele.
Tiago se voltou, Rachel estava parada, as mãos na cintura e uma
expressão
entediada.
- Ora, ora... a namoradinha veio te salvar é?- perguntou Tiago rindo.
- E quem lhe disse que eu sou namorada dele?
- E então porque o está defendendo?- perguntou Sirius.
Ela deu de ombros.
- Um Sonserino ajuda outro!- retrucou.
- Muito nobre, mas que eu saiba nobreza não é uma das qualidades da
Sonserina!- riu Tiago.
- Que eu saiba estupidez e arrogância também não são qualidades da
Grifinória, e você está lá Potter!
- A menininha sabe responder a altura? Vamos ver se ela sabe se
defender...
- Nem pense Black!- resmungou Snape apertando a varinha.
Rachel ergueu a sobrancelha.
- Dois contra dois, mais justo não acha?
Quando Sirius voltou os olhos a menina já estava com a varinha em
punho. Mas
eles não pareciam propícios a azarar, não ainda.
- Como é estar do lado contrário Potter?- perguntou Snape com a voz
arrastada.
Tiago riu. Estava de costas para Sirius e tinha a varinha apontada para
Snape.
- E acha que ela é páreo para nós?
- Sabe Severus estão me chamando de colecionadora de ossos! Mas eu
estou
cansada disso...
- Que tal colecionar algo novo Glenn?- perguntou Snape olhando a garota
com
um sorriso zombeteiro.
- Boa idéia! Potter não vai se importar se eu começar por seus dentes?
Vai?
Sirius deu um passo em direção a garota e ela riu mostrando caninos
afiados,
por um minuto ele viu a sombra de um felino pelos olhos dela. Rachel
piscou
um olho.
- Pena nos encontrarmos assim Black! Eu faria melhor uso da sua boca!
- Não diga asneiras Glenn!- retrucou Snape zangado.
- Ah cala essa boca!- retrucou ela.
- Vem calar!- berrou Snape.
- Virou macho agora é?- falou Glenn com um risinho.
- É melhor tomar cuidado com o que fala!- murmurou Snape- Ou vai se dar
mal...
Sirius e Tiago viravam a cabeça de Snape a Glenn como se acompanharem
uma
partida de Tênis.
- Imbecil!- berrou Snape
- Biltre!
- E ele diz que não é namorado dela!- falou Sirius para Tiago, ele riu
encarando o amigo.
- Petrificos Totalus!- berrou Rachel para Sirius ao mesmo tempo em que
Snape
berrava para Tiago
- Sabe, eles são mais burros do que eu pensei!- falou Rachel séria.
- Vamos dar o fora antes que Filch apareça!- murmurou Snape.
- Cuidado com as pombas Black!- falou Glenn pulando por cima dele.
Rachel saiu apresada atrás de Severus e riu baixinho, o garoto entrou
em uma
sala de aula vazia e a puxou para dentro.
- Ai!- falou ela tentando se desvencilhar do braço do garoto.
- Nunca mais faça isso, ouviu bem?
- Não, não ouvi! Tenho problemas auditivos de certo?- falou ela puxando
o
braço com brutalidade- E não toca mais em mim!
- Não se faça de vitima Rachel, eu já disse para ficar fora do meu
caminho...
- E deixar que eles te humilhassem? Você deveria agradecer!
- E já não é humilhação o bastante eu ter sido salvo por uma garota?
Rachel riu, os olhos faiscando.
- Preferia estar na enfermaria? Da próxima vez eu deixo o Black acabar
com
você!
- Sei me defender sozinho!
- Como fez da ultima vez? Ficou com o nariz inchado de tanto que
sangrou...
- Cala a boca!- ele se voltou ríspido.
- Parecia uma vertente!
- Foi só uma vez e eu me cobrei!- berrou Severus a encarando furioso.
- Acorda Severus, você nunca vai ser tão bom quanto o Black. Ele ganha
de
você com olhos fechados...
- Cala a boca!- falou entre dentes.
- Até o Potter consegue vencer de vo...
A frase foi cortada por um tapa, Rachel levou a mão ao rosto. Mas ao
invés
de faze-la parar Snape só conseguira aumentar mais a raiva da garota.
Ela o
encarou com tanta fúria que ele deu um passo atrás.
- Seu imbecil!- murmurou ela com ferocidade- Nem meu pai bate em mim!
Ela se precipitou e puxou o braço dele.
- Não ache que isso vai ficar assim! E nem pense que eu vou esquecer!
Pode
contar Snape que eu vou acabar com você!
Ela o empurrou e saiu batendo a porta. Snape ficou olhando a porta se
perguntando como fora capaz de perder o controle daquela maneira. Não
podia
ter batido nela, mesmo que fosse somente um tapa, ele não podia ter
feito
aquilo. Balançou a cabeça e lutou contra o impulso de deixa-la ir.
Abriu a
porta e seguiu a garota.
- Rachel!- chamou ele.
A garota caminhava em passos apresados e não se voltou.
- Rachel!- ele correu e a puxou, a forçando a se virar para ele.
- Cai fora Severus!- falou ela espumando de raiva.
- Olha eu... eu sinto muito! Não devia ter feito aquilo...
- Desculpas não vão apagar o que fez! Você me bateu Snape- ela o olhou
com
nojo.- Sempre soube que seria igual a ele...
- Eu não sou igual a ele!- dessa vez foi Snape quem ficou enojado.
- Pois você é!- berrou ela, a voz ecoando pelo corredor vazio- Eu tive
uma
esperança que você fosse diferente, mas estava enganada. Você é vil,
baixo,
é um miserável insignificante que se esconde por trás da força que tem.
Mas
fique sabendo Snape que eu não vou ser como ela, eu não vou me curvar a
suas
vontades!
Ela bateu com o dedo no peito dele. Snape a segurou pelo punho e a
encarou
furioso.
- Nunca...mais...me... compare...a...ele!
- Então não aja como ele!- ela puxou o braço e franziu o cenho- Desde
que eu
entrei naquela casa, dede que eu fui recebida com quatro pedras na mão
eu
sabia que você era o único que poderia mudar. Você era o único que
poderia
se tornar “meu”!
Ela respirou com força, ele ficou serio.
- Eu sabia que dali para frente... sabia que quando eu passasse a
soleira
daquela porta eu estaria sozinha, mas também sabia que você era o único
com
quem eu poderia contar! Como eu fui tola em acreditar... em acreditar
que
poderíamos ser uma família.
- Rachel eu...
- Não me diga que não se parece com ele! Você é parte dele, você é ele!
De
uma maneira ou de outra!
- Não sou!- disse com convicção e brutalidade- Assim como você não é!
- Você está certo. Eu não sou, nem nunca fui! Eu sou a filha bastarda,
no
sou?
Ela se voltou e saiu, Snape ficou sem ação. Ela tinha razão! Lembrou-se
de
quando a viu pela primeira vez, quando seu pai a trouxera para casa.
Ela era
só uma criança, tinha sete anos e estava agarrada a um urso de pelúcia
muito
surrado. Lembrou-se da raiva que ele sentiu dela quando a briga entre
seus
pais se irrompeu na sala de estar, da gana que teve em esgana-la e da
maneira como vinha a tratando desde então. Sua mãe, assim como ele, a
tratava como se ela fosse uma intrusa detestável que se rastejava como
um
verme repugnante. Seu pai era o único que parecia ter um pouco de amor
pela
filha, mas mais por obrigação do que por qualquer outro objetivo.
Sorriu tristemente, Rachel sempre tentava se aproximar dele quando
criança e
ele sempre a afugentava com feitiços murmurados. Lembrou-se que ela
ficava
sentada à beirada da janela o espiando tentar enfeitiçar insetos no
jardim.
E pela primeira vez pensou em como poderia ter sido difícil perder a
mãe,
descobrir que o pai possuía outra família e o pior ser criado por ela.
Tentou achar um resquício qualquer da garotinha assustada que ele
conheceu
como irmã na jovem insolente que acabara de lhe deixar e constatou com
tristeza que ela já não existia mais.


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