A Irma da Serpente escrita por Tina Granger


Capítulo 2
Capítulo 2




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-Capitulo Dois-

Sirius Black e o Poema

Rachel se levantou cedo na manhã de segunda, não queria por nada perder a primeira aula do dia. As colegas de quarto ainda dormiam e ela se animou. Nicole Vargas, Amelie Chambers e Christine Harland não eram do tipo de garotas que ficavam amigas de gente como Rachel. Uma órfã que nem sabia o paradeiro dos pais. Desceu as escadas rindo, se elas soubessem quem ela era ficariam abaladas.

- Bom dia Tampinha!- falou uma voz a sua esquerda. Rachel virou-se e avistou um garoto alto e magro, cabelos castanhos arrepiados e olhos castanhos se aproximar.

- Bom dia Sir Edward John Montgomery III- ela fez uma reverência cômica.

- Por Merlim você sabe que meu nome não deve ser pronunciado em público!- ele riu- Como foram as férias?

- Perfeitas! Tirando o chato tirano do meu irmão.

- Dá uma folga pra ele! Deve ser difícil...

- Ah não Eddie, já cansei desse papo ”É difícil para ele”. Pra ele sempre foi difícil, e pra mim? Eu que perdi a mãe, eu que fui morar com um pai que nem conhecia, eu que tive que aturar a madrasta me tratando como lixo e pior tive que aturar o babaca infeliz do meu irmão dizendo que tem mérito em estar na Sonserina!

- Bem disso ele pode se gabar!- ela agitou o punho e ele riu- Ora vamos, ele tem razão!- olhou para os lados se certificado que não havia ninguém por perto- Você é nascida trouxa! E bem trouxa.

- E ninguém melhor do que você para saber que eu preferia estar na Lufa-Lufa!

Ele se fingiu de indignado.

- Para uma trouxa você é bem ousada!

- É, sou! E depois que tem a melhor maldição para rebater bicho papão?- ela perguntou altiva.

- Você!- ele falou sorrindo

- E quem sabe Arte das Trevas capaz de acabar com um Malfoy?

- Você!

- E quem é a melhor batedora de todos os tempos?

- Vo... ei! Espera ai, o melhor batedor sou eu!

- Ah é... o melhor em cair da vassoura...

- Pelo menos estou no time...

- Não é justo. Você sabe que não houve mais nenhum teste desde que você entrou.

- É o teste que eu passei e você não!- falou ele saindo para o corredor.

- Porque estava com o crânio rachado na enfermaria...

- Fato que não foi culpa sua!- sussurrou Snape. Ele vinha em direção oposta a Rachel.

- Não! Foi o Crabbe! Só porque eu o chamei de trasgo lesado.

- Não! Foi porque você abaixou as calças dele em público!- lembrou Eddie rindo

- Ah é!- riu-se ela- E se você não calar a boca Sevy eu vou fazer o mesmo com você!

- Você não se atreveria...

- Ah não? Provoque-me!- ela se aproximou sorrindo maliciosa.

- Imbecil!- murmurou Snape

- Biltre!

- Já chega!- falou Eddie se postando a frente de Snape que puxara a varinha- Vamos dar o fora Tampinha!

Rachel se deixou arrastar dali. Snape manteve os olhos nela até que ela sumisse pelo corredor que levava ao Salão principal. Como ele odiava vê-la com aquele Montgomery. Mesmo ele sendo filho de uma família poderosa e puro-sangue Snape ainda não confiava nele. Sentiu seu sangue ferver toda vez que via Eddie a encarar avidamente. Quantas vezes o vira na sala comunal com um sorriso nos lábios a encarando como se Rachel fosse uma pintura? Entrou na sala comunal e apanhou um livro sobre a mesa. Sabia que a única razão para ela ser amiga de Montgomery era porque isso o irritava, tentou acalmar-se, mas era impossível. Virou as costas e saiu.

Sirius entrou na sala de poções com os olhos estreitados. Procurou Snape. Como sempre ele estava sentado na primeira fileira. Rachel não estava com ele e em nenhum outro lugar. Sentou-se entre Pedro e Remus. Olhando de quando em quando para a porta. Slughorn apareceu rindo.

- Ora, ora senhorita Glenn. Você tem um senso de humor magnífico!

Rachel veio atrás dele com o rosto muito vermelho e murmurando que o senso de humor dela se estendia até o ponto de vê-lo sendo frito em óleo. Sirius sorriu para ela, mas a garota meramente o ignorou. Sentou-se ao lado de Eddie e prestou atenção no professor. A aula transcorreu sem muitas novidades excerto pelo caldeirão de Pedro que voou pelos ares espalhando poção para inchar por todos os lados.

Ao final da aula Sirius caminhou sedutor até a ultima mesa e se escorando encarou Rachel.

- E então?- o garoto ao lado dela parou de guardar os materiais e encarou Sirius curioso.

- Eu ainda não aprendi a ler mentes Block, por isso diga logo o que quer!- falou Rachel mansamente sem nem encara-lo.

- Quer ir a hogsmeade comigo?- perguntou sorrindo

O garoto ao lado de Rachel riu, a menina voltou os olhos para Sirius e o estudou.

- Claro...- Sirius sorriu- Que não!

- Ora e vai se recusar a sair com um cara como eu?

- Cara como você?- ela franziu o cenho.

- É, bonito, popular e atraente...

- E nada modesto! Olha, eu procuro manter distância de caras como você!- ela falou sem se exaltar.

- Bem, não sabe o que está perdendo...

- Tirando o fato de ser bonito... bonito não, boa pinta e o mais popular o que sobra?- perguntou Rachel para Sirius.

- Um imbecil?- respondeu Eddie incapaz de se conter

- Ora Eddie não o xingue!- falou Glenn e se voltou para Sirius- Sobra só você, Block!

- Black!- corrigiu ele começando a se irritar- E daí?

- E daí que tirando o fato de você ser o garanhão de Hogwarts não há mais nada que a motive a sair com você!- retrucou Eddie- E depois ela já tem outro compromisso!

Eddie se levantou e Rachel riu se levantando também.

- Eu tenho?- perguntou encarando o amigo.

- Ah é esqueci de perguntar! Quer ir a hogsmeade comigo?

Rachel o avaliou.

- Eu adoraria!

Ela sorriu e passou por Sirius.

- Fica frio gatinho, quando me der vontade eu te levo para passear!

- Grande passo Black!- falou o garoto dando um tapinha no ombro de Sirius- Ela só chama de gatinho quem ela não odeia!

E saiu rindo. Sirius rolou os olhos e riu pelo nariz, ela estava sendo difícil é? Pois era assim que ele gostava! Ajeitou a mochila no ombro e se voltou, deu de cara com Snape com os braços cruzados sobre o peito e com um olhar assassino.

- Não se aproxime dela!- resmungou Severus entre dentes.

- E o que você tem a ver com isso?- Sirius debochou.

- Muito mais do que imagina!- retrucou com azedume- Agora fique longe dela se quiser permanecer com os dentes na boca!

- Estou tremendo de medo, Ranhoso! Rachel é um assunto meu...

- Não mais, Black!- ele se aproximou ameaçador- Você vai esquecer a Glenn, ouviu bem?

- Não ranhoso eu não ouvi! Porque se preocupa tanto? Você mesmo disse que ela não era sua namorada!

- Não me preocupo!- de repente pareceu perceber algo- Quer saber? Faça bom proveito...

Snape se virou e saiu. Imbecil, como podia estar com ciúmes de Rachel? Não daquela sangue-ruim dos araques, o sangue ferveu em suas têmporas. Black era um nojento, asqueroso, ridículo... e ela não iria querer sair com ele. Conhecia bem a Glenn, o único garoto com quem ela andava era com o Montgomery e mesmo assim era só uma amizade. Se bem que ela vivia beijando os Grifinórios na frente dele só para irrita-lo... Virou o corredor e bateu em algo sólido.

- Não olha por onde anda não?- perguntou uma garota, Snape levantou os olhos e viu a loira grifinória a lhe encarar furiosa.- Olha só os meus pergaminhos!

Ela virou de costas para ele e começou a recolher os pergaminhos.

- Não enche Cavendish!- retrucou ele dando um passo a diante.

- E desde quando você é balão para eu ficar assoprando?- respondeu ela insolente

- Esta sendo irônica Cavendish, ou é só nervoso?

- E porque você acha que eu ficaria nervosa? Por causa do seu mau hálito? Pra isso a solução é escovar os dentes, sabia?

- Andou muito com o Black hoje, Cavendish? Sim porque pelo mau humor ele só pode ter lhe negado um beijo!

- Aquele imbecil? Prefiro beijar um Dragão e depois ele teve a audácia de me chamar de Severus Loira tá bom!

Snape puxou a varinha e encarou-a zangado:

- Que foi? Vai furar meu olho é?- perguntou ela irônica.

- Estupefaça!- berrou Severus e Cass piscou. A garota balançou a cabeça, ou ele tinha uma péssima pontaria ou... Ela se voltou, caído a suas costas estava Sirius Black com a varinha caída ao lado, provavelmente pronto para azara-la. Voltou-se com os olhos arregalados.

- Que diabos... Sinceramente, nem eu teria feito melhor!

- Cala a boca, Cavendish! –Falou ele sem educação.

- Ótimo!- falou com selvageria- Se queria ficar a sós com seu namorado era só pedir!

Ele tentou retrucar mas ela deu as costas e saiu, Severus balançou a cabeça, estava realmente em um dia ruim. Observou Sirius e riu, pelo menos havia se cobrado dele. Seus olhos recaíram sobre um pergaminho cuidadosamente enrolado, ele o abriu e franziu o cenho. Era a letra de Cavendish mas o que será que estava escrito?

As horas passaram com total lentidão, talvez porque a mente de Snape não parava de voar até sua mochila, em um certo pergaminho escrito em letra floreada. À noite ele pode finalmente sentar-se na cadeira próxima a lareira e puxar o pergaminho. Observou com atenção e tentou decifrar alguma palavra daquela língua.

¡Oh cuál te adoro! Con la luz del día

Tu nombre invoco apasionada y triste,

Y cuando el cielo em sombras se reviste

Aún te llama exaltada el alma mía

Tú eres el tiempo que mis horas guía,

Tú eres la idea que mi mente asiste,

Porque en ti se concentra cuando existe,

Mi pasión, mi esperanza, mi poesía.

No hay canto que igualar pueda a tu acento

Cuando tu amor me cuentas e deliras

Revelando la fe de tu contento;

Tiemblo a tu voz e tiemblo si me miras,

Y quisiera exhalar mi último aliento

Abrasada en el aire en que respiras”

Nada, não entendera nada. Mergulhou em pensamentos tentando compreender. Nem ao menos percebeu quando Rachel se aproximou. Ela riu alto e ele se voltou quando ela puxava o pergaminho das suas mãos.

- Severus recebendo cartas de amor!- falou ela.

- Me devolve isso, Glenn!- ele levantou-se furioso.

- Tá brincando! Depois disso Hogwarts inteira vai saber que você...opa!

Ela se esquivou quando ele tentou lhe arrancar o pergaminho das mãos.

- Já mandei devolver, Rachel!- ela leu o pergaminho e riu alto.

- Não sabia que gostava de poemas, Sevy!

Ele puxou o pergaminho e o encarou.

- É um poema?

- Isso é obvio!- falou ela se sentando na cadeira que ele ocupava antes.

- Como sabe?- perguntou desconfiado.

- Não é nenhum código secreto, se é o que pensava. Só está em espanhol!- ela riu- Esqueci que você nunca saiu de casa, estudos com a professora Snape!

- Cale a boca!- ele se voltou- Pode traduzi-lo?

- Traduzir? Porque quer que eu o traduza? Afanou isso de alguém foi?- ela levantou a sobrancelha.

- Não afanei nada! – ele a encarou zangado- Achei!

- Ah e quer saber o que está escrito para descobrir quem é o dono e devolver?- falou irônica- Que atitude nobre!

- Pode traduzir ou não?- ele zangou-se, ela suspirou.

- Tá, me dê aqui!

Ela ficou em silêncio, ele andava de um lado a outro.

- Vai traduzir ou não?

- Calma estressadinho, eu preciso ler antes!- ela se concentrou, leu mais uma vez e sorriu- Eu conheço esse poema! É da Carolina Coronado e se chama ¡Oh cuál te adoro!.

- É o que?

- Oh como te amo!- traduziu- fica mais ou menos assim:

“Oh como te amo! Como à luz do dia!

Teu nome invoco, apaixonada e triste,

e quando o sol em sombras se reveste,

minha alma em ânsias ainda te chama!

És para mim o tempo que me guia,

a idéia que ao meu pensamento assiste,

porque em ti se concentra quanto existe:

a esperança, a paixão, minha poesia.

Não há canto que iguale teu timbre

Quando teu amor me contas e deliras

Revelando a fé de tua satisfação...

Tremo ao ouvir sua voz e tremo se me olhas

E quisera exalar o último alento

Queimando no ar que respiras.”

Snape ficou em silêncio observando o pergaminho como se pudesse ver através dele. Rachel riu.

- Agora que sabe o que está escrito vai devolve-lo a dona?

- Como sabe que é uma garota?- perguntou ele curioso.

- E quem escreveria poemas em pergaminhos e pior colocaria coraçõeszinhos no lugar dos pingos dos is? E sinceramente ela precisa de um bom psicólogo ou de um namorado bem fogoso!

- Ela não precisa de um namorado!- falou ele cruzando os braços.

- Precisa sim! Eu sugiro um Espanhol, bem mais caliente que você! Talvez o Garcia! Aquele Corvinal é o sonho de consumo de qualquer garota!

Ele puxou o pergaminho, zangado, enquanto ela ria.

- Tenho certeza que você sabe quem é a dona... e então vai devolver?

- Não sei quem é a dona!- ele murmurou.

- Ah! Claro que não sabe!- ela se levantou e se espreguiçou- É melhor devolver ou Cavendish vai lhe caçar até a morte!

Rachel já se retirava quando ele se voltou espantado.

- Como sabe que é da Cavendish?

- Por três simples motivos. Um: é a letra inconfundível dela...

- Como sabe que é a letra de Cavendish?- cortou Severus.

- Eu já sentei ao lado dela em Poções, e convenhamos que é uma letrinha bem afeminada!- retrucou com certo nojo.

- Afeminada? Que eu saiba ela é uma garota!

- Motivo número dois- continuou Rachel como se não tivesse sido interrompida- Só a Cavendish para falar e escrever espanhol em Hogwarts e três: nunca vi você babar tanto em cima de um pergaminho quanto nesse ai!

- Eu não...- Severus tentou argumentar mas ela o interrompeu.

- Dorme com os anjos e sonhe com a Cassandra, Sevy! Para um dia poder dormir com Cassandra e sonhar com os anjos!

Ele praguejou mas ela já havia sumido pela escada que levava ao dormitório feminino. Observou o pergaminho e sorriu.


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