A Irma da Serpente escrita por Tina Granger


Capítulo 10
Capítulo 10




Este capítulo também está disponível no +Fiction: plusfiction.com/book/18050/chapter/10

Um Natal sem amigos

A ultima semana de aula chegou gelada e branca de neve, Snape parecia aborrecido e não estava falando com a irmã o que na opinião dela era muito bom. Na primeira aula da manha Rachel sentou-se ao lado de Eddie, o encarou seria.

- Estraguei tudo não foi?- perguntou ela divertida.

- Entre a Fage e eu?- perguntou ele a encarando.

- É, eu vi cara que ela fez quando você a ignorou!

Eddie riu.

- Nunca vi uma garota cuspir tantas vespas como aquela ruiva! Mas esquece está tudo bem agora, eu diria que nenhuma garota resiste ao charme de um Montgomery...

- Ah cala a boca John III!

- Você sabe que eu odeio esse nome!- murmurou ele e se voltou serio- Mas creio que magoou mais o seu irmão do que a mim!

Rachel revirou–se na cadeira incomoda, não gostava daquele olhar dele.

- Olha eu não tive a intenção estava só me divertindo!

- Você tem uma visão bem macabra sobre se divertir...

- Por favor não vamos chorar sobre a poção derramada o que está feito está feito.

Eddie ia retrucar mas o professor Slughorn entrou com um sorriso e pediu que cada aluno sentasse com sua dupla para trabalhar. Rachel voltou ao seu lugar, no fundo da sala, e olhou ao redor. Cassandra estava atrasada. Rachel cerrou os dentes, furiosa. A loira grifinória a cada dia que passava, encontrava maneiras para lhe provocar. Quando Slughorn passava pela sala, Rachel aproveitou para ir revisando o que estava fazendo. A única coisa que pode pensar por um momento, é que Cassandra estava certa ao falar que o professor era incompetente. Como ele deixara Cassandra passar de ano, com os conhecimentos quase ínfimos de poções dela?

Rachel não podia deixar de pensar que a grifinória tinha boas idéias. Aquela sobre fazer a poção para lobisomens. Dava-lhe vontade de jogar todas as anotações sobre a poção do amor no lixo e recomeçar. Quando Cassandra entrou na sala, não conseguiu deixar de bufar, quando percebeu que ao invés de ir até ela, Cavendish estava indo até... Severus! Pelo menos essa foi a impressão que teve, até que a loira falou.

- Desculpe Snape, mas posso levar o Tiaguinho por um momento?- seu tom de voz era frio.

Snape ergueu a cabeça, tendo um sorriso irônico.

- Por mim, pode levar para sempre- murmurou ele sem encara-la.

- Não, obrigada! Só quero usar ele... um pouco.

- Tiaguinho?

- Ora, não é o jeitinho como... a sua mãe te chama? - Cass abaixou-se e falou alguma coisa no ouvido dele, que gemeu.

- Eu ainda sou amigo dele, sabia? Se eu fizer isso...

- Vai estar contribuindo para que os nossos tímpanos não sejam estourados. Por favor... - Cass implorou.

- Não! isso você vai ter que pedir para o Sirius.- Os dois começaram a travar uma luta de murmúrios e silvos.

- Se eu quisesse um serviço mal-feito, já teria pedido a ele!

- Ele também é amigo dele!

Cass balançou a cabeça com veemência.

- SEM CHANCE! antes de eu pedir a Sirius uma coisa como essa, vou estar comemorando bodas de ouro com o Lúcio Mala Malfoy!

- Você não é amiga da Angie? por que não quere-la como cunhada?- riu Potter

- Uma coisa não tem nada a ver com a outra. E depois...

- Sta Cavendish, não deveria estar com a Sta Glenn?- Slughorn que acompanhava acena calado tentando, em vão, ser notado se aproximou.

- Deveria, mas...

- E por que não está?

- Professor, eu teoricamente, até o momento, sou uma das melhores amigas de Lílian. E como tal, me sinto na obrigação de.. – Ela fez uma pausa e o professor inchou de raiva.

- De...? Complete!

- Dar alguns conselhos amorosos para Tiago. Ele, o senhor sabe, pega um dragão pela cauda pela ruiva...- deu uma cotovelada no ombro de Tiago, que estava sentado.

- E qual a sua experiência para fazer isso? Que eu saiba, você também não tem namorado!- Tiago não conteve a língua.

Cassandra deu a ele uma encarada feia.

- Posso não ficar me esfregando na frente de todos, por ai, mas se quer realmente saber, Tiaguinho, eu já sou noiva, está bem?- disse isso com uma pontada de satisfação pois Snape virou a cabeça tão rápido que ela ouviu o pescoço dele estralar;

- Tiaguinho? Olha o nível da intimidade, anjinho...- como se depois tivesse percebido sobre o que Cassandra falara , Sirius arregalou os olhos.

- Sirius, você não tem vergonha de quase casar e não contar para os amigos?

- Que coisa feia, Sirius... Nem para convidar para a sua festa de noivado você lembra dos amigos... - Remo levou uma cotovelada de Angie.

- Não é dele que a cass está noiva.- a sonserina falou baixinho, vendo a cara de nojo que surgira em Cassandra.

- Você sabe de quem é? - Lílian pediu a Angie, que balançou os ombros.

- Por vontade da Cass, seria um moreno de olhos negros... que não posso dizer quem é! Mas que nós sabemos muito bem o que ela sente a respeito dele... - começou a rir, Remo a olhando com o cenho franzido...

- Professor, posso ir até a Glenn? - Cass havia dado um tapa nas costelas de Tiago, que agora esfregava o local fazendo caretas.

- Deve!

- Morsa!- Cassandra xingou baixinho em espanhol, passando rente a Severus, que agora estava com a testa franzida, fingindo ler as anotações. A suave fragrância de jasmim que a loira usava, fez que seu coração disparasse. Tentou prestar atenção ao que estava lendo, mas as palavras proferidas por Cassandra não paravam de ecoar, em seus ouvidos: “Eu já estou noiva!”.

- Belo showzinho!- murmurou Rachel quando a loira sentou-se ao seu lado- Se continuar assim até meu irmão vai acreditar que está realmente noiva!

- Do que está falando Glenn?- perguntou Cassandra arregalando os olhos e encarando a morena.

- Da sua mentira deslavada!

Por um segundo a loira a encarou, Cassandra pode ver uma linha negra se formar e emanar do corpo da menina.

- Glenn ao contrário de você eu não sou mentirosa!

Rach riu, observou a turma que agora conversava animada sobre seus trabalhos.

- Ah é e eu sou um duende verde!

Voltou os olhos para os pergaminhos.

- E afinal que historia é essa de “até meu irmão vai acreditar”?

Rachel levou um minuto para se recuperar e voltou-se olhando Cassandra como se ela fosse maluca.

- Eu não disse isso!

- Ah além de mentirosa eu, agora, sou maluca é?

- Você que está dizendo!- Rach se voltou com calma.

- Eu ouvi muito bem. Que historia é essa de irmão? Sei muito bem que você cresceu em um orfanato trouxa!

Rachel riu pelo nariz um tanto nervosa. Mais à frente Eddie prestava atenção na conversa das duas.

- Olha eu...

- Rach!- chamou Eddie assustando a garota- Será que pode me emprestar o frasco de tinta?

Lílian levantou o rosto para o colega e observou o frasco, ainda fechado, de tinta que ele escondeu no casaco. Observou Cassandra e Rachel. A morena pareceu acordar de um devaneio mas antes que pudesse responder Slughorn começou a dar instruções para a poção do dia.

Cassandra encarou Eddie desconfiada, o garoto deu um meio sorriso e se voltou para o professor. Ela não teve mais oportunidade de voltar ao assunto com Rachel pois estavam ocupadas demais com a aula e depois a morena simplesmente sumiu como que com medo de dizer algo que não deve.

Foi difícil para Rachel fugir de Cassandra a semana toda e mais difícil ainda aturar o mau humor de Snape. Ficou feliz quando a noite de sexta chegou enluarada e fria. “Ao menos depois das ferias a idiota da Cavendish vai esquecer do meu deslize” pensou ela com raiva quando subia as escadas do dormitório masculino. Não quis nem pensar em Snape se ele descobrisse que ela deixou escapulir que tinha um irmão e justo para a Cavendish! Abriu a porta de mansinho e espiou para dentro do dormitório com um sorriso.

- Tá vestido?- perguntou ela.

- Tô, pode entrar!

- Ah que pena!- brincou ela. – Vim agradecer, me tirou de uma enrascada hoje cedo.

- Eu percebi, melhor você não falar tão levianamente de Snape em público. Mas sabe que amigos são para essas coisas.

Ela observou Eddie guardar as roupas com cuidado no malão.

- Ela ainda briga com a arrumação do seu malão?

- Nem fala! A primeira coisa que ela faz é checar se está tudo milímetricamente dobrado e guardado. Você tem sorte de não ter uma mãe como a minha!

Rachel sentou-se na cama em frente a Eddie e sorriu tristemente.

- Pelo menos você tem para onde voltar no Natal!

Eddie se voltou e a encarou.

- Desculpe, eu não quis...

- Tudo bem!

- Tem certeza que não quer até minha casa?

- Eu agradeço, mas prefiro ficar aqui! Juntar-me a uma família puro sangue não iria dar certo. E depois sua mãe não ia gostar de mim!

- Bem, ela ia sim!- falou ele se sentando- Você é perfeita!

- Então porque você é o único amigo que eu tenho?

- Porque você não deixa que as pessoas se aproximem!

- Eu não faço isso!- disse indignada.

- A não? E o que foi que fez da primeira vez que eu fui falar com você? Me xingou!

- Eu não...- ele a olhou serio- Tá eu xinguei!

- E se eu não fosse tão teimoso, não teria insistido!

- Desculpe! Quero dizer, se eu disse algo que não deveria!

Ela abaixou o rosto e uma mecha de cabelo caiu sobre seus olhos.

- Vamos Tampinha! Você não pode passar o natal com essa tristeza toda!- ele ajeitou o cabelo dela e se inclinou para o bidê buscando uma caixinha de embrulho vermelho.

Rachel levantou as sobrancelhas quando ele lhe estendeu um embrulho vermelho berrante.

- Mas só pode abrir no natal.

Ela sorriu.

- Você sabe que eu adoro você, não sabe?

Eddie sorriu e Rachel se inclinou para abraçar o amigo, mas ele lhe segurou o rosto e selou os lábios nos dela. Rachel sentiu o beijo quente e por um segundo se deixou levar, então se inclinou para trás afastando-se.

- Porque fez isso?- perguntou ela nervosa

- Eu...

A porta do dormitório se abriu e alguém entrou. Rachel mantinha o olhar em Eddie.

- O que está fazendo aqui?- perguntou Severus.

- Só estava me despedindo de Eddie!- falou ela encarando o garoto.- Não posso?

- Isso é um dormitório masculino...

- Severus você tem as desculpas mais imbecis que eu já vi!

- Morda sua língua sua sangue-ru...

Eddie pulou e o segurou pelo pescoço, a raiva transparecendo no olhar dele.

- Mais uma palavra e Rachel vai guardar o que sobrou de você em uma caixinha de fósforos!

- Solta ele Eddie! Ele não vale a pena!- falou ela com a voz cava.

Eddie se afastou.

- Gostaria de saber o que sua família diria se vise você com ela!- ofegou Snape maldoso.

- Gostaria de ter visto a cara da sua mãe quando seu pai apresentou Rachel como filha dele!- retrucou Eddie mordaz.

Snape ficou vermelho e sacou a varinha. Mas foi Rachel quem falou.

- Você é um...- seu rosto demonstrava profundo nojo e raiva.

- Rachel eu...- tentou argumentar ele.

- Esquece!- falou ela passando por ele como um furacão e batendo a porta ao sair.

Eddie passou as mãos no cabelo e encarou Snape preocupado. O garoto baixou a varinha.

- Imbecil! Acaba de perde-la!- falou ele com desprezo.

Eddie se voltou e fechou a cortina em volta de sua cama. Talvez para esconder o que sentia. Os olhos de Snape bateram em um embrulho que ficara caído no chão, o papel vermelho brilhando intensamente. Apanhou-o e encarou as cortinas da cama do companheiro.

A partida dos alunos para as festas se deu com calma, na manha da partida Snape viu Eddie olhando com tristeza para a escada do dormitório feminino mas Rachel não desceu, na verdade ela nem mesmo desceu para o almoço. Severus imaginou o quanto tinha sido duro para ela ouvir Eddie falar sobre sua família. Os dias se passaram com tranqüilidade e silêncio, Snape, Rachel e mais alguns poucos alunos ficaram com a sala comunal para si e com pouca gente era tranqüilo sentar-se a beirada da lareira e ler ou colocar a conversa em dia.

A manhã de natal levantou-se gélida e nevada. Rachel se espreguiçou com calma, aos seus pés um pequeno embrulho, curiosa ela o abriu. Era um par de brincos em formato de estrela, enviado por seu pai. O único a lhe enviava presentes. Lembrou-se de Eddie, sentiu raiva do amigo, como ele poderá ter sido tão baixo? Com languidez se arrumou e desceu para o café.

O salão Principal estava arrumado com suas doze árvores de natal costumeiras, a neve caia de mansinho pelo teto encantado e as mesas estavam praticamente vazias. Severus estava sentado a mesa da Sonserina e tomava seu café com o rosto contraído.

Envolveu o cachecol em seu pescoço e saiu para os jardins, os pés afundando na neve. O lago era uma camada fina de gelo, mas ainda sim ela podia ver a lula gigante nadando mansamente. Observou o céu escuro e sorriu amargamente.

- Sozinha Glenn?- perguntou uma voz arrastada atrás dela.

- Está vendo mais alguém aqui? Talvez papai Noel!

- Não devia falar com as pessoas assim...

- Porque não vai plantar abóboras Severus?

- Pensei e lhe desejar um Feliz Natal!

- Ótimo! Sarcasmo como presente!- ela se voltou, ele a olhava com curiosidade.- Que foi?

- Montgomery ficou muito triste por você não ter ido se despedir!

- E o que eu tenho a ver com isso?- ela o olhou nos olhos.

- Ele é seu amigo...

- Amigos não dizem o que ele disse.- ela se voltou para o lago.

- Ele estava querendo me ofender! Pra falar a verdade conseguiu! Não tinha nada a ver com você!

- Pois ele me ofendeu também!- a voz dela pareceu tremer.- Sabe que não gosto quando falam com você assim!

Snape fingiu não ouvir a ultima parte.

- Ele gosta de você...- ela se voltou, era a primeira vez que ele via os olhos dela se encherem de lagrimas.

- Não pareceu, ele sabe que eu não tenho família. Sabe que vocês me odeiam!

O rosto de Snape se contraiu.

- Desculpe...

Ele ficou em silêncio por alguns instantes e a encarou.

- Foi o mesmo com ele! Talvez isso possa faze-la mudar de idéia!

Estendeu um embrulho vermelho. Ela o apanhou um tanto surpresa.

- Você esqueceu! Eu achei que gostaria de tê-lo de volta! E isso...- ele ficou vermelho- Isso é meu.

Puxou a mão dela e colocou algo sobre a palma, ela o olhou curiosa. Ele afastou-se com calma. Ela ficou observando o garoto se afastar.

- Obrigado!- gritou ela, ele abanou com a mão sem se virar.

Na palma um colar com uma esmeralda, sustentada por uma cobra de prata. Sorriu. Abriu o embrulho e encontrou um par de brincos que ela identificou na hora como sendo de trouxa. Quantas vezes Eddie lhe falara que iria lhe dar um presente trouxa? Tantas que ela fora incapaz de contar. Guardou a caixinha no bolso e colocou o colar, mesmo sem embrulho aquele fora o melhor presente que ganhara!


Não quer ver anúncios?

Com uma contribuição de R$29,90 você deixa de ver anúncios no Nyah e em seu sucessor, o +Fiction, durante 1 ano!

Seu apoio é fundamental. Torne-se um herói!




Hey! Que tal deixar um comentário na história?
Por não receberem novos comentários em suas histórias, muitos autores desanimam e param de postar. Não deixe a história "A Irma da Serpente" morrer!
Para comentar e incentivar o autor, cadastre-se ou entre em sua conta.