- “O seu sorriso me salvou...”

O loiro estendido na grama não conseguia parar de pensar nessas palavras. Palavras proferidas a ele, na luta contra Pain, pela pequena e tímida Hinata...

- “Diacho, Naruto! Onde você andava com a cabeça...” – ele se amaldiçoou mentalmente – “Hinata cresceu, não é mais aquela garotinha estranha da Academia, só eu que não percebi isso... Como não percebi o que ela sentia por mim, todos esses anos...”

- “O seu sorriso me salvou...”

Ele fechou os olhos com força, o que Hinata havia dito martelava em sua mente desde aquele dia...

- “O seu sorriso me salvou...” “Eu não tenho medo de morrer se for pra proteger você...” “Eu te amo, Naruto-kun”.

- “Baka, baka, baka, baka...” – Naruto continuava a se amaldiçoar mentalmente, enquanto se sentava e quase arrancava os cabelos – “Tanto tempo passou, como ainda não fui falar com ela sobre isso? Nos encontramos tantas vezes, antes, durante e depois da Guerra, mas eu não tive coragem de falar sobre isso... E o que eu ia dizer?”

Naruto levantou-se e, após sentir por alguns instantes os raios de sol do final da manhã, seguiu de volta à Vila. Parou no limite da cratera criada por Pain, pensando em como, mesmo dois meses após o final da Guerra, ainda havia tanto por reconstruir...

Seguiu até o Ichiraku, onde Teuchi e Ayame começavam a se preparar para a hora do almoço, quando sempre ficavam lotados.

- Yo, Naruto-san! Como vai? – cumprimentou Teuchi quando ele se sentou ao balcão.

- Tudo bem, oji-san, e com vocês?

- Graças a Kami tudo bem! Vai querer o de sempre? – responde Ayame.

- Sim, nee-san, por favor.

- Já está saindo! – responde Teuchi, voltando ao fogão.

- Naruto! Há quanto tempo! – alguém o cumprimenta, sentando-se ao seu lado.

- Iruka-sensei! – sorri Naruto ao ver seu antigo professor – Realmente, já faz alguns dias. Como está a Academia?

- Quase terminada. – Iruka responde, enquanto pede um rámen – Mais alguns dias e poderemos voltar a dar aulas normalmente.

- Que bom, fico feliz por isso.

- Aqui, Naruto, o seu está pronto. – Teuchi lhe entrega a tigela de rámen.

- Obrigado, oji-san. Itadakimasu! – e Naruto começa a comer.

- Há algo errado, Naruto? – pergunta Iruka, notando o olhar perdido do loiro.

- Aqui está o seu, Iruka. – diz Teuchi, entregando o pedido dele – Pode falar conosco se quiser, Naruto.

- Papai tem razão, Naruto. – diz Ayame, apoiando-se no balcão – Somos todos seus amigos. Se precisar de qualquer coisa estamos aqui.

Após alguns momentos, com o olhar ainda perdido na tigela de rámen à sua frente, Naruto pergunta, num murmúrio:

- C-Como... como a gente sabe se ama uma pessoa, ou se tudo não passa de um carinho especial, ou apenas uma paixão passageira?

Apesar de surpresos pela pergunta do loiro, os três se olham por um instante, e sorriem.

- Olha, Naruto... – começa Iruka – Não há uma forma exata de saber onde um desses sentimentos termina e outro começa...

- Quando conheci minha falecida esposa – diz Teuchi – no início nos tornamos bons amigos, eu sentia um carinho muito grande por ela, mas não saberia dizer quando esse carinho se tornou amor, pois são coisas que se completam.

- Mas como posso ter certeza? – pergunta Naruto.

- Eu acho que você já tem. – diz Ayame, que continua, ante a cara de surpresa do loiro – Dá pra ver em seus olhos, quando você olha pra ela.

Após ouvir isso, Naruto cora, baixando o olhar. Mas logo um enorme sorriso brota no rosto do Uzumaki, que termina de devorar o restante do rámen e, jogando o dinheiro em cima do balcão, apenas diz:

- Arigatou, amigos! Agora tenho que ir, tenho algo muito importante a fazer! – deixando os três com um sorriso no rosto ao verem ele se afastar correndo.

- “Baka, baka, baka, baka...” – Naruto ia se amaldiçoando mentalmente (de novo!) enquanto corria, quando para de repente. Estava na frente da floricultura dos Yamanaka e resolveu entrar.

- Boa tarde, em que posso ajuda-lo? – saudou Ino assim que o sino da porta anunciou a chegada de um cliente – Ora Naruto, você por aqui?!

- Olá Ino, como vai?

- Tudo bem. O que posso fazer por você?

- E-Eu... gostaria de... uma flor...

- Uma flor? – pergunta Ino com um sorriso.

- R-Rosa... uma rosa...

- Vermelha?

- B-Branca... – responde Naruto, corando.

- Branca? – pergunta Ino, levantando uma sobrancelha – Claro, só um minuto.

Logo a Yamanaka retorna:

- Aqui está, Naruto.

- Arigatou. – diz Naruto, pagando a flor e pronto pra sair da loja – Nos vemos por aí!

- Claro. Lembranças minhas pra Hina.

- “Como ela sempre...” – pensa Naruto, parando na porta, surpreso – “Ah, desisto de tentar adivinhar, melhor ir andando...”

Continuando seu caminho, o loiro logo chegou ao Portão Principal do Clã Hyuuga, onde os dois guardas, o reconhecendo, apenas o cumprimentaram, permitindo que entrasse. Apesar de ser apenas a terceira ou quarta vez que ia ao clã Hyuuga, sabia onde ficava a Casa Principal, onde Hinata morava.

Parado em frente ao Portão da Casa Principal, Naruto se deu conta de que não tinha ideia do que ia fazer – ou dizer – quando encontrasse com Hinata. Passara todo o caminho se amaldiçoando que não pensara no que fazer quando chegasse. Bem, ele não era o número um em improviso? Pois o jeito seria improvisar. Atravessou o portão e seguiu pelo jardim.

- Naruto-san? Posso ajuda-lo? – ele ouviu uma voz perguntar. Olhando em volta, viu Hanabi, sob a sombra de um pessegueiro, cercada de pergaminhos.

- Hanabi? Como vai? – cumprimenta Naruto – O que está fazendo?

- Caligrafia. – responde a jovem Hyuuga – Gosto de fazer aqui, é bem calmo e fresquinho.

- Pois é, tem estado bem quente mesmo... – Naruto faz uma pausa – Sua irmã está?

 - Hinata? Sim, só um instante, vou chama-la.

- Hanabi! – chama Naruto assim que a garota começa a se afastar.

 - Sim?

- P-Pode entregar isso a ela? – ele pergunta, tirando a rosa de dentro da jaqueta.

- Claro. – ela responde com um sorriso, sumindo em um instante pra dentro da casa.

Encostando-se a uma árvore para esperar, Naruto fica perdido em seus pensamentos, imaginando se Hinata ainda irá querer falar com ele.

- N-Naruto-kun? – ele ouve uma voz tímida chama-lo.

- Hinata! – ele vira-se, vendo a morena com a rosa nas mãos – C-Como você está?

- T-Tudo bem, Naruto-kun. E você?

- Tudo bem também. – e, após alguns instantes de hesitação – D-Desculpe aparecer assim, sem avisar, mas gostaria de dar uma volta?

Atônita pelo convite inesperado, e sentindo sua face enrubescer, a Hyuuga leva alguns instantes para conseguir responder:

- C-Claro, N-Naruto-kun.

Eles caminham por alguns minutos, chegando a um parque, onde sentam em um banco.

- E-está tudo bem, Naruto-kun? – a morena pergunta – Você está tão quieto...

O loiro olha pra ela, abre um sorriso e, baixando o olhar pra rosa nas mãos dela, pergunta:

- Gostou da rosa, Hinata-chan?

- A-Adorei. Arigatou, Naruto-kun. – ela responde, com um sorriso tímido nos lábios e um rubor em suas bochechas.

- V-Você sabe o que ela significa, não sabe?

Hinata não consegue responder, apenas cora mais e engole em seco.

- Sabe por que não conversei com você sobre a luta com o Pain? – ele pergunta.

- N-Naruto-kun... – ela começa – N-Não precisa falar daquele d-dia...

- Eu estava com medo. – o loiro a interrompe - Com medo e... sem saber o que eu realmente devia sentir... aqui. – e ele coloca a mão sobre o coração.

- Você já sofreu tanto. – continua o loiro – E eu tinha medo... de não sentir o mesmo que você, e acabar te magoando.

- N-Naruto-kun... e-eu... eu nunca... nunca exigi uma resposta de você... e-eu... eu fico feliz por finalmente ter... ter te dito como me sentia... c-como me sinto... e o quanto você é importante pra mim...

- Mas eu preciso te dar uma resposta. Eu só não... sabia qual... mas... agora eu sei. – ele diz, encabulado, enquanto vira suavemente o rosto da morena pra ele e a beija docemente. Um beijo rápido, mas de deixar os dois ainda mais vermelhos, de felicidade e emoção.

- Eu amo você... – ele murmura, após separar os lábios dos dela.

- N-Naruto-kun... – ela murmura, quase às lágrimas, enquanto o abraça.

E assim, abraçados, eles ficam um longo tempo, apenas sentindo a proximidade e o calor um do outro.

- Sabe, Hinata-chan, eu pensei muito em todas as poucas vezes que estivemos juntos. E sabe a que conclusão eu cheguei? – ele pergunta, afastando-se um pouco e olhando a Hyuuga nos olhos perolados.

- Qual? – ela pergunta, encarando os olhos azuis do loiro, com um sorriso de felicidade no rosto.

- Foi o seu sorriso que me salvou...