Minha cabeça dói. Minha maquiagem, completamente borrada. Ainda estou de salto e com o vestido da festa, que até onde lembro foi ontem. Quarenta e três quilos, sustentados por um metro e sessenta e sete de altura, agora no chão, encostados na porta do que me parece um banheiro.

É muito difícil se levantar quando se está de ressaca. O corpo pesa mais, a cabeça dói mais e os seus braços e pernas não conseguem te sustentar. Com muito esforço me levanto e vejo melhor a minha imagem no espelho. Meus longos e lisos cabelos castanhos estão completamente despenteados. Meus olhos castanhos estão inchados e vermelhos. Meu segundo furo está sangrando e o meu piencing no nariz, inflamado.

Destranco a porta do banheiro e abro-a. O barulho é insuportavelmente alto, na minha cabeça, claro.

“- Não me toque!

– Pare com isso Nic, você sabe que precisa da minha ajuda.

– Sai de perto de mim! Me deixa sozinha, eu sei me virar.”

Bati a porta na cara dele. E quando me virei para o espelho tudo começou a girar, comecei a ter uma vertigem. Só sabia que estava caindo."

Sim, eu sabia que não iria me virar sozinha, não naquele momento.

A claridade que vinha de fora me cegou momentaneamente, mas quando olhei para baixo lá estava ele. Encostado na porta, dormindo. Ele ficou me esperando a noite toda?

– Jeremy?

Ele levantou rapidamente e olhou para mim. Seus olhos mostraram a sua preocupação, e o medo.

– Você está bem?- ele aproximava as suas mãos do meu rosto enquanto a sua expressão mudava de preocupado para desesperado- O que aconteceu com você?

– Eu estou bem. - A minha voz já estava oscilando.

Senti aquele nó na garganta. E quando menos esperava senti as lágrimas quentes escorrerem no meu rosto. A verdade é que eu estava desesperada. Não lembrava quase nada que havia feito na noite anterior. A verdade, é que eu nunca havia ficado bêbada daquela forma antes.

– Não Jer, eu não estou.

Ele me abraçou, e eu senti o calor do seu corpo junto ao meu.

– Não se preocupe, eu estou aqui com você.

– Me desculpe Jer, você tentou me ajudar ontem e eu fui grossa com você.

– Não tem problema, você estava bêbada, estava inconsciente. – ele me levou até a pia e com um algodão começou a remover a minha maquiagem. Foi delicado e cuidadoso. - É melhor você tomar um banho bem gelado e lavar o cabelo, você tomou um banho de vodka ontem na festa e o cheiro no seu cabelo está muito forte. Tome, pode usar esta toalha aqui.

Peguei a toalha e tranquei a porta do banheiro. Me olhei no espelho. Estava muito melhor, a maquiagem tinha saído quase que completamente e o meu cabelo também estava com um pouco menos de volume. Me despi, joguei as minhas roupas no chão e entrei no box. Abri o chuveiro e senti a água gelada escorrer no meu cabelo e no meu rosto.

“- NICOLE, NICOLE... – as pessoas gritavam o meu nome enquanto eu rebolava com a garrafa de vodka em cima da mesa.

Bebi mais um gole e comecei a cantar a música que estava me fazendo dançar. E cada vez mais desafinada, eu continuava cantando. Senti os meus joelhos não aguentando mais. E lá estava eu caindo da mesa, com uma garrafa de vodka em minhas mãos. “

E cada vez, aquelas lembranças me deixavam mais patética.

“A garrafa de vodka estava estraçalhada no chão do banheiro, e, por mais que o vidro estivesse cortando as minhas mãos, eu só conseguia sentir o vômito subindo rapidamente pela minha garganta.”

Enquanto me ensaboava, comecei a perceber as marcas de mordida e os chupões por quase todo meu corpo. Me enrolei na toalha, ainda pensando nas coisas que poderiam ter acontecido na festa.