Pra não Dizer que não Falei de Flores escrita por Moony


Capítulo 9
Infinito




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Capítulo 8 – Infinito

 

Devo ter passado uns dois minutos olhando fixamente para aquele saquinho. Parecia que alguém tinha aberto a minha cabeça, pegado minhas certezas e dado um nó. Walter continuava a me olhar com uma expressão estranha, quase que temendo a minha reprovação.

Peguei o saquinho devagar, ainda sem pensar muito. Olhei para o meu amigo (amigo?), desconsolado, e ele entendeu a minha pergunta muda.

 

- Eu não sei porque aquele cara tava te mandando também.

 

- Também? Espera aí... – ótimo, mais um nó! – A pétala branca, no dicionário?

 

- Essa fui eu, foi a primeira.

 

- E todas as brancas seguintes?

 

- Eu presumo que tenha sido eu também, oras. Sei lá o que ele te mandou!

 

- E as amarelas?

 

- Foi só uma. Junto com um bilhete.

 

- Então a outra foi ele?

 

- É, deve ter sido... Cara, não me leve a mal, mas eu to ficando confuso!

 

- Se fosse só você!

 

Eu disse isso com um tom mais rude do que deveria. Walter se calou, parecendo ter notado que quem estava numa situação constrangedora era ele. Quis pedir desculpas por ter sido rude, mas não consegui. Minha cabeça ainda era um turbilhão, e então percebi que aquele era o momento de fazer a pergunta que me atormentava há tantos meses.

 

- Mas... Por quê? Por que você fez isso?

 

- Ah, Rô... – ele começou, olhando para os pés. Nunca meu apelido foi dito de forma tão... apertável. – Eu... sei lá. Acho que eu precisava de um jeito de te dizer que... E aí tive a idéia maluca de te dar essas pétalas e tal... Mas pelo visto não fui o único.

 

- Não enrola...

 

- Não estou enrolando... – ele continuou, ainda fofo. Fofo? Eu pensei mesmo isso? – É que... Você é um cara... Bom, você é um cara tão legal e eu... Sei lá, acho que com o tempo comecei a gostar tanto de você que... que acabei gostando demais, entende? – ele terminou, finalmente me olhando, com uma súplica no olhar.

 

Fiz que não com a cabeça, e ele suspirou, arrasado.

 

- Não me faça ter que dizer isso. Eu não consigo, tá bem? Se conseguisse, não mandava as pétalas! Você me entendeu, sim.

 

- Eu entendi, Walter, mas... Ponha-se no meu lugar, eu to muito confuso...

 

- Eu sei... Olha, não precisa dizer nada, tá bem? Bota a cabeça no lugar, e aí a gente conversa sobre isso.

 

- Walter... – chamei, já que ele estava se levantando e indo embora. – Walter, espera!

 

Ah, ótimo. Depois de tudo, quem foge é ele. Me senti traído, abandonado num barco que afundava. Tudo isso só pra depois ficar ainda mais confuso que eu?  Mas que merda.

 

- x -

 

- Rodrigo... Ei! Volta aqui.

 

Era Walter que me chamava, no dia seguinte, quando eu estava entrando no portão principal da faculdade. Chegamos quase juntos, e eu nem tinha reparado. Estanquei a meio caminho da escadaria, e olhei pra ele com cansaço.

 

- Tô aqui.

 

- Não me olha assim, cara.

 

- Por que? Ah, eu não deveria estar assim, porque afinal de contas, você foi tão esclarecedor ontem! Desculpe, eu tinha me esquecido da sua eloqüência!

 

 Ok, agora foi a vez dele estancar no meio do caminho.

 

- Não precisa me tratar assim! Aliás, esse nem é você.

 

- Você disse que eu devia colocar minha cabeça no lugar, não disse? Você deveria fazer o mesmo.

 

- Rô... – ele suspirou, me puxando a um canto. – Escuta, não vamos ficar nesse clima estranho, ok? Vamos tentar resolver isso.

 

- O que você quer, afinal?

 

- Como assim o que eu quero?

 

- As pétalas, os bilhetes... Tudo isso tinha um objetivo, não tinha?

 

- Tinha, mas... Mas agora é diferente.

 

- Diferente? Você desistiu, foi isso?

 

- Não, cara, é que... – ele suspirou mais uma vez, fechou os olhos e passou a mão pelo cabelo. Desviei o olhar; não podia corar naquele momento. – É que agora que você sabe tudo fica mais difícil. Eu não sabia que ia ser assim, eu achei que fosse mais fácil, eu... Não sabia o que ia sentir quando você soubesse.

 

- E o que você está sentindo agora? – perguntei, receoso.

 

Walter me olhou diretamente, desesperado. Estávamos muito próximos; eu, encostado numa parede e ele à minha frente. Por fim, respondeu, num suspiro só.

 

- Medo.

 

- Medo de quê? – perguntei, sem conseguir evitar um pequeno sorriso.

 

- De você, de... De tudo. Sabe, isso é difícil, é... Eu quero você, cara. Mas...

 

Não ouvi o resto. Eu quero você. Precisava de mais alguma coisa?

 

- ...Rô? Ei, acorda. Não tá me ouvindo?

 

- Hã? Tô ouvindo.

 

- Eu tenho medo de perder você.

 

- Me perder?

 

- É! Se não der certo, se você se afastar, se não quiser ser mais meu amigo... Eu não vou ag... Ei!

 

Eu tinha começado a rir descontroladamente, sem saber ao certo se era euforia ou desespero. Ou os dois juntos. Já tinha algumas pessoas nos olhando e rindo também. Senti que ele me puxava para um canto mais afastado ainda, e consegui me controlar um pouco.

 

- Do que você tá rindo? Odeio quando você faz isso! Você é um histérico, sabia?

 

- Tô rindo de você, Walter!

 

- O quê?

 

Ele levou algum tempo absorvendo isso, enquanto eu ainda me controlava. Como ele era bobo! Por que eu me afastaria?

Eu estava com a cabeça baixa e não vi quando a mão dele veio até o meu rosto e levantou meu queixo. Estremeci. Era agora, então? Ele estava próximo demais. Senti primeiro um leve roçar de lábios, depois uma pressão mais forte, e finalmente nossas bocas se abrindo. E então senti o infinito.


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Notas finais do capítulo

N.A.: Eu não agüentei!!! Surtei hoje, acabei de escrever esse capítulo e PRECISAVA postar xD~
Não estranhem se o próximo demorar mais um pouquinho xD
Comentários para fazer Moony feliz!!