Pra não Dizer que não Falei de Flores escrita por Moony


Capítulo 14
Quase férias




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Capítulo 13  –  Quase férias

 

 

Acordei algum tempo depois, percebendo vagamente que Walter estava ao meu lado. No relógio da mesinha de cabeceira já era uma e meia da tarde, e quase que no mesmo instante que vi isso, meu estômago resolveu dar sinal de vida. Estávamos só com o café da manhã.

 

Levantei devagar, tentando não acordar o Walter. Senti uma pontada de dor ao sentar, mas nada que um dia ou dois não resolvessem. Fui tomar mais um banho. Quando saí ele já estava sentado na cama, passando a mão no cabelo e bocejando.

 

 

- Tô morrendo de fome – foi o comentário romântico que recebi ao chegar no quarto.

 

 

- Eu também. – falei, me sentando cuidadosamente ao seu lado e enxugando o cabelo.

 

 

Walter me puxou suavemente e deixou um beijou no meu pescoço.

 

 

- Tá tudo bem? – ele perguntou.

 

 

Fiz que sim com a cabeça, ainda um pouco constrangido pelo que tínhamos feito. Ele sorriu e se levantou, em direção ao banheiro. Em vinte minutos estávamos na praia mais uma vez, em busca de uma barraca para almoçar.

 

Caranguejo, camarão, bastante molho... Coisas que as pessoas costumam comer na praia. Sinceramente, não gostei muito do caranguejo. Talvez tivesse mal preparado, sei lá, mas o fato era que não tinha gosto de nada e eu realmente não gostava de ter que sujar as mãos o tempo todo pra conseguir comer com um estranho martelinho de madeira. Sem falar que era muita crueldade cozinhar o pobre caranguejo vivo. Eu disse isso ao Walter e ele apenas riu da minha cara.

 

 

- Você ri porque não é contigo. Imagine ser cozido numa água fervente. Vivo.

 

 

- Tá, mas a porrada que iam dar na cabeça do bicho se fossem matar antes também não seria nada boa.

 

 

- Cabeça?

 

 

A discussão filosófica sobre a anatomia dos caranguejos e suas diversas formas de morrer dignamente se estendeu até o fim do almoço. Depois disso, um descanso pro estômago e mais mar. A água estava gelada, mas era boa mesmo assim. Como não podia deixar de ser, levei algumas quedas memoráveis. Saímos de lá com o corpo moído.

 

O dia parecia não acabar nunca. Era sol o tempo todo. Por um momento eu até esqueci que era meu aniversário e me senti em plenas férias. Mas Walter arranjou um bolo, sabe-se lá onde e como, e quando entrei na cozinha estava lá o dito cujo, com duas velas brancas formando um “19” em cima.

 

Entrou na minha escassa lista de dias perfeitos. Parecia que Walter tinha resolvido que seria o primeiro em tudo naquele dia. Ele adivinhou (Ou será que eu disse alguma vez? Ou foi minha mãe que entregou?) que meu bolo preferido era o de morango. Colocou B. B. King no som, no finzinho da tarde. E arranjou um filme idiota qualquer para termos um bom motivo para ficar abraçados no sofá.  

 

Entre um bocejo e outro a noite ficava mais fria, e foi necessário um cobertor para nos unir ainda mais no sofá da sala. Foi aí que ele resolveu tocar no assunto...

 

 

- Gostou?

 

 

- Muito. – respondi, me virando para olhá-lo.

 

 

- Mesmo?

 

 

- Aham. Foi tudo perfeito.

 

 

- Tudo, mesmo? Tipo, tudo?

 

 

- Foi sim. – eu confirmei, rindo da insistência e dos detalhes implícitos.

 

 

- Ah... Que bom. Sabe, eu não... Se eu fiz algo errado, é só dizer. Te machuquei? – ele voltou a insistir, ficando vermelho.

 

 

- Não. Na medida do possível, eu estou ótimo.

 

 

- Porque na medida do possível?

 

 

- Ah, Walter...! Deixa de ser chato. Apenas aceite minhas respostas sem questionamentos.

 

 

- Tá bom, calma... Só estou preocupado.

 

 

- Eu sei – tranqüilizei, beijando-o de leve. – Mas, mudando de assunto... Quando a gente volta?

 

 

- Ah, sei lá. Pode ser hoje mesmo, mas não to nem um pouco afim. Você tá?

 

 

- Também não.

 

 

- Ótimo. Nós dormimos aqui.

 

 

- É. Dormimos. – frisei, vendo seu sorriso sugestivo. – Lembra do na medida do possível?

 

 

- Tá bom... Dormimos.

 

- x -

 

Achei que seria estranho dormir com uma pessoa, mas não foi tanto assim. Afinal de contas, esse alguém era Walter. Acho que permanecemos abraçados até o meio da noite, mas depois o calor nos separou. Depois daquela noite eu nunca mais dormiria bem em casa, sozinho e abandonado na minha cama de solteiro.

 

Voltamos pra cidade bem cedo, depois de um café da manhã reforçado. Walter me deixou em casa, e tive que responder às milhares de perguntas dos meus pais sobre como foi minha pequena viagem surpresa. Acho que eles estavam felizes por me ver tendo finalmente uma vida social. Não eram do tipo de pessoas que prendem os filhos em casa; eu não saía porque não queria mesmo.

 

Por um momento tive uma pontada de pena deles... No fim das contas, era tudo uma grande mentira. Um grande teatro apenas pra que eu pudesse ir pra praia com meu namorado sem que eles descobrissem esse... pequeno detalhe da minha relação com o Walter. Talvez um dia eu contasse. Bom, com certeza um dia eu teria que contar, mas ainda não pensava nisso como uma realidade concreta.

 

Walter não iria à faculdade naquela sexta, pois levaria a mãe na rodoviária. Em meio a todas as surpresas do meu aniversário, eu tinha me esquecido disso. Ele ficaria sozinho em casa, coitado. Acho que eu não saberia viver sozinho, seria solidão demais.

 

De qualquer forma, eu tinha de ir à faculdade.

 

 

- x -

 

Algumas pessoas lembraram de mim. Poucas, mas já era alguma coisa. A surpresa foi ver o Lucas entre elas.

 

 

- Soube que teu aniversário foi ontem. Parabéns. – ele disse. Era a primeira vez que eu o ouvia falar.

 

 

Agradeci e me afastei, colocando minha mochila em uma mesa. Segundos depois vi que ele ainda estava ali.

 

 

- Olha, aquela história das pétalas... – ele começou, se aproximando e falando baixo. – Bom, talvez não tenha sido uma boa idéia. – continuou, com um sorriso sem graça.

 

 

- Foi péssima. Aliás, foi péssima justamente por não ser sua. – disparei, me assustando com a minha irritabilidade. Aquele cara era um chato! – Vamos apenas esquecer isso.

 

 

Ele abriu a boca pra falar mais alguma coisa, mas o professor entrou na sala e os alunos de outros semestres tiveram que sair. Com certeza ele voltaria a tocar no assunto e eu não sabia se ia ter paciência pra ficar respondendo. A sorte era que Walter tinha faltado.

 

Pelo resto da semana nos falamos apenas por telefone. Eu até tive vontade de aparecer por lá antes da segunda, mas poderia atrapalhar os preparativos da viagem da irmã dele. O jeito foi esperar.


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Notas finais do capítulo

N.A.: Olá!! :D
Sei que este capítulo está um tanto... sem graça, mas considerem-o como ligação para novos horizontes na história 8D
Obrigado a todos pelas reviews no capítulo anterior, fiquei super feliz!! ^^
Aproveitando o espaço pra fazer merchan... xD Comecei uma nova história original, também yaoi, chamada The Greatest, e acabei de postá-la no Nyah! Se alguém quiser dar uma passada lá, fico muito feliz ^^
Bom, na semana que vem começam minhas aulas, então não sei como vai ficar o ritmo de atualização por aqui... Talvez ainda tenha um capítulo nessa semana e depois disso, eu ainda tenho que ver como vou me programar neste novo semestre :D
É isso aí...
Até a próxima!!