Pra não Dizer que não Falei de Flores escrita por Moony


Capítulo 11
Pré-aniversário




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Capítulo 10 – Pré-aniversário

 

Era novembro e faltava uma semana para o meu aniversário. Walter me perturbava todos os dias me perguntando o que eu queria ganhar, mesmo que eu já tivesse respondido vinte vezes. Eu estava ansioso pelo recesso de Natal e Ano Novo, pois o ritmo na faculdade estava começando a aumentar, mas ainda estava longe... Um pouco de descanso seria ótimo. No momento, estávamos tentando relaxar debaixo de uma árvore do campus. Eu adorava ficar debaixo de árvores.

 

- Rô...

 

- Se você perguntar de novo o que eu quero ganhar, eu não respondo por mim!

 

- Ei, calma! Não era isso, não. – ele respondeu, rindo.

 

- Hm... Que bom.

 

- Escuta, porque a gente não sai nesse fim de semana?

 

- Pra onde? – perguntei, apreensivo.

 

- Pra qualquer lugar, oras. Um barzinho, um cinema, sei lá. Preciso descobrir do que você realmente gosta.

 

Concordei, tentando segurar meu sorriso bobo. Walter era fofo mesmo quando não queria. Eu queria ficar mais perto dele, mas não parava de passar gente de todos os lugares. A maioria se dirigindo ao R.U. Com uma pontada de desgosto, vi Lucas passando também. Pro meu alívio, ele não nos viu ali. Mas Walter o viu.

 

- Ele nunca mais falou com você? – ele perguntou.

 

- Não. – respondi, adorando o tom de ciúmes da sua voz.

 

- Hm... Que bom.

 

O assunto morreu aí. Nos levantamos, morrendo de preguiça, para abastecer nossos estômagos famintos. Walter estava com uma cara de poucos amigos que não me agradou nem um pouco. Discretamente, segurei sua mão.

 

- Não precisa ficar assim.

 

Ele não respondeu. Continuamos andando, e nossas mãos se soltaram naturalmente. O R.U., como sempre, estava lotado de estudantes e do barulho que eles faziam. Eu odiava, mas era o lugar mais próximo e mais barato que tínhamos para comer.

 

- O que vai querer fazer no seu... – ele começou quando entramos na fila.

 

- Nem termine essa frase!

 

- Você disse pra eu não perguntar o que queria ganhar; eu tô perguntando o que você quer fazer, é diferente!

 

- Ah... Bom, eu não sei.

 

- Pois vai pensando aí, quero uma resposta concreta até terça.

 

- Você não tá se achando muito mandão, não? – reclamei, lhe dando um tapa nas costas.

 

Walter se virou e me lançou um olhar que derreteria todas as sorveterias da região. Ele parecia dizer “é-mas-você-adora”. Tudo bem, eu adorava mesmo.

 

- x -

 

Na noite de sábado Walter foi me pegar em casa pra gente sair. Meus pais estavam felizes por eu estar, finalmente, tendo “amizades saudáveis” e não ficar mais entocado em casa. Mas também, Walter era naturalmente cativante, não tinha como não gostarem dele.

 

- Minha irmã tá usando o carro, a gente vai ter que ir de ônibus mesmo. – ele explicou, enquanto caminhávamos até a parada.

 

- Tudo bem. E pra onde a gente tá indo, exatamente?

 

- Bom, pensei no básico: cinema-pizza-boate.

 

- Walter, olha pra minha cara e diz se eu pareço querer ir a uma boate.

 

- Eu sabia que você ia dizer isso... Tá, corta a boate. Mudando de assunto – ele começou algum tempo depois, quando chegamos à parada de ônibus. – Elas vão embora semana que vem.

 

- Sua mãe e sua irmã?

 

- É. Viu só como é um complô: as duas vão na mesma semana!

 

- Deixa de ser dramático.

 

Nesse momento o nosso ônibus chegou. Fomos a um shopping ali perto mesmo, e ele tentou me fazer sentar lá nas últimas fileiras da sala de cinema, mas consegui arrastá-lo até as cadeiras centrais.

 

- Aqui dá pra ver melhor.

 

- Hm... Sei. – ele falou, contrariado.

 

Ainda assim conseguiu me roubar alguns beijos assustados. No fim das contas, mal entendi o filme e saímos da sala com uma cara de “fiz-algo-constrangedor-mas-não-quero-que-niguém-perceba” que metade do shopping deve ter notado. Até porque ele não parava de rir.

 

- Cara, se controla. – reclamei, começando a rir também.

 

Por fim fomos a uma pizzaria perto dali, porque ninguém merece uma praça de alimentação cheia de crianças gritando, funcionários ansiosos tentando lhe fazer engolir cardápios e música ao vivo deplorável.

 

Walter estava sendo um amor. Fiquei imaginando o que ele faria no meu aniversário, já que aquela noite estava sendo ótima. Como que lendo meus pensamentos, ele disse depois de pedir a pizza de atum:

 

- E aí, já pensou no aniversário?

 

- Você disse que eu podia responder até terça. Não me pressione.

 

- Tá bom...

 

Olhei pros lados, contemplando a decoração do lugar, que era muito aconchegante. Havia uma lareira acesa a um canto, a iluminação era amarelada e as mesas distantes umas das outras garantiam uma certa privacidade aos seus ocupantes.

 

Quando saímos de lá a noite estava fria, e a idéia de ainda ter que pegar um ônibus provavelmente lotado não era nem um pouco animadora. Walter passou um braço pelos meus ombros, me trazendo mais pra perto de si. Assim estava melhor.

 

- Eu gostei da noite. – ele comentou.

 

- Eu também.

 

Continuamos andando, sem falar mais nada. O ônibus estava um tanto lotado mesmo, mas conseguimos ir sentados. Chegando ao ponto da minha casa, me despedi de Walter e desci, num estado de quase sonho.

 

- x -

 

Terça-feira. Eu não tinha pra onde correr.

 

- E então? – ele perguntou, sério.

 

- Ah... Escolhe.

 

- Hã?

 

- Escolhe.

 

- Você faz suspense por dias e dias só pra me dizer pra escolher um lugar?

 

- Ah, Walter! Você sabe escolher melhor do que eu. Eu pensei, mas não consigo decidir nada que já não tenhamos feito.

 

- Hm, então você quer algo que ainda não tenhamos feito... – ele pescou, adquirindo um ar pensativo.

 

- Ei... calma aí.

 

- Qual é, Rô... não vou te atacar, não.

 

Baixei a cabeça pro meu caderno, corando. Será que ele não podia ser menos direto?

 

- Bom, pense aí. Você ainda tem dois dias.

 

- Ah, legal. Agora sou eu que tenho prazos.

 

- É, sim. E vê se escolhe algo bom.

 

- A-haaa... Quem é o mandão aqui? Hein, hein, quem é? – ele começou, me fazendo cócegas.

 

- Ai! Pára, seu chato! Acabei desabando em cima dele. A sorte era que estávamos no seu quarto, e não na faculdade, na frente de todo mundo. Depois de alguns beijos me levantei rapidamente, sendo acompanhado pelo olhar de Walter. Seria desejo o que tinha nos olhos?

 

- Hã... Quando sua mãe vai embora? – perguntei, desviando o olhar. Ele riu. – Que foi?

 

- Você fica lindo quando tenta mudar de assunto assim.

 

Passamos alguns segundos num silêncio estranho. Era a primeira vez que ele me dizia algo assim. Era uma sensação boa, apesar de um pouco constrangedora.

 

- Ela vai na sexta. A Márcia vai no domingo. – ele emendou, para desfazer o silêncio.

 

Márcia era a irmã dele. Eu a tinha visto umas duas vezes, de relance. Eles tinham em comum o cabelo meio cacheado, mas ela tinha um arzinho irritante que preferi não comentar com Walter.

 

- Vem pra cá na segunda.

 

- Tá. Eu já vou agora, tá ficando tarde.

 

- Ok. Nos despedimos com um beijo caloroso que não podíamos aproveitar em nenhum outro lugar. Com alguma dificuldade, saí dos braços dele e fui embora.


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Notas finais do capítulo

N.A.: Hoje estou completamente sem imaginação pra títulos, mas saiu mais um capítulo xD
Espero que gostem... Tô adorando escrever essa história e creio que ela ainda terá vários capítulos (calma, não será eterna!!), pois ainda quero que muita coisa aconteça :)
Comentem e façam Moony feliz =D