Ficou imaginando como seria sua rotina de trabalho com aquele novo fator. Como iria lidar com aquilo? Só esperava conseguir ser discreto o suficiente para ninguém ficar suspeitando e rondando, fazendo perguntas ou pior, teorias. Entrou na agência e seguiu em direção a BAU, pegando um copo de café apenas por hábito. Havia tomado um ótimo café fresco e caseiro a poucos minutos.Seus dedos batiam agitados no plástico.Respirou fundo, tentando esconder melhor sua ansiedade. Cumprimentou um com um sorriso nervoso outro agente, voltando a batucar no copo com os dedos. Desceu do elevador, olhando a porta do BAU com o coração acelerado. Foi com certo pesar que percebeu que não estava se reconehcendo. Balançou a cabeça, tentando retornar a ser o Spencer Reid de sempre.

Começou a dar os passos em direção a sua mesa. Catorze. Dados todos os dias. Levantou o rosto, dando uma olhada no seu ambiente de trabalho. Em uma mesa próxima a sua, ela e Derek conversavam. Ela mantinha os olhos nele, com algum interesse no que ele lhe falava, enquanto ele exibia todo seu porte viril e seu ar de confiança. Spencer ficou observando por alguns segundos, parado naquele ponto do caminho. Ele nunca sentiu algo como aquilo. Não a inveja da maneira fácil com que Derek conseguia lidar com mulheres. Seu incomodo vinha do fato de vê-la daquela forma após tudo o que aconteceu. Não tinha escapatória. Não podia continuar mais tempo parado ali sem que começasse a parecer muito estranho. Tinha que ir até a sua mesa. Derek logo o notou. – Bom dia, Reid. Estava explicando umas coisas para nossa novata. – Ela sorriu. Reid teve que usar boa dose de seu lado racional. – O que temos para hoje?– Derek suspirou. – Recebemos um chamado de Dallas. Mesmo modus operandi daqueles chamados de Miami e Nova Orleans. – Spencer levantou uma das sobrancelhas.

Derek ia continuar falando quando Hotchner apareceu na porta da sala de reuniões, chamando-os. Derek seguiu na frente, dando tempo para que os outros dois trocassem um olhar tímido. Ela tinha trocado de roupa e ainda chegou mais rápido do que ele. A dúvida de como ela havia conseguido ainda pairava na sua cabeça quando entraram na sala. Seu corpo seguiu até a cadeira, agindo por completa inércia. Reid se sentiu arrastado a força de volta a sala ao sentir o cheiro do perfume dela. Não imaginou que estivera ausente o suficiente para perder o começo das explicações. Era melhor começar a dar atenção...

Na tela plana de plasma da sala estavam as fotos dos três casos. Menos de 24 horas de diferença entre cada um, apesar das grandes distâncias entre as cidades. Todos os presentes na sala olhavam para a tela, perplexos. Crueldade era o mínimo para descrever as imagens. Rossi tomou a palavra. – Está bem claro que as pessoas que cometeram esses assassinatos querem passar uma mensagem. Os corpos foram deixados em lugares públicos e em uma posição determinada. O estado dos corpos indica que apesar da brutalidade, ela foi medida, proposital. – Os olhos permaneceram fixos na tela onde as imagens dos corpos tinham sido trocadas por fotos das vitimas em vida. Tratava-se de uma moça de 20 anos, uma mulher de 35 e uma senhora de 60. Aparências diferentes. Até ali nada parecia ligá-las.

Hotchner tomou atenção do grupo. – Como percebem a equipe deverá ser dividida, em primeira instância. Só assim colheremos informações em tempo hábil. – Os olhos negros percorreram a sala, avaliando opções. – Prentiss e Reid. Morgan e Scott. Rossi e eu. Garcia, vamos precisar de todo seu apoio aqui na base para juntar informações.– A moça balançou a cabeça, de maneira afirmativa. – Os demais ajeitem suas coisas.– Spencer respirou fundo. Ela ia ficar sozinha com Derek. Seus olhos vagaram na direção dela. Estava compenetrada, dava até inveja/orgulho. Aos poucos os presentes começaram a se elvantar. – Estejam aqui em meia hora.– Ela seguiu com Derek para fora da sala, enquanto Spencer permanecia em sua cadeira, segurando o ar de quem pensava no que acabara de ver e ouvir.

Emily se aproximou de Reid, puxando assunto, conversando sobre qualquer detalhe que ela achava relevante. Reid a acompanhou para fora da sala, respondendo tudo de maneira bem direta, tentando não se perder em outro tipo de pensamento. Seus olhos, às vezes, seguiam discretamente os movimentos de sua companheira da noite memorável. Ela e Derek pareciam esta se dando bem. Isso era bom, para ela. Dividia seus olhares e sua atenção entre ela e Emily, tomando cuidando para não ser pego. Emily acabou de juntar suas coisas que estavam sobre a mesa. – o que você acha da novata?– Reid olhou para ela e cruzou os braços. – Até aqui, acho que ela está indo bem. Todo mundo sabe que a prova final é quando se está em campo.– Emily continuou olhando para ele, pegando suas coisas nos braços. - Como era ela na faculdade? –Reid não esperava aquela pergunta. Claro que sabia que qualquer um podia ter acesso a informação, só não esperava que fosse atiçar a curiosidade. – Bem, eu só fui monitor dela e talvez tenha dado aula no lugar de algum professor dela...Era uma aluna muito esforçada, tentava sempre ser uma das melhores da sala...Esse tipo de coisa. – Emily passou a caminhar para fora da unidade. - Bem, ela já tem alguma coisa para virar uma boa agente. E segundo o Hotch, ela é quase tão gênio quanto você. – Sorriu e seguiram para garagem.

Na garagem, Reid e Emily passaram por ela e por Derek. – Pegue só o estritamente necessário. Nossa estadia não vai ser longa e não é bom levar coisas demais. – A garota suspirou. Derek continou a falar. – E acho que por enquanto é só isso. Eu sei como pode ser difícil estar no seu primeiro caso e logo vem uma pedreira dessas... Vai dar tudo certo. Outras instruções eu te passo quando chegarmos ao nosso destino. – A garota balançou a cabeça em afirmativo. Seus olhos se encontraram com os de Spencer e Emily. Sorriu. - Bem, acho melhor nós quatro nos apressarmos. Hotchner nos deu apenas meia-hora e o relógio não espera ninguém. – Os outros três riram. Ela se adiantou até a porta do seu carro. – Até mais. – Acenou para os quatro e entrou no veículo, sem demorar de ligá-lo e dar partida. Cada um também seguiu para seu carro, saindo logo em seguida.

Em exatas meia hora, os quatro agentes estavam presentes de volta a BAU. Hotchner os esperava quase na porta. Os seis seguiram até o hangar aonde o jatinho particular da equipe estava a espera. Derek olhou para Aaron. – São três cidades diferentes. Tem certeza que vai usar um jatinho só?– Aaron suspirou.- A outra opção era ir de carro.– Derek suspirou, balançando a cabeça. Desceram do carro e começaram a fazer o caminho até o jatinho. Spencer ia aparentemente desligado do resto, jogando alguma coisa no seu celular. A novata ia mais ou menos próxima aos demais, calada, só tentando se misturar sem chamar atenção dos “veteranos”. Quando estavam próximos a escada e Spencer viu que todos os demais estavam subindo, ele segurou de leve no braço dela. – Um instante, antes de entrarmos....

CONTINUA....