Dream A Little Dream escrita por milacavalcante


Capítulo 26
Capítulo 26 - Give me love


Notas iniciais do capítulo

Vou chorar, é o último capítulo :(

Vou fazer um negócio só pra agradecer mas vou logo adiantando que agradeço a cada um de vocês que me acompanham desde a minha primeira fanfic e a vocês que começaram a me acompanhar esses dias ♥

Espero verdadeiramente que gostem desse capítulo.



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POV PERCY


Esse foi o pior dia da minha vida. Não podia acreditar que Rachel teve coragem de fazer aquilo. E foi minha culpa.



Não sabia como Rachel tinha encontrado o manuscrito da Annabeth, não tinha ideia de como isso tinha acontecido. Mas lá estava ele, nas mãos dela.


Recordei da conversa que tivemos dias atrás.


– Deve ser muito chato namorar uma doida. – ela disse. – Ter que pensar no que dizer pra não fazê-la cortar os pulsos.




Nesse momento agarrei o pulso dela e a coloquei contra a parede.





– Do que você está falando? – perguntei com raiva.





– Da sua namoradinha, é claro. – ela disse com desdém. E tirou um monte de folhas da mochila e colocou na minha mão. – Reconhece?





– Como você conseguiu isso? – perguntei com raiva.





– Você me deu Percy. – ela disse sorrindo inocente. – Pelo menos é isso que Annabeth pensará.





– Você não pode ser tão ruim assim Rachel. – respondi nervoso. – O que você quer com isso?





– O que eu queria desde o início. – ela disse com desprezo. – Ela bem longe daqui. Foi ela quem se meteu entre a gente.





– Rachel, não há mais nada entre nós. – eu disse. – E você não ouse fazer nada contra Annabeth ou vai se arrepender muito disso.





–Veremos. – ela respondeu quando eu saí de perto e encontrei Annabeth olhando confusa.



Escondi a cópia do manuscrito embaixo de um livro e sorri pra ela.



Eu sabia que Rachel ia fazer alguma coisa. Eu tinha certeza que ela ia. Porque não tinha tentado fazer algo a respeito? Alertar Annabeth ou algo assim.




– Idiota! – me xinguei socando a parede do ginásio. – Idiota, idiota, idiota!



– Percy, pare com isso. – ouvi Thalia dizer. – Quebrar sua mão não vai mudar o que aconteceu.




– O que eu faço? – choraminguei pra Thalia. – Ela não merecia passar por isso.





– Ninguém merecia. – Thalia concordou. – Não podemos fazer nada hoje, vá pra casa, durma um pouco e tente conversar com ela amanhã.





– Ela não pode ficar sozinha essa noite, Thalia. – eu disse alertando-a. – Não deixe ela se machucar.




Comecei a chorar. Era minha culpa. Qualquer coisa que viria acontecer a Annabeth seria minha culpa.


– Ok, vamos fazer o seguinte, eu vou até a casa dela ver como ela está e não vou sair de lá até ela dormir, tudo bem? – ela disse. – Vai pra casa, vai ficar tudo bem.


– Ok. – concordei relutante.




– Certo, vamos. – ela disse me conduzindo até o meu carro. – Tem certeza que consegue dirigir?





– Tenho. – disse entrando e ligando o carro.





Dirigi rapidamente pelas ruas até chegar em casa. Passei por Paul e minha mãe assistindo um filme no sofá.




Fui até a varanda do quarto e tentei vê-la. As luzes estavam apagadas, conseguia ver o vestido que ela estava usando no chão do quarto. Ouvi o carro de Thalia estacionar na frente da casa. Procurei pelo quarto, mas não tinha nenhum sinal dela.



Comecei a ficar nervoso. O toque do seu celular começou a soar da cama, mas nenhum sinal dela. O celular começou a tocar de novo e de novo. Os pelos da minha nuca se eriçaram.




As luzes do quarto do Malcom se acenderam mas ninguém entrou no quarto. Pensamentos obscuros me vieram a mente e eu não pude mais aguentar. Pulei até a sua varanda e entrei em seu quarto. Pude ouvir o som de passos apressados pela escada.





A cama de Annabeth estava vazia. Assim como o quarto. Ouvi a maçaneta mexer e a voz de Thalia.




– Annabeth, abra a porta. – ela disse com urgência.



Destranquei a porta rapidamente.



– Ela não está aqui Thalia. – disse rápido correndo para o banheiro.



Ela estava ali.




Nunca esqueceria aquela cena. Não recomendo ver a garota que você ama caída no chão do banheiro cercada por uma poça de sangue. Ela estava tão pálida.




Por um segundo fiquei lá parado sem saber o que fazer. Ela não podia estar morta. Não podia.



Caí no chão ao lado dela e a prendi contra meus braços.




– Annabeth, por favor, acorde, acorde. – a sacudi.





Ouvi pessoas entrando no banheiro e respirando fundo.





– Ai meu Deus. – Thalia disse assustada. – Malcom, chame uma ambulância e a sua mãe. Rápido.





Malcom saiu do quarto correndo.




– Ela... ela está...? – Thalia não conseguiu perguntar.



Eu não sabia a resposta. Apertei-a mais contra mim. O cheiro de sangue estava tão forte.




Logo, Suzan entrou no banheiro e mandou todos nós sairmos. Com relutância larguei Annabeth... não poderia dizer o corpo de Annabeth, ela não podia estar morta.





O barulho da ambulância foi ouvido rapidamente e logo três pessoas entraram com uma maca, com Carly guiando-os.





Eles colocaram Annabeth na maca e saíram com ela. Suzan foi atrás deles. Fiquei sentado em cima do sangue frio por algum tempo. Tempo suficiente pro sangue ter secado em minha pele.





–Venha. – alguém disse tocando o meu ombro. – Você precisa tirar essa roupa ensanguentada, filho.





Olhei para a avó de Annabeth com tristeza.




– Ela está viva? – perguntei sem rodeios.



Ela deu um sorrisinho triste.



– Vamos esperar que esteja. – ela disse me estendendo a mão. Levantei.



Não lembro direito o que aconteceu a seguir. Quando me dei conta, estava com roupas limpas na sala de espera do hospital com minha mãe e Paul do meu lado. Na sala de espera estavam a avó de Annabeth, Carly, Malcom, Thalia, Nico e Erick.




Desde que vi seu corpo no chão, não tive mais nenhuma notícia sobre ela. Sabia que ela estava viva, porque senão já teriam nos dito algo. Mas não sabia se ela corria algum risco.





Não tinha dito uma palavra desde que chegara ali. Ninguém havia dito nenhuma palavra.





Duas horas depois Suzan entrou na sala de espera e olhou pra nós abatida. Meu coração parou por um momento.





– A cirurgia está acabando. – ela disse. – Tiveram que costurar a veia dela em dois lugares e precisará fazer algumas transfusões porque perdeu muito sangue.





– Ela vai ficar bem? – Thalia perguntou.





Suzan assentiu uma vez e sentou numa cadeira.





Em algum momento da noite, acabei adormecendo na cadeira. Quando acordei eram 5 da manhã. O médico entrou na sala de espera e perguntou pelos parentes de Annabeth.





Todos levantaram na mesma hora.





– Tudo correu muito bem e ela está fora de perigo. – ele disse e todos suspiraram ao mesmo tempo. Senti a mão em volta do meu coração afrouxar. Podemos vê-la? – perguntei ansioso.





– Ela não está acordada, mas podem sim. – ele disse e acrescentou. – Um de cada vez. Preciso falar com a responsável por ela.





–Sou eu. – Suzan disse.





– Eu posso ir vê-la? – perguntei para Suzan. Ela assentiu.





Perguntei da enfermeira o número do quarto e procurei pelo corredor. Quando encontrei o quarto hesitei por um momento. E se ela acordasse e não quisesse me ver?





Respirei fundo e entrei.





O quarto estava escuro apesar da janela na parede oposta. Annabeth estava desacordada, seu pulso estava enfaixado e ela continuava pálida. Seu outro braço estava ligado a um saco de sangue.





Sentei numa cadeira ao lado da cama e chorei.




– Me desculpe. – disse entre lágrimas. – Eu sinto muito.


Afaguei seu rosto com a ponta do dedo, ela estava gelada.

– Eu sinto muito. – repeti impotente. – Eu te amo.

Beijei seus lábios com delicadeza e então beijei a sua testa. Fiquei ali velando-a por algum tempo, até que uma enfermeira disse que eu precisava sair.

Sentei na sala de espera novamente.

– Como ela está? – Erick perguntou.

– Acho que vai ficar bem. – disse baixo.


– Preciso ir. – Erick disse levantando. – Rachel não vai sair só com um nariz quebrado.



– Não faça nada de errado. – Carly disse a Erick.




– Não se preocupe. – ele disse dando um beijo rápido nela e indo embora.





Acabei adormecendo novamente.





Despertei com minha mãe dizendo que queria me levar pra casa.




– Precisamos ir pra casa Percy. – ela disse com a voz cansada.



– Eu quero estar aqui quando ela acordar, preciso me explicar... – teimei mas a minha mãe me cortou.


– Percy, ela já acordou, mas... – minha mãe começou a dizer, não a deixei terminar.


Dei um pulo da cadeira e abri rapidamente as portas duplas que levavam ao corredor do quarto de Annabeth.



Dei de cara com Malcolm e Thalia.



– Preciso ir ver Annabeth. – disse aflito, Malcolm segurou meu ombro com força.


– Você não pode vê-la. – Malcolm disse sério.

– O que está dizendo? – perguntei cínico. – É claro que eu posso.


Malcolm e Thalia trocaram um olhar.




– Percy... – Thalia disse suspirando e tocando o meu ombro. – Ela não quer te ver.





– Eu... eu preciso falar com ela. – disse. – Por favor.





– Isso não será possível, Percy. – ela disse com os olhos tristes.





– Eu vou falar com ela. – disse me desvencilhando dos dois e correndo na direção do seu quarto. Não tinha dado dois passos até Malcolm me segurar.





– Não! – gritei descontrolado. – Annabeth! Annabeth!




Duas enfermeiras apareceram e me tiraram dali. Acabei indo sem dizer nada.


Não tive outra escolha a não ser voltar pra casa com a minha mãe. Chorei em silêncio no banco de trás do carro.


POV ANNABETH



Fitei o forro branco do quarto ignorando debilmente os gritos lá fora. Respirei fundo.


– Desculpa por isso. – disse a tia Suzan que estava sentada na cadeira ao meu lado.

– Não tem pelo o que se desculpar. – ela disse afagando o meu cabelo.

–Tem sim. – revidei. – Eu só causei problemas a todos aqui.

Tia Suzan suspirou.

– Annabeth, pare com isso. – ela disse. – Você foi a melhor coisa que podia ter acontecido a todos nós.


Sabia que ela só estava dizendo isso pra eu não querer me matar de novo mas mesmo assim essas palavras me fizeram melhor.




– Eu preciso de ajuda. – finalmente admiti.





Estava me sentindo péssima. Quase morrer de verdade me fez ver as coisas diferentes. Eu não queria morrer assim. Eu não queria sofrer pelas minhas próprias mãos. Eu não queria ficar me martirizando por coisas que aconteceram antes.




Eu queria viver.



–Eu preciso de ajuda. – repeti.




Tia Suzan tirou uns papéis da bolsa.





–Eu queria falar com você antes de tomar uma decisão. – ela disse. – O médico recomendou alguns psiquiatras e alguns centros de reabilitação que podem ajudar.



– Eu aceito. – disse prontamente. – Qualquer coisa.


Tia Suzan sorriu fraco.


– Você está fazendo a coisa certa. – ela disse. – Preciso acertar as coisas o mais rápido possível. Quer que eu chame alguém?

– Onde está a vovó? – perguntei. Precisava me explicar com ela.

– Ela foi pra casa descansar. – ela disse. – Isso foi muito duro pra ela.


–Eu sei. – disse. – Que bom que ela fez isso.


Tia Suzan me analisou.

– Vou chamar Thalia, certo? – ela disse pegando as coisas e indo até a porta. – Fique forte.

Assenti com um sorriso fraco. Ela fechou a porta e logo Thalia entrou.

– Oi. – disse sem saber o que dizer.

– Oi. – ela disse sentando onde antes tia Suzan estava sentada.


Ficamos em silêncio por algum tempo.



– Quando isso começou? – Thalia perguntou.


– Logo depois da morte dos meus pais. – respondi olhando para o teto com os olhos embaçados.

–E porque não me disse nada? Eu poderia ter ajudado. – ela disse limpando uma lágrima.

– Eu fiquei com medo. – confessei. – Que você me achasse louca.

Thalia sorriu.

– Eu já te achava louca, sua idiota. – ela disse com a voz embargada em lágrimas.

Olhei pra ela e sorri.

– Você é a melhor amiga que eu poderia ter. – disse estendendo a mão para tocá-la ignorando a dor que eu senti ao mexer o braço com as agulhas.


– Confie mais em mim da próxima vez. – ela disse afagando a minha mão. – Ou eu é quem vou te matar.




– Não vai ter próxima vez. – garanti. – Acabou.





Thalia suspirou.





– Sobre Percy, ele... – Thalia começou, mas eu a interrompi.



– Não quero saber sobre ele. – disse virando o rosto para o outro lado para que ela não visse as lágrimas.

– Mas Annabeth, ele está... – ela disse.

– Thalia, não, por favor. – disse olhando séria pra ela.


– Tá bom. – ela disse e bocejou.




Percebi que ela ainda estava com as roupas de ontem. Só de lembrar do baile minha garganta se apertou. Estava tentando evitar pensar nisso e estava conseguindo, mas periodicamente algo vinha a minha mente sem que eu percebesse.





– Você precisa ir pra casa dormir. – disse.



– Mas Suzan disse que você não podia ficar sozinha. – ela disse.

– Eu não vou sair daqui. – disse olhando para o saco de sangue que estava entrando pro meu corpo.

– Eu vou ver se ainda tem alguém aí. – ela disse levantando e me dando um beijo na bochecha. – Não se mexa.



Ela saiu do quarto e uns dois minutos depois Malcolm e Carly entraram com um grande sorriso no rosto.




– Você está viva! – ele exclamou rindo. Eu sorri.


– Malcolm, isso não é coisa que se diga. – Carly o repreendeu.

– Carly está certa Malcolm. – disse séria. – Aja como se você achasse que eu vá me matar.

– Isso não é engraçado Annabeth. – Carly me repreendeu.

– Não seja tão reclamona mulher. – Malcolm disse se esparramando na cadeira. – Annabeth está bem.

Carly olhou feio pra Malcolm.

– Está tudo bem Carly. – disse sorrindo fraco. – Sinto muito por deixar você preocupada.

Os olhos de Carly suavizaram.

– Ai Ann. – ela disse sentando na beira da cama. – Estou tão aliviada por você estar bem.

– Eu também. – disse envergonhada.

– Me sinto tão culpada. – ela continuou. – Sabia sobre seus problemas de se cortar e não fiz nada pra te impedir, eu sinto muito por isso, de verdade.


– Espera, você o que? – perguntei aflita. – Como você sabia?


– Todos nós sabíamos Ann. – Malcolm disse. – Eu, Carly, mamãe, vovó... Só não sabíamos como falar pra você, como te ajudar.


Fechei os olhos e suspirei.


– Está tudo bem. – confortei-os. – Agora venham aqui me dar um abraço.

Eles sorriam e me abraçaram com delicadeza.

Eles ficaram ali por um bom tempo. Os dois me faziam ficar falando de tudo, sobre os assuntos mais bobos possíveis e até me fazendo rir. Mas eu sabia o que eles estavam fazendo. Eles só queriam que eu não pensasse no que aconteceu. E nem eu queria pensar. Ficaria adiando esse momento pra sempre se precisasse.

Depois de algum tempo, disse para eles que estava cansada e queria dormir um pouco. Eles saíram do quarto meio hesitantes.

Olhei para o teto e suspirei. Deixei Percy vir a minha mente. Seus brilhantes olhos verde-mar que antes me faziam ruborizar agora me traziam uma grande tristeza.

Eu achei que conhecia Percy. Achei que ele não faria nada pra me machucar. Abri os olhos e encarei o teto novamente. Tinha certeza que ele não faria algo assim.

Uma parte de mim queria perguntar os motivos dele ter feito isso. Não era possível que tudo o que a gente viveu nesses meses tinha sido mentira. Eu não podia acreditar nisso. Simplesmente não parecia verdade.

Outra parte queria ficar o mais distante possível dele. Retirá-lo da minha mente para sempre. Esquecer todos os momentos juntos que tivemos.

Não sabia qual das duas partes doía mais.

Decidi adiar a minha decisão. Logo estaria num centro de reabilitação. Não tinha certeza se isso mudaria algo, mas queria acreditar que sim.

Esvaziei a minha mente e cantarolei uma música antiga até cair no sono.



Quando acordei, o relógio na parede indicava ser meio-dia. Uma enfermeira entrou no quarto trazendo o almoço que consistia numa sopa ensossa e um iogurte muito ruim. Daria a minha vida por um milkshake agora.





Comi tudo a contragosto. Percebi que enquanto dormira, havia surgido no quarto vários balões e cartões de melhoras. Estiquei o braço pra pegar um cartão e vi quem tinha mandado. Era de uma tal de Lana Neffworth. No cartão dizia ‘’Sei como se sente, espero que melhore. PS: Sou sua fã número 1, que belo soco que você deu.’’



Sorri e deixei o cartão de volta no lugar.

A porta do quarto abriu e tia Suzan e um senhor que me era familiar entraram no quarto.

– Que bom que está acordada. – tia Suzan disse. – Seus amigos estão lá embaixo querendo falar com você. E esse é o doutor Robert Butchel, o responsável pelo centro que você vai.

– Você estava lá. – disse de modo acusatório. Ele desviou os olhos tristes para o chão.

– Sinto muito pelo o que aconteceu, Annabeth. – ele disse passando um lenço na testa. – Como forma de desculpas eu ofereci a sua tia que você fique no centro de reabilitação de Nova York por nossa conta.

Desviei os olhos. Sabia quanto um centro desses era caro, mas nutria certo ressentimento por esse homem.

– Tudo bem. – disse mordendo os lábios nervosa. – Quando eu vou pra lá?

Tia Suzan olhou para o doutor.

– Quando quiser. – ele respondeu. – Já temos um quarto pra você.

Pensei por um momento.

– Quando eu vou ter alta? – perguntei a tia Suzan.

– Amanhã de manhã. – respondeu prontamente.

– Vou amanhã de manhã. – respondi.

Tia Suzan assentiu.

– Eu vou passar em casa pra pegar as suas coisas e vou te deixar lá. – ela disse.

– Na verdade... – intervi. – Eu gostaria de passar em casa antes.


Tia Suzan olhou para o doutor em dúvida.



– Eu não sei se isso... – ela começou.


– Eu vou. – teimei. – Vai ficar tudo bem, tia.

Tia Suzan olhou temerosa para mim e suspirou.

– Está certo. – ela disse suspirando.

– Posso ver meus amigos agora? – perguntei ansiosa.

Não sabia o que eles diriam.


– Pode sim. – ela disse. – Vou chamá-los.




Mordi a bochecha.




– Tia... se o Percy estiver aí, não deixe ele entrar. – disse olhando para o teto.


Tia Suzan me olhou com tristeza.

– Uma hora você vai ter que falar com ele, Ann. – ela disse.

– Eu sei. – falei simplesmente.


Ela suspirou e foi embora com o doutor.




Menos de um minuto depois meus amigos entraram no quarto. Achei que eles iriam me julgar ou fazer perguntas que eu não podia responder, mas diferente do que eu pensei, eles só pareciam felizes por eu estar viva.




Quase chorei de alívio.


Eles ficaram ali por mais ou menos uma hora. Grover estava contando piadas sem graça, mas que faziam todos rirem. Thalia estava abraçada a Nico e sorrindo com olhos aliviados. Ninguém perguntou por Percy ou falou sobre o que tinha acontecido.


Uma enfermeira veio expulsá-los dizendo que o horário de visita tinha acabado e eles estavam fazendo barulho demais. Despedi-me deles com um alívio no peito.



A enfermeira tirou a agulha que levava sangue a minha veia e trocou meu curativo. Pude ver os pontos do corte que fizera. Pareciam bem profundos.



– Seu namorado esteve aqui de novo. – ela disse. – Ele tentou me subornar pra deixá-lo entrar.



Desviei os olhos.


– Não quero vê-lo ainda. – respondi. – Pode me fazer um favor?


– O que? – a enfermeira perguntou de má vontade.




– Pode me trazer papel e caneta? – perguntei ansiosa.





– Claro. – ela disse e terminou de trocar o curativo. – Certo Annabeth, as transfusões de sangue acabaram, agora você vai ficar em observação até amanhã.





Assenti entendida. Ela saiu do quarto e logo voltou com o que eu pedi.




Sentei na cama rapidamente e minha cabeça rodou. Fiquei parada por um momento esperando passar.



Apoiei o papel na mesa, afastando os cartões que me deixaram e pousei a ponta da caneta sobre o papel.



Não tinha certeza do que estava fazendo, mas comecei a escrever.




Pela manhã tia Suzan veio com o doutor. Ele deu uma checada em mim rapidamente e me liberou. Vesti as roupas que tia Suzan me trouxe, levando o papel bem firme na minha mão.






Fiquei ansiosa o caminho todo no carro. Batia o dedos freneticamente na coxa. Quando finalmente chegamos em casa, não pude deixar de olhar para a casa ao lado.






Esperei tia Suzan estacionar o carro e andei apressadamente até dentro de casa. Subi as escadas rapidamente e entrei no quarto.





Fiquei tentada a ir ao banheiro, mas não sabia se o haviam limpado ou se meu sangue ainda jazia no chão.





Preferi não arriscar e fui direto para o closet pegando a minha mala embaixo da cama.





Um sentimento de saudades me ocorreu. Iria sentir falta daqui, das tardes silenciosas e dos amigos que fizera. Estava novamente me mudando.





Balancei a cabeça relutante. Não iria ser permanente, prometi a mim mesma. Quando estivesse curada da minha mente poderia voltar e tudo seria melhor. Sem mais mentiras, sem mais segredos. Só a dura verdade que a vida me impôs.





Abri o closet e peguei roupas mais simples. Estava indo para um centro de reabilitação então senso de moda não era algo importante.





Coloquei tudo dentro da mala, juntos dos meus livros favoritos e um caderno grosso. Havia adquirido o hábito de escrever quando terminei o manuscrito e descobrira que ainda tinha muito a dizer. Talvez esse tempo longe traria algumas novidades.





Fechei o zíper da mala e sentei na cama. Alguém abriu a porta do quarto e vovó entrou por ela, levantei e dei um grande abraço nela.





– Desculpe. – murmurei contra o seu pescoço deixando algumas lágrimas se libertarem.



– Shii, vai ficar tudo bem. – ela disse afagando o meu cabelo. Fungando soltei-a.



– Já fez as malas? – ela perguntou apontando para a minha mala em cima da cama. Assenti silenciosamente.





– Vovó... – comecei. – Como me acharam tão rápido?





Minha avó suspirou e sentou onde eu estava sentada antes.




– Aquele garoto, o Percy, ficou preocupado. – ela disse e franziu os lábios finos. – Em qualquer outra ocasião eu daria um sermão por ele pular da janela mas não dessa vez.



Devo ter feito uma cara de culpa.



– Pelo visto ele já tinha feito isso antes. – ela disse olhando sugestivamente para mim. – De qualquer forma, foi até bom, senão teríamos demorado mais pra te achar.


– Então foi ele quem me achou? – indaguei suspirando. – Como eu estava?

Vovó olhou pra mim com tristeza.

– O garoto nunca vai esquecer a cena que viu, Annabeth. – ela disse. – É praticamente impossível tirar da cabeça que a menina pelo qual ele é apaixonado tentou se matar. Ele achava que você estava morta.

– Ele não é apaixonado por mim. – disse inexpressiva.

Vovó suspirou e levantou da cama.

– Annabeth. – ela começou séria. – Eu não sei o que ele fez e nem cabe a mim dizer o que você deve fazer mas todos nós cometemos erros, você, entre todos, sabe disso. Dê uma chance para si mesma, você pode se surpreender com o que vai encontrar.

Assenti olhando para os meus pés.


– Eu vou melhorar. – disse baixinho. – Eu prometo.



Vovó afagou meu cabelo carinhosamente.


– Eu sei que vai. – ela disse e ficou de pé. – Vou deixar você sozinha um pouco, estamos te esperando lá embaixo.

Assenti e ela saiu do quarto fechando a porta.

Pensei por um momento e peguei o papel que tinha escrito. Olhei para ele, lendo e relendo o que tinha escrito, duvidando se deveria entregar ou não.

Suspirei e levantei da cama. Eu entregaria.

Andei lentamente até a minha janela e observei o quarto de Percy. Não podia ter certeza mas parecia estar vazio. Meu coração batia forte. Apoiei-me na grade da varanda e pulei para o outro lado com precisão. Minha queda foi silenciosa.

Espiei dentro do quarto e suspirei aliviada por ele estar vazio. Perguntei-me onde Percy teria ido. Critiquei-me por isso.

Com as mãos trêmulas estendi o braço e deixei a carta no meio da cama. Achei que tinha ouvido a porta ser aberta e dei um passo pra trás, mas era apenas coisa da minha mente. Porém acabei tropeçando num livro. Olhei-o de relance e reconheci como o meu manuscrito. Fechei os olhos e respirei fundo. Coloquei o manuscrito ao lado da carta e corri de volta para o meu quarto.


Fechei a minha janela e carreguei as minhas malas até o andar de baixo onde toda a família estava reunida. Depois de muitos abraços e desejos de melhoras eu estava pronta pra ir.




Entrei no carro e suspirei. Eu vou conseguir fazer isso. Tia Suzan entrou no carro e ligou. Quando o carro começou a andar cometi o erro de olhar para o lado enquanto passávamos pela casa de Percy e o vi. Ele estava lá, encarando o carro com a carta na mão. Ele deu um passo e outro na direção do carro, mas tia Suzan sem vê-lo começou a acelerar, deixando-o para trás.





Deixando tudo para trás.






POV PERCY






Annabeth foi embora. A minha Annie. Voltei pra dentro de casa desolado. Entrei no meu quarto e deitei na cama. Ela deixara uma carta pra mim, ao lado do manuscrito que ela tanto se desempenhara a escrever e fora roubado. Nele, um bilhete dizendo ‘’Não mostre a ninguém, com amor, Annabeth.’’ Datando dois meses atrás.



Coloquei a mão no rosto e abafei um grito. Li a carta novamente.

‘’Percy,

Eu peço, sinceramente, que você não venha me ver. Você, entre todos os outros, deve entender isso, devido a tudo o que aconteceu e o que você me fez. Não se culpe pela minha tentativa de suicídio, isso foi culpa minha e do meu descontrole mental. Pelo resto, espero que esteja pensando no assunto. Não sei o porquê disso ter acontecido. Eu não era boa o bastante pra você? Rachel era? Foi por isso? ‘’

Não. Nunca. Gostaria de poder dizer isso a ela. Eu não gosto de Rachel, nunca gostei, não como gosto de Annabeth. Eu amo a Annabeth, nunca tive plena certeza disso, mas agora que ela foi embora, eu não tenho dúvidas. Eu amo a Annabeth. E ela se foi.

‘’Acho que não deveria pensar desse jeito. Certamente deve ter um motivo pra o que você fez, pelo menos, é assim que procuro pensar. Não consigo acreditar que você fez tudo isso comigo só por querer. Não posso acreditar nisso.’’

Pisquei para desembaçar meus olhos e voltei a ler.

‘’Enquanto você está lendo isto, eu devo estar a caminho do centro de reabilitação, ou talvez eu até tenha chegado lá. Honestamente, eu estou com medo do que pode acontecer, mas a ansiedade é maior. Tenho muitas esperanças de que eu vá melhorar, eu acredito de verdade nisso. Peço desculpas por ter jogado todos os meus problemas em cima de você. Isso foi errado, digo, eu usar você como meu porto seguro. É muita responsabilidade e você não estava pronto pra isso.’’

Isso não é verdade, eu estava pronto. Eu guardei seu segredo, eu amei-a e fiz o que era necessário pra ela melhorar. Tudo o que eu fiz foi cometer um erro, um único erro que desencadeou tudo isso. O meu único erro foi deixar Rachel me manipular. E eu estava pagando por esse erro.


‘’Não sei quanto tempo ficarei lá, por isso, peço que continue a sua vida sem mim. Aja como se o que aconteceu foi apenas coisa da sua imaginação. Pois assim eu farei. Tudo o que vivemos ficará na minha memória, é claro, não será esquecido, mas ficará no passado, como todo o resto da minha vida. Quando eu sair daqui, talvez esbarre com você na rua ou até na escola se eu tiver coragem de voltar lá de novo, e você vai me cumprimentar como se fôssemos apenas conhecidos.’’



Parei de ler. Eu não podia aguentar isso. Eu não queria ficar sem ela, não queria que acabasse assim, no passado. Não queria esquecê-la e não queria que ela me esquecesse. Não queria nada disso. Limpei as lágrimas com a costa da mão e funguei.


‘’Espero de todo o coração que ambos consigamos superar isso. Adeus, Annabeth.’’

Dobrei os papéis cuidadosamente e deixei o amor da minha vida se afastar.


6 meses depois



POV ANNABETH


Respirei fundo antes de entrar na sala do psicólogo. Vinha vê-lo pelo menos uma vez por semana, ele se chamava Richard e na sua mesa tinha uma fotografia de uma mulher e uma menininha, respectivamente sua esposa e filha.

Doutor Richard me ajudou bastante nesses meses. Suportar tudo ficara bem mais fácil. Ele me ajudou a lidar com a culpa pela morte da minha família primeiramente, alegando que essa era a fonte da minha insanidade, trabalhando tudo em etapas.

Depois de seis meses eu me sentia livre. Livre como nunca tinha me sentido antes. Tão livre que, mesmo estando presa no centro de reabilitação, eu estava feliz, por estar livre de mim mesma. Livre dos cortes, das autoflagelações, dos pensamentos doentios e da culpa.

Claro que, nem tudo foi um passe de mágica. Havia tido algumas recaídas ao longo da minha estadia, mas agora eu me sentia livre de todas as maneiras possíveis.

– Como você está se sentindo, Annabeth? – ele perguntou como sempre.

Sorri antes de responder.

– Muito bem. – respondi.

Ele anotou no caderno que ele sempre carregava consigo.

– Tem algo que queira me contar? Algum pensamento aleatório? – ele perguntou gesticulando com as mãos.


Respirei fundo.




– Pode ser só impressão minha mas eu me sinto livre. – disse enfaticamente. – Como se tudo tivesse acabado e só houvesse silêncio dentro de mim. Mas não um silêncio hesitante, como um animal prestes a dar o bote e sim, silenciosamente como o céu.




– Você parece bem metafórica hoje. – ele disse anotando. Nunca soube dizer o que ele anotava.




– É, eu acho que sim. – disse acenando.





Ele entrelaçou suas mãos na altura do queixo e me olhou com incerteza.




– Acha que está pronta pra nos deixar? – ele indagou.



Encarei-o sem saber o que responder. Havia pensado muito nesse dia, voltar para o mundo real, longe da paz que era esse lugar e ter uma vida normal, mas eu teria que enfrentar muitas dificuldades ao sair daqui.



Pensei bem antes de responder.



– Eu estou pronta. – disse solene.




POV PERCY




Seis meses haviam se passado. Se algo mudara? Sim.


Estava fazendo exatamente como ela pedira, vivendo. Não posso dizer que tenho a mesma vida que tinha antes dela aparecer na minha vida, mas estava fazendo o possível.

Minha rotina se alterara. Não radicalmente, mas pequenos detalhes que apenas eu percebia.

Poseidon havia dado notícias por meio de uma carta. Nela, dizia que estava curado e sentia a minha falta. Tinha respondido a ele uma semana atrás, dizendo que o perdoaria, mas era tudo.

Fiquei esperando o último sinal tocar. Quando tocou sai correndo da sala até o estacionamento onde encontrei meus amigos conversando animadamente. O estranho foi que quando me viram se aproximar, o assunto não pareceu mais tão alegre.

– O que vocês estavam falando? – perguntei desconfiado.

– Estávamos falando sobre viajar pra Londres quando as aulas acabarem. – Thalia disse rapidamente. – Seria legal, não é?

– Sim, seria. – disse ainda desconfiado. – Certo então, eu vou pra casa, vejo vocês amanhã?

Não esperei eles responderem e fui para o carro.

Fui para casa apenas pra trocar de roupa. Como disse antes, estabeleci uma nova rotina e nela incluía correr pelo central park até anoitecer.


Inicialmente, isso era apenas pra não lembrar dela o tempo todo. A primeira semana depois que ela foi embora foi a mais difícil, acabei ficando na cama lendo e relendo aquela carta por dias, decorando cada palavra.




Mas acabei descobrindo que correr me fazia bem. Distraia a minha mente do que eu não podia lembrar e me fazia entrar em forma.





Corri até a lua surgir no céu e voltei pra casa, suado e ofegante. Subi até o meu quarto e tirei a minha roupa. Fui até a janela pegar esfriar o corpo antes de ir para o chuveiro. Como sempre, olhei para a janela dela. Pra variar, ela estava fechada, como esteve por esses seis meses. As luzes do quarto estavam acesas, mas isso não significava nada. Sempre iam até o quarto para limpá-lo. Eu mesmo já fui lá duas vezes, logo no início, quando a saudade foi grande.





Voltei para dentro do quarto, fechando a janela e a cortina e indo para o chuveiro.






POV ANNABETH







Assim que cheguei em casa não consegui evitar. A primeira coisa que fiz foi olhar para a casa dele e imaginar como ele estava.






Malcolm saiu de casa correndo e me deu um abraço de urso.




– Finalmente loirinha. – ele disse me soltando e indo pegar as minhas coisas.


– Bom te ver de novo, grandão. – disse e andei até dentro de casa.

As luzes, antes apagadas se acenderam e eu fui recebida com um coro de ‘’Bem vinda de volta’’. Lá estavam Carly, Thalia, Nico, Grover, Júniper, Erick, e até a vovó, que eu não sabia que tinha voltado.

Thalia foi a primeira a me abraçar.

– Senti tanto a sua falta. – ela disse me dando um abraço apertado. – Temos muito o que conversar, você não vai acreditar nas coisas que aconteceram por aqui.


– Respira. – eu disse sorrindo. – Vamos ter todo o tempo do mundo pra conversar.



Depois de uma série de abraços e matar a saudade, todos me contaram as novidades e tudo o que eu perdi nesse tempo.


– Quando você volta para a escola, Ann? – Nico perguntou colocando um punhado de doritos na boca.


– Não sei. – confessei. – Ainda preciso acertar tudo.




– Tem mais uma coisa que você deveria saber Ann. – Carly disse sentando no colo de Erick.





– Se for sobre... – comecei mas Erick me interrompeu.





– É sobre Rachel. – ele disse. – Ela foi embora.





Gritei de felicidade.




– Pra onde ela foi? – perguntei aliviada. Estava receosa de que Rachel tentaria me infernizar de novo.


– Um internato para pessoas com deficiência mental na Suíça. – ele disse sorrindo.


Encarei-o boquiaberta.



– O que? – indaguei sem acreditar.


Erick sorriu ficando vermelho.

– Eu contei para o nosso pai tudo o que ela tinha feito e ele achou que isso seria melhor pra ela. – ele disse e deu de ombros. – Na verdade ele estava com medo de ter outro processo por culpa dela.

– Outro? – Carly perguntou.

– Longa história. – ele disse dando de ombros.

– Deveríamos comemorar então. – eu disse levantando.

Vovó cortou o meu clima.


– Nada disso, mocinha. – ela disse. – Todos vocês tem aula amanhã e você vai já pro seu quarto dormir.


– Mas vó... – tentei argumentar.

– Sem mais. – ela disse.

Despedi-me de todos e fui para o meu quarto. Tirei a minha roupa e fui para o chuveiro.

Quando saí vesti meu pijama mais velho e deitei na cama. Fui acolhida pelo cansaço e adormeci quase instantaneamente.


Acordei por volta das 10 da manhã, tive uma noite sem sonhos, como já tinha me acostumado. Era uma sensação ótima, acordar sem sentir o desespero ou o medo. Era incrível.



Levantei e fui para o banheiro começar a minha rotina. Vesti um jeans escuro e uma camisa verde com mangas. Desci para comer e encontrei minha avó assistindo tv.


– Bom dia vovó. – disse indo para a cozinha. Ela levantou e me acompanhou até a cozinha.

– Como está se sentindo? – ela perguntou enquanto eu fazia o meu café da manhã.

– Preguiçosa. – disse.

– Isso não é novidade. – ela disse sorrindo. – Vai sair?

Pensei por um momento.

– Não sei. – disse. – Vou dar uma volta por aí, tomar um milkshake.

– Você e esse vício por essas coisas. – ela disse me repreendendo.

Terminei de tomar café e voltei para o quarto, peguei uma bolsa pequena no closet e coloquei minhas coisas nela.

Liguei pedindo um taxi e esperei lá na sala. Não tive coragem de esperar lá fora. Alguém poderia me ver.

Quando o taxista buzinou, eu saí de casa e corri para o carro. Disse para ele ir ao shopping.


Chegando lá, a primeira coisa que eu fiz, claro, foi comprar um milkshake. Aproveitei pra comprar livros e roupas novas. Foram seis meses isolada, meu cabelo estava doentio então fui ao salão de beleza e dei um jeito nele. Acabei almoçando na praça de alimentação do shopping. Quando deu três da tarde, peguei um táxi de volta pra casa e arrumei as compras.



Resolvi caminhar por aí.



POV PERCY




Cheguei da escola e troquei de roupa como sempre. Falei com a minha mãe e saí pela porta da frente. Andei por alguns quarteirões e me dirigi até o central park. O céu estava nublado o que indicava chuva daqui a algumas horas, mas não me importei. Corri pelo parque sem pressa, aproveitando as belezas já conhecidas por ali.





Parei por um momento pra amarrar o cadarço que se soltara e um cachorro veio em minha direção.




– Segura ele! – alguém gritou. Por reflexo, me joguei e agarrei o cachorro que não era maior que um filhotinho.


Ele parou e olhou pra mim divertindo-se. A dona dele chegou e se ajoelhou do meu lado.

– Desculpe. – ela disse ofegante. – Ele se soltou da coleira.

– Tudo bem. – disse passando ele para ela e me levantando. Ela recolocou a coleira dele e levantou.

– Obrigada. – ela disse enquanto o cachorrinho lambia meu tênis.

– Sem problemas. – disse. Ela sorriu e estendeu a mão.

– Meu nome é Mary. – ela disse eu apertei a sua mão.

– Percy. – disse.

– Obrigada de novo, Percy. – ela disse soltando a minha mão. – A gente se vê por aí.

Acenei enquanto ela voltava a correr com o cachorro.


Virei-me de volta e me deparei com a última pessoa que esperava ver agora. Ela estava a uns 10 metros de mim, mas me encarava com uma expressão atordoada. Quando percebeu que eu a tinha visto, se recompôs rapidamente.




Senti todo o meu sangue esvair. Ela não podia ser real. Não podia acreditar que ela tinha voltado. Senti todos os sentimentos que eu tentara evitar por esses seis meses voltarem como uma enxurrada de emoções.




Ela veio andando até mim calmamente. Senti meu coração bater mais forte. O que ela diria? O que eu deveria dizer? O que iria acontecer? Havia uma guerra civil dentro de mim, tentei me controlar, não podia criar esperanças agora.



Pareceu uma eternidade mas ela enfim chegou perto de mim. Ficou em silêncio por um momento, talvez pensando no que dizer.




– Olá Percy. – ela disse educadamente.





Por trás da educação não consegui detectar nada, nenhum indício de sentimento, nenhuma raiva, amor ou esperança.





– Annabeth. – respondi cortês.





Ela deu um sorriso trêmulo.




– Como vai? – perguntou cordialmente.


– Bem e você? – respondi de praxe.

– Ótima. – ela disse sorrindo ainda mais.


Com certa angústia, percebi que ela parecia realmente bem. Havia uma felicidade estampada em seu rosto que eu nunca tinha visto antes. Será que ela tinha superado tudo? Me superado?




– N-não sabia que tinha voltado. – disse depois de algum tempo.



– Cheguei ontem. – ela disse com um aceno de cabeça.

– Você parece bem. – disse debilmente.


Annabeth estava fisicamente diferente também. Sua postura estava mais confiante, seus cabelos mais curtos do que eu me lembrava e seus gestos mais contidos.


– Eu me sinto bem. – disse simplesmente.

Um silêncio estranho seguiu-se.

– E como você está? – perguntei sem saber o que dizer.

Ela sorriu franzindo as sobrancelhas.

– Já falamos sobre isso. – ela disse. – Eu estou bem.

Senti o sangue voltar pro meu rosto. Boa Percy.

– Não, quero dizer, como você está agora? Digo, depois de sair do centro? Você... – me enrolei com as palavras.


Annabeth colocou as mãos nos bolsos.



– Eu estou bem. – ela disse com intensidade.



Nossos olhos se encontraram por um momento. Minha vontade era abraçá-la e nunca mais soltá-la, mas consegui manter uma distância dela. Uma distância que com certeza ela queria manter.




– Bem, a gente se vê por aí. – ela disse dando um sorriso fraco e seguindo em frente.



E pela segunda vez, eu vi o amor da minha vida se afastar.



POV ANNABETH




Assim que dei as costas para Percy deixei a máscara cair. Deixei toda a dor transparecer em meu rosto. Achei que seria mais fácil vê-lo, não estava preparada pra isso tão cedo. Abracei meus braços e voltei correndo pra casa. Assim que cheguei em casa, uma grande tempestade começou.


Dei um beijo na testa da vovó que estava cochilando no sofá e subi para o meu quarto. Deitei na cama e deixei-me soltar algumas lágrimas. Todo esse tempo eu não consegui esquecê-lo, o tempo curara as feridas abertas, mas as internas continuaram latejando.

Respirei fundo três vezes. Eu ainda amava-o com a mesma intensidade de antes, mas tudo parecia tão diferente. E nada mudaria o que aconteceu.

Resolvi esfriar a cabeça. Não precisava fazer nada ou tomar qualquer atitude. Joguei minhas roupas num canto do quarto e entrei no chuveiro quente.

Quando sai do banheiro, Carly estava sentada na minha cama. Vesti um blusão que pertencera ao meu pai e sentei ao lado dela.

– E aí? – indaguei.

Ela deu um sorriso trêmulo e tirou um papel do bolso.

– Tem algo que eu preciso te dizer. – ela disse me estendendo o papel. Peguei de sua mão. – Mês passado Erick e o pai dele foram visitar Rachel na Suíça e ela mandou isso... pra você.

– Você leu? – perguntei preocupada.

Carly negou com a cabeça.

– Não sabia se deveria te entregar ou não. – ela disse olhando para as próprias mãos. – Não sei o que está escrito ai e o que isso pode causar em você...

– Carly. – disse séria. – Seja lá o que ela tenha escrito aqui não vai me afetar de maneira alguma.


Carly suspirou aliviada.


– Promete? – ela perguntou.

Prometo. – disse revirando os olhos.


Ela me deu um beijo na bochecha e levantou.



– Fico feliz que tenha voltado. – ela disse sorrindo.


– Fico feliz em voltar. – respondi e ela saiu do quarto.


Respirei fundo e desdobrei o papel.




‘’Querida Annabeth,





Sei que deve estar achando no mínimo estranho ou ofensivo eu mandar uma carta assim, mas como já deve ter ficado sabendo, eu estou muito longe pra falar pessoalmente e não telefones não são permitidos aqui.




No lugar onde estou tive outra perspectiva da minha vida em Nova York e vergonhosamente admito que cometi muitos erros, erros muito grandes, que afetaram as pessoas a minha volta, minha família, Erick e principalmente você.


Você pode estar lendo tudo isso com ceticismo e não acreditando em uma palavra do que eu estou dizendo, eu não a culpo de forma alguma por isso.

Para que entenda tudo o que eu fiz pra você, vou tentar contar a minha história.

Primeiramente, eu perdi a minha mãe muito cedo e fui criada por um pai que se preocupava mais com os negócios. Não quero dizer que não era amada pois eu sei que ele me amava e só queria me dar as melhores coisas. Com isso, eu cresci com babás que mal conseguiam olhar na minha cara.

Sempre fui muito sozinha até conhecer Percy. Ele foi o meu primeiro amor, deve entender isso. Ele me trouxe uma felicidade que me tornou dependente, eu nunca tinha me sentido amada como ele fez eu me sentir. Eu precisava dele mais que tudo. E eu o tinha, até você aparecer.

Muitas pessoas para esconder a tristeza que carrega em si mostra o seu pior lado, o da maldade, da ganância, da inveja. E foi o que eu fiz. Eu causei dor a outras pessoas só para tornar a minha suportável.

O que aconteceu a você foi culpa minha. Sei que admitir a culpa não muda o que aconteceu mas pode melhorar o seu presente e o seu futuro.

Agora eu percebo todo o mal que eu fiz. Eu não amava Percy de verdade, eu apenas tinha medo de voltar a ficar sozinha. Consegue entender?

Eu roubei o manuscrito da sua estante e tirei cópia, li todo e tinha certeza que ninguém mais sabia sobre ele, apenas Percy. Era a oportunidade perfeita.

Vendo o que eu fiz agora, sinto vontade de infligir a mim mesma toda a dor que causei a todos. Eu não mereço viver. Pelo menos assim eu pensei até mês passado.

O que me fez mudar de ideia? O amor. É, isso mesmo. Eu me apaixonei de novo. Não por medo da solidão, e sim por amar de verdade. Dá pra acreditar? O nome dele é Dimitri e ele está internado aqui comigo. Somos dois loucos, não tem como isso dar errado.

O que eu quero dizer Annabeth, é que eu percebi que não podemos interferir no amor, que não importa o que aconteça ou quem tente impedir, se for de verdade, eventualmente você não vai conseguir evitar.


Peço que você e Percy me perdoem.




Sinceramente, Rachel Elizabeth Dare.’’





Pisquei atônita. Deveria eu acreditar no que ela disse? A confusão invadiu a minha mente. Não tinha ideia do que deveria fazer, como deveria agir.




Respirei fundo.



POV PERCY




Voltei pra casa, ensopado de suor e chuva. Minha mente estava emaranhada de pensamentos confusos. O que eu deveria fazer? Lutar por ela? Ou deixar a vida seguir? Ela me perdoaria? Tudo voltaria ao que era antes?





Entrei em casa e tirei os tênis na soleira da porta. Subi as escadas correndo, tirei a roupa molhada e fui tomar um banho quente para pensar.





Não tinha dúvidas do que sentia por Annabeth. Nenhuma mesmo. Mas meus sentimentos seriam inúteis se Annabeth não me perdoasse. O que eu deveria fazer? Voltava a me perguntar inúmeras vezes. Quando a água quente acabou sai do chuveiro e vesti roupas quentes. Andei de um lado a outro do quarto, aflito. Precisava fazer algo. Mas o que? Esclarecer as coisas seria um bom começo. Conversar sobre o que houve? Pedir perdão? Não sabia o que dizer.




Com certa imprudência abri a janela do quarto e sai para a chuva novamente. A janela dela estava fechada como de praxe mas as luzes continuavam acesas. Dessa vez eu sabia que ela estaria ali. Me apoiei na grade de proteção como fizera tantas vezes antes e pulei para o outro lado, precisando me apoiar na grade novamente para não cair.



Respirei fundo duas vezes, criando coragem, por pouco não pulei de volta para o meu quarto. Não tinha ideia do que estava fazendo.




Bati na sua janela duas vezes.





POV ANNABETH





Ouvi as batidas na janela e minha respiração falhou. Sabia exatamente quem era, mas o que eu faria? O que eu diria? Não podia encará-lo depois de ter lido essa carta. Não sabia o que pensar.





Abri a cortina e o vi. Ele estava prestes a bater na janela de novo, suas roupas estavam molhadas devido a chuva e gotas d’água pingavam de seus cabelos e de sua barba.





Com certa hesitação destranquei a janela. Ele entrou no quarto sem dizer nada e ficou me olhando. Será que ele sabia da carta? Do que eu sabia?





– Eu... – ele começou e parou me olhando com os olhos tristes. – Eu...




Esperei tentando esconder a aflição que estava sentindo. Percy respirou fundo e tirou os cabelos que caíam no olho.


– Precisamos conversar sobre o que aconteceu. – ele disse rapidamente.


Cruzei os braços na altura do peito e acenei minimamente com a cabeça.



– Annabeth, eu... – ele começou de novo. – Não tive nada haver com o que Rachel fez no baile. Eu nunca teria contado pra ninguém, você sabe disso, eu sei que você sabe disso. Eu nem sabia que você tinha me dado uma cópia do manuscrito até o dia em que você foi embora, eu juro.



Ele pausou e respirou fundo, aproximando-se de mim.



– Eu nunca, nunca trairia você. – ele disse olhando no fundo dos meus olhos. – Nunca. Annie, eu amo você.



Senti uma pontada de dor.



– Não diga isso. – sussurrei.


– É a verdade. – ele disse com a voz embargada. – Eu não quero te perder.


– Então porque você fez aquilo Percy? – gritei batendo com o punho em seu peito. – Porque você a beijou? Porque?




Percy ficou surpresa com a minha explosão e segurou o meus ombros.




– Isso eu não posso mudar. – ele disse sério. – Eu não quis beijá-la, ela me beijou. O meu erro foi não ter te contado que eu achava que Rachel iria fazer alguma coisa naquela noite contra nós dois, mas eu nunca imaginara que ela faria aquilo, nunca achei que ela seria capaz disso.


– Você pretende que eu acredite que você a beijou? – eu disse encarando-o.

– Eu não pretendo nada. – ele disse com os olhos tristes e vermelhos. – Eu só quero que você saiba como as coisas aconteceram.


– Você é um estúpido Percy. – eu disse batendo nele novamente e não conseguindo mais segurar as lágrimas. – Um estúpido! Porque não me disse que ela estava querendo fazer algo? Porque me escondeu isso?




– Eu não queria que você ficasse preocupada, eu não queria colocar mais um problema na sua cabeça. – ele disse limpando uma lágrima da sua bochecha. – Esse foi o meu erro.





– Você deveria ter me contado. – eu disse. – Você deveria...





– Eu sei. – ele disse. – Me desculpa.





– Não sei se consigo. – confessei.





– Eu entendo. – ele disse desviando o rosto. – Só quero que saiba que você foi a melhor coisa que me aconteceu.





Não respondi. Não conseguia mais encontrar a minha voz. Parte de mim queria acreditar no que ele estava dizendo mas a outra parte continuava tremendamente ressentida com ele.




Percy suspirou.


– Annabeth. – ele disse segurando a ponta do meu queixo e levantando o meu rosto. – Olhe para mim.

Meus olhos ficaram a altura dos dele.

– Não sei bem o que dizer, mas tenho certeza de uma coisa: Eu amo você. – ele disse pausadamente. – Esses seis meses que você ficou longe, não teve um dia que eu não pensasse em você, pensasse no que estaria fazendo, se estava pensando em mim ou se continuava a me odiar. Eu não sabia como lidar com isso, não sabia mesmo.

– Quando eu a encontrei naquele banheiro achei que você estava morta. – ele disse e engoliu em seco. – Havia tanto sangue e você parecia estar sofrendo tanto, eu não podia lidar com isso, não podia acreditar que aquilo tinha sido culpa minha.


– Você disse que não era sua culpa. – lembrei-o.




– Foi minha culpa. – ele disse olhando nos meus olhos. – Eu deveria ter cuidado melhor de você, deveria ter feito algo assim que desconfiei que a Rachel faria alguma coisa, deveria ter protegido você, por isso é minha culpa. Eu não quero te perder Annabeth, não mesmo. Eu não aguento te ver e pensar que não vou poder estar com você. Eu não aguento. Você pode me perdoar?





Olhei para ele com os olhos embaçados. Estendi a carta de Rachel para ele que a pegou confuso e começou a ler. A cada parágrafo ele ficava cada vez mais boquiaberto.





– O que isso significa? – ele perguntou confuso.





Sorri entre lágrimas.





– Significa que eu te perdoo. – disse. Percy sorriu e me envolveu num abraço.






EPÍLOGO






O céu estava limpo de nuvens e num azul profundo. O vento batia nas árvores levantando folhas soltas. A água da cachoeira estava clara como sempre. A água tão limpa que podia-se ver o seu fundo.




Percy e eu estávamos deitados na grama verde olhando para o céu. Não havia nuvens para observar, mas só o ato de observar o céu parecia algo incrível.




Virei-me de lado e encostei meu nariz no seu ouvido. Ele virou o rosto e encostou o seu nariz no meu. Ficamos nos olhando por algum tempo. Seus olhos verdes-mar que sempre me encantaram pareciam mergulhar-se numa profunda satisfação.





– Fico feliz que esteja aqui. – ele disse pondo a mão na minha nuca.




Sorri e fechei os olhos ao sentir o seu carinho atrás do meu pescoço.


– Annie. – ele sussurrou sério. – Me promete uma coisa?

Abri os olhos e esperei ele dizer.

– Promete que nunca mais vai me deixar? – ele perguntou.

Sorri e beijei a ponta do seu nariz.

– Prometo. – disse.

Ele sorriu e eu o acompanhei.

– Eu te amo Cabeça de Alga. – eu disse com toda a certeza do sentimento.

– Eu te amo, Sabidinha. – ele disse e me envolveu num beijo.


E finalmente, depois de muitos obstáculos e dificuldades que eu tive que enfrentar, eu encontrei aquele que, apesar de todos os defeitos, me amava, independente dos meus problemas, dos meus defeitos e me aceitava da maneira como eu era. Imperfeita, quebradiça e mutável, como todo ser humano deveria ser. Com ele eu aprendi que tudo poderia ser superado, mas apenas se eu me esforçasse. Que para todos os problemas haveria uma solução e que todas as tristezas eventualmente se tornariam alegrias, só era necessário paciência e determinação. E assim a vida continua, sonhando pequenos sonhos, vivendo coisas novas, ganhando experiência e, acima de tudo, amando.



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Notas finais do capítulo

Último capítulo, finalmente, dá pra acreditar?

Enfim, o próximo capítulo vai ser só para os agradecimentos e um aviso especial. Se tiver algum erro no capítulo, me desculpem, já é madrugada e eu tenho muito o que estudar então não deu tempo de revisar, pela manhã eu reviso com calma e ajeito bonitinho.

Amo vocês, beijos corujinhas :*

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atualizado em: 01/05/2013

Eu deveria aprender a ler as regras do nyah e não criar capítulos pra avisos né? KKK
Enfim, como apagaram o capítulo que eu fiz pra agradecer, vou agradecer por aqui msm, vai ficar um pouco grande, mas vamos lá de novo...



Bom galera, mais uma história minha chegou ao fim. Gostaria de agradecer a Maah_Yu, MayBeatriz, Laísws, Rayanne Gabrielle,
Anonima, WaleskaPJAC, PhoebeTheCat, KatnissePeeta, Be HAPPY, RaaquelSouza,
juh_pedroso, Anônimo, JuhChagas, Mrs Black, Ana Laura, Drama Queen, Ellen Nogueira, Gêmeas Potter, Princesinha do Mundo Inferior, haha16, rafaproeza, A melhor amiga, Gi Calixto, a Mari Black Potter, a Danica Hawthorne, a Julia Chase, Lady Stanford, Luna Edwards, Miss Lerman, Ana13 e a leiturasemserie pelas recomendações incríveis e inspiradoras.


Obrigada também a todas vocês que mandaram reviews lindos e que estiveram do meu lado por todo esse tempo, vocês são incríveis.
Dream a little dream foi um grande desafio pra mim por se tratar de um tema tão forte, diversas vezes enquanto escrevia sentia a tristeza da Annie passar por mim antes de ilustrar os parágrafos.
Algo que eu li muito durante o tempo em que escrevi a história foi: Nossa, isso parece muito real, você se corta? É baseado em você? Não galera, minha vida não é perfeita, mas eu não tenho muito do que reclamar. Pra escrever DALD eu tive que sacrificar horas pesquisando, lendo depoimentos, artigos e assistindo vídeos, conhecendo muito sobre a doença e o transtorno psicológico que ela causa.


Ah, pra quem não sabe, eu vou prestar vestibular esse ano, adivinhem pra que área? Psicologia. E como todos sabem pra passar no vestibular vou ter que sacrificar horas livres pra estudar e estudar.


E é com uma tristeza imensa que venho informar que Dream a little dream será a minha última fanfic.


Bem, não sei se tenho muito futuro, mas não vou parar de escrever. Tenho alguns projetos pra histórias futuras, mas não para fanfics, meu plano é publicar livros originais. Até pense em transformar DALD em um livro, mas isso é outra história...


Se você, por algum milagre, quiser continuar acompanhando as minhas histórias, eu ainda estou escrevendo com uma amiga Touched by Hell, que muitos aqui acompanham e não vou abandoná-la. Eu também escrevo em um blog ( http://welcomettjungle.blogspot.com.br/ )onde vou postar textos, pequenas histórias e até novidades sobre o meu futuro como escritora, quem sabe dê certo, né?


Então é isso, muito obrigada por tudo, vocês me deram uma alegria imensa por tanto tempo, só de pensar que tem leitores que me acompanham desde o início de 2010 quando eu postei Decisões, angustiada por não saber o que iam achar da minha primeira história me dá uma felicidade gigantesca, muito obrigada!


Com amor, Kamila Cavalcante.