Dream A Little Dream escrita por milacavalcante


Capítulo 17
Capítulo 17 - Cut


Notas iniciais do capítulo

Estou de volta :3
Como muitos sabem, DALD foi acusada de plágio. Eu fiquei muito mal com isso e quase excluí a fic. Obviamente eu não excluí, mas estava extremamente triste, não conseguia nem pensar em escrever sem sentir o estômago se revirar.
Os capítulos 6 e 7 foram repostados, eles não mudaram o rumo da história em nada, mas eu precisava fazer isso.
Muito obrigada a todos que me apoiaram fielmente e me mandaram reviews, recomendações, MP's e mensagens no face, twitter e tumblr, se eu continuei a escrever foi por cada um de vocês s2



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POV ANNABETH

Acordei com uma dor de cabeça dos infernos. Levantei-me ainda sonolenta e vi as horas no celular.

Ainda eram 8 da manhã. Fui para o banheiro fazer a minha higiene matinal e lembrei que tinha compromisso com Percy.

Sorri para o nada.

 Voltei para o quarto vestindo um maiô azul, um short preto e uma blusa branca de mangas e botões meio transparente. Passei uma maquiagem leve para esconder as olheiras e não escondi as cicatrizes do pulso. Não fazia sentido escondê-las de Percy já que ele descobrira.

 Me sentia esquisita com tudo isso. Com esperança de que tudo iria se ajeitar  e assustada por alguém ter descoberto meu segredo. Também me sentia confusa em relação a Percy.

Obviamente eu sentia algo por ele ou não o deixaria me beijar como eu o fiz. Escrevi um bilhete dizendo aonde ia e botei ao lado de Thalia que dormia profundamente.

Fui até a cozinha e peguei um copo de suco de laranja e torradas.Comi lentamente observando o quão suja aqueles bêbados haviam deixado a cozinha.

Lavei a louça suja e limpei a cozinha cantarolando alegremente. Fui até a sala e acordei as pessoas desconhecidas que dormiam ali. Limpei a sala rapidamente e me livrei das garrafas de vodka.

 Voltei para o quarto para escovar os dentes e lavar as mãos. 

- Aonde você vai? - Thalia perguntou sonolenta.

- Sair com Percy. - disse hesitante.

Ela arregalou os olhos.

- Ai meus deuses. - ela disse. - Como assim? Pra onde vocês vão?

- Eu não sei. - disse. - Ontem a gente brigou e depois se beijou e...

- Vocês se beijaram? - ela gritou. - E o Erick?

- Eu não sei. - confessei. - Foi por impulso.

- Impulso? - ela disse irônica. - Vocês dois são completamente cegos.

- Como assim? - perguntei confusa. 

- Você nunca notou o jeito que ele olha pra você? - Thalia indagou com um sorriso malicioso. - Ele está apaixonado por você.

- Não está não. - disse desviando os olhos. - Ele tem namorada e...

- E você também está completamente apaixonada por ele. - ela disse. - E se vocês dois não fossem tão cabeçudos já estariam juntos desde o primeiro dia que se conheceram.

Virei o rosto tentando disfarçar o meu rosto vermelho.

 - Acho que você está enganada. - eu disse baixo.

- Acho que você quer que eu esteja enganada. - ela disse sorrindo. 

A campainha tocou.

 - Não esqueça do que eu disse. - Thalia disse. - E não se preocupe com Erick, tenho certeza que ele está com a pessoa errada.

- O que quer dizer? - perguntei completamente confusa.

- Nada, vai logo embora Annabeth. - ela disse rindo.

Revirei os olhos pegando a minha bolsa e sai do quarto. Abri a porta e dei de cara com Percy.

 - Bom dia Annie - ele disse sorrindo. - Pronta?

 - Bom dia Cabeça de alga. - disse rindo. - Estou. 

Fomos até seu carro que estava na frente de sua casa. Ele abriu a porta para mim entrar.

- Sério Percy? - indaguei com uma sobrancelha levantada.

 - Hoje você vai conhecer o Percy Jackson que ninguém nunca havia visto. - ele disse sorrindo.

Entrei no carro sorrindo. Ele fechou a porta e deu a volta para entrar no carro.

- Então, onde vamos? - perguntei.

 - Vamos tentar te ensinar a dirigir. - ele disse sorrindo. 

Mordi os lábios nervosa

.- E se eu bater o seu carro? - perguntei. 

- Vamos pensar positivo, tudo bem? - ele disse rindo.

 Dirigimos em silêncio até uma estrada deserta.

- Você me trouxe pro meio do nada para me ensinar a dirigir? - perguntei com uma sobrancelha arqueada. 

- Essa era a intenção. - ele disse e sorriu maliciosamente. - Mas se você quiser fazer outras coisas mais interessantes...

- Deuses, Percy. - disse batendo no ombro dele. - Você não perde uma chance?

 Ele gargalhou.

- É mais forte que eu. - ele disse com uma cara de sofrimento fingido.

Gargalhei. Percy encostou o carro.

 - Certo, vamos começar. - ele disse ficando sério.

 Tentei ficar séria.

 - Primeiro, isso aqui é um volante. - ele disse segurando o volante. 

- Ah você jura? - indaguei com ironia. Ele riu.

- Ok, aluna espertinha, vamos passar algumas aulas. - ele disse sorrindo. - Quando for ligar o carro, primeiro puxe o freio de mão...

Ele começou a explicar o que eu deveria fazer e eu prestei atenção nele. Percy tinha as sobrancelhas franzidas de concentração o que o fazia parecer ainda mais atraente.

Droga, acho que Thalia estava certa.

 - Você entendeu Annie? - ele perguntou. - Você está fazendo uma cara engraçada. 

- Entendi. - disse revirando os olhos. - Posso tentar agora?

Ele pensou por um momento. 

- Pode. - ele disse e então trocamos de lugar.

 Fechei a porta do motorista e respirei fundo. 

- Nervosa? - ele indagou sorrindo.

- Não. - menti.

- Sei... - ele disse revirando os olhos.

- Certo, freio de mão?

- Aqui. - disse levantando o freio de mão.

- Embreagem? 

- Pronto. - disse apertando suavemente até o fim.

- Alavanca de câmbio? 

- No neutro. - disse colocando e ligando o carro.

O motor rosnou e não morreu.

 - Isso. - Percy disse eufórico. - Agora mexa na marcha. 

Pus a marcha na primeira e apliquei força no freio soltando o freio de mão.

- Certo, agora tire o pé do freio e bote no acelerador e solte a embreagem devagar. - ele disse.

Fiz o que ele disse e o carro começou a andar.

 - Ai meus deuses. - disse. - Estou conseguindo.

 - Você está. - ele disse rindo. - Acelere mais um pouco e mude de marcha. 

- Eu vou matar a gente. - eu disse aflita.

Percy riu abertamente.

- Não vai. - ele disse. - Confio em você.

Respirei fundo e acelerei o carro até ficar em 40 km/h. Pressionei a embreagem até o fim e mudei para a segunda marcha. 

- Perfeito. - Percy disse. - Droga, eu levei semanas pra conseguir isso.

Encostei o carro no canto da pista e sai dele. Ouvi Percy me seguindo.

 - Isso foi incrivelmente empolgante. - eu disse sorrindo.

- Você foi incrível. - ele disse me abraçando.

Senti meu coração bater ruidosamente contra meu peito. Me afastei dele sorrindo.

 - Então, o que faremos agora? - perguntei. 

- Entre no carro senhorita. - ele disse abrindo a porta e fazendo uma mesura esquisita. Gargalhei.

- Você é muito cabeça de alga. - disse sorrindo e entrando no carro.

Ele entrou no carro e dirigiu por menos de 100 metros.

- Chegamos? - indaguei confusa.

 - Quase. - ele disse saindo do carro. - E eu já levei você lá antes, sabidinha.

- Oh, agora eu lembro. - disse batendo a palma da mão na testa. - Tudo parece diferente de dia.

Percy riu.

 - Claro Annie. - ele disse me guiando até uma trilha mata adentro.

A trilha era íngreme e ecorregadia, Percy andava com perfeito equilíbrio enquanto eu tentava me manter em pé.

Graças aos deuses eu estava de tênis ou já teria caído pelo menos um milhão de vezes. Eu deveria ser a ginasta mais desequilibrada do mundo. 

- Chegamos? - perguntei pela terceira vez.

Percy bufou.

- Quase. - ele disse passando por cima de uma árvore gigante que estava no nosso caminho e estendendo a mão para me ajudar.

- Você me assusta. - comentei segurando a sua mão e passando por cima da árvore.

Ele deu um sorriso torto e entrelaçou nossas mãos.


Andamos mais um pouco e então eu pude ouvir água caindo. Sorri ao lembrar da minha noite com Percy aqui.


A mata fechada se abriu numa clareira completamente diferente da que eu tinha visto semanas atrás. A lua deu lugar ao sol que iluminava tudo ao redor, a água do lago era tão transparente que eu podia ver o meu reflexo na água.  

O sol batia nas águas da pequena cachoeira formando nosso próprio arco-íris.


– Uau. - sussurrei.

Percy sorriu pra mim.

- Isso fica cada vez melhor . - ele disse olhando para a incrível paisagem a nossa frente e então para nossas mãos entrelaçadas.

Mordi os lábios para conter um sorriso. 

- Então o que faremos agora? - perguntei arqueando uma sobrancelha.

- Eu te dou 5 segundos pra tirar a roupa ou eu vou te jogar na água assim mesmo. - ele disse maliciosamente. 

- O que? - indaguei rindo. - Você não se atreveria.

- Cinco, quatro... - ele disse rindo. 

- Espera, espera. - gritei arrancando o tênis dos meus pés.

Ele tratou de tirar suas próprias roupas ficando só com uma bermuda.

 Não encare Annabeth, não encare!

Desviei os olhos constrangida, tirei meus shorts e desabotoei minha blusa. Notei Percy olhando para as minhas pernas.

- Hey, pare de olhar. - brinquei. 

- Desculpe. - ele disse revirando os olhos.

- Pronto? - perguntei empolgada. 

Ele segurou minha mão novamente, senti meu rosto esquentar.

- Pronto. - ele disse e então corremos para a água.

Diferente da última vez a água estava morna e o medo de ser devorada por algum monstro no escuro ou estuprada por um desconhecido não existia mais. 

Fechei os olhos e fiquei submersa pelo máximo de tempo que podia, quando meus pulmões não aguentavam mais eu voltei para cima. 

Percy estava do outro lado do lago, perto da queda d'água,nadei até ele.

 - Aposto que consigo afogar você. - brinquei.

Ele revirou os olhos.

- Aposto que não consegue. - ele retrucou. 

Tentei afogá-lo mas ele era mais forte que eu. 

- Você perdeu a aposta, e agora? - ele indagou maliciosamente.

 Me aproximei dele e pus a as mãos em sua nuca.

- Tenho umas ideias interessantes... - o provoquei. 

Ele sorriu bobo. 

- Que ideias? - ele indagou numa voz rouca.

- Feche os olhos. - ordenei sorrindo.

Ele levantou uma sobrancelha indagando, mas acabou fechando. Toquei seus lábios com a ponta dos dedos, me deliciando com o momento.  

Meu estômago se retorcia freneticamente e meu coração estava dando polichinelos.

Thalia estava certa, eu estava apaixonada por aquele Cabeça de alga. Sorri abobada ao me dar conta disso.

Deslizei minha mão por seu ombro nu e rocei nossos lábios por um momento e senti que iria explodir a qualquer momento.

 - Você é muito Cabeça de alga. - disse e forcei seus ombros para baixo, o afogando. Ele submergiu cuspindo água.

- Sua trapaceira. - ele disse tossindo. - Você me enganou. 

Gargalhei e nadei para longe dele.

Ficamos dentro d'água até nossos estômagos começarem a roncar. Percy correu até o carro e voltou com uma cesta de piquenique.

Almoçamos sanduíches, doritos e coca-cola. Vesti minha camisa de volta para não congelar.

Deitei no chão e senti o frio contra meu rosto.

- Vamos observar as nuvens. - disse piscando.

Percy deitou bem ao meu lado. 

- Aquela ali parece uma tartaruga. - ele disse apontando pra uma nuvem que parecia qualquer coisa menos uma tartaruga.

- Aquela parece um dragão. - eu disse apontando para o céu.

 - Onde? - ele indagou.

 - Ali. - apontei novamente. 

- É um dragão esquisito. - ele comentou.

Olhamos um pro outro e começamos a rir.Ficamos nos olhando por algum tempo.

Sabia que não poderia evitar o inevitável, suspirei e sentei.

Arregacei a manga da camisa e toquei minhas cicatrizes com a ponta do dedo.

- Pouco antes da minha família morrer, eu estava passando por um fase de rebeldia. - comecei lembrando daquela época. - Eu matava aula, bebia, me drogava, chegava em casa quase de manhã e não lembrava de nada do que tinha acontecido.

 Percy sentou ao meu lado, nossos braços se encostando. 

- Meus pais tentaram intervir e pensaram em me mandar pra uma reabilitação. - eu disse inexpressiva. - Claro que eu não aceitei isso muito bem. Eles tentaram de tudo para me mudar e eu só pensava no quão injusto isso era, em como eles eram egoístas por não me aceitarem do jeito que eu era, obviamente a egoísta era eu. 

Pus uma mecha de cabelo solta atrás da orelha.

- No dia em que eles morreram nós tinhamos brigado feio, eles tinham me botado de castigo e eu fiquei revoltada por que tinha uma super festa de noite. - eu disse melancólica. - Quando eles foram dormir eu desci as escadas e fumei um cigarro na cozinha, esperando que quando eles sentissem o cheiro da fumaça eles soubessem que eu fugi de novo.

 Sorri sem humor. 

- Agora eu vejo que só estava tentando chamar a atenção deles da maneira errada. - digo. - O problema é que quando meus amigos chegaram para me buscar eu joguei o cigarro e sai correndo. 

- Eu deveria ter sentido o cheiro do gás escapando. - eu disse. - Mas eu só estava preocupada em beber, me drogar e ficar com o maior número de desconhecidos que eu pudesse, eu não notei que o cigarro estava aceso e que estava escapando gás do fogão. 

Engoli em seco, não tinha coragem de olhar para Percy.

- Então eu fui pra festa. Por algum motivo eu perdi a vontade de beber, de me drogar ou dançar, eu só queria voltar pra casa. - disse olhando para o nada. - Meus amigos já estavam extremamente bêbados então eu voltei para casa andando. 

Hesitei tentando recuperar a voz.

 - Os carros de bombeiros chegaram na mesma hora que eu. - eu disse com a voz embargada pelo choro. - Eu vi a minha casa queimar diante dos meus olhos, escutei o choro desesperado da Rue ecoar em meus ouvidos. Meus pais tentaram fugir das chamas mas uma parte do teto caiu em cima deles dois metros antes da porta. Eu ouvi quando o teto cedeu em cima deles, os bombeiros agiram rapidamente, mas já era tarde demais. 

Um soluço escapou de mim. 

- Eu cai de joelhos no chão e só pude pensar que isso tinha sido minha culpa. - disse pressionando minha unha contra a minha pele. - Que eu havia matado a minha família.

Respirei fundo e continuei.


- A minha primeira reação foi querer me matar. - disse. - Eu saí correndo dali e fui até uma ponte que ficava a algumas quadras da minha casa. Eu estava prestes a pular quando ouvi a voz do meu pai em minha cabeça ''Não faça isso Annabeth'', foi o que eu ouvi. Eu olhei ao redor procurando por ele, mas estava sozinha. Eu corri por todo o quarteirão procurando por ele, eu tinha certeza que tinha ouvido a sua voz. 

Abafei outro soluço.

 - Acabei parando na minha casa novamente, o fogo já havia sido apagado e minha casa não era nada além de madeira queimada. - disse. - Alguém tinha ligado para a minha avó e ela já estava ali, olhando com tristeza para a casa onde eu crescera. Me agarrei a ela como se minha vida dependesse daquilo. Ela não derramou uma lágrima sequer e eu sabia que era por minha causa.

 Afundei as unhas no meu braço até romper a epiderme.

- Eu vi quando tiraram os corpos da casa. - disse. - Todos embrulhados num lençol branco, minha vó me levou pra casa dela e eu acabei dormindo. Foi quando eu tive o primeiro pesadelo que acabaria se repetindo por meses e meses. O mesmo de sempre. Fogo, gritos, o olhar desesperado dos meus pais, eu tinha que assistir aquilo sempre que fechava os olhos. 

- Fiquei isolada no pequeno quarto de hóspedes até o enterro. - disse fungando. - Havia milhares de pessoas ali, todas me davam os pêsames pela perda e eu só conseguia pensar que era minha culpa. Observei silenciosamente os três caixões descerem oito palmos abaixo do chão e então serem cobertos por terra, soterrando-os para sempre.

 Limpei as lágrimas que caíram dos meus olhos. Percy me envolveu em seus braços.

- Tudo bem, não precisa continuar. - ele disse afagando meu cabelo carinhosamente. - Está tudo bem. 

- Desculpe, eu nunca tinha falado isso pra ninguém. - confessei. - Nem mesmo para Thalia.

 - Está tudo bem, não precisa continuar. - ele disse beijando o alto da minha cabeça.

- Eu posso fazer isso. - digo respirando fundo. - Está tudo bem. 

Ele parecia querer protestar mas eu continuei antes que ele dissesse algo.

- Depois do enterro eu tentei a segunda tentativa de suicídio. - disse. - Eu engoli diversas pílulas e já estava apagando quando Malcom apareceu. Passei três dias no hospital e tive que fazer acompanhamento psicológico.

 - O psicológo foi torturante, ele me obrigava a falar sobre como eu me sentia, mas eu não queria falar sobre isso com ninguém então começava a inventar mentiras, dizia que era difícil mas que eu estava me acostumando aos poucos. - disse suspirando. - Era uma grande mentira. A cada dia que passava eu ficava mais depressiva, não comia e só saia de casa para ir a escola. Eu lutava a cada minuto contra a vontade de acabar com a minha vida.

 - Na escola eu agora era conhecida como a orfã o que rendia diversas piadinhas de mau gosto. Todos os meus antigos amigos me abandonaram, apenas Thalia continuou do meu lado. Um dia uma líder de torcida perguntou na frente de toda a escola porque logo eu fui sobreviver já que era uma inútil. Ela disse que eu devia ter matado eles para ficar com o dinheiro do seguro. - disse mordendo os lábios. - Aquilo me destruiu, porque eu sentia que eu tinha matado eles. 

- Eu apenas a ignorei e passei o resto das aulas tentando não desabar em choro. - disse hesitante. - Quando cheguei na casa da vovó eu ia tentar a minha terceira tentativa de suicídio. Peguei uma navalha e pressionei contra o pulso, mas eu estava com medo. Sabia que se eu quisesse me matar essa era a chance, vovó não estava em casa e tia Suzan tinha voltado pra Nova York dias atrás. 

Percy me apertou junto a ele. 

- Eu não tive coragem pra cortar a veia que levava ao coração. - disse suspirando. - Então cortei meu braço as cegas. O alívio que eu senti com a dor era tão grande que me arrancou um grande suspiro, era como se eu estivesse aos poucos sendo perdoada pela morte da minha família. Jurei para mim mesma que não poderia morrer sem que pagasse pelo meu erro. Eu estava completamente insana.

- Eu me cortava todos os dias, sempre que tinha uma oportunidade. - continuei. - Algumas semanas se passaram e eu ainda tinha o mesmo pesadelo todos os dias. O sofrimento que eu sentia pela morte dos meus pais era abafado pela dor física e eu estava me sentindo bem com isso.

 - Aos poucos eu me recuperava e voltava a sanidade. - continuei. - O que eu estava fazendo a mim mesma? Eu não podia viver assim. Foi quando eu aceitei a proposta de morar em Nova York com Tia Suzan. Era disso que eu precisava, um recomeço.

 Limpei a garganta.

 - Passei mais um mês na casa da vovó e tentei ardualmente não me cortar mais, sem sucesso. - disse. - Eu não podia me sentir ansiosa ou triste que a ideia de alívio imediato vinha a minha mente. Foi uma grande luta todos os dias.

 Esbanjei um sorriso fraco.

- Então eu vim para cá com a esperança de que tudo iria melhorar. - disse. - Em São Francisco eu via minha família em cada esquina, em cada lanchonete, em todo canto. Aqui isso não iria existir, eu iria simplesmente seguir em frente. 

- Obviamente não foi assim. - disse. - Eu parei de me cortar todos os dias e só o fazia quando entrava em crises. Você quase presenciou quatro vezes: Na noite em que nos conhecemos, na noite em que dormimos juntos, quando você me viu pela janela do seu quarto e no dia que você viu as minhas cicatrizes pela primeira vez.

- Eu não sabia... - ele sussurrou rouco. 

- Está tudo bem. - disse sorrindo fraco pra ele. - Eu resolvi parar de vez algumas semanas atrás, agora está tudo bem. 

Percy me abraçou forte. 

- Obrigado por me contar. - ele disse contra o meu pescoço. - Deve ter sido difícil aguentar isso por tanto tempo.

 - Eu ainda estou viva, não? - brinquei sorrindo fraco e então fiquei séria. - Agora você pode me chamar de louca e sair correndo.

Ele não se mecheu.

 - Eu não vou fazer isso. - ele disse sério. 

- Pois deveria. - digo olhando para o lago. - Eu sou completamente insana. 

- Você é a pessoa mais incrível que eu já conheci. - ele disse para a minha surpresa. 

Olhei em seus olhos procurando por algum sinal de que ele estava brincando comigo. 

- Não faça isso. - digo. 

Ele me olhou confuso. 

- Não aja como se você estivesse bem com isso. - digo num fio de voz.- Que você não vai passar a me ignorar assim que sairmos daqui.

Ele tirou a minha mão do meu pulso e afagou o lugar onde minhas unhas perfuravam. Seu toque era macio e passava uma sensação boa para mim. 

- Tarde demais pra ignorar você. - ele disse. - Não dá pra ignorar a pessoa por quem eu me apaixonei.

 Olhei para ele cética. 

- O-o que você disse? - gaguejei sem acreditar no que acabara de ouvir. 

- Que eu estou apaixonado por você. - ele disse simplesmente.

 Abri a boca mas a fechei novamente. Mordi os lábios.

 - Eu acho... - falei debilmente. - Que também estou apaixonada por você.

Percy riu baixinho contra meu ouvido. Senti que ia explodir de excitação, meu estômago contorcia-se rápido.

Virei meu rosto e encarei seus olhos verdes-mar. Ele botou a mão na minha nuca e me puxou lentamente para si. Fechei os olhos e relaxei a boca. 

Seus lábios encontraram os meus com hesitação.

Aprofundamos o beijo, meu coração batia ruidosamente contra as minhas costelas. Ajoelhei-me na sua frente e entrelacei meus braços em seus ombros. Suas mãos exploraram minha cintura possessivamente.

Naquele momento não existia nada além de Percy e eu. Era como se o mundo tivesse sumido e só existisse nós dois. Percy me apertou contra seu corpo me tirando um suspiro.

Ele separou seus lábios dos meus e explorou meu pescoço. Meus dedos entrelaçaram-se em seus cabelos o puxando fraco.

Percy colou nossas bocas novamente, beijando-me vorazmente.Arranhei sua nuca arracando um gemido abafado dele.

Nos separamos ofegante. Abri os olhos e encarei os de Percy. Ele tinha um sorriso bobo no rosto que me fez sorrir ainda ofegante. Ele afagou meus pulsos.

- Prometa que você nunca mais fará isso. - ele disse olhando para mim com intensidade.

- Eu prometo. - disse sem hesitar.

Nos beijamos novamente dessa vez sem pudor. Tirei sua camisa com rapidez e ele desabotou a minha com agilidade. Minhas mãos exploravam todo o seu corpo, guardando cada detalhe. 

Erick me veio a mente e então Rachel. Separei-me de Percy suspirando.

- Não podemos fazer isso. - disse de uma vez.

- Porque não? - ele perguntou franzindo as sobrancelhas.

- Você tem namorada. - disse hesitante. - E eu estou com o Erick.

Percy fechou a cara. Levantei uma sobrancelha e ele suspirou. 

- Você está certa. - ele disse de má vontade. - O que faremos?

- Se Rachel souber disso ela vai tentar me matar. - disse sorrindo maliciosamente. - Eu gostaria de ver isso. 

- Tem certeza? - Percy perguntou. - Não sei se é uma boa ideia.

Encarei-o cética e me levantei.

 - O que não é uma boa ideia? - perguntei colocando a mão na cintura.

 Percy revirou os olhos e levantou.

 - Eu vou terminar com a Rachel. - ele disse. - Mas acho melhor esperarmos um tempinho para assumirmos algo. 

Pisquei atônita.

 - Faz sentido... - disse de má vontade. - Eu odeio quando você está certo. 

Ele riu e me beijou novamente. 


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Notas finais do capítulo

Se eu chorei com esse capítulo? Ah, mas eu chorei, não só porque ele é super dramático mas também porque escrever esse capítulo significou que eu superei uma fase difícil como escritora.
Novamente muuuuuuuuuito obrigada a CADA UM de vocês s2
Aproveitando o climão, eu escrevi uma one-shot Percabeth com duas amigas minhas, passem lá: https://www.fanfiction.com.br/historia/207452/Despedidas
E pra não perder o costume: Quero reviews e recomendações ♥