Dream A Little Dream escrita por milacavalcante


Capítulo 1
Capítulo 1 - A new beginning


Notas iniciais do capítulo

Hey, só pra avisar, esse capítulo é meio tenso, mas a maioria deles é mais leve, ok?
Essa fanfic é meio diferente do que eu normalmente escrevo, então me ajudem com críticas, sugestões, elogios, reviews, recomendações....
Aproveitem



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Depois de morar a minha vida inteira em São Francisco, terei de abandonar toda a minha antiga vida para morar em Nova York com minha tia, tudo por causa daquele maldito incêndio.


Quando o avião pousou, eu demorei a sair. Ficava roendo as unhas e repetindo da minha mente incansavelmente ‘’Você vai conseguir! Você vai conseguir!’’


Por fim não sobrara mais ninguém no avião, portanto não pude mais protelar, peguei a minha mochila e segui vagarosamente para a minha nova vida.


Já estive em Nova York milhares de vezes, minha família sempre vinha passar os feriados com a tia Suzan. Não sei se era por causa do meu estado de espírito, mas dessa vez a cidade parecia bem mais deprimente.


Procurei por algum sinal da minha tia, mas só a vi depois que um par de braços me puxou para um abraço.


– Annabeth, minha querida, que saudades. – tia Suzan me soltou e me analisou. – Está diferente... andou malhando?


Eu ri, às vezes Tia Suzan era simplesmente impossível. Ela é a irmã caçula da minha mãe que era cinco anos mais velha, tia Suzan podia ter 38 anos mas agia como uma adolescente.


Tia Suzan era alta, tinha os cabelos loiros lisos, as sobrancelhas arqueadas. Fisicamente somos muito parecidas, se não fosse pelos meus olhos - cinzas - enquanto os dela eram azuis, ela podia se passar por minha mãe. Tia Suzan era muito determinada, fugira de casa com o namorado assim que descobriu estar grávida dos gêmeos e dois anos depois quando seu marido morreu assassinado, ela formou-se em direito numa faculdade em Nova York e não descansou até por o assassino atrás das grades.


– Não tia. – sorri. – Também estava com saudades.


– Você vai amar o quarto que preparamos pra você ele é bem a sua cara e a sua janela dá na janela do quarto do vizinho que é um gato, mas você não pode ficar espiando ele é claro, porque isso pareceria muito pervertido e...


– Entendi tia. –a interrompi revirando os olhos. – Cadê os primos?


– Ah, mas é claro, estão esperando a gente no carro. Vamos, deixa que eu pego sua mala. – ela foi em direção as bagagens.


A maioria das minhas coisas que não foram destruídas com o incêndio já tinham sido mandadas pra cá, então eu só tinha vindo com uma única mala.


Uma garoa fina caia no estacionamento, mas era forte o bastante pra me incomodar. Botei o capuz na cabeça e fiquei olhando para meus coturnos agora úmidos, enquanto tia Suzan tentava lembrar onde tinha estacionado o carro com meus primos até que um farol cegou meus olhos por um momento e reconheci o carro da minha tia.


O carro dela não era um daqueles carros novíssimos que celebridades gostavam de exibir pela tv, mas era quase isso. Não sei diferenciar carros, então só posso dizer que o carro era preto e tinha meus primos dentro.


No volante estava Malcom, o filho mais velho da tia Suzan com 16 anos usando – é claro – a jaqueta do time de basquete da escola dele – quer dizer, agora nossa escola-.


Se não fosse pelo cérebro de amendoim que ele tem, Malcom seria realmente interessante. Ele era alto e loiro, tinha músculos bem definidos e barriga de tanquinho, mas na maioria das vezes era só um rostinho bonito.


No banco passageiro estava sua gêmea Carly. Eles são tão parecidos e com personalidades tão semelhantes que chegava a assustar.


Carly era a típica cheerleader – loira, magra e de olhos azuis – mas ela é um pouco diferente das lideres de torcida normais. Carly é gentil, engraçada, gosta de animais e não se preocupa tanto com essas coisas fúteis de líderes de torcida. Nós éramos realmente próximas e muito amigas, pelo menos quando éramos menores.


Malcom saiu do carro super prestativo e pôs minha mala no porta-malas do carro, entramos e eu tirei o capuz da cabeça sorrindo para Carly que me dava boas vindas.


– Que saudades Ann. – ela falou me dando um beijo estalado na bochecha. – O que fez com o cabelo?


– Passei a usá-lo naturalmente. – confessei.


– Vou deixar você dirigir só dessa vez mocinho. – Tia Suzan falou para Malcom que bufou.


– Mãe, eu já tenho minha carteira de motorista. – ele revirou os olhos. – E aí loirinha?


– Olá esteróides. – isso o fez rir.


– Como eu estava dizendo antes, Ann. – Tia Suzan começou. – Você vai adorar seu quarto, não vou contar muita coisa por quero ver sua cara de surpresa, mas tenho certeza que você vai amar... – ela fez uma pausa pra respirar.


– Ah, e você lembra que nós temos uma piscina, certo? Você vai se divertir muito aqui Ann, estou sentindo isso... – parei de prestar atenção e fiquei olhando pela janela, minha nova cidade passando rapidamente por meus olhos, milhões de sensações me remoendo por dentro, mas resolvi acumulá-las e lidar com elas mais tarde, sozinha.


A viagem até a casa da Tia Suzan demorou um pouco mais de quarenta minutos. Paramos do lado de fora da garagem e eu dei uma olhada na conhecida casa. Eu não vinha aqui desde o ano passado, mas por fora pouca coisa mudou.


A casa era branca e tinha dois andares, a grama era verde e aparada e a casa tinha portas e janelas de vidro, uma cerca baixa branca separava as casas dali.

Malcom novamente ajudou com as bagagens entrando na nossa frente e subindo as escadas.


A sala estava diferente do que eu lembrava, as paredes azul-claras estavam decoradas com quadros de desenhos e retratos de família, havia uma TV de 52 polegadas tela plana em um canto e sofás de couro no meio.


Tia Suzan me levou pro segundo andar onde ficavam os quartos, achei que ia ficar no quarto de hospedes, de modo que estranhei quando tia Suzan me direcionou ao antigo escritório. -


Ótimo, meu quarto vai ter dois metros. – pensei com amargura.


Mas diferente do que eu esperava, o meu novo quarto era ainda melhor do que eu pensava.


As paredes eram de um lilás-claro, havia uma cama de casal no meio do quarto, uma escrivaninha, uma estante de livros, uma segunda porta que deveria levar ao banheiro, um espelho que cobria metade de uma parede, um criado mudo ao lado da cama e uma grande janela também de vidro que pelo o que eu pude ver tinha uma espécie de varanda por fora.


Engoli o choro que se formava, o quarto era igualzinho ao que a minha mãe tinha desenhado.


– Viu os desenhos da minha mãe? – perguntei a tia Suzan que ainda estava na soleira da porta, avaliando a minha reação.


– Vi... e os trouxe escondida de você para ser uma surpresa, pode-se até dizer que eu os roubei. – ela deu um sorriso malicioso e entrou no quarto apontando para a escrivaninha.


– Estão todos ali, essas caixas são suas coisas e outras que eu sentia necessidade de comprar, que tal irmos lá pra baixo comer algo e desfazer as malas pela manhã?


– Na verdade eu estou meio cansada da viagem e comi no avião, se importa se eu for dormir?


– Tudo bem, os cobertores estão naquela caixa perto da cama, no banheiro tem tudo o que você precisa e já tem algumas roupas no closet.


Assenti constrangida. Isso era muito mais do que eu esperava.


– Tia Suzan... – falei com a voz embargada pelo choro. – Obrigada.


–Oh minha querida... – ela me deu um abraço e ficou afagando meu cabelo enquanto eu deixava escapar algumas lágrimas. – Você vai se dá bem aqui, tenho certeza, você é muito forte, igualzinha a seus pais, você vai ser muito feliz aqui.


Ficamos assim, Tia Suzan afagando meu cabelo e eu derramando algumas últimas lágrimas até que Carly gritou por ela.


– Quer que eu volte depois? – ela me perguntou.


– Não, estou bem. – dei um sorriso fraco.


– Então vejo você de manhã, boa noite.


– Boa Noite. – falei.


Ela afagou meu cabelo novamente e saiu fechando a porta.


Suspirei alto e resolvi tomar um banho. Joguei minhas roupas em um canto e entrei no chuveiro.


A água quente massageou meus músculos suavemente, tentei não pensar em nada e consegui por um tempo.


Fiquei protelando debaixo do chuveiro até a água quente acabar, por fim suspirei e me enrolei numa toalha que encontrei, escovei meus dentes e voltei para o quarto, procurei algo confortável para vestir e penteei meus cabelos.


Abri a janela.


A sacada tinha menos de dois metros de comprimento, me debrucei sobre a sacada e fiquei olhando as estrelas sentindo o vento frio roçar meu rosto.


De repente tive a sensação de estar sendo observada. Olhei em volta e me deparei com um par de olhos verdes me encarando cinco metros à frente. Dei um pulo.


– Ai meu Deus, você quer me fazer ter um ataque cardíaco ou algo assim? – disse pondo a mão no peito para me acalmar. O garoto riu.


– Desculpe. – ele falou da sacada da casa dele. – Eu sou Percy Jackson, seu novo vizinho. Você deve ser a prima do Malcom, Annabeth.


– Você parece estar bem informado. – comentei.


– Malcom não parou de falar de você desde que soube que vinha morar aqui. – ele revirou os olhos.


Corei envergonhada.


– Bom, é um prazer conhecê-lo, Percy Jackson.


– Igualmente, Annabeth...


– Chase. – completei.


– Então, de onde você veio? – ele perguntou e eu olhei pra ele de verdade.


Ele parecia ter a minha idade, tinha os cabelos negros e curtos bagunçados, devia ser uns dois palmos mais alto que eu e usava jeans e camisa social.


Isso me fez lembrar que eu estava usando um pijama que consistia num short pequeno e uma blusa fina, o que me fez corar ainda mais.


– São Francisco. –disse cruzando os braços na altura dos seios. – E você?


– Morei aqui a minha vida inteira. – ele me falou, tentei lembrar dele nas vezes em que vinha passar as férias aqui.


– Tem certeza que sempre morou aqui? Acho que eu lembraria de você.


–É, eu tenho certeza. – ele falou rindo. – Já veio aqui antes?


– Só um milhão de vezes. Como nunca lhe vi antes? – perguntei desconfiada.


Ele pensou por um momento.


– Acho que quando você vinha para cá, eu e minha mãe íamos para Mountauk, um lugar que vamos todo ano. – ele falou e me encarou com seus brilhantes olhos verdes. – Talvez o destino não queria que nos encontrássemos.


Mordi os lábios e desviei os olhos.


– Ainda. – ele completou, arrancando um sorriso de mim.


– Não acredito em destino. – falei. – Não acredito que duas pessoas são destinadas a ficarem juntas ou que alguém esteja destinado a morrer e ninguém poderia... impedir... – minha voz foi morrendo.


Senti a tristeza me invadir, as lembranças me engolfando com um impacto tão grande que tive que me agarrar a sacada para não cair.


– Annabeth? Ei, você está bem? Parece que vai vomitar... – ele falou preocupado.


Sua voz tirou-me de meus devaneios e eu me recuperei num piscar de olhos.


– Desculpe, acho que ainda estou um pouco tonta por causa da viagem... – menti. – Acho melhor eu ir deitar.


– Hum, tudo bem então. – ele falou sem se convencer. – Vejo você por ai.


– Claro. – disse e entrei no quarto novamente fechando as cortinas.


Sentei na cama e abracei meus joelhos, chorando silenciosamente, esperando assim amenizar a dor que tentava me sufocar.


Eu sentia inúmeras lágrimas escorrendo pelo meu rosto, mas nenhuma surgia o efeito desejado, a culpa que eu sentia continuava dentro de mim, aumentado a cada batida do coração.


Eu não deveria estar aqui. – pensei. – Deveria estar morta, somente eu.


Abafei um soluço e apertei mais as minhas pernas.Sozinha, a dor era pior, quase palpável, era como se eu estivesse sendo arranhada por cem facas afiadas.


E lá estava ela.


A idéia absurda e doentia que me fazia tremer de horror e expectativa ao mesmo tempo. Peguei minha mochila ao lado da cama e vasculhei atrás do que procurava.


O objeto prateado pesava uma tonelada entre meus dedos.


Um lado da minha mente gritava para eu não fazer isso enquanto o outro dizia que isso me faria sentir melhor. Em meio que em um estado de transe, sentei-me na cama e posicionei meu braço em cima da coxa, de forma que meu pulso ficasse exposto.


Pressionei o canivete com força contra uma marca não tão recente que tinha ali até romper a epiderme. Logo um filete de sangue surgiu e como das outras vezes que me cortei o alivio foi imediato.


Era como se uma dor sobrepujasse a outra, tornando a dor física mais fácil de suportar.


Logo, ambas as dores sumiram e uma terceira e talvez a pior de todas as dores apareceu: o arrependimento.


Olhei para o meu pulso e sufoquei o soluço que se formou em minha garganta. Levantei-me rapidamente segurando o canivete como se estivesse segurando uma bomba e corri ao banheiro.


O reflexo do canivete refletia o vermelho do meu sangue, lavei-o e coloquei no armário do banheiro. Botei o pulso embaixo da pia e esfreguei-o para sair mais rápido, fechei a torneira e me olhei no espelho.


Meus olhos cinzas estavam vermelhos e inchados de tanto chorar, minhas bochechas marcadas pelas lágrimas secas e novas que insistiam em descer.


Lavei o rosto me odiando profundamente.


Eu não devia ter feito isso. Foi por isso que eu vim pra cá, para não ver meus pais em cada canto de São Francisco, para não me maltratar toda vez que ficasse sozinha, para viver de novo!


Depois de prometer a mim mesma que não ia fazer isso novamente, voltei para o quarto e procurei pelas cobertas numa caixa.


Enrolei-me como uma bola e adormeci instantaneamente.


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Notas finais do capítulo

Gostaram? capítulo pequenininho só pra ver se alguém vai curtir.
Já tenho o segundo capítulo pronto, mas só vou postar se alguém gostar e deixar review pra mim :3
Boa noite semi-deuses o nhac