She Is A Rebel escrita por SaintGi


Capítulo 3
The time of my life




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Tive a pior noite da minha vida. Fazia tanto tempo que não tinha pesadelos, que todos os acumulados decidiram aparecer nessa noite. Acordei uma pilha de nervos, me troquei, arrumei minha bolsa e fui para o refeitório. Passei na recepção e acertei o aluguel do quarto por mais uma semana.

                - Bom dia Amy, teve uma boa noite de sono? – Sam me deu um abraço forte e aconchegante e um delicioso beijo no rosto. Um sorriso lindamente estampado no rosto perfeito dele. Ótimo, odeio pessoas felizes de mais logo pela manhã. Respirei fundo, juntei todas as minhas energias.

                - Bom dia Sam! Não tive uma noite de sono tão boa assim, mas estou viva, já é um começo! – sorri como se estivesse fazendo piadinha. Eu não estava.

                Tomamos o café da manhã, tivemos uma conversa simples e agradável que até deu uma melhorada no meu humor. – Vamos? – ele levantou e o segui para fora da hospedaria.  Ele tinha um Maverick 302 GT, lindamente vermelho e com motor v8 original. Não pude conter o entusiasmo e nem os meus olhos brilhando. Ele riu.

                - Gosta de carros antigos então? – aquele sorriso conquistava qualquer um. Era tão sincero, simples e puro. Como um cara como ele está sozinho em uma hospedaria? Que mundo é esse, minha gente?

                - Carros antigos são perfeitos! Meu sonho sempre foi ter um Maverick desses ou um Camaro ou um Mustang ou, principalmente, um Chev Impala! – Meus olhos brilhavam muito quando eu falava de carros. Minha segunda paixão depois da música. Era um momento que eu tinha em comum com o meu pai e que conversávamos sem nenhum problema ou briga. Eu era o menininho que ele nunca teve nessas horas. Ele até gostava disso, mesmo quando achava que não era algo que eu devia saber, pois “mecânica é coisa de homem”.

                - Sinto que você é daquelas mulheres que surpreendem a cada momento que se conversa então, porque no mínimo você deve entender de mecânica, não? - Minhas bochechas ficaram quentes. Lá estava eu vermelha na frente do Sam novamente. Cara, como ele consegue fazer isso comigo? Que raiva.

                - Pois é. Paixão é paixão. Música e mecânica são coisas que me completam!

                Fomos o caminho todo conversando sobre carros e música. Ele me contou que também tocava guitarra e cantava e até jogou a ideia de fazermos uma dupla para cantar em barzinhos e conseguir uma graninha extra para a vida nova de adultos. Comentei sobre a história da faculdade e de estar pensando em fazer também. Ele ficou todo orgulhoso de ser um bom exemplo para mim e disse que pegaria alguns testes vocacionais para fazermos juntos. Parou na frente do meu trabalho, nos cumprimentamos com um beijo longo no rosto novamente, sorri e ele piscou, acelerou e foi embora. Tudo estava acontecendo perfeito demais. Um pressentimento ruim me apareceu.

                - Nossa Amy, quem é o gato?

                - Não começa Carol, meu humor está um lixo hoje, não me faça descontar a raiva em você...

                - O que houve??

                - A vida, foi isso que aconteceu...

                Meu mal humor matinal não deixou que ninguém percebesse que eu estava mal. Ainda bem. Odeio pessoas perguntando quando não estou bem e tentando me animar com coisas ridículas como frases ensaiadas e tudo o mais.

                Trabalhar com Suporte em Informática não é uma boa quando seu humor está péssimo. Respirar fundo e contar até 10 com cada ligação de cliente. Foi o dia mais difícil que já tive na empresa.

                Me peguei divagando mentalmente e a primeira imagem que me apareceu foi a do Sam. Ele estava mexendo muito comigo e eu não sei se isso era bom...

                - Amy, posso te ver na minha sala por um instante? – chefe, ok, alguém duvida que sou a pessoa mais azarada do mundo? Entrei na sala, fechei a porta e me sentei. Pedi baixinho para que não fosse nada ruim – Seus pais ligaram aqui agora a pouco... –MERDA! PRA QUÊ ELES FIZERAM ISSO??

                - Ah... e o que eles queriam? – tinha um desprezo imenso na voz, estava difícil isso.

                - Perguntaram se você estava no trabalho hoje... aconteceu alguma coisa?

                - Chris, sinceramente, sim aconteceu. Saí de casa ontem por uma briga com minha mãe, mas não quero falar sobre isso agora...

                - Mas, você está bem? – ele realmente tinha um olhar preocupado, ele era um bom chefe.

                - Sim, só preciso me concentrar em outras coisas para seguir em frente, vai ser melhor para mim.

                Uma troca de sorrisos e sai da sala. Fui ao banheiro. Chorei durante 15 minutos ininterruptos, bati meu recorde. Lavei o rosto loucamente e voltei para a minha mesa, me enfiei na PA de um metro por um metro que eu ficava confinada e me limitei a atender os clientes e só. Eu dividia a sala com mais umas 10 ou 9 pessoas, sendo que somente eu pertencia ao Suporte e o resto fazia parte das linhas de propaganda e telemarketing, sim aquelas meninas chatas que te ligam pela manhã para fazer pesquisas de satisfação e outras derivadas.

                O som ambiente nunca era agradável, várias pessoas falando no telefone ao mesmo tempo e sertanejo e pagode eram as músicas de fundo por causa da escolha da maioria, a qual eu não era incluída. Liguei meu fone em um ouvido e o outro ficava para os atendimentos, liguei o mp3 e tentei me acalmar e me controlar. Atrasei minha hora de almoço o máximo que pude, não queria dividir mesa com ninguém, muito menos contar sobre minhas angustias.

                Saí para almoçar e quase pulei de felicidade ao ver a cozinha vazia, eu poderia almoçar em paz. Enquanto comia comecei a pensar em tudo o que estava acontecendo e na forma que estava acontecendo nos últimos dias e tentei achar uma solução ou razão para minha vida. E foi aí que meu celular tocou.


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