Epílogo

10 anos depois...

POV Nico

Ficar sentado em um escritório o dia todo cansa muito. E é isso que eu faço quase todos os dias de minha vida, quase normal. E todo esse cansaço pede um descanso, mas o que é impossível fazer em minha casa.

Sai do carro olhando para os lados, já que podia muito bem ter alguns monstros, mas como costume, não tinha. Olhei pela janela da casa e avistei minha linda mulher na sala com o lindo bebê no colo. Nos olhos dela dava para ver o tamanho de sua felicidade.

Todo dia eu via essa cena e, ao chegar em casa, mesmo estando muito cansado, não ia para a cama e sim, ficar ao lado de minha família, a única coisa que eu jamais imaginaria ter sendo um semi deus.

Resumindo o que aconteceu nesses 10 anos para vocês: nenhum Deus tentou roubar a lagrima de Sarah, ficamos no acampamento seguros, só saímos para algumas missões e não precisamos mais ficar no acampamento. Quando eu e Sarah fizemos 20 anos, saímos do acampamento e fomos estudar. Eu me tornei advogado e Sarah medica (eu também não imaginava isso dela). Aos 23 anos nós nos casamos e agora moramos juntos com três filhos, isso mesmo, três filhos. Um filho, o primeiro, tem 6 anos agora e se chama Leonardo ( a Sarah que escolheu), depois temos uma garotinha de 3 anos, a Julia (eu amo esse nome) e agora veio outro garotinho, que tem 5 meses, o Arthur.

Entrei em casa e dei um belo beijo em minha mulher.

–Oi amor – ela disse toda feliz. Sarah ficou muito bonita, não que ela não era, agora que está adulta. – Como foi o trabalho?

–O mesmo de sempre – eu disse.

Sarah não está trabalhando, já que está cuidando do Arthur, por isso fica na maior preguiça o dia inteiro.

–Vou colocar ele para dormir – Sarah disse subindo para o andar de cima. Me sentei do sofá, tirando a gravata apertada e desabotoando um pouco a minha camisa.

–Papai! – ouvi a voz dos meus outros dois filhos, que vieram correndo até mim e me dando um ábaco de urso, que me fez cair para trás.

–Oi! – eu disse me recuperando – Como foi o dia de vocês?

–Foi muito bom! – Leo disse – O tio Leo e a Tia Jess vieram aqui.

Sim, Leo e Jess casaram e moram a alguns quarteirões de distancia de nossa casa.

–E trouxeram a Ana – Julia disse toda feliz. Ana é a filha deles, filha única, por enquanto. Jess está grávida. Ana é a garotinha dos sonhos do Leo, ele nos contou essa historia. – E nós brincamos bastantes – Julia continuou.

–Que legal – eu disse.

Os dois se acomodaram ao meu lado, no sofá e grudaram e mim.

–Querem assistir TV? – eu perguntei – Deve estar passando Bob Esponja.

–Não – Julia disse toda fofinha – Quero que você conte como você conheceu a mamãe.

Fiquei impressionado com o que ela disse. Primeiro, porque eu não esperava um pergunta desse vindo de uma garotinha da idade dela. Mas Julia é muito inteligente e fala muito bem. Puxou ao pai nisso. Segundo porque eu percebi que os dois queria saber isso há um tempo.

–Bom – eu comecei a dizer – Eu conheci sua mãe de um jeito diferente dos outros. Ela estava machucada e eu a ajudei. Foi amor à primeira vista. Mas ela estava sofrendo muito e não percebia isso, mesmo eu dando quantas cantadas possíveis.

–O que é cantada, papai? – Julia perguntou.

–É um jeito de dizer para a pessoa que você gosta o que você sente, mas de um jeito engraçado. Mas continuando, sua mãe e eu ficamos muito amigos nesse tempo, mas ela me achava um grande idiota. Com o tempo ela passou a se render aos meus encantos. Mas por um motivo ela teve que se afastar de mim.

–Por quê? – Leo perguntou.

–Porque ela sofreu muito e não agüentava mais. Então ela foi embora. Mas eu fui atrás dela, porque eu realmente gostava muito dela. Mas quando eu cheguei em um acampamento que ela estava, percebi que ela estava gostando de outro cara.

–De quem? – Leo perguntou. Eles não sabiam do nosso mundo de deuses.

–Por que vocês não perguntam para ela depois? – eu disse – É um pouco engraçado. Mas continuando, eu consegui conquistar sua mãe e nós estamos juntos até hoje. Mas eu vou admiti uma coisa para vocês: eu sempre amei sua mãe. Desde o momento em que eu a vi. E teve um momento em que ela e todo mundo pensou que eu tinha a esquecido, mas eu lembrava dela direitinho.

–Sério? – Sarah disse atrás de mim, só aí eu percebi que ela estava ouvindo tudo. – Você lembrava de mim?

Julia e Leo perceberam a situação e subiram para seus quartos. Fui até Sarah sorrindo.

–Meu pai pensava que eu estava sem memória – eu disse – Mas eu lembrava de você.

–Estou me sentindo uma idiota agora – ela disse rindo.

–Não sinta. Eu te amo.

–Eu também te amo e fico feliz que você tenha gostado de mim desde o momento que me viu.

Sorri e a beijei. Foi um beijo longo, mas fomos atrapalhados por duas crianças entrando no meio de nós e de um bebê chorando. Eu ri.

–Eu vou lá – ela disse e subiu mais uma vez.

Nós jantamos e ficamos sentados no sofá, menos o Arthur que estava em meu colo dormindo. Com o tempo Julia dormiu e logo depois Leo. Sarah colocou Arthur em seu berço e eu fui responsável por levar os dois dorminhocos para suas camas. Demorou um pouco, mas deu certo. Quando cheguei ao meu quarto, Sarah já estava deitada, com um sorriso lindo.

Me deitei ao seu lado.

–Não agüenta mais? – ela perguntou – Todo dia a mesma coisa?

–Cansa um pouco, já que sempre atrapalha nossos momentos, mas eu passaria esses momentos todos os dias e agradeço por isso ser verdade.

Ela sorriu.

–Que bom que pensa assim – ela disse – Eu te amo.

–Também te amo, muito.