POV Sarah

–Precisamos conversar – Nico disse.

–C-como quiser – eu disse gaguejando – Você pode me soltar?

Eu estava muito nervosa, não me pergunte o porquê. Parecia que estava tudo indo tão bem, eu não queria que alguma coisa, Nico, estragasse tudo. E aquela aproximação não estava ajudando.

Nico fez o que eu pedi com uma careta. Sai de perto dele e da arvore, indo até o outro lado.

–O que você quer? – eu perguntei tentando ser simpática – Temos que ir para a fogueira, vão reparar a nossa falta.

–Primeiramente eu queria te desejar parabéns. E eu só quero que você saiba que eu não vou desistir de você – ele disse olhando para o chão, de um jeito fofo, e com as mãos no bolso.

–Obrigada pelo parabéns. – eu disse – Obrigada pelo presente. E Nico, nós já conversamos sobre isso. Eu já fiz a minha escolha...

–Mas fez a escolha errada!

–Nico - eu disse respirando fundo – Não piore as coisas! Já está tudo certo!

Dessa vez foi a vez dele respirar fundo.

–Se você estivesse no meu lugar – ele disse – Entenderia o que eu sinto. É fácil ser você. Você vai ficar com um de qualquer jeito! E um cara vai ser sortudo! Mas e o outro? Esse outro sou eu! Entenda!

Fiquei quieta por um tempo.

–Nico – eu disse – Você vai encontrar alguém! Você é fofo, gentil, engraçado, carinhoso, forte, bonito, tem os olhos mais lindos do mundo, que deixam qualquer garota vidradas neles. É incrível como se olhar pode mexer com qualquer uma! A sensação de ficar olhando para eles parece como uma dança que você nunca vai querer parar de dançar! Uma dança que vai e vem. Uma sintonia perfeita. E esse cabelo bagunçado deixa qualquer uma louca...

Quando percebi o que estava fazendo olhei bem para a situação: eu estava no meio da floresta, olhando para o nada, com um sorriso no rosto, parecendo uma garota sonhadora, dizendo os motivos (e vários) do Nico ser perfeito. E ele estava do outro lado da floresta me olhando com um sorriso malicioso nos lábios.

–Droga – eu murmurei olhando para o chão, envergonhada. Ele riu.

–E você – ele começou a dizer – É a garota mais legal que eu já conheci, é boa de conversar. Eu podia ficar horas conversando com você. É engraçada, fofa e meiga. É simpática e fica linda quando está com vergonha. – ele começou a se aproximar lentamente de mim – Na verdade, fica linda a qualquer momento. É esperta e inteligente. Sabe à hora de bagunçar e à hora de pensar. – ele estava bem mais perto, nossos rostos a centímetros de distancia – É linda. Muito linda. Diga não se quiser que eu pare.

O que eu falava? Estávamos muito próximos. Ele já estava até de olhos fechados!

–N- n- ão – eu disse, com dificuldades, e me separei dele – Não! Não! E não!

Eu estava tão nervosa que estava rindo.

Ele voltou a colocar as mãos no bolso e a olhar para o chão.

–Não – eu murmurei novamente – Não posso fazer isso.

–Você que sabe – ele deu de ombros – Eu vou estar no meu chalé.

E com isso ele foi andando, mas virou mais uma vez.

–Eu queria te beijar – ele disse e sumiu em uma sombra.

Eu acho que vocês me conhecem muito bem e sabem o que eu faço quando quero chorar, quando estou brava ou com raiva.

Gritar.

Eu estava na floresta e nada iria me impedir. Comecei a gritar, a pular, a fazer escândalo. Isso sempre me acalmava.

–Por quê? – eu gritei – Por que você fez isso comigo Afrodite! Por que? Eu sou tão jovem! Ahhhhhhh!

POV Leo

Sarah não apareceu na fogueira. Ela devia estar cansada do dia de hoje. Foi um bom aniversario! Eu queria ficar mais com ela, mas acabou não dando certo.

Eu fiquei conversando com Jéssica. Ela era muito engraçada.

–Quer dizer que você matou um monstro com uma colher? – eu disse rindo muito.

–Sim! – ela ria junto – Não tinha mais nada para me defender!

–Mas como você conseguiu?

–Eu não sei! Aquela colher era forte!

Eu ria muito. Mas tivemos que parar com o fim da fogueira.

–Te vejo amanhã Leo – ela disse e foi para o chalé de Hades.

Fui até meu chalé, depois da fogueira, pois eu estava muito cansado. E assim que eu encostei meu rosto no travesseiro, caí em um sono profundo, mas com sonhos.

Eu estava em um parque, não sei dizer qual era. Mas era lindo. Tinha arvores para todos os lados, bichos e balões. Não sei ao certo do porque eu estar sonhando com aquilo.

Eu fiquei andando pelo parque, sem monstros ou algo do tipo. A única coisa de estranho era que eu estava de mãos dadas com alguém. E esse alguém era pequeno.

Quando olhei para essa pessoa, vi a menininha dos meus sonhos. Acho que o nome dela era Ana. Ela vestida um vestido rosa e seus cabelos estavam presos em duas marias chiquinhas. Ela estava com um sorvete na mão de chocolate e a sua cara estava toda lambuzada.

Ela segurava a minha mão como se sua vida dependesse daquilo. Olhando para todos os lados atenta.

–Precisamos achar a mamãe – ela disse com aquela voz meiga que ela tinha.

–Você sabe onde ela possa estar? – eu perguntei tentando ajuda-la. Ela devia estar perdida.

–Não – ela disse balançando a cabeça negativamente e ameaçando a chorar.

–Não chore – eu disse – Nós vamos achar sua mãe.

Ficamos rodando o parque por um tempo. Ela foi se distraindo e ficava rindo das coisas mais banais. Seu sorvete acabou, depois de muito tempo e ela começou a mexer com o papel que ela limpara a boca. Em pouco tempo ela tinha transformado o papel em um dragão perfeito feito de papel.

–Como você conseguiu fazer isso? – eu perguntei e ela apenas riu. Uma risada gostosa de se ouvir.

Ouvi um barulho e quando me virei vi um monstro correndo em nossa direção. Peguei minha espada com velocidade e ataquei o monstro. Eu precisava deixar aquela garotinha segura.

–Corre – eu gritei – Se esconda!

Ana fez o que eu pedi e se escondeu atrás de uma lata de lixo. O monstro percebeu isso e foi atrás dela, depois de me dar um belo golpe em minha perna.

–Não toque em minha filha! – uma voz ecoou pelo parque e depois de um minuto o monstro virara pó.

E com uma espada eu vi uma mulher. E antes de eu acordar eu reconhecera a mulher. A mulher mais linda que eu já vi. Mais linda do que é hoje. Está no acampamento. E não era a Sarah.