Ok, ok. Isso está estranho! Por que ele está se aproximando de mim? Fala serio Sarah! Ele vai te beijar! O Nico, que no começo era um safado e depois virou meu melhor amigo, esta quase me beijando! Mas ele sempre foi um safado...

 E por que você continua parada?

 Fala serio Sarah! Ele pode ser irritante e chato, mas admita! Ele é a coisa mais fofa do mundo! Ele é tão lindo... E tão gentil! Por que não? Sarah! Para com isso! Ele só vai se aproveitar de você! Mas se bem que não seria ruim isso... Sarah! Você esta presa no Mundo Inferior, por motivos que nem você sabe, por que se envolver com alguém? Mas... É o Nico! Sarah! Não confie em ninguém!

 Depois de ter uma discussão com minha consciência, percebi que nesse tempo o Nico tinha chegado mais perto ainda.

 Nico colocou a sua mão em meu rosto, ele estava serio, mas devia estar segurando o sorriso. Ele estava conseguindo o que tanto queria. Eu estava hipnotizada por aqueles olhos negros dele. Eu olhava tão fundo em seus olhos, e ele olhava nos meus, que eu esquecia o que tinha em volta de mim, e não prestava atenção no que estava acontecendo. Deve ser por isso que eu ainda não me separei dele.

 Nico já segurava meu queixo, de tão perto que ele estava. Ele fechou os olhos e aí eu consegui ver o que estava acontecendo. Nossos lábios já estavam quase se tocando e eu percebi a besteira que eu estava fazendo. Eu nem o conheço direito. Eu não sei o que realmente sinto por ele.

 Separei-me bem de vagar, colocando minha mão em seu peito gelado da água.

-E-eu – eu comecei a dizer, mas como sempre acontece quando eu tenho vergonha eu gaguejo – É... Eu... Não posso...Desculpa.

Dito isso eu me afastei totalmente dele e comecei a ir embora, em direção à escada da piscina. Só que ele era mais rápido e chegou antes de mim, bloqueando a minha passagem,

-Desculpa Sarinha – ele disse com uma voz muito fofa e me chamou de Sarinha. Como ficar brava?

-Tudo bem. – eu disse sem olhar em seus olhos, já que eu acabei de deduzir que são seus olhos que me fazem viajar na maionese. – Eu só acho que você foi rápido de mais.

Ele sorriu.

-Quer dizer que você não achou que foi uma cantada? – ele disse com uma voz mais animada.

-Como assim?

-Eu pensei que você tinha se separado de mim por que você achou que eu estava dando outra cantada, dessa vez mais forte.

Eu ri.

-Você sempre vai tentar me dar cantadas. – eu disse – mas nesse caso você passou dos limites.

-Você não gosta de mim, né? – ele perguntou.

-Tudo é muito confuso. – eu admiti – Tudo está acontecendo de uma vez só.

-Você não respondeu minha pergunta.

-Me deixa passar? – eu disse brava.

-Não até você responder.

Eu suspirei.

-Eu não tenho certeza – eu disse de uma vez e ele deu um sorriso de vitória.

-Vou conseguir.

-Duvido um pouco.

-Por quê?

-Porque eu posso mudar de idéia a qualquer momento.

-Você quase me beijou. – ele disse como se fosse a coisa mais obvia do mundo.

-Disse bem. “Quase”.

-Mas foi um quase. – ele disse sorrindo.

-Só foi um quase porque eu me perdi nesses seus olhos lindos e negros – eu disse de uma vez, mas logo me arrependi totalmente. Ele sorriu mais ainda.

-Olha no fundo dos meus olhos – ele pediu.

-Tchau Nico! – eu disse e decidi sair da piscina pela borda.

Outro erro. Já que eu estava de roupa, ela ficou toda molhada e consequentemente ficou grudada no meu corpo.

Nico arregalou os olhos e me olhou dos pés a cabeça. Peguei logo uma toalha e me enrolei nela.

Ele voltou para o mundo e saiu da piscina.

-Vai para seu quarto? – ele disse me seguindo.

-Vou.

 Ele estava ao meu lado todo molhado. Sem toalha e nada, molhando tudo que nós passávamos. Tentei não olhar para seu abdômen perfeito. Ele estava sem camisa! Só com bermuda! E aquele cabelo molhado e bagunçado? Só fica mais bonito ainda. Ele passou a mão em seu cabelo bagunçando mais ainda e eu tive que parar para não desmaiar, só que ele nem reparou.

-Quer companhia? – ele disse.

-Não.

-Por quê?

-Porque não.

-Por que não, não é resposta. – ele disse sorrindo, o que estava me irritando.

-Mas para mim é. – eu disse.

-Mas para mim não.

-Para de me irritar.

-Não.

-Vai embora!

-Não. Está sendo seguida.

Bufei de raiva e ele riu com isso. Ele gosta de me irritar!

Finalmente consegui chegar ao meu quarto, depois do Nico me irritar muito, e deixei-o falando sozinho do lado de fora.

 Tomei banho, já que estava toda molhada, me troquei e comecei a ler um livro. Eu não estava com fome, então não fui almoçar. Nico iria almoçar sozinho.

 Quando olhei no relógio vi que já eram 6 da tarde. Eu passei a tarde inteira lendo, tanto que eu li o livro inteiro, ele era bem longo!

 Decidi dar uma volta pelo Mundo Inferior. Não encontrei Nico em lugar algum. Hades iria voltar daqui a pouco e eu não queria estar por perto se ele estivesse com raiva.

 Acabei batendo em um fantasma, e quando digo bater eu quero dizer que eu passei por ele, já que é um fantasma.

-Desculpa – ela disse, sim era uma garota.

-Você passou por mim – eu disse – não precisa pedir desculpa.

-É que eu não tenho permissão de falar com vocês.

-Vamos fingir que eu que estou falando com você! – eu disse e ela sorriu.

-Você é Sarah – ela disse – Prisioneira do Mundo Inferior.

-Exato – eu disse mesmo não gostando que me chamem de prisioneira. – E você?

-Sou Beatriz – ela disse. – Fantasma que trabalha aqui.

-É estranho falar com um fantasma – eu disse e ela riu.

-É estranho falar com uma pessoa viva, faz tempo que eu não falo com uma.

-Eu nunca falei com alguém morto – eu disse e nós rimos. – Podemos ser amigas? Sabe, eu estou precisando de uma amiga.

-Claro! Quantos anos você tem? – ela disse.

-Eu tenho 14 anos. – eu disse – E você?

-15. – ela disse. – Bom, eu morri com 15 anos, estou aqui a quatro, quer dizer que tenho 19 anos com uma aparência de uma garota de 15 anos.

Rimos com a confusão.

-É melhor você ir para seu quarto – ela disse – Hades vai chegar ainda hoje.

-Tudo bem – eu disse – Nos vemos em breve?

-Claro!

-Posso te chamar de Bia?

-Sim!

 Fui para meu quarto e em cima de minha cama tinha uma caixa. Tinha um cartão, por curiosidade eu abri.

 Desculpa por hoje na piscina.

Não queria te deixar confusa.

Aqui tem um presente que eu comprei.

Espero que goste.

Te encontro em 30 minutos.

Amor, Nico.

 Sorri que nem uma boba. Como ele consegue ser tão perfeito depois daquilo? Abri a caixa e me surpreendi. Tinha um vestido, era simples e lindo. Coloquei o vestido e uma sapatilha. Olhei no relógio e vi que já tinha se passado 30 minutos.

 Abri a porta e dei de cara com o Nico. Ele estava lindo, encostado em um dos lados da porta, como se estivesse me esperando. Estava vestindo um terno preto, o que eu achei bem chique, e usava uma calça jeans. Ele segurava uma flor, uma margarida branca, minha flor favorita e olhava para a flor como se fosse à coisa mais linda que tinha.

 Eu suspirei. Ele levantou o olhar, olhando para mim e sorriu. Um sorriso que me fez derreter.

-Oi – ele disse.