Shinobi plus Vampire escrita por Hugo0974


Capítulo 5
Pendências entre humanos e monstros


Notas iniciais do capítulo

Nota: Gostaria de perdir desculpas a todos que leram meus comentarios e esperavam o capitulo sair ontem. Desculpem-me, simplesmente não deu.
Nota²: Para quem está acostumado a ler R+V, notará que no cvapitulo anterior eu já deu uma pequena introdisida em alguns personagens importantes no decorrer do mangá e da minha fic. Se ficaram atendos, notaram que um personagem importante também tera sua primeira aparição nesse capitulo, mesmo ele não tendo muito destaque agora.



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Naruto avistou com um sorriso uma das janelas do segundo andar do dormitório feminino.

         Certo... Ainda bem que Moka-chan deixou aberta à janela de seu quarto. Pensou observando Moka dormir tranquilamente em seus braços.

         Aparentemente a garota havia se cansado bastante por ficar muito tempo sem o rosário. Não ajudava também o fato de que há poucos minutos atrás ambos estavam lutando um contra o outro. Isso fez a vampira gastar muita energia, coisa que ela certamente não estava acostumada por passar a maior parte do tempo com seus poderes selados.

         Ajustando a menina de um modo mais seguro em seus braços, olhou para os lados para ver se ninguém estava lhe observando. Confirmando que estava totalmente sozinho, caminhou em direção ao prédio do alojamento feminino.

         O motivo dele se preocupar se alguém os observava veio a seguir. Chegado à parede, apoiou seu pé direto na mesma, usando chakra para “cola-lo” a superfície. Depois seguiu com o esquerdo, ajustando assim seu corpo para que ele ficasse perpendicular à parede. Logo começou a escalar o edifício como se estivesse andando normalmente na rua.

         Mesmo sendo uma escola de monstros, aquilo poderia gerar algumas duvidas por parte de um possível observador. Ainda mais quando ele escalava a parede do dormitório feminino com uma linda garota inconsciente em seus braços.

Era obvio que aquilo não seria visto com bons olhos.

         Ao finalmente chegar à janela do quarto de Moka, Naruto não pensou duas vezes e adentrou.

Seu primeiro pensamento foi como a menina vampira parecia organizada. Não havia roupas jogadas no chão, a cama estava arrumada e nem sequer havia uma louça na pia. Totalmente o oposto de seu próprio quarto.

         Já o segundo pensamento foi na decoração.

         Tirando a colcha da cama, que era rosa com desenhos de pequenos morcegos pretos, o apartamento era relativamente simples, bem diferente do que ele esperava do quarto de uma garota. Além da cama, havia um guarda roupa idêntico ao de seu dormitório, uma pequena poltrona esverdeada e uma mesinha próxima à entrada.

         Reparou também que os armários em cima da pia eram exatamente iguais aos seus, o que só acentuava sua conclusão de que todos os apartamentos seguiam uma mesma linha, independente de serem masculinos ou femininos.

         Sacudindo sua cabeça, resolveu colocar Moka logo em sua cama.

         Usando toda a delicadeza que alguém que não estava acostumado a tocar uma garota poderia exibir, Naruto colocou a vampira na cama. Feito, observou com o rosto um pouco corado a garota dormir de um modo bastante lindo.

         Foi quando percebeu.

         Uhn... Acho que não seria bom Moka-chan ficar com essas roupas úmidas e cheias de lama... Ela poderia pegar um resfriado. Era um pensamento simples e prestativo.

         Mas, depois de retirar o casado da menina e ver o sutiã cor de rosa por baixo da camisa relativamente úmida, Naruto percebeu que, apesar de suas intenções serem as melhores, ele não podia fazer algo como aquilo sem parecer que ele era algum tipo de pervertido.

         Não que ele não fosse, mas ele tinha princípios e, mesmo a menor possibilidade de se aproveitar de uma garota indefesa lhe dava repulsa.

         Certo... Não posso tirar a roupa dela... Mas se ela ficar assim até acordar, provavelmente ficara doente... O que fazer?! Perguntou-se desorientado.

         Refletindo mais um pouco, chegou à conclusão que por hora ele tiraria as peças que não revelassem nada constrangedor, como os sapatos e as meias. Depois procuraria Shizuka-sensei, que era a única mulher que ele conhecia ali além de Moka, para tirar o resto.

         Tirando os sapatos, visou às meias. Foi puxando-as bem devagar e, quando elas finalmente estavam fora, Naruto corou levemente com a visão das pernas de Moka. Tendo uma estatura relativamente alta para garotas de sua idade, Moka realmente tinha como um de seus melhores atributos suas pernas.

         Engolindo em seco, resolveu tirar aqueles pensamentos de sua cabeça. Pegando o paletó e as meias, colocou-os em cima da poltrona verde, pois não tinha idéia onde a garota guardava suas roupas sujas. O sapato ele pos na soleira da porta.

         Feito, deu uma última olhada para Moka antes de pular pela janela e aterrissar do lado de fora do dormitório.

         Olhando para seu relógio, notou que ainda eram nove e meia, dando a ele, para seu desgosto, mais duas horas e meia de aulas no período da manhã. O pensamento de faltar passou por sua mente, mas ele não poderia fazer aquilo, senão não conseguiria encontrar Shizuka-sensei e dizer para ela ir ao apartamento de Moka e despir a garota.

         Enquanto caminhava em direção a escola, se perguntou por que não enrolou um pouco mais sua luta com Moka Interior.

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Tsukune lançou mais um olhar discreto, preocupado e intrigado para seu amigo que sentava no fundo da classe, Naruto.

         Há algum tempo atrás ele havia deixado a succubus, Kurumu, na ala da enfermaria, para que a garota inconsciente pudesse receber tratamento adequado de sua pequena batalha com Moka. Se é que ser arremessada no chão sem ter a menor chance de se defender possa ser chamado de batalha.

         Mas isso não vinha ao caso agora.

O motivo dos olhares de Tsukune para Naruto era o simples fato de que o loiro havia ficado para trás para “discutir” com Moka Interior quando ele havia saído para levar Kurumo à enfermagem. Até ai tudo bem, mas troca-se “discutir” por “luta até a morte” e as coisas começam a ficar mais complicadas, ainda mais quando Naruto aparece na aula seguinte sem nenhum ferimento visível e desacompanhado de Moka.

Certamente havia algo de errado ali.

Não que ele quisesse que Naruto estivesse machucado ou algo assim, não era aquilo. Era apenas estranho. Se eles realmente lutaram, não tinha como Naruto sair ileso. Não quando Moka Interior era tão forte que esmagou Kurumo completamente em poucos segundos. E isso, acrescentado ao fato de Naruto pessoalmente ter lhe dito que era humano, tornava aquilo mo mínimo intrigante.

A idéia de que o confronto não tinha acontecido saiu da cabeça de Tsukune há algum tempo atrás, pois o garoto havia reparado que as roupas de Naruto estavam bastante empoeiradas e desarrumadas, o que indicava que pelo menos alguma ação ocorreu.

Chegou também a considerar que Moka Interior tivesse pegado leve com ele. Mas isso também foi descartado logo pelo humano. Ele não podia imaginar aquela Moka assustadora tendo piedade de alguém que lhe insultou. Além do mais, se a minúscula possibilidade de Moka Interior ter pegado leve fosse verdadeira, ainda não explicava por que a garota não havia aparecido na aula.

         Tsukune sabia que Moka cansava-se depois de revelar sua aparência verdadeira, mas esse cansaço durava não mais do que alguns minutos, o que não a impediria de aparecer para a aula de Shizuka-sensei como Naruto.

         Será então que Naruto derrotou Moka Interior...? Acabou rindo da sua própria estupidez. Era impossível para qualquer humano não armado, com no mínimo um fuzil, ganhar alguma batalha contra um monstro, ainda mais quando este era a poderosa Moka Interior, uma vampira de elite. Mas então... O que aconteceu...?

         De repente, Tsukune teve seus pensamentos interrompidos ao sentir uma pequena dor na testa. Olhando para carteira, viu um pedaço de giz antes de escutar.

         - Aono-san! Da próxima vez que te pegar viajando nas minhas aulas, vou afiar minhas garras no seu rosto! – Falou Nekonomi-sensei, de um modo bastante descontraído e feliz que não combinava com o fato de ela estar tentando repreender alguém.

         Tsukune se abaixou um pouco em seu próprio assento enquanto escutava pequenos risinhos vindos dos outros alunos.

Era melhor ele começar a prestar atenção na aula, não queria arriscar ter seu rosto arranhado pelas unhas de “mulher-gato” de sua sensei. Mais tarde ele perguntaria pessoalmente a Naruto o que tinha acontecido.

O tempo passou e a aula de Shizuka-sensei finalmente terminou, fazendo diversos alunos suspirarem satisfeitos por finalmente ter chegado o intervalo de vinte minutos do lanche.

Depois de arrumar seus materiais, Tsukune levantou-se, pretendendo ir à direção de Naruto e pedir explicações sobre o que tinha acontecido e por que Moka não aparecera na aula. Seus planos foram frustrados ao reparar que o loiro não estava em seu assento, mas sim conversando alguma coisa com Nekonomi-sensei.

         Saltando um suspiro, resolveu espera na porta da sala até o loiro terminar sua conversa com a professora.

         Não demorou e Tsukune avistou Naruto sair pela porta.

         - Naruto! – Tsukune tentou chamar a atenção do loiro.

         Este, que ao ver Tsukune, deu um sorriso e se aproximou do garoto.

         - Tsukune! – Exclamou ao ver seu amigo. – O que pensa em comer hoje no lanche? Eu particularmente estou com vontade de um daqueles pães de melão...

         - Eu não sei ainda. – Respondeu Tsukune, agora andando ao lado de Naruto em direção ao refeitório. – Mas deixe isso de lado. O que aconteceu com Moka e você? Por que ela não veio à aula?

         - Bem... Como você deve imaginar, nós realmente lutamos. – Falou Naruto, ainda andando em direção ao seu objetivo doce. – Foi um pouco complicado, mas no final eu chutei o traseiro dela e ela se acalmou...

         - Espere! Você disse o que?! – Perguntou Tsukune parando no meio do corredor. O que não mostrou ser uma boa idéia, já que um garoto que vinha por trás esbarrou nele, o enviando para o chão.

         - Hei! Desgraçado! Olhe por ande anda! – Xingou Naruto ao ver Tsukune esparramado no chão. O garoto que colidira com o humano apenas deu de ombros e foi embora, irritando ainda mais Naruto. – Bastardo...! Se quer pediu desculpas!

         Tsukune, que levantava com a ajuda de Naruto, falou.

         - Não faz mal, Naruto. Além do mais, foi eu que parei do nada, não tinha como ele evitar bater em mim. – Disse. – Mas esqueça isso. O que você quer dizer com “chutou o traseiro dela”?

         - Uhn? Isso mesmo que você ouviu. Nós lutamos e eu ganhei. Simples. – Respondeu Naruto voltando a caminhar em direção ao refeitório, ele não poderia demorar senão os pães acabariam. – Hehehe... Na verdade, me lembrando agora, foi até engraçada a cara de surpresa e raiva que ela fez quando eu a peguei no meu jutsu. Você deveria ter visto, Tsukune.

         Mas a cara de Moka derrotada era a última coisa que passava na cabeça de Tsukune no momento.

         - Você está dizendo que realmente derrotou Moka Interior?! A Moka assustadora que é um poderoso vampiro?! – Exclamou um pouco alto demais, fazendo com que vários alunos olhassem para ele. Constrangido, falou um pouco mais baixo. – Além disso, que diabos é um “jutsu”?!

         - Jutsu é uma espécie de poder que usa da energia física e espiritual de alguém para fazer coisas incríveis. Não me pergunte como isso é possível, eu nunca fui muito bom em teoria. – Respondeu Naruto casualmente. – E é verdade, eu realmente ganhei de Moka. Foi por isso ela não apareceu, ela usou muita energia na nossa luta e ficou mais cansada do que o normal. Mas não se preocupe, como eu havia te prometido, Moka está inteira. Apenas um pouco suja de lama, mas ainda sim inteira.

         Tsukune estava espantado. Ele não sabia se Naruto estava apenas brincando com ele ou não. Mas se o que ele dizia era realmente verdade, então...

         - Você não disse que era humano?! – Perguntou mais como um cochicho do que qualquer coisa, para que nenhum outro aluno escutasse.

         - Sim. Eu sou humano, por que a pergunta? – Respondeu Naruto no mesmo tom.

         - Se você realmente é humano, como pode usar esse tal de “jutsu”? Além do mais, um humano normal sem qualquer tipo de arma nunca seria capaz de vencer um monstro, ainda mais um como Moka Interior! – Falou novamente baixo, dando um pequeno guincho revoltado no final, que fez Naruto se contorcer um pouco com os ouvidos “feridos”.

         - Os jutsus foram inventados pelos humanos, por isso é perfeitamente normal que eu possa usá-los. Além disso, Moka Interior é forte, mas acredite em mim quando digo que já enfrentei adversários muito mais perigosos que ela. – Disse. Vendo a cara de indignação de Tsukune, provavelmente por causa da idéia de alguém ser mais forte que Moka Interior, Naruto suspirou antes de dizer. – Olhe... Apenas veja por esse ponto: Eu sou um humano, mas, diferente dos outros, sou “especial” em certos aspectos.

         Tsukune queria dizer alguma coisa, expressar sua indignação que não existia isso de humano “especial”. Para ele, ou você era humano ou era monstro. Mas seus planos novamente foram dilacerados naquele dia, dessa vez pelo próprio Naruto.

         - Droga! Olha o tanto de gente que ta na nossa frente! – Exclamou o loiro ao ver a pequena aglomeração de alunos para se pegar lanche no refeitório. – Nós demoramos demais! Acho que vou ter que fazer do jeito antigo!

         Ao ouvir aquelas palavras, Tsukune observou Naruto aproximar-se da fila e, logo em seguida, começar a empurrar qualquer um que estivesse na sua frente, em meio a xingamentos como “Bastardo, sai da frente!” ou “Você já parece um bola, faça uma dieta e me deixe passar!”.

         Tsukune acabou saltando um suspiro, sentando em uma das mesas do refeitório. Ele sabia que não adiantaria tentar falar com Naruto agora. Era melhor ele esperar o loiro pegar seu pão de melão, para assim finalmente poder começar a questioná-lo.

         Bem... Pelo menos ele trouxe seu lanche de casa.

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- Até mais, Tsukune!

         Tsukune, ligeiramente irritado, ouviu Naruto se despedir enquanto saia da enfermaria. O período das aulas já havia acabado e ambos tinham resolvido fazer uma visita a Kurumu, que ainda estava inconsciente.

         Mas não foi o fato do garoto ficar apenas dez minutos com ele na enfermaria enquanto fazia gracinhas, insinuando que ele daria um bom escravo para a succubus, que o irritou.  O motivo também não foi por ele finalmente ter se lembrado que não havia entregado o trabalho de matemática, perdendo pontos preciosos que certamente fariam falta no final do semestre.

Não. O que realmente o irritava no momento era que Naruto ainda não havia lhe explicado o que queria dizer quando disse que ele era um “humano especial”.

         Fora realmente frustrante ver Naruto se esquivar da pergunta toda vez que ele tocava no assunto, desde o horário do lanche até agora. Aquilo só fez Tsukune ter certeza que ele escondia alguma coisa, mesmo ele não sabendo o que.

         Bem... Pelo menos ele jurou que realmente é humano... Pensou Tsukune tentando se confortar pelo fracasso em obter informações de seu amigo. O fato de Naruto ser humano realmente era um alivio para o garoto.

Mesmo ele já tendo feito amizade com Moka, que era uma vampira, o fato dele não ser o único humano naquela escola de monstros era certamente reconfortante. Às vezes ele se pegava perguntando o que teria acontecido se somente ele fosse humano naquele lugar.

Provavelmente nada de bom aconteceria.

Saltando um suspiro, acabou concluindo que por agora deixaria aquele assunto de lado. Naruto já havia provado que era um excelente amigo, se o loiro não queria lhe contar seu segredo, ele apenas o esperaria se sentir confortável o suficiente para falar.

Além disso, não era com se ele fosse um ninja assassino de outra dimensão, certo?

         - Urrgh...

         Tsukune foi cortado de suas reflexões quando ouviu um leve gemido vindo do seu lado. Olhando para a cama onde Kurumu repousava, viu a garota se remexer até finalmente abrir os olhos.

         - Kurumu-chan, não se esforce. Você deve descansar. – Advertiu, preocupado com o estado da garota.

         A succubus, que até então se acostumava com a claridade enquanto tentava se lembrar o que tinha acontecido, ficou levemente surpresa ao ouvir a voz de Tsukune. Virando a cabeça levemente para o lado, avistou o garoto sentado em uma cadeira ao lado de sua cama.

         - Tsukune...? O que aconteceu...? – Perguntou com a voz fraca.

         - Uhn... Como eu posso dizer... Você e Moka Interior brigaram e... No final você levou a pior. – Respondeu o humano, se esforçando para dizer aquilo de um modo que não invocasse a ira da garota, pois ele tinha visto como ela parecia orgulhosa de si mesmo.

Certamente saber que perdeu de uma forma humilhante para Moka Interior não a deixaria feliz.

         - Eu e... Moka...? – Disse com a voz ainda debilitada.

Não demorou e inúmeras imagens do que havia acontecido horas atrás invadiram sua mente. Sua tentativa de transformar Tsukune em um escravo. Sua discussão com Moka. Sua derrota humilhante. A intervenção de Tsukune e depois a escuridão.

- E-Entendo... – Disse depois de recordar grande parte dos acontecimentos. Estranhamente, começou a sentir um aperto no coração, pois percebeu que ela era a vilã da historia.

Tsukune, que reparara a cara triste que Kurumu fez de repente, resolveu falar algo.

- Você está bem Kurumu-chan? Mako-san, a enfermeira, deu uma pequena saída. Então, se você precisar de alguma coisa, é só me pedir que eu...

         - Por que...? – Tsukune foi interrompido por Kurumu, que segurava com força os lençóis de sua cama. Virando a cara completamente para o humano, perguntou com a voz ligeiramente alterada. – Por que você está sendo tão legal comigo?! Quando há pouco tempo eu tentei te machucar?! Eu...! Cof...! Cof...!

         A menina se auto-interrompeu ao começar uma intensa tosse, provavelmente por se exceder enquanto ainda estava bastante debilitada.

         - Aqui, tome um pouco de água. – Disse Tsukune, estendendo o copo de água que sempre estivera ali ao lado na cabeceira da cama. – Beba devagar, vai amenizar a tosse.

         Kurumu lançou um olhar estranho a Tsukune antes de finalmente aceitar. Após algumas goladas, conseguiu se recuperar do ataque de tosse. Ficando em silêncio por algum tempo, enquanto reestabilizada sua respiração, finalmente voltou a falar.

         - Por quê? – Perguntou novamente, dessa vez olhando para o copo que segurava, como se ele fosse à coisa mais interessante do mundo. – Por que me ajuda depois de tudo que eu fiz...?

         Antes de responder, Tsukune deu um sorriso reconfortante, fazendo com que Kurumu, que naquele exato momento dava uma espiada de conto de olho no garoto, corasse levemente.

         - Eu disse algumas horas atrás, não disse? – Falou Tsukune. – Eu não acho que você seja uma má pessoa, Kurumu-chan.

         Kurumu ficou por alguns segundos sem fala, até que voltou a se expressar.

         - Mas... Mas isso não faz sentido... Não depois do jeito egoísta que eu agi... – Falou a menina, finalmente voltando a olhar Tsukune.

         - Bem... Não sei se faz sentido ou não, mas... Eu apenas gosto de pensar no melhor lado das pessoas... – Falou Tsukune, meio sem graça. – Hehehehe... Acho que o que eu falei agora soou um pouco idiota...

         - Não... Não foi nenhum pouco idiota... – Respondeu Kurumu, que estava realmente admirada com as palavras do garoto. – Na verdade, eu achei muito legal...

         Tsukune ficou ligeiramente vermelho com o elogio da succubus.

         - Uhn... Obrigado.

         Um estranho silêncio se formou depois daquele pequeno dialogo.

         Tsukune estava com duvida do que deveria falar, já que nunca fora acostumado a falar com garotas, ainda mais com uma muito bonita e que há pouco tempo atrás estava tentando lhe transformar em escravo. Não que ele guardasse ressentimentos daquilo, ele realmente acreditava nas palavras que a pouco disse a garota. Era apenas... Estranho.

         Kurumu também travava uma pequena batalha mental, mas está não tinha nada a ver com a de Tsukune. O que ela se perguntava é o que era aquela sensação de calor que sentia no peito desde que Tsukune falara aquelas palavras bonitas.

         O que é isso...? É tão bom... Será que isso é estar apaixonada por alguém? Será que ele é meu “destinado”? Perguntava-se, pondo a mão no peito, sentindo o coração bater mais rápido.

Lembrava-se que sua mãe lhe contou uma vez que sentira algo totalmente diferente do que sentia com homens normais quando encontrou seu “destinado”, que no caso era pai de Kurumu. Sim. Não podia ter outra explicação para aquele sentimento reconfortante. Ele certamente era seu “destinado”.

Se aquilo era realmente verdade, então...

- Tsukune... V-Você poderia me perdoar por tudo que eu fiz? – Perguntou levemente embaraçada, ela nunca foi muito boa em pedir desculpas. – Eu sei que o que eu fiz foi errado, mas... Mas eu realmente estou arrependida...

E aquilo era verdade. Não era apenas pelo fato de que ela queria ficar de bem com seu possível “destinado” que estava pedindo desculpas. Não. Ela realmente estava arrependida de quase ter machucado pessoas que sequer fizeram mal a ela, tudo por causa de seu ego feminino como succubus.

- Você não precisa se desculpar, Kurumu-chan. – Falou Tsukune sorrindo. – Eu nunca fiquei magoado com o que aconteceu. Por isso fique tranqüila.

         Inferno. Ta certo que ele ficou assustado como poucas vezes ficou antes, mas, mesmo assim, não sentia raiva de Kurumu. No pouco tempo que ele vivia naquela escola, ele havia percebido que muitas vezes os monstros se deixavam levar pelos seus instintos naturais, por isso não podia ficar com raiva da garota por ela ter perdido um “pouco” a compostura.

         Mas veja bem, isso era diferente do que aconteceu com Saizou, por exemplo. Saizou era apenas um bastardo que queria molestar garotas bonitas, sem ter um motivo sequer para fazer aquilo. Kurumu, por outro lado, agiu-se levada pelo ciúme, por isso ela tinha certa porcentagem de inocência, mesmo que pouca.

         Sim. Ele não podia pensar mal da succubus, ainda mais quando ela lhe dava aquele olhar tão bonito.

         Merda! Será que ela ta usando aquela magia de novo em mim?! Perguntou-se inquieto. Mas a idéia logo foi descartada de sua cabeça, já que, diferente das outras vezes, ele sentia que tudo que estava acontecendo ali era natural.

         Kurumu, que estava totalmente feliz por ter sido perdoada por Tsukune, falou novamente.

         - Obrigada... Obrigada Tsukune! – Disse sorrindo, querendo ter força suficiente para levantar-se e dar um grande abraço naquele que ela achava ser seu “destinado”.

         Ela estava decidida, ela conquistaria o coração de Tsukune do modo convencional!

         Uhn... Só me pergunto que tipo de monstro ele é...?

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Moka remexeu-se em sua cama, inquieta. Enrolando-se em seu lençol, virou-se levemente para o lado, com o intuído de dormir mais um pouco. Ela se sentia estranhamente cansada aquela manhã, por isso não estava com a mínima vontade de se levantar e ir para a aula.

         Enquanto tentava cair no sono novamente, vasculhava suas lembranças em busca do motivo de tamanha exaustão. Ela tinha certeza que já sentira algo parecido com aquilo antes...

Sim. Fora quando o selo foi liberado dias atrás, quando teve de enfrentar Saizou. No dia seguinte da luta ela sentiu um cansaço parecido. Mas apenas parecido, pois o que ela sentia agora era muito mais intenso.

O que então poderia ter causado tamanho cansaço em seu corpo que ela sequer tinha vontade de sair da cama?

         Lembrava-se claramente de tudo até pedir para Naruto retirar seu rosário, para que assim ela pudesse lutar contra Kurumu e proteger seus amigos da vingança da succubus. Fora isso, tudo que veio a sua mente foram poucas imagens.

         Sua outra eu derrotando Kurumu em um único movimento. Tsukune impedindo que ela espancasse ainda mais a garota. Seu orgulho cutucado por Naruto. Sua briga com seu amigo...

         De repente levantou-se com um pulo da cama.

         Com um olhar de triste em suas feições, fora inundada por um sentimento de culpa. Ela havia tentando machucar seu amigo, tudo devido ao seu orgulho vampiro.

         E... E se ele não quiser mais ser meu amigo por causa disso? Será que ele está chateado...? Eu... Não demorou e a culpa fora substituída pelo medo. Medo de Naruto a odiar por ela ter tentando o ferir. Medo que Naruto a rejeitasse por seu lado vampiro.

         Ela não queria perder seu amigo! Não queria perder Naruto!

         Sem sequer notar, lagrimas passaram a brotar de seus olhos. Inconscientemente se abraçou, como se o ato pudesse trazer algum conforto.

         - Não fique tão deprimida. – Ouviu uma voz no interior de sua mente, uma que ela tomara conhecimento há pouco tempo. – Tente se lembrar direito. Uzumaki Naruto em nenhum momento disse que não seria mais seu amigo. Além disso, ele não faz o tipo que abandona uma amizade apenas por uma briga.

         - Mas... Mas nós tentamos o machucar e...

         - Acalme-se e lembre, garota tola! – Disse com um pouco mais de vigor Moka Interior. – Ele apenas tinha ficado bravo por termos o subestimado. Além disso, depois de nos... Derrotar, ele ainda insinuou que não se importaria de batalharmos novamente.

         Forçando ainda mais sua memória, Moka lembrou-se do que sua eu interior falou. No final da luta, Naruto parecia estranhamente satisfeito, como se aquilo fora divertido para ele.

         - Então... Então ele não ficou com raiva por termos o atacado? – Perguntou, ainda com certa insegurança na voz.

         - Não. Ele não ficou com raiva. – Respondeu Moka Interior por meio de telepatia, método que usava para poder se comunicar com sua outra eu. – Ele apenas queria provar que ele não era fraco como pensávamos... Uzumaki Naruto, um humano realmente intrigante.

         Moka Interior terminou seu discurso lembrando-se das últimas palavras do loiro antes dele colocar o rosário nela, as quais afirmavam que ela deveria sair quando estivesse entediada para assim eles se divertirem. Um leve sentimento de rubor apoderou-se de si, fazendo-a se perguntar o que aquilo significava.

         - Bem... De qualquer forma tenho que me desculpar com ele. – Disse mais confiante Moka.

A outra personalidade optou em ficar em silêncio sobre aquilo. Ela tinha um pensamento parecido, em pedir desculpas para o loiro por ter o subestimado, mas seu orgulho nunca permitiria algo como aquilo. Assim, permitindo que Moka Exterior pedisse desculpas, era uma forma de aliviar sua consciência e ainda manter seu orgulho intacto.

         Pelo menos era isso que ela acreditava.

         Olhando para o relógio na cabeceira de sua cama, Moka assustou-se ao ver que não era de manhã, como ela pensava.

         São seis da tarde? Mas eu pensei que era manhã... Ela havia dormido tão profundamente desde que “apagou” depois da luta que realmente acreditou que já era outro dia.

         Bem, não que aquilo fosse ruim. Na verdade era muito bom, concluiu a vampira.

Naruto costumava sempre a jantar no refeitório pelas sete horas da noite, assim ela já tinha o momento perfeito para se desculpar com seu amigo. Ela o encontraria antes dele sair de seu quarto e tentaria de alguma forma se explicar.

Certo! Pensou com o punho em riste, mais confiante de que tudo daria certo.

Tendo ainda uma hora de sobra até Naruto ir para o refeitório, resolveu tomar um banho. Assim, quem sabe, ela poderia diminuir aquela sensação de exaustão que ainda sentia, mesmo depois de ter dormido tantas horas.

         Seguindo sua rotina, se aproximou de seu armário com intuito de preparar sua roupa para quando ela saísse do banho. Vasculhou o armário e primeiramente pegou um vestido relativamente curto em amarelo, este seguido de um casaquinho branco. Depois tomou posse de um par de longas meias brancas e um conjunto de sutiã e calcinha azul claro.

         Querendo aproveitar o momento, resolveu arrumar seu uniforme escolar para amanhã de uma vez, assim poderia acordar um pouco mais tarde.

         Assim, depois de colocar as roupas que acabou de pegar em cima de sua cama, passou a procurar seu uniforme. Sem muita demora, pegou uma saia, uma camisa branca, um conjunto de peças íntimas e um par de meias. Mas, quando foi procurar pelo seu paletó, percebeu que não havia nenhum.

         Era verdade que ela tinha colocado um para lavar anteontem, mas ainda deveria ter um, pois, diferente das saias e camisas que você tinha que comprar, a escola fornecia dois paletós para todos os alunos.

         Intrigada, Moka passou a olhar ao redor de seu quarto, em busca da peça do seu vestuário regular.

         Foi quando visualizou o dito cujo jogado em cima de uma poltrona verde que havia em seu quarto. Sem saber por que ele estava ali, foi em direção da poltrona com o intuito de pega-lo, para assim finalmente poder entrar no banho.

         Quando tomou a peça em mãos, notou que ela estava mais pesada do que o habitual. Reparando melhor, arregalou os olhos. Seu paletó verde estava totalmente inutilizável.

         Havia uma grossa camada, do que parecia ser uma lama preta, incrustada por toda a peça. Não bastasse a sujeira evidente, o paletó também exalava um cheiro nem um pouco agradável, provavelmente devido à camada de lama.

         Tentando se lembrar como aquilo poderia ter acontecido, teve flashes dela sendo engolida por uma espécie de pântano, ficando apenas com a cabeça de fora enquanto observava Naruto agachado a sua frente, sorrindo vitorioso.

         Ah! É por isso... Pensou ao se lembrar de como havia perdido para o loiro. Se eu estou certa, então...

         Dando uma olhada melhor para a poltrona onde a pouco estava à peça de roupa suja, notou que nela também se encontravam um par de meias e uma saia, ambas igualmente imundas. Também havia uma camisa branca bastante úmida, manchada com a mesma lama na gola e na extremidade inferior.

         Acabou dando um suspiro, ela realmente tinha sujado suas roupas quando lutou com Naruto. Não que ela o culpasse, já que na verdade quem iniciou tudo fora ela.

         Finalmente dando de ombros, soube que amanhã ela teria de ir sem o paletó para a escola. Ainda bem que não era uma regra usa-lo.

         Depois de configurar o uniforme em cima da cama, ao lado roupas que usaria depois que saísse do banho, pegou uma toalha e partiu para o banheiro. Chegando lá, preparou-se para se despir e entrar no chuveiro que tinha ali.

         Foi quando finalmente se deu nota que ela não vestia seu habitual pijama rosa.

         Uhn...? Por que eu dormi só de calcinha e sutiã? Perguntou-se ao finalmente reparar que todo aquele tempo ela estava vestindo um conjunto rosa de roupas de baixo. Um que, se ela não estivesse enganada, colocara hoje de manhã...

         Arregalou os olhos ao finalmente perceber o que aquilo implicava.

         Se, quando ela desmaiou de cansaço depois da luta, ela estava usando o uniforme que estava sujo na poltrona e agora se encontrava com apenas o conjunto de calcinha e sutiã, isso queria dizer que alguém retirou suas roupas. E, como Naruto fora a última pessoa que ela viu, por eliminação ele era esse alguém.

         Seu rosto ficou em chamas ao pensar na idéia de que Naruto havia a despido e a visto apenas em peças intimas.

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- Uhaaaaá! – Bocejou Naruto, esticando seus braços para o alto. Fazendo uma careta, resmungou. – Droga... Essas aulas realmente me matam...

         Suas aulas sempre terminavam as quatro, por isso aproveitava aquele intervalo até a abertura do refeitório para tirar um cochilo. Ele se perguntava se realmente deveria estar sendo tão preguiçoso, ainda mais com um teste de matemática no fim do mês, sendo que ele já havia perdido pontos por não entregar o trabalho...

         - Nah... – Debochou para si mesmo. Faltava muito tempo ainda, além disso, não era como ele não poderia roubar a prova ou algo parecido para se sair bem. Por que, convenhamos, ele era um ninja, trapacear para vencer era uma coisa relativamente normal para ele.

         Sim, ele sempre tinha essa alternativa.

         Sorridente, olhou para seu relógio, percebendo que eram sete horas. Coçando seu traseiro por dentro de sua calça, começou a procurar sua camisa. Não tinha muita pressa, pois o refeitório servia a janta até as nove da noite. Ele tinha tempo de sobra.

         Avistou a peça do uniforme jogada em cima da geladeira, como ela havia parado ali? Ele não tinha idéia.

Nunca fora dos mais organizados, por isso era normal encontrar coisas em seu quarto nos lugares mais inusitados. De volta a Konoha, em seus tempos de genin, lembrava-se até hoje com um sorriso quando Sakura achou uma cueca sua dentro do fogão. A cara que a garota rosada fez foi impagável.

         É claro que aquilo havia tido conseqüências dolorosas, seguidas de um sermão sobre higiene pessoal. Mas, mesmo assim, valera a pena.

         Bons tempos... Pensou vestindo a camisa, deixando a gola desabotoada por uns três botões. Pergunto-me o que aconteceu com as nações elementais...

         Ultimamente ele não havia pensado muito em sua casa, talvez por a amizade com Moka e Tsukune estar ocupando a maior parte de sua mente. Mas, toda vez que lembrava de seu antigo lar, um sentimento de saudades o invadia.

         Tsunade, Kakashi, Sakura, Hinata, Shikamaru e todos os outros que ele conhecera e fizera amizade, ele se perguntava o que eles tinham feito da vida. Mas não só seus amigos, mas todo o continente em si. A questão que mais o perturbava era se eles finalmente tinham alcançado a paz...

         Acabou balançando a cabeça ao perceber que estava há muito tempo pensando naquilo. Como Kyuubi havia falado, ele tinha feito o seu melhor. Agora ele tinha uma vida nova, não devia ficar se perguntando o que teria acontecido com as nações elementais.

         Convencido, aproximou-se da porta para calçar seus sapatos. Nos últimos dias ele finalmente havia se acostumado com aqueles odiosos calçados, mesmo que ele ainda preferisse sandálias shinobi.

         Finalmente pronto para sair, colocou a chave na fechadura e girou-a. Quando um “click” informou que a porta estava destrancada, ele girou a maçaneta e puxou-a. Com a porta finalmente aberta, ficou surpreso ao se deparar com um emaranhado de cabelos cor de rosa.

         Mas, antes que falasse qualquer coisa, recebeu uma forte pancada no nariz, fazendo-o recuar alguns passos com um pequeno sangramento.

         - Uhou! Que violência é essa, Moka-chan?

         Moka, que a pouco havia sentido uma sensação estranha quando bateu na “porta”, levou um pequeno susto ao ouvir a voz de seu amigo. Quando levantou o olhar, avistou o loiro com a mão no próprio nariz sangrando. Somou um mais um e percebeu que o motivo do sentimento estranho anteriormente era por que ela não havia acertado a madeira, mas sim o rosto de seu amigo.

         Com uma expressão preocupada, aproximou-se do garoto com o intuito de ampará-lo.

         - Você está bem, Naruto-kun?

         Naruto, que agora sentia os seios de Moka esfregando contra seu braço, aumentou um pouco mais o sangramento. Aparentemente a garota não estava usando seu uniforme, por isso agora ele podia sentir muito melhor aqueles montes macios do que nas vezes anteriores, quando eles eram protegidos pelo paletó fechado do uniforme.

         - Eu... Eu estou bem, Moka-chan. Não precisa se preocupar. – Respondeu finalmente recuperando o controle. Maldito Ero-sennin e sua tentativa de corrompê-lo.

         Moka, mesmo recebendo a resposta de que estava tudo bem por parte de Naruto, adquiriu um olhar totalmente entristecido no rosto. Mesmo quando ela tinha vindo ao quarto de seu amigo para se desculpar pela confusão de horas atrás, ela novamente o havia machucado.

         - Uhn...? Moka-chan, o que foi? – Perguntou Naruto, finalmente notando a expressão de tristeza na linda face de sua amiga.

         Viu-a morder os lábios antes de escutar.

         - Des-Desculpe... Mesmo quando eu vim aqui me desculpar por te machucar hoje cedo, eu acabo fazendo à mesma coisa... Eu... Eu sou realmente uma péssima amiga... – Terminou, já com os olhos ameaçando a vazar lagrimas. – Eu...

         Moka parou ao sentir a mão quente de Naruto sobre seu rosto, limpando uma lagrima que havia acabado de escorrer.

         - Moka-chan... Olhe para mim. – Ao escutar a voz reconfortante do loiro, não pode deixar de erguer sua cabeça e fazer o que ele pediu. Olhando em seus olhos azuis, perdeu-se neles até que o escutou novamente. – Você não precisa se desculpar por uma coisa boba dessas. Foi apenas um acidente.

         Aquelas palavras ligaram algo na mente de Moka, fazendo-a se lembrar do chute que deu em Naruto no dia anterior.

         - Não! Agora pode ter sido acidental, mas ontem eu realmente queria te machucar, Naruto-kun! Eu... Eu queria machucar um amigo! – Disse desesperada a menina, esquecendo as palavras que sua outra eu havia lhe dito poucos tempo atrás quando ela ainda estava em seu quarto.

         - Hahahaha! Verdade, sorte que eu sou durão, né? – Tentou brincar para aliviar o clima, mas percebeu que não fora uma boa idéia quando viu os olhos de Moka encherem ainda mais de lagrimas.

         Droga! Ele e sua inexperiência com garotas.

         - Então... Então eu realmente te machuquei... – Falou totalmente deprimida a garota. – Eu... Eu vou entender se você não quiser mais me ver, Naruto-kun...

         - Não diga uma coisa dessas, Moka. – Naruto interrompeu a lamuria da vampira. Sua voz transmitia seriedade. – Não diga uma coisa dessas... Você esqueceu que eu prometi sempre ser seu amigo, Moka?

         - Não, mas...

         - Se você se lembra, então não deixe nunca mais idéias como essa passarem por sua cabeça. – Declarou Naruto com firmeza. – Não importa o que aconteça Moka-chan, eu vou ser sempre seu amigo.

         Vendo Naruto dar um sorriso radiante para ela, mais lagrimas desceram pelo seu rosto. Mas dessa vez, seu próprio sorriso dizia que era lagrimas de gratidão.

         Um momento de silêncio se formou entre os dois, mas ele logo foi quebrado.

         - Desculpe por duvidar de você, Naruto-kun... – Comentou baixinho, enxugando a água que a pouco escorria de seus olhos. – É... É que eu fiquei com tanto medo de te perder e... Eu devia ter ouvido minha outra eu...

         - Uhn? Moka Interior falou com você de novo? – Perguntou Naruto, tentando amenizar toda aquela tensão que ainda estava no ar.

         - Sim... – Respondeu a garota acenando com a cabeça, ainda com voz um pouco tímida. – Ela tinha me dito que em nenhum momento você disse que não queria mais ser meu amigo... Que você não fazia o tipo que abandonava uma amizade apenas por uma briga...

         - Uhn... Isso é realmente uma surpresa. – Naruto comentou com um ar pensativo. – Eu jurava que ela não ia com a minha cara, ainda mais depois que eu chutei o traseiro dela...

         Naruto parou ao sentir uma leve dor no ombro, cortesia de um aperto que Moka lhe dera na região.

         - Não diga isso assim, Naruto-kun. – Resmungou a menina. – Você falar que chutou o tra... Traseiro dela é a mesma coisa de falar que chutou o meu, já que compartilhamos o mesmo corpo no final das contas.

         Naruto sorriu ao ver uma coloração avermelhada nas bochechas da garota, quando a mesma falou o insulto. Parecia que ela estava um pouco melhor.

         - Bem... Mas é verdade, não é? Eu chutei o seu traseiro, Moka-chan. – Debochou o loiro, ganhando um olhar levemente irritado da menina a sua frente. – Mas não se preocupe. Como eu havia falado para Moka Interior, você pode pedir a revanche a qualquer momento. Foi realmente bom esticar os ossos depois de tanto tempo, ainda mais contra um adversário forte como vocês, Moka-chan.

         Mesmo sabendo que ela não tinha capacidade nenhuma de luta como sua outra personalidade, Moka corou ao ser elogiada pelo loiro.

         - Uhn? Sua face está vermelha, Moka-chan. Parece vermelha de raiva... – Disse Naruto que, mesmo sabendo que ela estava apenas encabulada, resolveu aproveitar-se da situação para brincar com sua amiga. – Se você está com raiva quer dizer que quer a revanche, certo?

         - N-Não...! Você entendeu errado! – Tentou corrigir a vampira, mas Naruto apenas sorriu maldosamente.

         - Não precisa ficar tímida agora, Moka-chan. Podemos ter nossa revanche agora mesmo... – Disse se aproximando cada vez mais de Moka.

Esta que ia recuando na medida em que Naruto chagava perto. Mas acabou se vendo incapaz de fazer aquilo quando atingiu a mureta do corredor, que impedia os alunos de caírem do segundo andar.

Estando sem rota de fuga, Moka tentou explicar novamente.

- Você está enganado, Naruto-kun. Eu... – Não pode terminar ao sentir Naruto colocar suas mãos em sua cintura. No início, o motivo de se calar foi o tom ainda mais acentuado de vermelho que tomou conta de seu rosto, ao sentir o toque do garoto. Mas, depois, foi pela imensa sensação de formigamento a onde Naruto tocava. – Huahuahuahuahauha!

Riu sem poder se controlar Moka.

Naruto sorriu enquanto fazia cócegas na vampira, arrancando cada vez mais risos da garota. Passado alguns minutos, em que ela tentou resistir sem obter sucesso, Naruto finalmente se deu por satisfeito e parou a pequena tortura.

- Mhouuu! Naruto-kun, isso foi golpe baixo! – Amuou Moka de um modo tão lindo e fofo que fez um garoto, que passava por ali naquele momento, ter um intenso sangramento nasal. Como um foguete, o jovem de cabelos negros presos por uma tiara vermelha, tomou propulsão, assim varando a mureta protetora do corredor e se emborrachando no chão lá em baixo.

         Uma gota surgiu na cabeça de Naruto, que tinha presenciado toda a cena feita pelo garoto que aparentava ser mais velho.

         - Espero que ele esteja bem... – Comentou, vendo, por cima do parapeito do corredor, o aluno estatelado no chão imerso em uma poça de sangue, proveniente do nariz sangrando devido à excitação.

         - Uhn? Você está falando do que, Naruto-kun? – Perguntou Moka, que estava alheia a toda aquela situação.

         - Nada, nada não. – Respondeu Naruto casualmente, voltando seu olhar para a vampira. – Deixando isso de lado, estou contente que você voltou a sorrir, Moka-chan, você fica muito mais bonita assim.

         - O-Oh! – Exclamou com o rosto quente a menina ao perceber que Naruto tinha feito cócegas nela com o intuito de arrancar um sorriso seu. – Obrigada, Naruto-kun.

         - Disponha, Moka-chan. – Respondeu sorrindo o loiro. Tirando seu relógio do bolso, observou que já eram sete horas e vinte minutos. – Droga... Acho melhor me apressar, senão vou pegar uma fila muito grande no refeitório.

         - Ah! É mesmo! Acho que passamos tempo demais conversando! – Exclamou Moka, vendo o olhar confuso de Naruto, respondeu. – Hoje vou jantar no refeitório também.

         Naruto ficou surpreso ao ouvir aquilo. Moka nunca jantava com ele e Tsukune no refeitório. Segundo a garota, isso era por que ela gostava apenas de comer um pequeno lanche a noite. Naruto na época concluiu que era uma daquelas coisas de meninas.

         Até hoje ele se lembrava de Sakura e Ino fazendo regime mesmo ambas sendo kunouchis, ocupação que certamente gastava milhares de calorias por dia.

         - Mas você não havia dito que achava que a janta era muito pesada, Moka-chan? – Perguntou Naruto para confirmar se ela realmente ia com ele.

         - Sim, mas... Mas hoje eu quero passar um pouco mais de tempo com você... – Falou de uma forma bem encabulada.

         Naruto corou também, mas, para retomar o controle da situação, disse.

- Tudo bem, mas se você não quiser comer a janta, Moka-chan, pode beber um pouco do meu sangue. – Os olhos de Moka se iluminaram ao ouvir aquilo.

- Então, Naruto-kun... – Disse a vampira se aproximando lentamente do loiro de uma forma meio tímida, mas que não escondia seu desejo pelo sangue. – Acho que vou ter um pouco agora mesmo...

         Kapuchuu!

         Naruto sentiu as presas da menina cravarem em seu pescoço, não demorou e seu sangue começou a ser sugado. Mas não era isso que o preocupava, mas sim como a menina estava o abraçando dessa vez.

         Normalmente Moka apenas se aproximava o suficiente para conseguir sugar o sangue, o que ocasionava em um pequeno contado entre os dois, ao qual o lado perverso de Naruto conseguia sentir um pouco do corpo da menina.

         Mas dessa vez a vampira estava simplesmente o abraçando, de uma forma que todo o corpo dela estava em contato com o seu.

Não ajudava o fato dela não estar usando o uniforme hoje, e, por esse motivo, ele podia sentir os delicados seios envoltos em sutiã esmagados contra seu próprio peito, já que ele e Moka tinham quase a mesma altura.

Engolindo em seco, Naruto tentou não se perder no calor que emanava do corpo de vampira.

         Pense na careta emburrada do Ero-sennin... Careta emburrada do Ero-sennin... Careta emburrada do Ero-sennin... Logo a imagem de seu mestre chateado por Naruto ter atrapalhado suas “pesquisas” invadiu a mente do loiro, fazendo-o ter vontade de rir, ao mesmo tempo em que os pensamentos pervertidos eram desviados para o fundo de seu cérebro. Ufa! Careta do Ero-sennin sempre funciona!

         Passado pouco tempo, Moka finalmente se desvencilhou de Naruto, satisfeita momentaneamente com aquela quantidade de sangue.

         Estranhamente, a garota sentiu todo o cansaço que ela tinha desde que acordara sumir como se num passe de mágica. Ela se perguntava o porquê.

         - Bem... Vamos Moka-chan? – Chamou Naruto, fazendo a garota voltar de seus pensamentos.

         - Sim, vamos. – Respondeu sorrindo, depois ela pensaria nisso. Agora o importante era aproveitar a caminhada com seu Naruto-kun.

         Uhn? Desde quando eu o considero meu?


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Notas finais do capítulo

Bem,ai está o capitulo cinco. Foi bem mais "calmo" que o quatro, mas esse capitulo era necessario para o desenvolvimento dos outros. Quem sempre quer ação, não se preocupe, os proximo, provavelmente, terá.
Falando nos proximos capitulos, como eu já havia comentado, eles demorarão mais para serem lançados a partir de agora. Eu sequer comecei o cpitulo seis ainda, por isso dou um prazo de mais ou menos um mês...
Como meus capitulos são sempre grandes, espero que não fiquem muito decepcionados...
Até mais!