Shinobi plus Vampire escrita por Hugo0974


Capítulo 1
O despertar




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  - ...Estamos ao vivo direto do Museu Nacional de Tóquio, onde hoje começara a exposição daquela que talvez seja a descoberta cientifica mais importante do século. Senhor Yamamoto, poderia nos explicar por que essa espécie de sarcófago é tão importante para a ciência?

         - Explico com prazer, Shibue-san. Como todos já sabemos, alguns meses atrás foi encontrado uma grande cratera na zona rural de...

         Aono Tsukune suspirou ao desligar a televisão.

Ele não estava nem um pouco a fim de ouvir sobre as incríveis descobertas de alguns cientistas renomados sobre a provável existência de O.V.I.Ns, ainda mais quando não fazia nem dois dias que ele recebera a noticia que falhara em todas as provas de admissão para o colegial.

         O que eu farei agora? Acho que terei de arrumar algum emprego... Pensou o garoto bastante deprimido. Ele ainda não conseguia acreditar que falhara em todas as escolas. Somente um super-idiota conseguiria uma façanha daquelas. E, infelizmente, ele era esse idiota.

         Mas era realmente estranho.

Ele nunca foi dos alunos mais brilhantes, mas também nunca esteve no fundo da classe. Além disso, ele jurava que tinha ido bem em pelo menos duas das quatro escolas ao qual ele prestou o exame de admissão. Fora realmente uma surpresa quando recebeu a noticia que tinha falhado em todas as provas.

Agora, sua vida, que nunca teve nada de especial, seria ainda mais medíocre.

         - Tsukune...! Tsukune! – Virando-se, viu seu pai adentrar a sala, bastante animado. – Olhe esse folheto aqui, Tsukune!

         Com uma sobrancelha levantada, o garoto pegou o papel que seu pai lhe estendia. A primeira vista percebeu que era uma espécie de anuncio, pois podia ler “Academia Youkai” em letras bastante destacadas. Não bastasse isso, o folheto era adornado por varias imagens de morcegos e túmulos.

         - O que é isso...? – Perguntou sem entender muito bem.

         - Academia particular Youkai. – Informou seu pai de um modo bastante satisfeito. – Parece que dá pra entrar nessa escola com esse folheto. Então, Tsukune, já que você falhou em todos os exames das outras escolas, você vai ingressar nessa Academia Youkai.

         - Sério querido?! – Exclamou a mãe do adolescente, que a pouco estava tirando o pó de uma escrivaninha e agora estava pulando no pescoço de seu marido, tamanha sua felicidade. – Então nosso filho não precisa parar de estudar, certo?!

         - Sim! Foi isso mesmo que eu tinha tido! – Respondeu o homem da casa no mesmo tom entusiasmado de sua mulher. Era obvio que ambos estavam preocupados com a educação de seu filho.

         - Espere um minuto! Aonde você achou esse folheto?! – Perguntou Tsukune, irritado com a falta de senso de seus pais.

         Aquilo era muito suspeito. Onde já se viu uma escola em que apenas tendo um folheto era permitido entrar? Aquilo não estava certo. Certamente era uma espécie de pegadinha de algum programa humorístico, ultimamente estava tendo muito daquilo na televisão.

         - Não seja tão desconfiado, Tsukune. – Disse o pai do garoto de modo bastante solene. – Foi um padre que deixou cair na rua enquanto eu vinha pra casa. Ele parecia uma boa pessoa.

         Uma veia surgiu na testa do adolescente. Aquilo com certeza era suspeito.

         - Sem chance! Eu não vou pra uma escola dessas! – Exclamou o garoto, mas seu pai parecia não ouvir.

         - Hahaha! Acho que às vezes Deus trabalha em misteriosos caminhos, sabe... – Falava o homem ainda de modo polido, como se fosse alguma espécie de intelectual.

         - Sim. É melhor que você vá, Tsukune. – Encorajou a mãe do garoto, o fazendo ficar ainda mais incrédulo.

         - Até você, mãe?!

         Tsukune não sabia por que, mas toda aquela historia lhe trazia um péssimo pressentimento.

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No museu nacional de Tóquio, na sessão de artigos sobrenaturais, encontrava-se em uma posição de destaque uma espécie de sarcófago. Com não mais de 1,70 metros de altura e 1 metro de largura, adornado como se fosse uma raposa humanóide, o objeto era o mais intrigante para os cientistas japoneses nos últimos séculos.

         Não só por ter sido encontrado em uma grande cratera no meio de uma plantação de arroz, como também pelo simples motivo de que, passado cerca de dois meses da descoberta, os cientistas não conseguiram abrir o sarcófago para ver o que tinha dentro.

         Era intrigante para os pesquisadores que nem a mais alta tecnologia a lazer, que era capaz de cortar diamantes como se fosse manteiga, conseguia fazer sequer algum arranhão no objeto.

         Agora, depois de inúmeras tentativas frustradas de abrir o objeto ou de determinar sua origem, as quais tiveram cooperação de inúmeros cientistas estrangeiros, os pesquisadores decidiram fazer uma pausa, aproveitando assim para por o sarcófago tão falado em exibição. Para eles, o povo merecia tomar conhecimento de tal objeto intrigante.

         Pena que não poderiam pesquisar mais sobre aquele sarcófago depois daquela noite.

         Eram exatamente onze horas da noite quando as câmeras de segurança na sala, onde repousava o possível objeto, aliem estragaram. Se alguém fosse verificar o cômodo, veria que o motivo talvez fosse a intensa luz que o sarcófago parecia emitir. Mas, estranhamente, os seguranças pareciam alheios a todos aqueles acontecimentos.

         O fenômeno ocorreu por exatamente cinco minutos, diminuindo a intensidade de brilho a cada segundo que passava. Quando finalmente acabou, podia-se ver que no local onde se encontrava o sarcófago agora via-se um jovem no alto de sua adolescência.

         Apesar da estatura mediana, seu corpo era muito bem construído. Não tinha excesso de músculos, mas aparentava ser o corpo de alguém que praticava atividades físicas profissionalmente. Suas roupas, que estranhamente estavam bem conservadas, consistiam de uma calça preta com as extremidades inferiores amarradas por faixas laranja, estas que chegavam até um conjunto de sandálias pretas. Também vestia uma blusa preta com traços laranja nas mangas, e esta que era parcialmente encoberta por um casaco vermelho com o desenho de chamas pretas nas extremidades.

No mais, o garoto tinha cabelos loiros e três marcas em cada lado de sua bochecha, muito parecidas com os bigodes de raposa que enfeitavam o sarcófago há poucos minutos atrás.

         Mas, apesar de todo o ocorrido, um silêncio se fazia no cômodo. Alguns minutos se passaram até que ele foi finalmente quebrado. Cortesia de uma espécie de resmungo vindo do jovem, como se estivesse prestes a acordar.

         E ele realmente estava.

         Abrindo os olhos com certa preguiça, revelou dois pares azuis como o oceano. Bocejando, remexeu-se na plataforma aonde se encontrava e, logo em seguida, ergueu seu tronco, apoiando-se com os cotovelos na mesa de pedra.

         Depois de dar uma olhada ao redor, saltou outro grande bocejo antes de falar consigo mesmo.

         - Quanto tempo será que eu dormi? – Parecia perguntar a ninguém em especial, mas quando não obteve resposta, ficou com uma cara emburrada. – Ei, bola de pelos, para de fingir que ainda esta dormindo.

         Um observador certamente acharia que o garoto estava louco, pois falava sozinho. Mas em sua mente ele recebeu a resposta, que veio depois de um forte rugido.

         - Pirralho ingrato... Para sua informação eu estava realmente dormindo antes de você me insultar. – Respondeu uma voz gutural.

         Entrando no espaço ao qual era reservado para seu inquilino dentro de sua mente, o jovem se deu conta que estava em uma floresta com árvores gigantescas, cada uma espaçada razoavelmente entre si.

         - Sério... Eu ainda não me acostumei com sua nova decoração, Kyuubi. – Disse o garoto girando seu corpo para a direita, se deparando com uma gigantesca raposa vermelha de nove caudas. Ambos estavam separados por uma gigantesca grade de metal. – Sempre achei que você gostasse de algo mais sombrio.

         - Não zombe de mim, moleque. – Falou a raposa, mostrando presas gigantescas e realmente ameaçadoras. – Eu posso gostar de destruição e caos, mas isso fora da minha morada.

         O garoto deu um sorriso ao ouvir o comentário da raposa. A bastarda parecia não ter perdido seu lado sádico, mesmo depois de tudo que passaram.

         - Se você diz... – Falou aproximando-se das grades. Logo as transpassou, ficando bastante próximo do terrível animal. – Mas você ainda não me respondeu. Tem idéia de quanto tempo se passou desde que o selo foi ativado?

         - Tsc. Você é idiota? – Zombou o Bijuu, fazendo o loiro ficar levemente irritado com o insulto. – Assim como você, eu estive dormindo todo esse tempo. Não tem como eu saber quanto se passou.

         O jovem acabou saltando um suspiro ao ouvir aquilo. Ele realmente tinha se esquecido que a raposa havia entrado em estado de hibernação com ele.

         - Bem... Não adianta perguntar em qual dimensão estamos também, certo? – Falou retoricamente, coçando a cabeça, irritado, devido à falta de informação. Passado um suspiro, observou o Bijuu mais atentamente. – Uhn... Mas parece que a função do selo deu certo, já que você está muito maior do que eu me lembro.

         O animal deu um sorriso monstruoso.

         - Tenho que admitir que realmente funcionou. Eu consegui recuperar a metade do meu poder que o desgraçado do Yondaime Hokage havia selado no Shinigami. – O jovem fez uma careta ao ouvir a raposa.

         - Não fale do meu pai assim. – Reclamou o garoto. – Graças aos estudos dele e aos pergaminhos do meu clã eu e você pudemos concluir o selo que daria um fim aos Bijuu.

         - He. Eu tenho que admitir que aquele bastardo era realmente um gênio na arte de selos. – Falou a raposa mostrando as presas, enquanto pensava que seu anfitrião atual não estava muito longe de seu pai, já que ele havia conseguido unir diversas idéias de um modo bastante imprevisível e finalizar o selo.

         - Então o resto do Juubi se perdeu no meio das diversas dimensões... – Comentou o garoto.

         - Sim. Seu chakra estará espalhado e nunca poderá se unir novamente, já que ele não terá acesso à energia física para formar um corpo, como eu e os outros Bijuu fizemos quando fomos separados pelo Rikudou Sennin. – Explicou o agora ultimo Bijuu.

         - Mas será que não há o risco ao chakra? Quer dizer, seu eu consegui abrir as dimensões, pode ser que mais alguém consiga. – Falou o garoto preocupado.

         - Não seja estúpido. O espaço onde se interligam as dimensões é infinito, mesmo que mais alguém possa acessá-lo, o chakra estará tão espalhado que seria impossível de reuni-lo. – Disse a raposa.

         - Uhn... Isso é bom então. – Divagou o garoto, adquirindo um olhar pensativo. – Se me lembro bem, não poderemos nunca mais voltar às nações elementais, certo?

         Kyuubi observou seu carcereiro por alguns instantes, percebendo que sua expressão estava um pouco esperançosa.

         - Nunca mais poderemos voltar às nações elementais. Mesmo se você novamente abrisse um portal com selos para outra dimensão, é praticamente impossível acertar a dimensão correta. Já que também há infinitas dimensões.

         O loiro fez uma careta ao ouvir aquilo. Depois de coçar a cabeça, acabou saltando um suspiro de resignação.

         - Acho que dessa vez não da para fazer nada realmente. – Falou, tentando se convencer daquilo. O que era muito difícil, já que ele era famoso por nunca desistir. – Bem... Pelo menos quando eu deixei Konoha à guerra já tinha acabado e todos os paises elementais firmaram um tratado de paz e desmilitarização. Acho que meu trabalho de certa forma já foi feito.

         Kyuubi olhou-o antes de responder.

         - Você fez o mais importante, conseguiu plantar a idéia em todos de que a paz era possível de ser alcançada. Que as pessoas poderiam se entender e deixar o ódio de lado. – Falava o demônio. – Agora tudo está nas mãos do outros humanos. Você fez um bom trabalho, Naruto.

         Naruto olhou bobamente para a raposa, não acreditando em suas palavras. Ela não só o tinha chamado pelo nome, coisa que raramente fazia, como também o havia elogiado e tentado lhe incentivar.

         Passado algum tempo de silêncio entre os dois, Naruto se recuperou da surpresa e deu um sorriso.

         - Hehe. É realmente estranho ter alguém que há tempos atrás era puro ódio me elogiando. – Disse sem graça o loiro. – Obrigado Kyuubi.

         - Tsc. Idiota... – Resmungou a raposa entre suas presas, mas em sua cabeça acreditava em todas as palavras que havia dito. Como não podia acreditar? Quando o loiro a sua frente conseguiu sanar o ódio que ela própria detinha por séculos.

         Foi quando de repente percebeu algo no mundo exterior.

         - Algo está próximo. – O loiro assentiu com a cabeça.

         - Eu sei.

         Depois de responder a raposa, saiu de sua paisagem mental e voltou ao mundo físico. Não ficou surpreso ao se deparar com um homem a sua frente.

         Ele vestia um conjunto de túnica e hijab brancos, onde este último deixava apenas o seu rosto à mostra. Outro detalhe que chamou a atenção de Naruto foi que, devido à baixa visibilidade do cômodo, parecia que os olhos do homem brilhavam.

         Alguma espécie de doujutsu talvez...? Refletiu.

         - Então minhas desconfianças estavam corretas, realmente havia um ser vivo selado naquele sarcófago. – Falou o homem com uma voz bastante sinistra. – Posso saber quem é você e da onde veio?

         Naruto levantou uma sobrancelha enquanto observava o homem. Se ele realmente era um homem, já que, mesmo sendo um sensor mediano sem o modo eremita, Naruto podia sentir uma energia semelhante ao chakra dos Bijuu vindo dele, apesar de a quantidade ser bem menor.

O que não fazia o loiro baixar a guarda, é claro. Ele tinha um pressentimento que o homem estava suprimindo seu próprio poder.

- Não sei como são as coisas por aqui, mas... De onde eu venho não é educado perguntar o nome de alguém antes de se apresentar. – Falou Naruto de um modo que ele denominava “cool”.

         - Hehe. Parece que temos costumes parecidos... – Disse o homem. – Desculpe meus maus modos. Meu nome é Tenmei Mikogami, sou diretor de uma escola.

         Naruto assentiu antes de responder, não podendo deixar de pensar que o homem não tinha cara de um educador. Pelo menos não de um da sua dimensão.

         - Meu nome é Uzumaki Naruto, sou um shinobi. – Respondeu, ainda mantendo a aparência de seriedade que um ano de guerra lhe ensinou. – Quando ao lugar de onde vim, não sei se é realmente importante eu dizer. Além do mais, acho que você já tem suas suspeitas.

         O homem deu um sorriso que, se Naruto ainda fosse um genin recém saído da academia, tinha certeza que lhe deixaria bastante inquieto agora.

         - Sim. Eu realmente tenho minhas suspeitas. Só queria uma confirmação de que você realmente não era dessa dimensão. – O loiro deu de ombros ao ouvir aquilo, o homem foi capaz de passar a barreira de isolamento que o selo liberou quando ele saiu do “coma”, não era surpresa que ele desconfiasse que ele não era daquele mundo. – Receio que você também não tem a intenção de dizer por que veio parar aqui, estou certo?

         Naruto acenou com a cabeça em afirmativo para o homem. Este que estranhamente desfez seu sorriso.

         - Então vou lhe fazer uma outra pergunta, Uzumaki Naruto. Seus objetivos são uma ameaça a esse mundo?

         Naruto sentiu o clima ficar tenso no cômodo. Era obvio que o homem estava liberando um pouco de seu poder, querendo dizer que se ele fosse uma ameaça, seria tratado como tal. O loiro acabou sorrindo.

         - Não se preocupe. Eu acabei aqui por acaso, pois para cumprir certo objetivo eu tive de sair da minha dimensão. Não é como se eu planeja-se cair nesse mundo em especifico, eu poderia estar em qualquer outro lugar agora. – Explicou o loiro. – Além disso, atualmente planejo apenas tentar ter uma vida normal nesse lugar, já que nunca mais poderei voltar pra casa.

         Mikogami pareceu gostar da resposta de Naruto, pois logo retornou as suas feições seu sorriso assustador.

         - Bem... Acho que está tudo bem então. – Falou o homem, enquanto retirava algo de suas vestes. Naruto não se intimidou, já que em momento algum ele havia abaixado sua guarda, além de que, não havia sentido nenhuma intenção assassina vindo do diretor. Se ele quisesse atacá-lo, ele tinha um controle imenso sobre seus sentimentos. – Aqui, pegue isso.

         Naruto ergueu uma sobrancelha ao ver um pedaço de papel que o homem lhe estendia. Não vendo problema algum, pegou o folheto das mãos do homem.

         Deu uma rápida passada de olhos antes de falar.

         - “Academia Youkai”... O que diabos é isso? – Mikogami apenas sorriu antes de falar.

         - É a escola que eu direciono. Ficaria satisfeito se você se unisse a ela. – Naruto fez uma careta ao ouvir aquilo.

         - Não, obrigado. Já passei pela escola há alguns anos atrás e realmente não estou a fim de passar de novo. – Quando ia devolver o papel, Mikogami ergueu sua mão, num gesto que dizia para ele esperar.

         - Essa escola não é uma escola normal. Ela é para pessoas, digamos, “especiais”. – Falou o homem sempre sorrindo a seu modo, o que de certa forma já estava irritando Naruto. – Eu sinto uma espécie de poder vindo de você e, mesmo que não posso calcular o tamanho, posso dizer que é bastante forte. As pessoas que vão para essa academia têm algo parecido.

         - Você quer dizer que elas têm uma energia parecida com a sua, eu suponho. – Declarou Naruto, recebendo um aceno em confirmação. – Bem... Não acho que isso seja um grande negocio. Eu posso sentir alguns seres humanos por perto e eles não são muito diferentes dos não shinobi que viviam no meu mundo.

         - Uhn... Então você tem uma capacidade de sentir as energias das pessoas... – Comentou Tenmei.

         - Sim. Mas apenas por alguns metros. – Respondeu Naruto, deixando de lado que se ele entrasse em sage mode ele poderia sentir formas de vida a quilômetros de distancia. – Sua energia é muito parecia com alguns seres especiais da minha dimensão, bem diferente dos outros humanos que estão aqui por perto.

         - He. Presumo que você seja algum desses seres especiais. – Declarou. – Por baixo da sua energia natural, que, apesar de ter uma intensidade milhares de vezes maior, se assemelha muito a dos humanos daqui, parece haver algo mais obscuro. Algo como o meu Youki.

         Naruto de certa forma foi pego de surpresa, mas não demonstrou. Ele realmente não esperava que o homem pudesse sentir a Kyuubi. Mas pelo modo que ele falou, parecia que ele não tinha certeza de quão grande era à intensidade do chakra do Bijuu.

         E esse pensamento o deixou aliviado. Tudo que ele não queria agora era um megalomaníaco novamente atrás dele por causa da força da Kyuubi.

         - Você está parcialmente certo, mas isso não vem ao caso. – Respondeu Naruto, estendendo o folheto mais uma vez ao homem. – Como eu disse, eu posso me misturar perfeitamente no meio dos seres humanos normais daqui. Não vejo o porquê aderir a essa sua academia.

         - Bem... Posso lhe dizer que a função da academia não é unicamente concentrar “pessoas” diferentes dos seres humanos. Muito pelo contrario, a principal função é dar instrução para que os alunos possam se ingressar no mundo humano depois de se formarem. – Explicava o diretor. – Nós os ensinamos a como se portar no mundo humano. Acho que seria útil para alguém que veio de outra dimensão como você.

         Naruto pareceu pensar um pouco no assunto, mas acabou sorrindo.

         - Bah...! Não deve ser muito diferente de onde eu venho. Acho que posso me adaptar rapidamente. – Falou o loiro convencido de suas habilidades de adaptação.

         - Não posso negar que estou um pouco decepcionado com essa noticia, já que esperava que alguém tão interessante como você ingressasse na academia. – Comentou Mikogami. – De qualquer modo, as aulas começam daqui a três dias, se mudar de idéia, as instruções de como ingressar na academia estão no folheto. Mantenha-o consigo.

         Naruto assentiu, não vendo problema em manter o papel, mesmo que estivesse convencido de que se adaptaria rapidamente aquele novo mundo.

         - Foi um prazer conhece-lo, Uzumaki Naruto. Espero vê-lo novamente.

         Naruto viu o homem simplesmente desaparecer nas sombras do cômodo. Ignorando a forma peculiar que Mikogami usou para partir, resolveu desfazer a barreira e explorar aquele novo universo.

         Ele tinha um pressentimento que as coisas seriam interessantes naquele lugar.

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- Mas que inferno! – Gritou um adolescente atrás de uma grade formada por barras de ferro. – Não era isso que eu tinha em mente quando pensei que esse lugar seria interessante.

         - Até hoje eu me espanto com sua estupidez. – O jovem ouviu uma voz gutural vindo de dentro de sua mente. – Pelo menos agora você sabe como eu me sentia antes da re-decoração da sua paisagem mental. Hehehe...

         - Cale-se, sua bastarda. – Reclamou Naruto emburrado a seu hospedeiro.

         A raposa resolveu ficar quieta, mas, mesmo que Naruto não estivesse de frente para o Bijuu, ele tinha certeza que ela exibia um sorriso de desdenho. E aquilo não ajudava nem um pouco em seu humor.

         Como poderia? Bem... Talvez por que ele atualmente estava preso.

Sim, ele fora preso em seu primeiro dia naquele novo mundo. Ele se perguntava se aquilo era uma espécie de recorde de idiotice entre todos os viajantes inter-dimensionais. Não que ele achasse que havia muitos como ele.

         Saltando um suspiro cansado, resolveu sair de perto das grades e se aproximar de uma pequena cama que tinha ali. Ignorando o fato de que o colchão exalava um cheiro de mofo e que o móvel rangia agudamente mesmo com o mínimo movimento, deitou-se, tentando achar uma forma mais confortável possível.

         Pouco tempo depois de achar sua posição ideal, o que não era muito difícil, visto que como um shinobi ele era acostumado a dormir em qualquer lugar, passou a olhar para o teto da cela, repensando em como exatamente ele havia parado naquele lugar.

         Lembrava-se que tudo havia ocorrido bem nas primeiras horas.

         É claro que ele havia estranhado algumas coisas, como as charretes metálicas que se moviam sem cavalos ou a altura gigantesca dos edifícios. Também tinha o intenso fluxo de pessoas, as quais em sua maioria pareciam ignorar qualquer tentativa de conversa que ele se esforçava para puxar.

         Ele se perguntou se eram suas roupas, pois pegou alguns cochichos de um grupo de meninas enquanto ele caminhava pelas ruas da gigantesca cidade. Lembrava-se que elas diziam coisas como “Otaku” e “Cosplay” enquanto comentavam sobre suas roupas desdenhosamente, não que ele soubesse do significado de qualquer um dos dois termos.

         A conclusão que havia chegado era que naquele mundo as pessoas não estavam acostumados com shinobis, pelo menos não com sua vestimenta. O que era realmente estranho, visto que a grande maioria das roupas que ele viu enquanto explorava o lugar eram bastante semelhantes às roupas de alguns civis de seu mundo.

         Tirando esse fato, tudo havia ocorrido perfeitamente normal, até que ele sentiu fome.

         Não foi muito difícil descobrir algum lugar que vendia comida. O grande problema foi quando ele descobriu que seu dinheiro não servia pra nada naquele lugar. Ele ainda tinha em mente a expressão que o vendedor de algo chamado x-burguer lhe deu quando ele tentou pagar com algumas notas de ryou. Era algo que parecia dizer: “Você tem algum problema mental?”.

         Sério! Como ele poderia saber que seu dinheiro não funcionava naquele lugar?! Ainda mais quando a língua e a escrita eram exatamente iguais as das nações elementais.

         Mas ele havia segurado sua vontade de dar um soco na cara do bastardo idiota e acabou saindo sem pegar seu x-burguer, seja lá que tipo de comida aquilo fosse. Ele não podia causar uma má impressão naquele mundo, não quando ele estava a apenas um dia naquele lugar.

         O que se podia ver, ele não havia conseguido muito bem, já que atualmente se encontrava preso.

         Agora pensando bem, tudo foi culpa do atendente desgraçado. Se ele tivesse aceitado seu dinheiro, ele não teria a idéia de caçar, assim não acabaria matando um veado que, de acordo com os policiais que lhe prenderam, era pertencente a um tal de Zoológico e não podia ser caçado.

         Inferno! O veado estava pastando tranquilamente, não tinha como ele saber que era proibido mata-lo!

Ta certo que ele achou estranho que um monte de crianças estavam observando-o pastar, separadas por um fosso que confinava o animal. Mas droga, quando ele era jovem ele também gostava de observar os animais da floresta.

         Fez uma careta ao lembrar-se da expressão de horror no rosto das crianças quando ele cortou a jugular do veado. Na hora ele apenas pensou que elas estavam com dó do bichinho, mas que depois que ele as convidasse, elas não pensariam duas vezes em comer a carne do animal enquanto ele compartilhava com elas métodos eficazes para se caçar.

         Aquilo se provou extremamente errado quando, depois de ele sugerir que elas compartilhassem o alimento com ele, as crianças saíram correndo acompanhada de seus pais, enquanto choravam sobre como o “demônio loiro” havia matado a Meggy.

          Mais tarde, quando ele estava sendo interrogado por policiais, ele ficou sabendo que Meggy era o nome do veado.

         Saltando um suspiro, se perguntou por que se deixou ser preso. Ele havia sido cercado por vários homens fardados, que se denominavam ser policiais, enquanto preparava o assado de veado. Os homens haviam declarado que ele estava preso por “danos à propriedade publica e crueldade com animais”.

Na hora ele pensou em simplesmente usar um shunshin no jutsu e dar o fora dali, mas como ele não queria ser taxado como um fugitivo, acabou indo de bom grado para a base deles, ao qual eles chamava de delegacia.

         Agora lá estava ele. Haviam se passado quase dois dias que ele estava enfurnado naquela cela úmida. Perguntava-se quanto tempo teria que ficar ali.

         De acordo com os policiais, ele poderia sair se pagasse uma fiança de oito mil ienes e assim poderia responder o julgamento em liberdade. Era realmente uma pena que seu dinheiro não servia nesse mundo.

         Bem, pelo menos a comida servida não era tão ruim...

         - Ei, Uzumaki! Levante-se, sua fiança foi paga.

         Ouvindo a voz do guarda responsável pelas celas, Naruto saiu de seus pensamentos e virou-se para enfrentar o homem.

         - Minha fiança foi paga? – Perguntou em duvida o loiro, pois ele não tinha idéia de quem poderia ter feito algo como aquilo.

         - Sim, agora saia logo daí. – Falou o policial abrindo a sela.

         Naruto, não querendo dar a chance de o homem mudar de idéia, deu um sorriso e tratou de sair daquele lugar. Não demorou e ambos estavam percorrendo o corredor que dava a ala principal da delegacia.

         - Você pode me dizer quem pagou a fiança? – Perguntou com certa curiosidade em sua voz.

         - Ele não sei seu nome, mas parecia ser um padre. – Falou o guarda, sempre mantendo o semblante profissional. – Apenas se certifique de não fazer mais loucuras como aquela. Inferno. Onde já se viu alguém invadir um Zoológico e matar um animal para comer. Sério, hoje em dia as crianças têm cada fetiche estranho.

         Uma veia de irritação surgiu na cabeça do loiro com o comentário, mas ele resolveu ignorar. Atualmente ele estava se perguntando o que era um padre e por que ele havia pagado sua fiança.

         Quando finalmente saíram dos corredores, Naruto ficou surpreso ao ver um homem vestindo túnicas brancas lhe esperando ao lado do delegado.

         - He. Acho que não deveria estar surpreso por ter sido você quem pagou minha fiança, Tenmei Mikogami. – Falou Naruto enquanto observa o diretor da Academia Youkai a sua frente.

         Como esperado, o homem apenas deu um de seus sorrisos para assustar crianças, enquanto seus olhos brilhavam intensamente.

         Naruto se perguntava se o delegado ou os outros policiais não achavam estranho os olhos do homem. Se achavam, certamente resolveram não comentar.

         - Uzumaki Naruto, Tenmei-san aqui pagou sua fiança. Você agora pode ir para casa e respondera o processo em liberdade. – Falou o delegado de forma bastante aristocrática, coisa que Naruto já havia se acostumado nos últimos dois dias. – O juiz responsável enviará uma intimação para o seu endereço quando chegar o dia do seu julgamento. Apenas se certifique de comparecer ao tribunal.

         - Uhn... Meu endereço? – Perguntou Naruto com uma sobrancelha levantada. Ele não tinha uma casa ainda, não que ele saiba.

         - Tenmei-san me deu os dados de sua residência, já que você se recusou quando foi preso. – Falou o delegado, lembrando-se que o jovem a sua frente insistia que não tinha casa. – Além disso, você disse que não tinha responsável legal, mas Tenmei-san mostrou documentos que provam que ele é seu responsável. Ele me explicou que você estava passando por uma fase rebelde e havia fugido de casa, tendo como influencia um seriado de ninjas que passa atualmente na televisão.

         Naruto tratou de se virar para seu suposto responsável, lançando um olhar que, se ele tivesse um Mangekyou Sharingan, certamente estaria lançando as chamas de Amaterasu no homem.

         - Você pode ir agora. – Informou o delegado. – Apenas repense nas prioridades da sua vida. É normal gostar de animes e essas coisas, meu filho também gosta, mas apenas não deixe eles lhe influenciarem demais.

         Naruto se conteve para não saltar um grito revoltado e ser preso novamente, dessa vez por desacato a autoridade.

         Sem dizer uma única palavra, passou a caminhar para fora da delegacia. Ele se esforçava para não fazer uma besteira, já que enquanto percorria o caminho até a saída, os oficiais presentes, e até mesmo os cidadãos que tinham alguma queixa, lançavam olhares que variavam da pena até o nojo.

         Ele ficou realmente chateado quando passou perto de uma mãe com seu filho, com a mulher tampando os olhos do garoto e dizendo para ele não olhar. Sério, será que eles pensavam que ele era uma espécie de aberração ou algo assim?!

         Quando finalmente pos os pés fora da delegacia, ouviu.

         - Parece que você está se adaptando muito bem, Uzumaki-san. – Naruto se contraiu ao ouvir a voz de Mikogami as suas costas. Mesmo que o tom de voz do homem não indicasse, sabia que ele estava debochando dele.

         - Apenas cale sua boca, bastardo. – Reclamou Naruto, enquanto continuava a andar sem rumo. Logo estavam fora das imediações da base policial.

         - He... Isso é jeito de falar com quem te livrou de meses na cadeia? – Perguntou o homem, fazendo Naruto finalmente parar de andar e virar para si.

         - Sim. Se não fosse pela historia idiota que você inventou eu estaria realmente agradecido. – Respondeu o loiro, olhando diretamente para os olhos brilhantes do homem. – Além disso, que idéia foi essa de dizer que é o meu responsável?

         O homem apenas manteve seu sorriso antes de falar.

         - Hehe... Eu precisava de algo para facilitar sua liberação pelos policiais. – O tom que o homem falava realmente enervava Naruto, mas ele manteve-se sobre controle. – Além disso, você realmente deveria me agradecer. Graças a mim agora você tem uma identidade.

         Naruto levantou uma sobrancelha ao ver Mikogami lhe estender um pequeno pedaço de papel plastificado.

         Pegando o objeto das mãos do diretor, Naruto rapidamente percebeu que era uma espécie de carteira de identificação, que de certa forma era parecida com as que os shinobis tinham em Konoha.

         Havia um foto de si mesmo, que sabe-se lá quando foi tirada. E ao lado desta estava algumas informações, como seu nome, uma data de nascimento falsa, constando que ele tinha dezesseis anos, o que de certa forma não era mentira, e seu status social que, para seu desgosto, apontava-o como um estudante colegial.

         - Parece que você armou tudo para mim poder ingressar nessa sua escola, não? – Questionou Naruto levantando os olhos para o homem. – Você estava me observando desde que sai do museu?

         - Acho que você me pegou. – Respondeu o homem, nunca abandonando seu modo de falar “assustador”. – Eu tinha um pressentimento que você se meteria em algo “anormal”, mas nunca imaginei que acabaria sendo preso, ainda mais com apenas um dia de vivencia nesse mundo. Realmente surpreendente.

         Naruto fez uma careta com a insinuação do homem.

         - Então, você quer que eu ingresse na academia como um favor por me liberar ou o que? – Questionou o loiro, que mesmo não querendo admitir, estava em debito com o homem.

         - Isso seria excelente, mas não vou lhe forçar a nada. – Respondeu Tenmei. – Apenas quero que me responda com sinceridade em troca do favor. Depois de dois dias no mundo humano, você realmente acha que vai conseguir se adaptar com tanta facilidade?

         Naruto novamente fez uma careta. Depois daqueles dois dias, era obvio que ele teria dificuldade para se adaptar. Ele não sabia as leis daquele lugar, não tinha dinheiro, tinha alguns costumes diferentes daquelas pessoas e ainda estava sendo julgado por um crime que ele cometera sem querer. Inferno, ele sequer precisava pensar.

         - Eu detesto admitir, mas percebi que não será algo tão fácil quanto imaginei. – Falou emburrado, causando certa raposa rir em sua mente, o que lhe irritou ainda mais.

         - Hehe... Então que tal rever minha proposta em se juntar a academia? – Perguntou Mikogami, com seu sorriso mais destacado do que o normal.

         Naruto olhou para a carteira de identidade em sua mão por alguns instantes antes de saltar um suspiro cansado.

         - Tudo bem. Eu vou entrar nessa academia idiota. – Respondeu Naruto. Este notou que Mikogami parecia bastante satisfeito com a resposta, pelo menos foi isso que ele concluiu quando percebeu que os olhos do homem pareciam brilhar ainda mais.

         - Excelente. – Declarou o diretor. Logo ele tirou de suas vestes o que parecia uma roupa embrulhada em um pacote de plástico transparente. Como ele escondia aquilo ali, Naruto nunca iria saber. – Esse é o uniforme da escola, você terá de vesti-lo para freqüentar a academia.

         O shinobi pegou sem hesitação.

         - Tem apenas um uniforme. Quando você for para a academia lhe darei outros pares. Também há um envelope com dinheiro, assim você poderá passar a noite até amanhã sem dificuldades. – Anunciou Mikogami. Naruto reparou no envelope marrom dentro do saco plástico. – Suponho que você ainda tenha o folheto que lhe entreguei?

         O loiro acenou em positivo com a cabeça. O folheto estava guardado no bolso interno de seu casado vermelho.

         - Bom. Nele há as instruções sobre o lugar e horário ao qual você tem que estar para se ingressar na academia amanhã. Leve-o consigo, assim a pessoa que irá te pegar conseguira te localizar. – Explicou o diretor. – Hehehe... Aguardo você amanhã na academia. Até lá, abstenha de ser preso novamente.

         Uma veia inflou na testa de Naruto, mas antes que ele retrucasse, Mikogami havia desaparecido nas sombras de um edifício próximo. O loiro não pode deixar de se perguntar como o diretor fazia aquilo.

         Dando de ombros, resolveu procurar um lugar para comer e para ficar. Amanhã ele teria um dia cheio.


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Notas finais do capítulo

Bem, é isso ai. Se você chegou até aqui, por favor, comente o que achou da fic. Não importa se seja uma critica ou um elogio, o que importa é que ao você comentar, estara me incentivando a melhorar e continuar a desenvolver a historia.
Até a próxima atualização!