Estávamos ansiosos, pois Hermione chegaria ao final da tarde, por isso durante a manhã organizamos novamente nosso quarto. Quando se aproximou a hora do almoço resolvemos ir a cozinha ver se havia algo para petiscarmos antes do almoço, mas a Sra. Weasley nos deu uma baita bronca.

— Em vez de ficarem procurando algo para comer, deveriam vir me ajudar, assim terminaria logo. — A Sra. Weasley resmungou.

— Me desculpe mamãe, mas eu preciso ajudar o Rony a montar a cama para o Harry.

— Tudo bem! — Disse a Sra. Weasley.

Mas eu não havia compreendido o fato de arrumarem a cama para o Harry se ele só viria no dia seguinte, porém não a questionei.

— Mellody, você poderia descascar esses legumes? — A Sra. Weasley disse após algum tempo.

— Claro que sim, Sra. Weasley. — Disse enquanto pegava uma faca.

Enquanto descascava os legumes fiquei pensativa, pois não achava adequado chamar a Sra. Weasley de Molly, a final ela representava muito mais do que isso na minha vida. Mas de que outra forma deveria chamá-la?

— Sra. Weasley?

— Sim?!

— Estava pensando... — Comecei hesitante colocando de vagar a faca em cima da mesa — não me sinto muito bem ao chamá-la de Sra. Weasley.

— Já te disse que poderia me chamar de Molly, querida. — Ela respondeu.

— Não é isso. É que você é como uma mãe para mim, e bom significa muito para meu irmão também, é claro. Bom sempre fora, antes mesmo de pegarem minha guarda. — Ela me olhava sem entender. — E Molly e Sra. Weasley não parece apropriado para te chamar, sabe, por você ser mais do que isso para mim. — Disse e respirei fundo para continuar. — Será que posso te chamar... Te chamar de mãe?

Ela ficou me encarando por alguns segundos aparentemente sem saber o que dizer.

— Olha, tudo bem se eu não puder, mas... — Eu comecei a me explicar me arrependendo de ter iniciado esse assunto.

— É claro que pode, querida. — Ela disse enquanto me puxava para um abraço. — E saiba que sempre te considerei como uma filha.

Sorrimos uma para a outra e voltamos a fazer o almoço.

***

Hermione chegou durante a tarde, desse mesmo dia e foi logo para o quarto meu e de Gina. Depois que deixamos suas coisas lá fomos para o jardim e ficamos conversando animadas sobre como haviam sido nossas férias. E é claro explicamos a ela o mau humor dos gêmeos e da Sra. Weasley. Também contei a elas a conversa que tive com a Sra. Weasley, para que não estranhassem quando me vissem chamando-a de mãe. É claro que apesar da importância que ela tinha para mim, não se igualava a mamãe, e nunca me esqueceria de quem me gerou e me protegeu.

Depois fomos para dentro e ajudamos a Sra. Weasley a colocar a mesa. Assim que o jantar acabou todos fomos para a sala. Enquanto os adultos conversavam, Gui e Carlinhos jogavam Snap explosivo, Fred e Jorge ficaram conversando em um canto, Percy foi para seu quarto fazer sabe se lá o que, Mione, Gina, Rony e eu ficamos conversando enquanto nos revezávamos no xadrez bruxo.

Gina e Rony falavam animados sobre a copa mundial de quadribol, sinceramente os dois falaram sobre isso praticamente a noite inteira.

Quando estava ficando tarde a Sr. Weasley mandou todos irem para a cama e como ela ainda estava zangada ninguém resmungou.

No quarto ainda ficamos conversando até a madrugada, era realmente bom ter férias consideradas normais e não ser a garota estranha que todos ignoravam e tinham medo no orfanato.

Sinceramente de nós três Gina era a mais animada com a copa mundial de quadribol. Ela planejava mil coisas para fazer, inclusive de quem iria tentar conseguir um autógrafo. Não negava, apesar de não gostar muito de quadribol estava animada com tudo o que iria acontecer.

Gina acordou cedo e foi logo nos acordando.

— Anda Mel. É hoje que seu irmão vai vir pra cá. — Ela dizia animada.

— E dai? É só meu irmão, nos vemos todos os dias em Hogwarts. — Resmunguei enquanto puxava o cobertor para tampar minha cabeça.

— Anda, acordem meninas. — Ela resmungou puxando nossas cobertas.

— Sei que você ama o meu irmão, mas ele não vai chegar agora Gina. Se você não se lembra seu pai vai buscá-lo somente as cinco. — disse enquanto tentava puxar minha coberta de volta.

— Por isso mesmo, já são oito horas.

— Gina, não precisa nos acordar às oito da manhã, porque caso você se esqueceu estamos de férias e merecemos dormir um pouquinho mais. — Mione resmungou.

— Tudo bem, mas acho que você deve ter se esquecido Mel que precisa convencer a mamãe para ir com o papai buscar o Harry. — Disse Gina fazendo com que eu finalmente me levantasse.

— Você venceu Gina. — Eu disse enquanto me levantava e espreguiçava. Gina apenas deu um sorriso vitorioso.

Depois que fizemos nossa higiene matinal descemos para o desjejum.

— Bom dia! Família. — Gina disse animada, fazendo com que Carlinhos e Gui a olhassem sem entender.

— O que foi que aconteceu, Gininha? — Perguntou Carlinhos.

— Nada! — Ela disse rapidamente enquanto pegava um pouco de suco de abobora.

Mione e eu nos entreolhamos e começamos a dar risada.

— O que foi irmãzinha? — Perguntou Gui, ele passara a me chamar assim.

— É que hoje o Harry vem pra Toca. — Respondi rindo.

— Então é por isso que a Gininha está tão feliz? — Gui perguntou deixando Gina mais vermelha que seus cabelos.

— É claro. — Respondeu Mione.

— Por que estão rindo tanto? — Perguntou Rony enquanto entrava na cozinha.

— São só essas bobas ai. — Gina reclamou.

— O que foi? — Questionou Rony.

— É que a ruivinha ali não se aguenta de felicidade por que vai ver meu irmão hoje. — Eu respondi.

— Cala a boca, Mel. — Gina resmungou enquanto jogava um bolinho de abóbora em mim.

— Nunca te disseram que não se deve desperdiçar comida, Gina. — Disse Fred enquanto entrava na cozinha também.

— Isso não é nada bonito, Ginevra. — Jorge disse pra provocar a irmã. Era bom ver que os gêmeos estavam de bom humor novamente.

***

— Mãe, posso ir junto para buscar o Harry? — Perguntei enquanto a ajudávamos a tirar a mesa.

— E eu também. — Acrescentou Gina.

— Não sei é um pouco perigoso ficarem saindo muito e acredito que não seja necessário.

— Mas gostaria de conhecer a casa dos meus tios.

— Não sei Mellody, não gosto muito da ideia de você indo com eles. — Ela disse enquanto saia da cozinha, realmente seria difícil convencê-los a me deixar ir junto.

— Acho que não vai ser tão fácil a Sra. Weasley te deixar ir, Mel. — Mione disse enquanto se sentava.

— Mas eu não vou desistir. Realmente quero ver, sabe pessoalmente, como é que meu irmão vive lá na casa dos nossos tios.

***

— Eu vou ir junto, papai. — Disse Rony prontamente assim que o Sr. Weasley perguntou quem iria com ele.

— Não sei Rony. — O Sr. Weasley disse pensativo.

— Por favor, papai. Harry é meu melhor amigo.

— Tudo bem! — Ele se deu por vencido.

— Eu também vou junto. — Disse rapidamente.

— Você não vai, Mellody. — Ele disse veemente.

— Por quê? — O questionei.

— Não acho que seja uma boa ideia.

— Tenho mais direito que o Rony de ir buscá-lo, pois Harry é meu irmão. — Disse convicta.

— Mesmo assim, não é bom ir tantas pessoas.

— Eu também quero ir, papai. — Gina reclamou.

— Você definitivamente não vai, Gina.

— Mas papai.

— A resposta é não, Gina. — Ele disse enquanto se levantava e ia chamar os gêmeos.

Quando ele voltou com os gêmeos que tinham sorrisos marotos no rosto, certamente iriam aprontar algo.

Ficamos todos parados em volta da lareira, enquanto o Sr. Weasley tentava encontrar o local que havia guardado o saquinho de pó de flu que usariam para voltar.

— Posso ir junto? — perguntei pela enésima vez.

— Não Mellody, já chega que Rony, Fred e Jorge irão. — Respondeu o Sr. Weasley.

— Mas por favor, eu... Eu quero ver meus tios sabe. Por mais que eles não sejam nada legais com Harry continuam sendo nossa família.

O Sr. Weasley deu um longo suspiro e enfim concordou.

— Tudo bem, você pode ir junto Mellody.

Dei um enorme sorriso de agradecimento e fiquei ao lado de Rony. Gina resmungava que também queria ir junto, mas o Sr. Weasley apenas ignorou.

Já se passava um pouco das cinco e pelo que Harry havia nos contado de nossos tios eles não ficariam muito contentes com esse atraso, mesmo que não fosse tão grande. Quando todos pararam de discutir se seria ou não adequado que eu fosse junto, a Sr. Weasley ameaçou os meninos:

— Caso algum de vocês dois façam alguma gracinha com os Dursley, vocês terão de desgonomizar o jardim durante todas as semanas que estivessem na toca.

— Sempre fazemos isso mesmo! — Jorge reclamou em um murmúrio praticamente inaudível.

— Mellody, você poderá ir junto desde que obedeça ao Artur. — Ela disse me olhando com carinho.

— Prometo obedecer. — Disse com um enorme sorriso.

— Bom, acho melhor irmos antes que fique muito tarde. Eu vou primeiro, Fred e Jorge vão logo depois, em seguida Rony e Mel. — o Sr. Weasley disse enquanto entrava na lareira com a mão cheia de pó de flu, nós apenas assentimos.

Logo depois que ele sumiu Fred entrou na lareira, depois Jorge e em seguida Rony.

— Por que não posso ir junto? — Reclamava Gina.

— Porque já estão indo pessoas demais. — respondeu a Sra. Weasley, enquanto Mione e eu apenas assistíamos.

— Não é justo, vocês decidiram que a Mel poderia ir. — Ela reclamou.

— A Mellody, vai junto pois são tios delas.

— Mas...

— Mas nada. Fique bem quietinha ai Ginevra. — Sra. Weasley disse fazendo com que ela ficasse quieta imediatamente. — Mel, você viu o que os meninos fizeram? Precisa apenas imitá-los, e lembre se mantenha os braços perto do corpo.

— E os olhos bem fechado. — Acrescentou Gina, mesmo estando emburrada.

Respirei fundo, peguei um pouco do pó de flu e entrei na lareira. Joguei o pó de flu e murmurei "Rua dos Alfeneiros, número 4". Tudo começou a girar, então fechei bem os meus olhos e assim que percebi que havia parado abri meus olhos e bom digamos que não foi a melhor cena para se apreciar. A sala de estar da casa dos Dursley estava parcialmente destruída.

— ...Mas posso consertar tudo em um segundo, não se preocupe. Vou acender um fogo para mandar os garotos de volta, depois posso refazer sua lareira antes de desaparatar. — O Sr. Weasley dizia quando cheguei.

— O que foi que aconteceu aqui? — Perguntei sem entender.

— É que eles tinham uma lareira eclérica. — Explicou o Sr. Weasley e o olhei sem entender, enquanto saia da lareira.

— O Sr. Weasley quis dizer que havia uma lareira elétrica e estava tampando a passagem. — Escutei a voz de o meu irmão dizer.

— Harry! — Gritei e corri para abraçá-lo.

— Oi, baixinha. — Ele disse enquanto me abraçava.

— Ei, não sou mais tão baixinha, cresci uns dois centímetros durante as férias. — Reclamei, mesmo estando menor que meu irmão, pouquinha coisa é claro.

— Sei. — Ele disse revirando os olhos e dei um soco de leve em seu braço.

Olhei em volta e percebi os olhos assustados de meus "queridos" tios.

— Ah! Que falta de educação a minha. Boa tarde tio Valter e tia Petúnia. Bem, acho que nunca fomos apresentados, não é? — Olhei para eles, mas continuavam parados. — Sou Mellody Potter, sabe a caçula dos Potter. — Terminei com um sorriso.

Eles não esboçaram reação alguma, e o Sr. Weasley os olhou sem entender.

— Vocês não vão cumprimentar a sobrinha de vocês? — Ele perguntou.

— Tudo bem, Sr. Weasley. Não me importo com isso.

— Se você diz, mas não acho que seja algo educado eles não cumprimentarem-na. — O Sr. Weasley disse me olhando carinhosamente, mas olhou em seu relógio e disse ao meu irmão — Harry sua mala está pronta?

— Sim, ela está lá em cima. — Harry respondeu sorridente.

— Então vamos buscar. — Fred disse enquanto piscava para Harry.

— Como sabem onde é seu quarto? — Questionei meu irmão baixinho, enquanto os gêmeos saiam da sala.

— Uma longa história, Mel. — Ele respondeu no mesmo tom dando um pequeno sorriso.

Encarei meu irmão curiosa, mas ele não disse mais nada.

— Estava com saudades. — Disse a ele com um pequeno sorriso.

— Também estava irmãzinha. Não imagina a falta que sinto de todo mundo quando estou aqui.

— Sei muito bem como é. — Disse e ele me olhou compreendendo que eu também não tinha as férias desejadas quando vivia no orfanato.

Enquanto eu e Harry conversávamos o Sr. Weasley tentava puxar conversa com nossos tios e realmente não estava tendo bons resultados, pois eles estavam extremamente apavorados para dizerem algo. A cena fez com que meu irmão desse um sorriso discreto.

Escutamos um barulho metálico vindo de algum lugar da casa, certamente eram os gêmeos trazendo o malão do Harry. Antes que eles chegasse um menino digamos com vários quilos acima do peso entrou na sala.

— Este ai é o Duda. — Harry murmurou e eu apenas assenti.

Duda parecia estar mais apavorado que os pais, pois olhava o Sr. Weasley com muito, mas muito medo. Imagina se ele se encontrasse com um dementador?

— Esse é seu primo, Harry? — Perguntou o Sr. Weasley.

— Sim, é o Duda. — Harry confirmou.

— É bom ter a família reunida, não é mano? — Eu disse um pouco irônica, bom realmente não estava me reconhecendo hoje, geralmente eu não era assim.

— Imagina, Mel. — Harry disse segurando o riso enquanto observávamos nosso primo tentando tampar o bumbum.

Rony nos olhou e realmente faltava pouco pra ele cair na gargalhada. Ainda bem que Fred e Jorge chegaram logo, pois Rony e Harry estavam ficando vermelhos de tanto segurarem a gargalhada que certamente viria.

— Acho melhor irmos andando. — O Sr. Weasley disse assim que viu os gêmeos.

Ele arregaçou as mangas das vestes e puxou a varinha. Meus tios recuaram alguns passos tentando ficar fora de vista.

— Incêndio! — disse o bruxo, apontando a varinha para o buraco na parede. Chamas apareceram imediatamente e o Sr. Weasley retirou um saquinho do bolso, certamente com pó de flu.

— Pode ir, Fred — ele disse.

— Estou indo — respondeu Fred. — Ah, não... Espera aí... —

Um saquinho de balas caiu de seu bolso espalhando caramelos pelo chão, Fred saiu catando-os e guardando-os de volta no bolso, depois deu um adeusinho animado aos Dursley e entrou nas chamas.

Dei um pequeno sorriso, mas preocupado ao mesmo tempo, vindo dos gêmeos sabia que não seriam apenas docinhos

— Agora você, Jorge — disse o Sr. Weasley. — Leve a mala.

Harry saiu de perto de mim e foi ajudar Jorge a levar a mala até a lareira.

— Rony, você é o próximo — disse o Sr. Weasley.

— Até outro dia — disse Rony animado para os Dursley. Deu um grande sorriso para mim e para Harry antes de desaparecer.

— Acho que agora é você, Mellody. — Disse o Sr. Weasley com um sorriso.

Eu assenti e me aproximei dele para pegar o pó de flu.

— Tchau, tio Valter, tia Petúnia e Duda. — Eu disse amigavelmente e eles me olharam espantados, principalmente o Duda e a tia Petúnia. — Foi um prazer conhecê-los. — Acrescentei com um pequeno sorriso antes de entrar na lareira.

Praticamente todos os Weasley estavam em frente à lareira e deram um grande sorriso a me ver. Harry demorou um pouco para vir, estava começando a ficar preocupada com meu irmão, quando ele finalmente apareceu com um enorme sorriso no rosto.