A Pior Fic Que Já Existiu escrita por Liz03


Capítulo 8
Não é a parte 0 do fim




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Enfim, chegou Dezembro e com ele o espírito de Natal. Eu gosto muito do Natal,principalmente porque é sinônimo de férias. No começo eu fiquei meio entediada, meus amigos estavam a alguns quilômetros de distância na minha antiga cidade. Tâmara e eu saímos para tomar sorvete foi então que ela fez a pergunta:

- Você está gostando daquele asqueroso do Henrique?- Ela perguntou de maneira despretensiosa, ou que aparentava isso, entre uma colher de sorvete de creme e outra.

- Claro que não – Não me julgue por isso, por favor. Faça melhor, se ponha no meu lugar. Foi uma resposta instintiva.

- Não mesmo?

Agora ela me obrigou a refletir, eu olhei um pouco para os pedacinhos de chocolates dispersos no sorvete de menta, eles me encararam por alguns segundos e me disseram: Ela não é sua amiga ora bolas?- Esse é outro estranho hábito meu. Falar sozinha.Respondi de maneira esquiva e sincera : Não sei.

- Eu vejo como você olha para ele, sabe? Tipo como se fosse a última soda no deserto.

- É?

Ela fez um “unhum” enquanto puxava a colher da boca.

- Você acha que ele percebeu que eu olho desse jeito que você falou?

- Claro que não! Garotos, ainda mais como ele, são idiotas demais para isso.

- O Jorge que o diga – Eu segurei o riso enquanto ela olhava para mim com uma cara de ofendida.

- Como assim o Jorge? O que você planeja dizer com isso mocinha?

- Isso mesmo que você pensou – Ri sem consegui mais me conter

Nós debatemos um bom tempo quão alienados os garotos são. Foi muito bom poder dividir o que eu sentia com a Tâmara, ainda mais porque ela estava numa situação parecida. Depois disso um sentimento de coragem chegou em mim, resolvi fazer o que uma mulher sensata faria nesse caso: Procurar o Henrique no facebook. Fiz o pedido de amizade que foi prontamente respondido, ele estava usando o computador nesse momento. Me pediu que eu adicionasse o msn. Assim fiz. Nos dias que se seguiram três coisas ficaram claras:

Coisa 1) Nós tínhamos muito mais coisas em comum do que eu achava.

Coisa 2) Eu realmente gostava daquele peste

Coisa 3) Os outros contatos do msn deviam ter uma boa vida social porque só eu e ele passávamos toda tarde, noite e madrugada online.

Ele disse que o pai dele conseguiu entradas para uma peça baseada num  conto da Clarice Lispector. Ele perguntou se eu queria ir. Não hesitei e disse que sim. Chega de medos. Aí o drama foi: o que usar? Sim, porque minhas roupas não eram muito variadas. É muito difícil achar roupas que fiquem bem no seu corpo quando você não tem o mesmo quadril de uma manequim. Depois de muitas blusas jogadas sob a cama minha mãe bateu na porta do meu quarto.

- E aí, pronta?

- Nem no começo

- Hum...- Ela refletiu por um tempo -  Sabe, esse garoto...Henrique não é?! Ele chamou você para sair. Não outra pessoa. Então, talvez seja melhor a senhorita fazer o que sabe fazer de melhor : ser você.

Ela abriu a porta do meu guarda roupa e pegou um dos meus tênis favoritos, um all star preto, desbotado e surrado. Estendeu para que eu segurasse.

- Vai lá e arrasa, meu amor

Eu fui até ela e dei um abraço. Senti vontade de chorar, mas não o fiz, não era hora para isso. Peguei minha camisa do ursinho pooh com a frase “A little bit innocent”, pus uma calça jeans preta e meu querido tênis. Peguei uma bolsa azul marinho com uns broches presos nela. Pensei por um instante. Examinei minha instante de livros, peguei o livro do Stieg Larsson, Os homens que não amavam as mulheres. Lembrei da história, era forte e interessante. Pus na bossa.

 E fui para o teatro. Chegando lá ele estava sentado no último degrau. Quando me viu se levantou, leu a frase na minha blusa e sorriu. No momento em que olhei para ele e vi uma camisa preta com o desenho do Dexter (aquele do laboratório) sorrindo para mim e um all star preto mais surrado que o meu, agradeci por telepatia a minha mãe.

- Realmente gostei da sua camisa – Ele disse quando nós chegamos ao lugares.

- Eu também gostei da sua, o Dexter é a sua cara – Sorri.

- Por acaso você está me chamando de enjoado?

- Imagina... – Eu ri, depois fiz uma careta imitando a cara que ele fazia quando resolvia discutir comigo nos debates das aulas de redação.

A peça ia começar. Ficamos em silêncio. A história era sobre o conto O corpo, foi interessante, mas o que estava por vir foi muito mais, Clarice que me desculpe.

Claro que a minha mãe demorou a chegar, o bom foi que  ele também demorou a ir.Comentamos sobre a apresentação de maneira geral.

- Ah eu já ia me esquecendo – Tirei o livro da bolsa – Já leu?

- Não, mas já ouvi falar, valeu mesmo – Ele olhou o livro por um instante – Eu queria muito lhe emprestar um livro.

- Acho que dessa vez eu vou aceitar.

Combinamos de marcar para comer uma pizza (adoro pizza) e ele me entregaria o livro.

- Você é legal Helena

- Você é mais ou menos – Eu ri já com as bochechas coradas – Brincadeira, você é muito legal.

Senhoras e senhores. Agora eu lhe relatarei um dos melhores momentos da minha vida. Henrique Oliveira Dantas se aproximou lentamente, olhou para mim por longos segundos, longos porque pareceram horas. Se aproximou lentamente, na verdade deve ter sido rápido para quem via , mas para mim pareceu bem devagar. Até que seus lábios tocaram os meus bem suavemente, delicadamente. Meu coração primeiro gelou de súbito para logo depois disparar a toda velocidade. Quando ele se afastou senti meu rosto queimar.

- Desculpa aí...é que eu não levo muito jeito com isso... – Ele ia começar a se desculpar, mas eu interrompi prontamente.

- Não...- Certo, eu interrompi, mas o que eu ia dizer? Heim? Aceitaria sugestões rápidas.Resolvi por fim dizer a verdade – Foi bom.

Sorrimos mais para nós mesmos. Sabe aquele riso interno? Quando você faz qualquer movimento com a boca, talvez nem pareça um sorriso afinal, mas por dentro com certeza você está sorrindo. É como se cada célula do seu corpo despertasse com extremo bom humor num dia de sábado. Sorriso interno...Espero que já tenha acontecido com você, porque é realmente difícil de explicar.

Minha mãe buzinou e eu desejei ir e ficar mais ao mesmo tempo. Pensei muito sobre o que eu deveria dizer ou fazer. Não cheguei a nenhuma conclusão definitiva.

- Tchau – Fui me dirigindo aos degraus – Obrigada

- De nada, precisando... – Ele acenou com a mão e um sorriso sem jeito.

Quando eu já estava no terceiro degrau refleti sobre aquela noite. Eu nunca tinha me sentido daquele jeito antes. Especial para alguém, eu tinha amigos, meus pais eram legais, mas esse sentimento era completamente novo para mim. Resolvi voltar. Subi os degraus.

- Desistiu de me emprestar o livro foi?- Ele disse sorrindo com a própria piada.

Não respondi, aliás eu não disse nada. Me aproximei e dei um beijo de leve no rosto dele, na bochecha direita mais precisamente, nem tive coragem para ver a cara dele depois disso. Me esforcei para descer as escadas rapidamente, e claro, desastrada que sou, não quis tropeçar. Claro que quando cheguei no carro minha mãe fez um interrogatório constrangedor. Henrique recebeu o título de meu “paquerinha”. Eu estava tão feliz que até achei graça. Na verdade, gostei da idéia.


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Notas finais do capítulo

Ei nem todo mundo que lê a fic comenta. Por que? Não faz isso comigo, se vocês soubessem como eu fic contente e quão estimulante é ver um comentário...Sério, não sinta preguiça ou vergonha de começar a comentar. Você fará uma pessoa feliz (eu). Estou pedindo por favor. MIMIMI. E obrigada mesmo as pessoas foforesimas que já fazem isso. Um bjo e o queijo. Até mais.