True Love escrita por Anna


Capítulo 46
Oasis, Promessas de União Eterna e Mal-Entendidos


Notas iniciais do capítulo

Como sou péssima com esse lance de escrever periodicamente tenho a impressão que sempre começo isso pedindo desculpas pela demora e explicando o atraso, por isso vamos inovar aqui.
Oi! COMO VÃO VOCÊS? Já ouviram Arctic Monkeys hoje? Tomaram seus oito copos de água? Já olharam para o céu? Pensaram sobre seus Doutores favoritos? Ou seus sense8 favoritos? Ou sobre qualquer coisa relacionada às suas séries e livros favoritos? Já fizeram alguém chorar hoje (ainda são quatro da tarde, pai)? Já correram na grama descalços na chuva? Já refletiram sobre algo totalmente inútil hoje?
Bom, esclarecido tudo isso, podemos ir ao capítulo (yeeeeeey!)



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POV Jason

A primeira coisa que senti na manhã seguinte foi o cheiro agradável de café.

Abri os olhos lentamente, mas não consegui criar coragem para levantar da cama. Infelizmente, eu tinha plena consciência do que exatamente tinha acontecido noite passada e do quanto eu sou um completo idiota.

Não que esta parte fosse alguma novidade.

Pela porta entreaberta do quarto dava para ouvir Reyna se movimentando na cozinha enquanto cantarolava algo que parecia Oasis.

Tentei enrolar o máximo possível, mas por fim a sede venceu a vontade de me esconder para sempre embaixo dos cobertores. Levantei-me vagarosamente e sai arrastando os pés até a fonte dos barulhos.

– Olha só, a Bela Adormecida acordou - disse Reyna quando me viu. Ela secou as mãos em um pano de prato e pegou algo da bancada. - Fiz isto pra você - deu um sorriso adorável.

Peguei o papel confuso.

"Jason Grace

phd em estragar tudo

Se chegar a se encontrar com ele, saiba que o cosmos não gosta de você "

– Ok, eu mereço isso - reconheci me sentando em uma banqueta.

– Vamos pendurar no seu pescoço para evitar futuros incidentes, que tal? - disse orgulhosa.

– Reyna... - suspirei, porem não consegui completar o pensamento. Tinha várias coisas que eu queria dizer. Coisas que eu deveria dizer.

No entanto, nenhuma delas fazia muito sentido no momento, então eu apenas apoiei a cabeça na bancada e me senti miserável.

Ela voltou a cantarolar enquanto a cafeteira fazia barulho e eu, finalmente, reconheci a melodia.

Ah, Jason, seu babaca babaca babaca babaca babaca.


– AND ALL THE ROADS THAT LEAD YOU THERE WERE WINDING - cantávamos eu e Reyna a plenos pulmões - AND ALL THE LIGHTS THAT LIGHT THE WAY ARE BLINDING.

A música já estava no final, e faltava pouco para chegarmos lá. Sinal do destino, com certeza, sempre argumentava Rey.

– THERE ARE MANY THINGS THAT I WOULD LIKE TO SAY TO YOU BUT I DON'T KNOW HOOOOOOOOOOOOOOOOW - continuamos - I SAID MAYBEEEEEEEEEEEEEEEEEEEEEEE YOU'RE GONNA BE THE ONE THAT SAVES ME.

O brilhante vocalista do Oasis repetiu a frase mais umas três vezes enquanto eu parava para respirar e Wonderwall chegou ao fim, bem no momento em que estacionei.

– Eu já disse o quanto é incrível que a distancia entre nossas casas e o nosso lugar favorito seja o tempo exato da nossa música? - disse Reyna alegremente saindo do carro.

Ri enquanto caminhava ao seu lado.

– Uma centena de vezes - comentei - Por dia.

– Como pode ser tão insensível a isso? - diz fingindo estar ofendida. - É um claro sinal de que o cosmos está conspirando a nosso favor.

– Sei - respondi.

– Você não tem salvação - riu balançando a cabeça.

No topo da colina, um sobrado se erguia imponente. As graciosas paredes de pedra estavam cobertas por hera e a grama, uma vez muito bem cuidada, estava coberta de ervas daninhas. Era a antiga casa dos Grace, uma das ilustríssimas famílias que fundaram a cidade. Agora estava abandonada. O grande sobrado era o coração de um labirinto de antigas árvores que cresceram naturalmente assim ao redor da colina. Desde que Reyna e eu ficamos grandes o suficiente para sairmos de casa sozinhos, nós vínhamos aqui. Atrás da casa havia um grande carvalho, onde a antiga casa da árvore do meu pai fora construída. Era o nosso lugar.

Do topo podíamos ver a cidade inteira e como a colina era razoavelmente afastada, tínhamos uma bela visão de um céu sem muita poluição luminosa.

Enquanto atravessávamos o labirinto Reyna continuou falando sobre o quanto minha falta de fé no cosmos poderia ser prejudicial.

– Por exemplo, tem esse livro da Agatha Christie - disse afastando o cabelo do rosto - emque dois rapazes se apaixonam pela principal. Um deles é o clássico problemático, todas as mulheres o adoram e etc. Já o outro é o secretário do pai da moça assassinada visto com bons olhos por absolutamente todo mundo.

Chegamos ao grande gramado do velho sobrado e fomos até o carvalho, onde havia uma escada de corda que levava até o topo da casa da árvore.

– E então? - perguntei.

– Então Hercule Poirot diz: mademoiselle poderia, talvez, amar um ladrão, mas não um assassino, aí ela se vira e vê o fantasma da moça morta. O espirito lhe diz que o assassino é na verdade o secretário, embora todo mundo achasse que fosse o problemático o tempo todo - conta ela enquanto começa a subir.

– Bem, mas isso prova o contrário, não? Se ela tivesse acreditado nas evidencias, acharia que o problemático era o culpado. Então falta de fé no cosmos é saudável e talvez até recomendável. - argumento subindo atrás dela.

– Não! - Reyna protestou se sentando em sua almofada favorita. - Você perdeu totalmente o ponto.

– Esclareça-me então, srta. Ramírez-Arellano - digo arqueando uma sobrancelha enquanto me sentava ao seu lado.

– A partir do momento que ela viu o fantasma da Rute, ela teve uma escolha. - falou. - Acreditar ou não. ESTA é a questão. Se ela não tivesse acreditado que o cosmos estava tentando lhe ajudar ela teria se envolvido com o assassino. Porém, ela teve fé e no final formou um casal adorável com o problemático.

– Tudo bem, entendi - ri - Vou me lembrar disso da próxima vez que um fantasma me avisar que uma das garotas com quem estou saindo é uma assassina.

Ela gargalhou.

– Você é ridículo - disse balançando a cabeça. Em seguida, suspirou e olhou para cima, observando o sol se por pelo teto de vidro.

– Ansiosa para amanhã? - perguntei após alguns segundos.

– Nem me lembre - gemeu - Ensino Médio em uma nova escola onde todo mundo já se conhece. Viva! - a ironia transbordava de sua voz.

– Talvez não seja tão ruim. Não foi você que acabou de falar que é preciso ter fé no cosmos? - comentei divertido.

Ter fé no cosmos quando ele te dá razões para isso - resmungou. - Não preciso de fé nenhuma para saber que vou odiar cada segundo. Acho que nem aquele programa de literatura vai amenizar a situação.

– Bom, é o melhor do país. É claro que você vai adorar. Só está sendo dramática. - dei um sorriso torto, o que me rendeu uma almofadada na cabeça.

Não consegui conter a risada.

– Seu amor dói, boneca. Além do mais - completei antes de levar outro golpe - vamos estar juntos. Isto conta para alguma coisa, não?

Ela revirou os olhos, porém ganhei um sorriso.

– Acho que está ficando meio apertado aqui com o tamanho do seu ego.

Ri.

Mas suponho que conte - completou suspirando.

Sorri e estendi o dedo mínimo para ela, que cruzou nossos dedos como as perfeitas crianças que éramos;

– Deveriamos oficializar nossa união eterna - digo teatralmente.

– Quem está sendo dramático agora? - ela riu alto.

– Estou magoado. Você não acha que precisamos oficializar? - falo fingindo estar ofendido. Ela riu mais ainda.

– Ok, ok. O que sugere?

– Hm... - olho em volta procurando alguma coisa - Acho que isso vai servir - estendo o braço e pego duas pedras em um canto.

As duas se encaixam perfeitamente uma na outra, o que indica que elas provavelmente foram uma só em algum momento. Bastante adequado.

– Pedras. Ok. - disse Reyna pegando a sua com um sorriso.

– Não qualquer pedras - saliento - Elas se encaixam, veja.

– Oh, bastante adequado - ela diz, ecoando meus pensamentos.

– Exatamente - sorri. – Então, de agora em diante, é uma promessa.

– Acho que temos que ser mais específicos - ela comentou olhando sua pedra.

– Tudo bem. - penso no assunto. - Eu prometo nunca assistir nada dublado.

– Nunca ouvir Oasis sem cantar como se nossa vida dependesse disso - completou.

– Nunca comer pipoca com suco - digo.

– Nunca comer a parte com cobertura do bolo primeiro.

– Nunca mostrar aquele café do centro pra ninguém

– E nunca espalhar para o resto do mundo a nossa adoração pelo Congresso Internacional do Medo.

Feito - concordei sorrindo.


– Essa música... - engasguei.

Reyna levantou o olhar da chaleira que estava segurando e olhou para mim como se tivesse esquecido que eu estava aqui.

– Sim. - ela concordou. - Não achei que reconheceria - ela se vira e coloca a chaleira novamente sobre o fogão, enquanto coloca um sache de chá na xicara cheia de água quente.

– Eu reconheceria Wonderwall em qualquer lugar - comentei olhando para as minhas mãos.

– Você mudou bastante - ela deu de ombros. - Café? - acrescenta.

Assinto.

– Escuta, Reyna, sobre aquela noite...

– Eu sei, eu sei, você sente muito, blablabla... - ela revirou os olhos e colocou uma xícara cheia de café na minha frente.

– Eu sei que eu sou um idiota, mas poderia pelo menos tentar fingir que não me odeia por cinco minutos? - interrompo impaciente.

Ela se vira para pegar sua xícara de chá em cima da pia e diz, muito suavemente:

– Eu não te odeio.

Pisco surpreso e tenho a impressão de que não ouviu certo.

– O quê?

– Eu não te odeio - ela repete se virando e fitando meus olhos.

– Acho que você deveria.

Inesperadamente, Reyna ri.

– Está me pedindo para te odiar, Grace?

– Não, eu... Não sei. - gaguejo. Tenho certeza quase absoluta que ela deveria me odiar.

– Bom, já que você tocou no assunto... Eu não fui muito honesta com você naquela noite também.

– O que isso quer dizer? - pergunto cautelosamente após alguns segundos. As coisas estão tomando um rumo bem inesperado por aqui.

Ela suspira.

– Eu e Caitlyn... - ela balança a cabeça - Desde que eu entrei naquele clube de leitura e o irmão dela começou a ser legal comigo ela não parava de me provocar. O tempo inteiro.

– Me lembro vagamente disso - continuo desconfiado.

– Teve um dia... bem, ela estava mais empenhada que o normal. Ela começou a falar de você.

Arqueei as sobrancelhas surpreso e curioso.

– Eu não me lembro de todos os detalhes, mas ela começou a realmente - ela respirou fundo - realmente me irritar. Ela disse que era apenas uma questão de tempo até vocês ficarem juntos e você se esquecer completamente de mim.

– Reyna... - começo, mas ela ergue a mão para me interromper.

– Deixe-me terminar. Eu não me lembro exatamente das palavras que eu usei, mas tenho certeza que não foram exatamente educadas. Então ela respondeu "quer apostar?". Eu sabia que era uma péssima ideia, mas tinha certeza de que você não seria tão estúpido a esse ponto.

– Vocês... - não consegui completar o pensamento. Pisquei confuso por alguns segundos tentando processar a informação.

– Foi uma idiotice. Percebi isso após alguns meses. Sinto muito.

Fiquei em silencio pensando naquela noite.


Olhei para a garota a minha frente assustado. Tinha sido um truque, claro. Como pude ter sido tão idiota?

– Reyna, eu... - tentei dizer.

A morena balançou a cabeça, os olhos enchendo-se de lágrimas.

– Você é um idiota. - virou-se e saiu correndo antes que eu pudesse esboçar qualquer reação. A líder de torcida ao meu lado riu.

– Que inconveniente. - disse fazendo uma voz falsamente surpresa. - Estávamos tendo um papo tão bom, não é Jason?


– Não tenho certeza se isso melhora as coisas ou me faz parecer mais idiota ainda - digo após algum tempo.

Ela dá uma risada meio engasgada.

– Você deveria ter atendido minhas dezessete ligações - acrescento.

– O que isso resolveria? - ela suspira. - Eu não queria ouvir nenhuma desculpa que você inventasse. E não é como se as coisas estivessem perfeitas entre nós naqueles últimos dias.

Balanço a cabeça.

– Você nunca me deixou explicar. Caitlyn.... - respiro fundo passando as mãos no cabelo. - ela estava bastante empenhada em passar algum tempo comigo. Mas naquela noite... ela tinha pedido para me encontrar naquele bar e eu disse que nós precisávamos conversar.

– Prossiga - Reyna disse cuidadosamente.

– Eu disse que eu e ela não podíamos ter nada, que tinha outra pessoa... Mas ela não me ouvia. Só ficava checando o celular de minuto em minuto, e quando eu estava indo embora... - balancei a cabeça - Ela me beijou. Eu fiquei muito surpreso para afasta-la e quando vi, lá estava você.

– Eu... Ai meu Deus. É claro que ela faria isso. - Reyna se virou e ficou um longo tempo fitando o tempo. Por fim, suspirou e se apoiou na bancada. - Parece que nós dois fizemos tudo errado.

Life's just far too short for miscommunication – murmurei.

Ela sorriu.

– The Kooks. - reconheceu. - Normalmente sou eu que faço as citações por aqui.

– Acho que foi você mesma que disse que eu mudei bastante.

– Bom, acho que não importa mais, não é? - ela disse subitamente. - Está tudo diferente agora.

– Presumo que sim. Mas... Podemos ao menos tentar ser amigos de novo, não podemos?

Ela estendeu a mão e nós cruzamos os dedos mínimos.

– União eterna, lembra? - ela sorriu.

Um sorriso cresceu lentamente no meu rosto.

– Não me esqueci por nenhum segundo.


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Notas finais do capítulo

Bom, está um pouco maior que a maioria, mas depois que as coisas começaram a fluir, eu me empolguei um pouco PDOKQWPODKQPWODKQPW. Adoro o Jason, adoro a Reyna, adoro todo mundo s2