POV Rafaela

— Muito bem, pessoal - anunciou a Srta. Phoenix subindo em um banquinho para que todos pudessem vê-la em meio a confusão de cenários, figurino e maquiagem. - Algumas mudanças de última hora. A Srta. Beauregard está sem voz, como algumas já sabem, e não poderá interpretar Lydia Bennet. Quem eu escolhi para substitui-la foi a Srta. Rafaela Rodriguez.

Pisquei surpresa.

— O quê? Professora! - protestei - Eu já vou fazer a Mary!

— Já foi resolvido. Silena fará seu papel - disse Srta. Phoenix erguendo os óculos.

— Mas... - tentei pensar em um argumento que não incluísse "eu já tenho que aguentar o babaca do Ethan por causa do plano estúpido de Annabeth e agora ainda tenho que ser o par romântico dele? Pelo amor de Deus!" - Eu não sei as falas. - menti.

É claro que eu sabia.

Eu e as meninas ensaiamos juntas centenas de vezes.

— Não foi o que Silena me informou - respondeu a professora com uma sobrancelha arqueada. Lancei um olhar fulminante a Silena, que sorriu culpada e deu de ombros. - Você fará Lydia Bennet. Ponto final.

Suspirei derrotada e me recostei na cadeira.

— A Srta. Hyde também está incapacitada de participar da peça, por isso a Srta. Rachel Dare fará Lady Lucas e a Srta. Calipso fará Anne de Bourgh. Alguma objeção? Ótimo. Façam um ótimo show, pessoal. - sorriu - Estarei assistindo da plateia - virou-se e saiu do camarim.

— Bem, parece que você será minha esposa hoje, querida - disse Ethan aparecendo na minha frente com um sorriso. Ele sabia que eu odiava que me chamavam de querida.

— Aproveite a oportunidade. Será a única - digo com todo desprezo que posso reunir, o que não é pouco.

Ele riu.

— Vejamos - piscou.

Por algum motivo, aquilo me afetou. Levanto lentamente e cruzo os braços com minha melhor expressão de desdém.

— Por favor. Nem toda substância alucinógena do mundo me faria sequer cogita isso.

Ele arqueou uma sobrancelha.

— Então quer dizer que eu não te afeto? Nem um pouquinho?

— Não.

No próximo segundo, ele me puxa pela cintura e me prensa na parede mais próxima, fazendo-me soltar um arquejo de surpresa. ele já

— Tem certeza disso? - murmurou roçando os lábios no meu pescoço, provocando um arrepio e um suspiro involuntário.

Ele ri e eu fecho os olhos, amaldiçoando-o até a última geração por saber meu ponto fraco.

Muito bem. Ethan Nakamura quer brincar? Vamos brincar.

Deslizo a mão pelo cós de sua calça, puxando-o para mim e o beijando com voracidade.

Quando as coisas começam a ficar animadas demais, me afasto com um sorriso torto e jogo o cabelo pelo ombro desfilando.

Sinto o olhar dele sobre mim enquanto me aproximo das meninas do outro lado do salão.

— Já ia oferecer uma camisinha - comentou Clarisse enquanto uma menina do figurino arrumava o cabelo dela.

— Eu tinha tudo sob controle - afirmei, infelizmente, não tão confiante quanto gostaria.

— O importante é ele acreditar que sim. - Annabeth tenta me consolar.

— Certo - respondo incerta.

XXX

POV Clarisse

Após meu cabelo e maquiagem estarem prontos, é minha vez de entrar no palco e estou uma pilha de nervos.

A primeira parte foi tudo bem.

A peça começava com a cena em que Mrs. Bennet (no caso, a Thalia) insiste com o Mr. Bennet (Nico) para ir visitar o Mr. Bingley (Percy) e ele negando para provocar, sendo que ele já o tinha visitado. Depois é a cena do baile e a cena em que Jane (Annie) conta para Elizabeth (eu) que Mr. Bingley é exatamente como um rapaz deve ser, e Annie faz tão bem o papel que sinto necessidade em provoca-la perguntando se ela é uma boa atriz ou se o par romântico ajuda.

As coisas começaram a ficar estranhas no jantar de Sir Lucas.

Eu estava conversando com Coronel Foster quando Mr. Darcy (Chris, pois é) chegou para ouvir. Isso estava no roteiro, mas, por algum motivo, me desconcertou. Minha voz falhou e eu quase esqueci minha fala seguinte, e aquele olhar estúpido que ele me lançou não ajudou em nada. Eu me recuperei a tempo, felizmente.

— Que motivo levou Mr. Darcy a vir escutar minha conversa com o Coronel Foster? - perguntei a Charlotte (Rachel), mais tarde, aliviada por sair da presença de Chris, mesmo que só por um momento.

— Esta é uma pergunta que somente Mr. Darcy poderá responder.

— Mas se ele continuar com este jogo eu lhe farei certamente saber que estou percebendo o que ele quer com isto. Ele é muito sarcástico, e se eu não começar a ser impertinente também, dentro em pouco terei medo dele.

Quando Chris volta, Rachel me provoca e eu digo:

— O senhor não acha, Mr. Darcy, que ainda agora eu me exprimi com grande felicidade? Quando eu brinquei com o Coronel Forster sobre a possibilidade de ele nos oferecer um baile em Meryton?

— Com grande energia. Mas este é um assunto que sempre infunde energia a uma senhora.

— O senhor nos trata com severidade. - respondo com um meio sorriso.

Charlotte então me provoca e eu vou cantar duas ou três músicas, antes que Mary (Silena) assuma.

Quando me aproximo de Sir William (Jason), ele diz:

— Minha cara Eliza, por que não está dançando? Mr. Darcy, permita- me apresentar-lhe esta jovem como um par bastante desejável. O senhor, estou certo, não poderá se recusar a dançar, quando se encontra ante tão grande beleza... - E, tomando minha mão, Jason fez menção de a dar a Mr. Darcy, porém recuei subitamente e disse, um pouco bruscamente:

— Sir William, não tenho a menor intenção de dançar. Por favor, não suponha que me dirigi para este lado a fim de arranjar um par.

Chris então me pede para lhe conceder a honra de minha mão, em vão.

— A senhorita dança tão bem, Miss Eliza, que seria cruel negar-me a felicidade de apreciá-la; e embora esse gentleman de modo geral não aprecie esse divertimento, não fará nenhuma objeção, estou certo. - Jason tentou persuadir-me.

— Mr. Darcy é muito amável - digo, sorrindo.

— De fato; mas considerando a tentação, minha cara Miss Eliza, não podemos surpreender-nos de que ele se mostre disposto, pois quem faria objeção a um par como a senhorita?

Eu lhe lancei um olhar malicioso e me virei.

Ok, até aqui as coisas estão funcionando bem.