POV Clarisse

Segunda-feira. Oficialmente eleito o pior dia de todos por absolutamente todo mundo.

É ainda pior quando, por acaso, seu coração foi partido em um milhão de pedaços no dia anterior. Tudo que eu queria fazer era me esconder embaixo dos cobertores, ouvir músicas tristes e afogar minha mágoa em chocolate.

Mas eu posso fazer isso? Não!

A pobre Clarisse tem que se arrastar para o colégio para assistir duas aulas seguidas de matemática depois de duas aulas seguidas de física (sem contar o resto das aulas) e fingir que essa é só mais uma segunda-feira horrível, não tipo, a pior segunda-feira da vida dela.

E eu não estou sendo dramática.

Bem, não muito, pelo menos.

Portanto, ninguém pode me culpar por estar aqui na quadra matando aula quando eu deveria estar na sala de física, certo?

Porque, caramba, eu já fiz minha parte. Eu vim para o colégio e caminhei por aqueles corredores de cabeça erguida como se nada tivesse acontecido (meu orgulho me impediu de rastejar por aí choramingando até eventualmente cair em um buraco e morrer, como eu queria fazer). Era pedir demais quinze minutos sozinha para me recompor antes de ir para a próxima tortura? Digo, aula?

Aparentemente, era.

Porque mal tinha acabado minha segunda música triste quando um ser aparece na minha frente tampando meu sol.

– Poxa, querida, você está péssima. - disse a voz do cara mais irritante do planeta. Também conhecido como o cara que eu beijei há dois dias. Ou Chris. Como você quiser chama-lo. - Tudo isso foi por ter passado o fim de semana sem me ver? - Ele sentou-se ao meu lado.

– Tecnicamente, eu te vi sábado. Agora vai embora. - fechei meus olhos e me deitei na grama meio úmido, procurando uma posição mais confortável.

– Não deveria estar na sua aula de física, Mrs. Darcy? - ele disse apoiando o cotovelo no joelho. Ele estava contra o sol e meu olho estava mais fechado do que aberto, então não pude ter certeza, mas por um segundo jurei que tinha visto um meio sorriso em seu rosto.

Sério.

Um meio sorriso.

Eu estou aqui, quase oficialmente no fundo do poço, visivelmente deprimida e ele sorri?

Por acaso ele não sabe que não se deve sorrir e/ou demonstrar qualquer sinal de felicidade perto de pessoas deprimidas? É rude! Mais do que isso, é cruel! Até as pessoas mais desprezíveis sabem disso!

É tipo segurar uma placa de neon com os dizeres "oi, eu estou feliz enquanto você provavelmente nunca mais vai encontrar a felicidade novamente! O dia não está lindo?"

Grunhi e virei para o outro lado para não ter que encarar aquela pessoa que a coitada da Rafa tem que chamar de irmão.

– Vá em-bo-ra. - eu murmurei esperando que dessa vez desse certo.

Esperança é a última que morre.

Ele simplesmente veio para meu outro lado e ficou me olhando com o cenho franzido. Abriu a boca para falar umas duas ou três vezes, mas depois fechou de novo. Sério? Tipo, sério?

Ele não sabe que quando uma pessoa vira para outro lado essa pessoa não quer conversar?

– Aconteceu alguma coisa. - Ele disse finalmente. Não era uma pergunta. SIM, ACONTECEU. Eu quero ficar sozinha mas tenho que te aguentar. Fazer o quê? - Você está chateada.

– Uau. Se continuar desse jeito, você vai acabar ganhando o prêmio Nobel. - comentei, colocando o máximo de acidez e ironia que eu consegui no meu tom de voz.

– Clarisse...

– Ok, aconteceu, está bem? O garoto que eu gosto não gosta de mim e eu descobri isso do pior jeito possível e estou tendo um dia realmente ruim, então se você puder me deixar em paz por um dia que seja, só um, eu agradeceria muito, tá legal?!

É, eu explodi. Que droga. Acabei despejando meus problemas em cima da pior pessoa possível. Estava pronta para a chuva de piadinhas e comentários desagradáveis que certamente viriam, mas tudo que ele fez foi olhar para mim - digo, realmente olhar para mim, aquele tipo de olhar que poderia enxergar até o fundo da sua alma -, e disse:

– Tudo bem. Sinto muito se a aborreci. - se levantou e foi embora.

Isso mesmo. Quase não pude acreditar. Então suspirei e voltei a me deitar, tentando me convencer que aquilo que eu estava sentindo não era uma pontada de culpa.

POV Percy

– Vamos logo cara, temos ensaio agora. - digo tentando convencer Jason a levantar da mesa.

– Não quero ir. - diz ele cruzando os braços.

Suspiro. Will revira os olhos.

– Só por que você vai ter que ficar vinte minutos olhando para a garota que por acaso te deu um bolo sábado? - Will diz.

– Exatamente. - responde Jason.

– Siga em frente! - Charles grita.

Jason olha para ele carrancudo. Eles ainda estavam tentando superar o que quer que tenha acontecido entre os dois, mas eles ainda estavam meio... tensos, por assim dizer. Principalmente quando Piper ou Silena são mencionadas. Ainda é um mistério para mim. Will e Nico parecem saber exatamente o que aconteceu, mas não querem me dizer.

– Ele só está magoado porque Piper é sua esposa. E ela não te deu um bolo. - traduziu Will.

Charles revirou os olhos.

– Eu e Piper somos apenas amigos. Ela sendo minha esposa ou não. E onde se meteu Nico, hein? - perguntou mudando de assunto. Tensos, como eu disse.

– Está com Thalia, acho. - respondeu Will.

Arqueei uma sobrancelha.

– Eles estão saindo, ou algo assim? - perguntei.

– É, algo assim - respondeu Will. Ele é sem-dúvida o mais bem-informado de todos nós, ninguém pode negar.

– Agora deixando a vida amorosa de nosso querido amigo de lado, - começou Charles - SERÁ QUE PODEMOS PARAR DE FRESCURA E IR LOGO?

Então nós fomos. Acho que Jason se conformou que teria que encarar Piper uma hora ou outra de qualquer jeito. É meio difícil evitar uma pessoa quando ela mora do lado da sua casa.

Assim que chegamos na sala de teatro, fomos recebidos pelo mais puro caos.

Annabeth estava em cima da mesa cantando Something In Your Mouth junto com Silena, que estava dançando, e Rachel e Reyna, que estavam rindo e aplaudindo do "show" das duas, Rafaela estava mexendo no sistema de som fingindo que era DJ (?), Piper estava rindo histericamente de algo que Clarisse tinha dito, Nico e Thalia se agarravam em um canto e Katie e Travis estavam brigando enquanto a pobre Lucy tentava separa-los.

Daí você se pergunta: e cadê a professora no meio disso tudo?

Rindo de tudo no canto. Pois é.

Então ela olhou no relógio e gritou para todo mundo sentar. E todos obedeceram.

Quando todos estavam devidamente sentados e quietos, srta. Phoenix olhou para todos nós e disse:

– Bem, agora que todos estão aqui, Lucy entregará os roteiros a vocês. Espero que consigam decorar suas falas e atuar com perfeição. Todos receberam o roteiro? Ótimo! Vou dar o restante do ensaio livre para vocês começarem a ler e praticar suas falas.

Olhei os papeis na minha frente, um pouco perplexo. COMO A PROFESSORA ESPERA QUE EU DECORE TUDO ISSO?

POV Piper

– Ai meu Deus! - exclamei. Clarisse me olhou assustada. - Eu esqueci completamente!

Levantei e fui atrás de Jason. Que burrada, pelos deuses.

– Jason! - chamei e ele se virou.

– Piper. Oi. - mexeu no cabelo desconfortável. - A que devo o prazer?

– Eu queria dizer que sinto muito. Mesmo. Por sábado. - digo.

– Hum. - ele disse.

– Eu e as garotas fizemos meio que uma festa do pijama e ficamos a noite inteira acordadas. Por isso eu dormi demais depois, e acabei esquecendo.

– Festa do pijama, é. Eu lembro disso. - ele deu um sorriso torto. - Você invadiu meu quarto.

– É, sinto muito por isso também. - murmurei corando completamente.

– Está perdoada dessa vez. - ele diz - E sinta-se à vontade para aparecer por lá de novo no meio da noite.

Corei mais ainda e ele riu, depois foi embora.

Tipo, uau.

Acho que estou um pouco tentada a aceitar o convite.

POV Annabeth

– Você não apareceu lá em casa sábado. - eu digo a Luke arqueando uma sobrancelha.

– É, você foi bastante especifica na sua mensagem. - ele disse me mostrando o celular.

"Preferiria sair com a Lula Gigante de Hogwarts à sair com você.

E espero que você perca uma luta contra um urso selvagem faminto.

Tenha uma boa tarde.

Com amor, Annabeth"

– Pois é. - digo. - Nada pessoal, sabe, mas...

– É. - ele concordou com um leve sorriso. - Entendo. Fica para a próxima. - piscou e saiu.

Oh Deus.

Estou tão ferrada.