POV Silena

– Clarisse, abra a porta! – pedi, pela milésima vez na última hora. Como das outras 999 vezes, não funcionou.

– Vá embora. – resmungou ela.

Suspirei e fui para a sala, onde as outras garotas estavam.

– E então? – perguntou Thalia.

Balancei a cabeça.

– Nada. Ela não quer abrir a porta nem falar com ninguém. – digo pegando minha xícara de chá na mesinha de centro.

– Alguém, pelo amor dos deuses e de tudo que é sagrado, sabe o que raios aconteceu? – exclamou Annabeth frustrada.

Era compreensível. Clarisse saiu hoje de tarde com Ethan e voltou chorando e se trancou no quarto. Estávamos a noite inteira tentando descobrir o que havia acontecido, mas ela não queria falar com ninguém.

Rafaela mordeu o lábio.

– Tem algo a ver com Ethan. Ela estava saindo bastante com ele ultimamente. – comentou enquanto cruzava as pernas e se ajeitava na poltrona.

– Você não acha que ele magoou ela ou algo assim, acha? – perguntou Annabeth com uma sobrancelha arqueada.

Thalia considerou.

– É o mais provável. A não ser que ela tenha conhecido um cara lindo e legal e tenha se apaixonado por ele e quando eles estão na melhor fase do relacionamento em uma cidade super romântica ele descobre que está com câncer e morre. – disse.

– Não, isso é A Culpa é das Estrelas. – respondeu Piper.

– Ah, é mesmo.

Balancei a cabeça.

– Quer saber? Eu vou descobrir exatamente o que aconteceu agora mesmo e depois dar uma surra em quem quer que tenha feito ela chorar. – disse Annabeth se levantando e indo em direção ao quarto de Clarisse.

– Quanta atitude. – comentou Rafa levantando e seguindo ela, assim como eu, Thalia e Piper.

– CLARISSE LA RUE, SE VOCÊ NÃO ABRIR ESSA PORTA IMEDIATAMENTE EU VOU DERRUBAR ELA AGORA MESMO! – gritou Annie esmurrando a pobre porta do quarto de Clarisse.

Funcionou. A porta se abriu lentamente, deixando todas nós olhando atônitas para Annabeth, que também parecia surpresa.

– Então nós ficamos morrendo de curiosidade durante umas três horas quando tudo que precisávamos fazer era ameaçar? – perguntou Thalia cruzando os braços.

– Pois é. – concordei.

– Eu sou um gênio. – disse Annabeth piscando para nós e entrando no quarto. Nós a seguimos.

– Clarisse? – perguntou Piper andando delicadamente até a cama, na qual Clarisse estava jogada, com o rosto enterrado no travesseiro.

– Eu. – disse, a voz abafada e meio rouca por causa do choro.

– Você vai nos contar o que aconteceu? – disse se sentando ao lado dela.

– Ethan é um idiota. É isso que aconteceu.

– Nos conte uma novidade. – disse Rafaela revirando os olhos.

Clarisse fungou e rolou na cama, olhando para o teto.

– Eu realmente gostava dele, achei que ele também gostasse de mim, mas... sei lá, eu me enganei.

Annabeth lançou um olhar pensativo.

– Você vai superar. É só um garoto idiota. Você ainda vai conhecer muitos deles. – disse Piper com aquele tom de voz tranquilizador que ela tem de vez em quando. – Você deve estar cansada. Vou fazer um chá para você e depois você vai dormir.

– Tá. – respondeu Clarisse olhando um ponto distante na parede. Piper fez um sinal e todas nós saímos do quarto, deixando Clarisse sozinha de novo.

– Deixem-na descansar um pouco. – disse Piper quanto estávamos novamente na sala.

– Você que é a especialista em corações partidos. – disse Thalia se jogando na poltrona. Olhei para Annabeth, que ainda estava com aquele olhar.

– Vai nos contar agora o que está planejando? – perguntei arqueando uma sobrancelha.

Annabeth olhou para cada uma de nós pausadamente.

– Acho que tenho uma ideia. Mas não sei se a principal envolvida vai concordar.

– Clarisse? – perguntou Rafa.

– Você, na verdade.

As sobrancelhas de Rafa se ergueram.

– Eu? – seu tom de voz era incrédulo.

Annie assentiu.

– E que ideia é essa? – Rafaela perguntou desconfiada.

– Olha, não brigue comigo. Nenhuma de vocês. – acrescentou.

– Estamos te ouvindo. – disse Piper.

– É que tipo, Ethan partiu o coração da Clarisse, certo? Não acham que seria justo ele ter o coração partido também?

Thalia e eu consideramos.

– Você não está sugerindo isso. – disse Piper balançando a cabeça.

– E o que exatamente... – começou Rafa, até que ela entendeu. – NÃO! Absolutamente não!

– Pense bem, Rafa, ele merece vingança!

– Isso pode funcionar. – disse Thalia lentamente.

Rafa lançou a ela um olhar incrédulo, fazendo-a dar de ombros.

– Acho que tentar não faria mal algum.

– Esse é o espirito! – disse Annabeth sorrindo.

Dei de ombros.

– É uma ideia horrível, mas eu adoraria vê-lo sofrer. – comentei.

– Agora, Rafa... – Annabeth lançou um olhar de cachorro que caiu da mudança para ela.

– Não!

– Rafaela, por favor! – implorou Annabeth.

– Não! Não, não e não! – respondeu Rafa.

– Rafa! Você tem que admitir, é uma ideia genial!

– Genial? Pelo amor de Deus, Annie, você nunca viu nenhum filme ou nenhum livro? Isso nunca acaba bem!

– É por isso que é genial! Você o odeia tanto que nem corre o risco de se apaixonar.

Rafaela cruzou os braços.

– Desista, Annabeth. Não vai rolar. Além disso, Clarisse também não concordaria com...

– Faça. – todas viramos para ver Clarisse, que estava parada no batente. Ninguém tinha ouvido ela se aproximar. – Eu quero que ele sofra.

– Clarisse... – Rafa suspirou. – Tudo bem. Mas saibam que eu ainda acho uma péssima ideia.

– É porque é uma péssima ideia. – comentou Piper.