Work Of Fire escrita por Clessi Magalhães


Capítulo 9
Efeito gelatina


Notas iniciais do capítulo

Olá gente! Tudo bom?
Primeiro quero agradacer as meninas que comentaram, muito obrigada suas lindas! =)
Mais um capítulo pra vocês, espero que gostem e apreciem sem moderação. Não esqueçam de deixar seus comentários. ^^

Enjoy!



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"Alguém chorava dolorosamente e sussurrava repetidamente a mesma coisa. Eu ouvia ao longe e tentava identificar de onde vinha. A medida em que os soluços desesperados aumentavam, meu peito se cumprimia. De repente me veio a imagem um pouco distorcida da sala da minha antiga casa, os móveis marrons e o tapete felpudo que mamãe adorava estavam do mesmo jeito que eu me lembrava.

— Mamãe, papai... Eu tô com medo. — a voz infantil assustada me chamou a atenção. — Não me deixem aqui.

Corri seguindo a voz e parei em frente a um armário grande debaixo da escada, quando o abri encontrei uma menininha chorosa abraçada a um coelho de pelúcia. Ofeguei com o que vi. Aquela garotinha era eu, mais uma vez aquela noite se repetia.Virei-me a procura dos meus pais na esperança de vê-los mais uma vez, mas encontrei a sala vazia.

— Eles te abandonaram, idiota. Ou melhor, eu os matei. — a voz grotesca de Bob ressoou em minha cabeça, tampei os ouvidos no pensamento tolo de não escuta-lo. Ele gargalhou.

— Não! — gritei.

— A próxima é você, Swan!

A próxima é você, Swan!

A próxima é você, Swan!

A próxima é você, Swan!

 

— Não! Não..."

— SWAN!

Acordei-me atordoada e bati a cabeça na cama de cima, praquejei enquanto massageava o local machucado.

— Finalmente acordou, achou o que? Que aqui é algum hotel? – perguntou o Terceiro Sargento Royce. — Levante-se!

— Desculpe, senhor.

Respondi e só então percebi que Mike, Jacob e Eric já estavam de pé na mesma posição que eu.

— Você tem vinte minutos para se trocar e ir para o pátio central e pelo seu novo atraso, está sem o direito a primeira refeição de hoje. – não precisei responder, pois ele já saia do quarto.

— Sempre começando o dia com estilo, hein Bella? — ignorei Jacob e peguei minha farda, que consistia em uma blusa branca com o símbolo da NSA, a calça do exército e um coturno, e segui para o banheiro minúsculo do quarto. Quando saí pronta, notei que os outros tinham voltado a dormir. Então, sem fazer barulho, deixei o quarto e fui apressadamente para onde o Sargento me esperava.

— Resolveu dar o ar da graça? — debochou.

— Estou aqui como pediu, senhor. — bati continência e fiquei em posição.

— Vamos dar a volta por todo o quartel.

Meus olhos se arregalaram. O quartel é enorme, gastaria no mínimo uma hora para fazer todo o percurso correndo, assim eu definitivamente perderia o café da manhã.

— Mas senhor...

— Sem "mas", você tem uma hora e quarenta minutos para isso, antes que o seu treinamento comece. — disse isso e subiu em um carrinho semelhante àqueles de campos de golfe. Filho da puta! — Vamos logo! Seu tempo está passando.

Respirei fundo para não manda-lo à merda, tinha que me concentrar ao máximo ou então perderia a chance de pôr em prática meu plano de vingança.

Nos primeiros trinta minutos de corrida eu já sentia minhas pernas protestarem e meus pulmões dobrarem o esforço para manter controlada a minha respiração. O Sargento me seguia de perto e parecia se divertir com a minha desgraça.

Idiota!

— Mais rápido, Swan, ou não chegará a tempo ao campo de concentração e ganhará mais uma punição. — zombou.

Forcei minhas pernas a agirem mais rápido, meus pensamentos fervilhavam em volta de maneiras de fazer esse desgraçado pagar por isso. Foi um alívio enorme ver, depois de mais uma hora de tortura, o pátio principal novamente. Eu sentia minhas pernas moles igual uma gelatina quando finalmente pude parar de correr. Os outros recrutas já começavam a se aglomerar no local quando cheguei, Mike assim que me viu veio para perto de mim.

— Amanhã no mesmo horário, Swan. Sem atrasos! — falou o Sargento ao passar por mim.

Bufei baixinho e apoiei as maos nos joelhos na tentativa idiota de parar de tremer.

— Bom dia, Bellinha! Um lindo dia para começar os treinos, não? — Mike exclamou animadamente.

— Só se for pra você.

— Credo, que mau humor, Bellinha. — ele franziu o cenho e depois voltou a ficar animado. — Olha só o que eu trouxe pra você!

Ele tirou a mão do bolso da calça camuflada e estendeu alguns biscoitos pra mim, fiquei sem graça pelo meu comportamento anterior.

— Obrigada.

Tentei ao máximo ser discreta ao pegar os biscoitos e coloca-los na boca, não poderia correr o risco de Royce ver e achar que é mais um motivo para aumentar minha punição.

— Bom dia, novatos.

Engasguei quando ouvi a voz do General e imediatamente minha reação foi esconder-me atrás de Mike, se ser pega por Royce desobedecendo uma ordem já era péssimo, imagine pelo General Cullen.

Bom dia, senhor! — todos responderam juntos.

— Estão prontos para o início do processo seletivo?

Sim, senhor!

Depois de engolir a seco os biscoitos que Mike havia trazido, desloquei-me mais para o lado para tentar vê-lo, o que foi um pouco difícil, visto que noventa e nove homens e cem mulheres, sem contar comigo, tapavam minha visão dele.

— Ótimo! A primeira fase do processo é questão de sobrevivência. São duas provas eliminatórias, a primeira será passar pelos obstáculos criados no pátio sul. Quem não chegar ao final da prova está automaticamente eliminado.

A reação surpresa foi de todos, Mike me olhou temeroso e grunhiu que não iria conseguir. Eu já tinha mais ou menos a noção de como seria a prova, esse é o benefício de ter um agente na mesma casa que você mora, eu faria tranquilamente a prova, isso se eu não estivesse com o pequeno problema de estar com muita sede e o corpo praticamente se desfazendo de cansaço.

— Alguma dúvida? — perguntou e sua voz, como ontem, estava fria assim como seus olhos verdes profundos. Ninguém se manifestou, então ele continuou. — Em posição!

Imediatamente o obedecemos e o seguimos em ordem para o pátio sul. Surpreendi-me com o que vi, era um grande circuito com morros de escalagem, cordas, pneus espalhados, toras de madeira de todos os tamanhos, três mini piscinas de água suja, arames farpados e, é claro, lama. Muita lama.

— Em cada passo da prova tem um baú com duzentas bandeiras, cada recruta deverá pegar as cinco bandeiras destinadas a ele e levar consigo até o final da prova. — explicou Royce ao lado do Cullen. — Quem desistir no meio dela ou chegar ao final sem uma das bandeiras, está fora.

Engoli a seco. Adam não havia me avisado dessa parte. Aos poucos os recrutas iam se adiantando para cumprir a primeira prova. Dos quarenta e dois que fizeram até agora, somente quinze conseguiram, incluindo Jacob.

— Ai Bellinha, me deseje sorte! — sussurrou Mike.

— Você consegue. — incentivei-o e ele sorriu.

— Te vejo do outro lado!

Assenti e observei ele e Eric serem os próximos.

— A próxima é você, Swan. — gelei ao ouvir a frase e de repente meu pesadelo voltou a minha mente. Mas não era a voz de Bob quem dizia aquilo e sim o Terceiro Sargento. Olhei em sua direção na intenção de confirmar, mas me prendi aos olhos verdes que me observavam intensamente.

— Swan? — indagou o General Cullen.

— Sim, senhor. — murmurei quando encontrei minha voz. Ele cerrou os olhos e parecia me examinar. Senti-me incomodada com seu olhar e o gelo desceu por minha espinha com a possibilidade dele saber de quem sou filha.

— Sua vez garota. — Royce me empurrou "delicadamente", quebrando meu contato visual com o Cullen. Respirei fundo tentando controlar meu nervosismo e pus em prática os ensinamentos de Adam.

Respirei aliviada ao chegar do outro lado com as cinco bandeiras na mão, meu único pensamento era terminar a prova e sumir das vistas do Cullen. Seus olhos de águia varriam todo o campo, mas volta e meia pairavam sobre mim, eu sabia que se ele desconfiasse do meu plano faria de tudo para me colocar para fora. Com certeza protegeria Bob e isso fez um súbito ódio dele nascer em mim.

— Conseguimos, Bellinha! — comemorou Mike.

— Isso é só o começo, Mike, não se anime. Ainda temos muita estrada a percorrer.

— Que nada. Você passou pela prova com a maior facilidade. Nem parecia estar em um treinamento. — sentou-se ao meu lado. — Já imagino nossa graduação aqui, tem que ser uma festa de abalar as estruturas, muito rosa...

Como sempre tive minha atitude involuntária, revirei os olhos. E lá vamos nós de novo com Mike e suas ideias malucas.

 


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Notas finais do capítulo

Espero ter agradado, qualquer dúvida é só falar pelos comentários ou MP.
Beijos e até mais.

C. Magalhães.



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