Work Of Fire escrita por Clessi Magalhães


Capítulo 6
Lindos olhos verdes!




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(...)

Acordei uma semana depois daquilo. Estava em um hospital, com vários tubos e agulhas em meu corpo. Minha cabeça doía horrores e meu braço estava enfaixado.

Tentei abrir os olhos devagar com medo de me deparar com a cena horrível que tinha vivido. Mas, ao abri-los, me deparei com Lucy e Adam sentados no sofá perto da cama onde eu estava. Lucy chorava abraçada a Adam. Eles ainda não tinham notado que eu tinha acordado.

— Fique calma! Vai ficar tudo bem. — disse Adam.

— Como ficar calma? Nós falhamos Adam, não a protegemos com prometido! — disse Lucy chorosa. Mas como assim prometido? Prometeram a quem?

— Prometeram a quem? — verbalizei meus pensamentos, sem querer lhes dando um pequeno susto. Esperei que me respondessem, mas eles ainda continuavam estáticos olhando pra mim. Então insisti. — Vocês não vão me responder? A quem vocês prometeram me proteger?

Eles se entreolharam e vieram para perto de mim.

— Querida, precisamos te contar uma coisa. — disse-me Lucy alternando olhares de Adam para mim.

— Hey, antes precisamos saber se está tudo bem. — completou Adam.

— Sim, aliás, o que aconteceu? Como vim parar aqui? Cadê a Meg? — Foi aí que reparei. Meg não estava conosco. Será que ela estava bem?

— Calma! Uma pergunta de cada vez. — sorriu Adam — Meg está bem, está no orfanato e louca pra te ver. — disse ainda com o sorriso no rosto. Mas pareceu lembrar-se de algo, pois seu sorriso desapareceu logo em seguida. — Bella, o que você lembra do acontecido?

Eu não queria lembrar. Não queria que as imagens voltassem a minha mente. Eram dolorosas demais, mas mesmo assim contei tudo o que lembrava. Sentia meus olhos arderem e sentimentos de raiva e puro ódio se apossarem de mim enquanto eles me contavam o que aconteceu depois que eu apaguei. Adam contou que ouviu gritos e correu para ver o que estava acontecendo. Disse que encontrou Meg ainda desacordada. Seus olhos eram pura fúria enquanto me contava, mas o que veio a seguir me deixou em choque. Ele disse que me encontrou despida da cintura para baixo, minha cabeça sangrava devido à pancada que tinha levado. Disse também que procurou o filho da puta que tinha feito aquilo comigo, mas o desgraçado tinha conseguido fugir. Miserável. Eu mato esse desgraçado!

Meu ódio e nojo cresciam a cada minuto que a imagem daquele desgraçado surgia em minha mente. Eu não tinha nojo de mim, até porque eu não tive culpa alguma. Eu tinha nojo era de quem tinha feito isso comigo.

Mais tarde, naquele dia, um médico veio me examinar. Era um homem muito bonito, loiro com o corpo másculo e um sorriso simpático.

— Olá, sou Caslisle! Tudo bem com você? — assenti, então ele continuou — Vamos examinar você para te dar alta, ok?

— Tudo bem.

Ele era um cara legal. Mas eu me sentia receosa em relação aos homens. Acho que minha raiva tinha sido generalizada, o que me fez querer ficar longe de contato físico.

Deixei o hospital naquele mesmo dia. Aquilo tinha coisas brancas demais pro meu gosto. O caminho para o orfanato foi feito sob total silêncio. Ao chegar lá, Adam não me deixou descer do carro, disse-me somente que iria buscar uma coisa muito importante. Minutos depois apareceu com Meg em seu encalço carregando algumas mochilas. Meg vinha com o semblante ansioso e tentava ver através do vidro do carro. Assim que Adam abriu a porta do carro, vi que Meg carregava em seus braços o meu inseparável coelhinho. Assim que me viu seu rosto ansioso se tornou em uma careta de choro, depois disso senti seu abraço em torno de mim.

— Me desculpe, Bella. Eu não consegui te ajudar. — ela dizia chorando. Mas por que ela dizia isso? Ela não tinha culpa de nada!

— Para com isso! Você não tem que pedir desculpas. — disse retribuindo seu abraço. — Por falar nisso, onde está a sua boneca?

Percebi que ela continuava segurando o meu coelhinho. Meg desviou o olhar enquanto me entregava o coelho.

— Eu... Eu a quebrei e a joguei fora.

— Meg! — a repreendi.

— Poxa, Bella! Eu não a queria mais. Por causa dela aquilo aconteceu. — respondeu baixando a voz na ultima frase. O silencio perdurou por um tempo até Adam o quebrá-lo.

— Vamos para casa.

Fiquei tão absorta em pensamentos que não reparei no significado daquela frase. E só quando estávamos em frente a enormes portões foi que percebi. Casa. Ele disse casa.

— Que lugar é esse? – perguntou Meg.

— Nossa casa e de agora em diante a de vocês também. — respondeu Adam enquanto se identificava com os seguranças e logo os portões eram abertos.

Aquela casa era fora dos padrões. Casa não, mansão. Era enorme, com um lindo jardim na frente. Meg e eu tínhamos a expressão confusa e incrédula ao mesmo tempo. Se Adam e Lucy moravam naquele lugar, então por que diabos trabalhavam em um orfanato?

Não ficamos com a dúvida por muito tempo, logo eles responderam todas as perguntas feitas e ocultas por nós.

Contaram que estavam no orfanato por uma promessa feita anos atrás. Trabalhavam para a Agência de Segurança Nacional dos EUA, e que estavam ali para me proteger. No começo não entendi, mas eles explicaram. Eram amigos de infância dos meus pais. Fizeram faculdade juntos, mas foram meio que separados quando seguiram rumos diferentes. Meus pais para a máfia italiana e Lucy e Adam para a NSA. Tinham amigos em comum, um deles era Jonh, da máfia russa.

Eu tentava assimilar as coisas que os dois diziam. Meg parecia muito mais confusa que eu. Era muita coisa para entender.

O tempo foi passando e com isso as coisas foram se encaixando. Meg, mesmo depois de tanto tempo, nunca mais quis uma boneca e se ganhava, as bonecas desapareciam misteriosamente e surgiam inexplicavelmente na lata de lixo. Enquanto isso, eu comecei a me interessar pelos treinamentos de Adam. Na maioria das vezes ele treinava a noite e eu sempre me escondia para que eu pudesse observar sem atrapalhá-lo. Numa dessas vezes fui pega no flagra por ele. Pensei que ele ficaria chateado, mas ele disse que não tinha problema e foi aí que eu tomei coragem e o pedi para me treinar. Ele hesitou um pouco, mas no fim acabou aceitando.

Anos se passaram, eu continuava a treinar alguns tipos de luta e questões de sobrevivência. Lucy não tinha gostado no inicio, mas acabou aceitando também. Até porque Adam ou papai, como era chamado por Meg, dizia que era só treinamento de defesa pessoal, mesmo dizendo pra mim que não queria perder sua melhor lutadora.

Eu gosto muito deles, na verdade eu os amo. São realmente uma segunda família pra mim, mas ainda não me sentia confortável em chamá-los de pais. Parece que estou traindo a memória dos meus pais.

No meu aniversario de 15 anos decidi que poderia me dar o luxo de pedir uma coisa que a muito eu queria. Quando informei a Lucy, Adam e Meg que dessa vez tinha um pedido a fazer, eles logo ficaram animados. Provavelmente achando que eu pediria uma festa, como Meg. Ela tinha ganhado uma grande festa de aniversario e muitas crianças do orfanato compareceram. Não sei exatamente quantas, pois não fiquei muito tempo na festa. Mas quando eles ouviram o meu pedido, logo os seus sorrisos despencaram.

— Como assim? Você quer visitar o quartel da NSA? — perguntou Lucy. Pois é, o meu pedido foi esse. Eu queria ir à NSA. Queria ver a cara do abutre que tirou a vida dos meus pais. O desgraçado do Bob. Mas eles não precisavam saber disso.

— Quero. Quero conhecer o trabalho de vocês, oras! — respondi. Meg me olhava desconfiada. Eu sabia que ela não tinha caído nessa.

— Tudo bem. Então vá se arrumar. Vai ser bom, assim você verá como é o treinamento deles. Hoje começa o treinamento dos novos recrutas. — respondeu Adam. Assenti e subi para tomar um banho e trocar de roupa, sem me esquecer de colocar minha gargantilha com o pingente de cisne, que eu tinha ganhado da minha mãe. Era um colar da família Swan, passado de mãe para filha. Como meu pai era filho único, a vovó Swan a deu para minha mãe, para que fosse passada para mim.

Quando desci Adam já estava devidamente fardado e com suas amadas insígnias no peito. Ele tentava convencer Meg de ir com a gente.

— Vamos, Meg! Vai ser legal levar as minhas princesas comigo. Podemos ficar só na hora da comemoração e depois voltamos. — insistia ele.

— Desculpa papai, mas não vai dar. Esse tipo de coisa não faz meu tipo. — exclamava ela. O que era verdade. Meg estava em seu tempo de menina sonhadora que lê livros açucarados.

— Tudo bem, tudo bem. Vamos, Bella?

— Vamos! Tchau Meg, Lucy.

— Tchau!— responderam juntas.

A ansiedade e o nervosismo tomaram conta de mim enquanto íamos para o quartel. Eu tentava me preparar e deixar minha mente a mais limpa o possível. Eu queria gravar cada detalhe do rosto do miserável do Bob, para que quando eu tivesse a oportunidade de ter minha vingança, eu não o confundisse com um inocente.

Mal percebi quando chegamos lá. Tinha vários carros espalhados na frente do quartel. Várias bandeiras dos EUA e da NSA estavam erguidas em lugares estratégicos. Ao entrarmos, vi que o pátio estava cheio de pessoas fardadas e nas laterais varias cadeiras brancas estavam sendo ocupadas pelos familiares dos recrutas.

Mais a frente, um grande palco estava erguido, com faixas e mais bandeiras, onde mais homens fardados se encontravam. Adam segurava minha mão enquanto seguia para o palco, mas antes de chegarmos virou-se para mim.

— Bella, por que não se senta naquelas cadeiras e assiste a comemoração. Tenho que ir para o palco querida, mas não posso te levar.

— Tudo bem. — respondi. Adam beijou minha testa e seguiu para o palco. Iria me virar para ir em direção das cadeiras quando percebi uma entrada aberta de um dos prédios, parecia ser o principal. Talvez eu conseguisse achar o filho da mãe mais rápido. Sem nem pensar duas vezes caminhei até lá. Todos pareciam prestar atenção na celebração que tinha começado.

Entrei no local onde havia vários corredores e um deles dava para uma escada. Mas antes que eu começasse a subir, comecei a ouvir vozes se aproximando e uma delas se sobressaiu das outras. E aquela voz eu não esqueceria tão cedo.

— Vamos, seus idiotas, estamos atrasados! — dizia o homem cada vez mais se aproximando. Eu tinha que sair dali, mas eu estava imóvel, meu corpo não respondia. Droga, eu precisava sair dali rápido. Mas antes que eu conseguisse sair ele apareceu em minha frente. Eu sentia meus cabelos da nuca se eriçando denunciando que eu estava em perigo.

Era ele! O maldito que matou meus pais. Bem ali na minha frente. Ele me olhava com a expressão confusa e ao mesmo tempo divertida, talvez pelo fato a minha expressão de surpresa e espanto.

Uma mistura de ódio e medo me consumiu, mas só o que consegui fazer foi correr. Eu corria como uma louca entre a multidão de fardados, escutando os gritos daquele desgraçado que me chamava e as exclamações de raiva pelos empurrões que eu dava para que saíssem da minha frente. Antes que eu conseguisse sair da multidão, me desequilibrei e cai no chão. Senti que a minha gargantilha não estava mais em meu pescoço. Tentei procurá-lo, mas estava assustada demais e não conseguia achá-lo. Alguns soldados se afastaram, mas só um estendeu a mão e me ajudou a levantar.

— Moça, você está bem? — perguntou-me. Sua voz tinha uma entonação rouca perfeita, mas uma coisa em especial chamou ainda mais minha atenção, seus lindos olhos verdes. Os cabelos do estranho tinham uma coloração parecida com bronze, seu rosto tinha traços retos. Seu corpo moldado perfeitamente na farda. Eu o olhava hipnotizada, alternando o olhar entre seus olhos verdes e sua boca, que continuavam a falar comigo. — Moça? Está me ouvindo?

Antes que eu respondesse, ouvi mais uma vez a voz de Bob vindo em minha direção. Assustada, corri dali e me refugiei perto do carro de Adam, deixando para trás o estranho de cabelos cor de bronze e olhos incrivelmente verdes.

 


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Notas finais do capítulo

Eeeeeeeeeeeeeeee! Prontinho! Dever cumprido! Agora é com vocês! Façam essa autora feliz e deixem seus preciosos comentários, até porque preciso de motivação para continuar!
Ótimo fim de mês pra vocês! Postarei mais rápido se tiver comentários!
Beijos.

Clessi Magalhães.



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