Work Of Fire escrita por Clessi Magalhães


Capítulo 5
Sem vida


Notas iniciais do capítulo

Desculpem a demora!
Espero que gostem, fiz com muito carinho!
Preparem os lencinhos! =(

Boa Leitura!



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POV Isabella

Sem vida... É assim que eu me sinto. Iria fazer 12 anos que meus pais morreram, mas ainda sinto a forte dor da perda. Depois daquela noite fui levada para um orfanato de New York, havia varias crianças lá. Sorriam, brincavam. Não tinham consciência da dor que eu sentia. Eu só conseguia chorar, queria voltar para casa para procurar por meus pais, mas não me deixaram. Esperei pacientemente que meus pais fossem me buscar, mas eles nunca chegavam. O tempo foi passando, todas as noites eu tinha pesadelos diferentes, mas sempre, em todos eles, meus pais morriam de maneiras diferentes, e me abandonavam, me deixando sozinha. Eu sempre acordava suada, chorando, aos gritos. Lucy, uma das professoras do orfanato, sempre estava ao meu lado quando eu acordava. Ela sempre me dizia a mesma coisa: “Vai ficar tudo bem!”. Eu até que acreditava no início, mas como se repetia todas as noites eu comecei a desacreditar e isso se seguiu durante três longos anos. Os pesadelos começaram a parar. Eu começava a me adaptar um pouco ao orfanato. Não esperava mais meus pais irem me buscar.

De todas as crianças que tinha ali, só fiz amizade com uma, Megan Masters, uma menina lourinha, que tinha uma história triste como a minha. Seus pais a abandonara quando ela rinha 5 anos, deixando-a com seu irmão, que no tempo tinha 18 anos. Só que uns anos depois, seu irmão foi assassinado de forma brutal. Ele era tudo para ela. Não houve outra solução a não ser para um orfanato.

Lembro que em uma noite, na véspera de Natal, quando todas as crianças estavam eufóricas pela data comemorativa, Meg e eu estávamos no jardim com Adam, o jardineiro. Nós estávamos tentando tirar um pouco da neve que cobria as flores.

“FLASHBACK ON”

– Meg pegue aquela pá pra mim, por favor! – pediu Adam, enquanto apontava para a pá um pouco longe de onde estávamos.

– Claro Adam! – Meg foi, pegou a pá e a entregou a Adam. Meg e eu tínhamos 13 e 12 anos, respectivamente.

– O que vão querer de Natal? – perguntou-nos Adam.

– Eu quero uma boneca nova! –prontamente respondeu Meg.

– E você Bella?

– O que eu quero eu não posso ter, então eu não quero nada. – respondi abaixando a cabeça. Depois da morte dos meus pais eu não comemorava mais o Natal. Alias nenhuma data comemorativa, nem mesmo o meu aniversario. Todos os anos eles tentavam me fazer comemorar, mas eu sempre arrumava uma desculpa para que isso não acontecesse.

“FLASHBACK OFF”

Naquele Natal muitas coisas aconteceram. Coisas que também marcaram minha vida idiota, isso se eu ainda tiver uma vida.

“FLASHBACK ON”

Depois da ceia de Natal, as professoras e funcionários do orfanato nos levavam para a sala onde a arvore de Natal se encontrava. Eu tinha que admitir que estava linda enfeitada humildemente por enfeites feitos por nós. Passamos a semana inteira fazendo todos aqueles enfeites. Lucy dizia que era forma de acordar o espírito natalino que estava adormecido em nós. Mas no final sempre tínhamos um ótimo resultado. A arvore estava rodeada de presentes de todos os tamanhos. Os funcionários tinham sorrisos gigantescos no rosto por terem conseguido, mais uma vez, não deixar passar em branco a data comemorativa.

Eu estava mais afastada de todos. Estavam barulhentos demais. Todas as crianças loucas para receberem logo seu presente. Argr! Era felicidade demais pro meu gosto. Eu ficava feliz por ver a felicidade estampada no rosto de todos que não escondiam o brilho em seus olhos, mas a minha felicidade acabava assim que eu lembrava que era mais um Natal sem meus pais. E foi com esse pensamento que eu me dirigi para o dormitório, não sem antes escutar a voz irritante de Carmen, a dona do orfanato, com suas roupas extravagantes de estampa de bichos cheia de bijuterias em volta do pescoço.

– Crianças, SILÊNCIO! – disse a jararaca da Carmen. Com certeza ela é bipolar. – Pronto, todas quietinhas!_fez uma pausa, suspirou e gritou – PODEM ABRIR OS PRESENTES!

Depois disso o barulho voltou, só que mil vezes mais alto. Assim que cheguei ao dormitório fui para minha cama, e como não conseguia mais segurar, desabei em lágrimas. Deite-me agarrada ao inseparável coelhinho, o apertando de encontro ao meu peito. Meu coração doía, como se milhares de facas estivessem o atravessando ao mesmo tempo. Eu sentia falta de ar. Dolorosas lágrimas desciam por meu rosto. Eu queria que elas lavassem minha alma, mas ao invés disso me traziam mais dor. Foi quando eu ouvi a porta do dormitório sendo aberta, tento enxugar meu rosto e me sento na cama para ver quem era. O dormitório estava um pouco escuro, mas mesmo assim soube que quem adentrou o dormitório era Meg. Ela estava encolhida na cama e parecia que estava chorando. Levantei-me devagar e fui ate sua cama, me sentando a seu lado.

– Meg, o que foi? Porque você ta chorando?

Ela sentou na cama e me abraçou.

– Ah Bella, a tarântula desmiolada pegou a minha boneca! – disse chorosa, dando leves pulinhos por causa dos soluços. Tarântula desmiolada era um dos vários apelidos que demos a Carmen.

– Calma Meg, onde ela a colocou? –perguntei mesmo já sabendo a resposta.

– No escritório, oras! Eu quero minha boneca, Bella. – respondeu e voltou a chorar. Eu não gostava de ver a Meg assim. Ela era sempre tão alegre e divertida, era ela que animava a todos, inclusive a mim.

– Shiu... Calma! Nós vamos pegar a sua boneca e vamos fazer isso agora! – disse tentando animá-la.

– Ta louca, Bella? Se ela ou Collin nos pegarem, eles vão nos bater! – respondeu-me Meg, olhando-me como se eu fosse uma louca. O que de certa forma eu era. Collin é marido da tarântula, ele sempre nos olhava estranho, como se quisesse nos comer com os olhos. Carmen sempre nos batia quando fazíamos alguma coisa errada. Talvez seja por isso que a maioria das crianças do orfanato tinha medo dela, inclusive Meg.

– Para com isso. – disse para ela que continuava com sua cara de espanto. – Desisto! Tudo bem, se você não quer ir eu vou sozinha! – completei me levantando da cama e indo em direção da porta.

– Ta louca, mulher? – disse Meg que vinha logo atrás de mim. – Acha que eu vou te deixar ir sozinha e perder a diversão? Nem morta! – Caímos na gargalhada. Meg era medrosa, mas nem por isso perdia alguma aventura.

– Então vamos! – sussurrei. Meg começou a andar na ponta dos pés, olhando desconfiada para todos os lados. Ri com isso, ela parecia um agente do FBI.

– Para de rir e vamos logo, antes que a chucrute azeda apareça! – disse e me arrastou pelo corredor que ia ate o escritório.

A sala de estar ainda estava muito barulhenta nos dando a chance de passar despercebidas. Nós duas corríamos feito loucas e não conseguíamos segurar o riso de vez em quando devido à adrenalina que corria em nossas veias. Nos aproximamos do escritório, a porta não estava trancada, então foi fácil entrar.

– Tudo bem, entramos. Você procura nas gavetas da mesa e eu procuro no armário. –ela assentiu e foi procurar. Respirei fundo e fui procurar também. O escritório não era grande, tinha uma mesa enorme, cheia de papeis, perto de uma janela de vidro. Tinha vários quadros bizarros extremamente coloridos. Alguns armários pequenos velhos e um grande armário marrom escuro um pouco afastado da porta, em geral, nada muito interessante.

Comecei a abrir as gavetas. Tinha muitos papeis que não dei importância, algumas fotos e uns trecos até que engraçados. Eu tentava ao máximo deixar tudo do jeito que estava antes, mas parecia que não era isso que Meg queria. Ela jogava pra todo lado folhas e mais folhas, enquanto falava.

– Lila? Onde você ta?

– Acha mesmo que ela vai te responder? – perguntei e por incrível que pareça ela assentiu. – Ah esquece! Continua chamando, vai que ela responde.

Virei e continuei minha busca. Quando ia começar a procurar nas gavetas de baixo algo me chamou a atenção. Havia um tipo de pasta no canto direito da gaveta embaixo de alguns papeis. Acho que eram documentos pessoais de alguém. Minha curiosidade foi maior que minha vontade de procurar a tal Lila. Não resisti e peguei a pasta abrindo-a em seguida. E como pensei, eram documentos pessoais dos funcionários do orfanato.

Ali continha todos os dados de cada um deles. Sentei-me no chão para poder olhar melhor, quando achei outra pasta no meio dos documentos. Era preta com um lacre vermelho no centro.

Deixei de lado os documentos e abri o lacre me deparando com mais documentos, um pouco diferentes dos outros. Tinha um símbolo estranho na folha escrito N.S.A., o que eu achei estranho até porque se tratava de uma empresa de segurança. Mas o que veio a seguir foi o que realmente me deixou confusa. O que o nome da Lucy e do Adam faziam nessas folhas? O que eles tinham haver com isso?

– Achei, achei! Lila... Achei você mocinha! – Meg dizia eufórica me tirando do transe. – O que você ta olhando ai, Bella?

– Nada! Só alguns papeis. – comecei a guardar os documentos para que pudéssemos ir embora. Depois perguntaria a Adam e Lucy a relação deles com a N.S.A., mas não tive tempo de guardar tudo, pois a porta do escritório foi aberta bruscamente com um estrondo nos dando um susto, revelando uma figura horrenda, aparentemente bêbada.

Collin mal se segurava em pé e olhava estranho para Meg. Nos entreolhamos assustadas. Nós estávamos encrencadas.

– Ora, ora, ora se não é a menina alegria do orfanato! – ele falava arrastado devido à quantidade de álcool no organismo. Ele olhava fixadamente para Meg. Parece que não tinha me notado ali. – O que faz aqui, bonequinha?

Começou a dar passos em direção a Meg que tinhas os olhos arregalados começando a ficarem vermelhos por um possível choro.

– Na-nada, eu só tava procurando minha boneca. – gaguejou Meg, dando passos para trás na tentativa de ficar longe de Collin que gargalhou andando até Meg que tentava inutilmente colocar alguma distancia entre eles.

– Sabia que não pode entrar aqui sem permissão, belezinha? – perguntou o ogro segurando o rosto de Meg. Eu estava em choque, não conseguia me mexer. Eu tinha que fazer alguma coisa. Não podia deixar que ele batesse em Meg. E foi isso que me fez ir até ele tentando bater o mais forte que conseguisse em suas costas, enquanto pedia para que ele a deixasse em paz.

– Para! Deixa-a em paz! – eu batia tentando machucá-lo sem sucesso.

– Olha só! Bella, você também entrou sem permissão foi? – ele virou-se pra mim, com uma expressão maníaca no rosto que eu nunca vira na vida.

O terror tomou conta de mim e tentei correr, mas ele foi mais rápido me derrubando no chão fazendo com que eu machucasse meu braço esquerdo. Eu já não conseguia controlar o choro, tentei me virar para ver o que ele estava fazendo quando tenho a visão dele tentando se deitar sobre mim.

– Você não devia ter me batido, gracinha. Deixou o titio muito zangado! – ele falava enquanto sua mão subia pela cintura, por dentro da blusa. Eu tremia de medo, chorava descontroladamente, tentando o empurrar. Meg que até então estava encolhida perto da porta veio correndo até nós tentando tira-lo de cima de mim. Ela puxava a camisa de Collin, puxava seu cabelo, batia nele, mas nada disso resolvia. O pânico me tomou de uma forma absurda. Eu tentava gritar, mas eu não conseguia minha voz não saia.

– Sai de cima dela seu ogro. Socorro! – Meg gritava aos prantos. Até que Collin se irritou e de forma inesperada a empurrou de forma brusca. Eu só conseguia ver borrões devido as lagrimas, mas ainda assim consegui ver o pequeno corpo de Meg ser jogado longe. Tentei ver melhor, enxugando o meu rosto com as costas da mão e antes que eu conseguisse me levantar, Collin vinha em minha direção de novo.

– Calminha, gracinha! Agora somos só nós dois... – ele falava de um jeito nojento enquanto tentava segurar minhas pernas. Eu comecei a gritar pedindo socorro, mas parecia que ninguém escutava. Eu estava sozinha. Meg estava caída no chão desacordada. Collin puxava minhas roupas com violência, enquanto tentava me beijar. Eu tentava bater em sua cabeça, mas eu estava fraca demais e meu braço esquerdo estava doendo muito. As lágrimas me consumiam.

– Shiu, gracinha, fica caladinha ou então eu bato em você e ai será muito pior!

Eu não sabia mais o que fazer. Estava apavorada, sem forças pra lutar. Ninguém me ouvia. Ninguém vinha me ajudar. Estava sozinha mais uma vez.

– Me solta! Não faz isso, por favor! – eu implorava em meio aos prantos. Foi quando senti uma dor horrível. Uma dor que me tirou o resto de esperança que eu tinha e que me fazia acreditar que alguém me ajudaria. Depois disso, cai em profunda inconsciência.







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Notas finais do capítulo

Pois é... Agora a vida de Bella mudará radicalmente, irá mostrar um lado dela que ninguém conhecia, acredito que nem ela mesma!
Bom, fico por aqui! Até a próxima!
Beijos.

Clessi Magalhães.



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