Work Of Fire escrita por Clessi Magalhães


Capítulo 20
Quatro elementos.


Notas iniciais do capítulo

Olá, recrutas!
Muito obrigada por todos os comentários, amei todos! Continuem assim! e.e


Vamos a leitura!



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Quatro elementos: Terra, água, ar e fogo.

Confuso? Talvez, mas irei explicar.

Não sei se sabe, mas no momento me encontro em um lugar vazio, ou não totalmente. Dependendo do ponto de vista. A minha volta só havia máquinas, umas turbinadas e outras não, novas ou não, de diversas cores, tamanhos e formas.

Ainda confuso? Bom, eu estava em um estacionamento, mais precisamente o estacionamento da boate, rodeada de carros... e eu não estava sozinha.

Havia um corpo colado ao meu, que me apertava contra ele e rodeava-me com seus braços fortes. Não sei se efeito do álcool que ingeri ou coisa da minha cabeça, mas aquele ser me fazia ter sentimentos e reações mais estranhas que o normal e é por isso que faço a comparação um tanto ridícula dos quatro elementos com o que o beijo dele me proporcionava.

O primeiro elemento é terra.

A primeira coisa que nos vem à cabeça quando pensamos em terra é chão, estabilidade. Totalmente ao contrário, o beijo dele às vezes me tirava isso. Tira-me o chão, me deixa suspensa, sem gravidade, sem saber onde me segurar que não seja nele. Entro no caos, perco a estabilidade, meus sentimentos ficam ainda mais confusos e quando finalmente desisto e me apoio nele, ele me aperta contra si e tudo se vai. Eu fico segura novamente.

O segundo elemento é a água.

Relaciono esse elemento ao sangue. São duas coisas distintas, mas em seu estado físico se tornam muito parecidas. São dois líquidos essenciais ao nosso corpo e a precariedade de um deles pode nos fazer muito mal. Nesse momento, em que nossos lábios se encaixavam de forma quase perfeita e se movem em sincronia, a relação entre água e meu sangue se torna precisa. Da mesma forma em que a água escorre violenta entre as rochas de uma cachoeira, meu sangue circula da mesma forma por meu corpo, bombardeado por um dos órgãos mais importantes para o ser humano: o coração. Esse que bate desregulamente acelerado. Percebo, ao descer minha mão, que estavam confortavelmente entre seus cabelos curtos, até seu peito, que o seu coração batia igual ao meu. Tão forte e ao mesmo tempo tão fraco. Batiam quase como se fossem um só.

O terceiro elemento é o ar.

Nem preciso especificar sua relação com o beijo, mas vale ressaltar o quão desnecessário ele se torna nessa hora. Também é uma coisa essencial ao ser humano, mas que, naquele momento específico, poderia simplesmente não ter necessidade alguma. Precisamos, mas a vontade de acabar com o beijo é quase inexistente. Na verdade, totalmente inexistente.

Por último, mas não menos importante, temos o fogo.

De forma clichê relaciono este elemento ao calor bom que se sente durante o beijo. Aquele tipo de calor que começa desde o dedo do pé até os últimos fios de cabelo. Calor esse que nos impulsiona a continuar, a suspirar, a aprofundar ainda mais o beijo. Que nos faz esquecer até que talvez possamos estar em um estacionamento “vazio” a não sei quantas horas da madrugada.

Isso me assustava e ao mesmo tempo me deixava extasiada, era algo totalmente novo e inesperado para mim. E eu que achava que em meu peito havia um coração cheio de saudade dos meus pais; ódio, rancor e sede de vingança para com o seu assassino e um pequeno espaço para sentimentos bons direcionados para algumas pessoas, descubro que ele ainda tinha espaço de sobra para sentimentos inusitados.

Suspirei e Edward apertou ainda mais meu quadril contra o seu. Seus lábios quentes não tinham se separado dos meus nem por um minuto, estamos assim por minutos ou horas, não sei.

Sua mão esquerda subiu da minha cintura até meu rosto, acariciando devagar a minha bochecha. Lentamente ele foi se separando um pouco de mim para que pudesse olhar para meu rosto. Meus olhos anuviados captaram sua expressão confusa, talvez reflexo da minha. Ele parecia estar em um dilema interno.

— Isabella... Tão inocente e tão perigosa. — sussurrou ele, sua boca ainda roçando na minha, me inebriando novamente. — Tão viciante, mas tão impossível.

— O que?

E com um estalo, aquela neblina se foi, minha mente voltou a funcionar e me senti mais sóbria do que nunca. Que merda era aquela?

— O que quer dizer com isso? — separei-me para vê-lo melhor, ele parecia contrariado com o espaço que impus. — Por que eu sou uma pessoa impossível?

— Uma pessoa impossível pra mim. — explicou se afastando um pouco mais, contraiu o rosto e desviou os olhos dos meus. — Não sou homem pra você.

— Como é? — quase gritei indignada, ele tentou me repreender sem sucesso. — Ah, desculpe, Senhor-sou-foda-demais-pra-você!

— Não é assim, Isabella.

— Ah, não? Quem você pensa que eu sou? Seu novo brinquedinho que você pode pegar e largar a hora que quer? — retruquei e, antes que ele respondesse, completei. — Está enganado demais, General.

Tentei voltar à boate, mas ele segurou o meu braço. Mesmo com meus esforços para me soltar, ele conseguiu virar-me para ele novamente.

— Acha que eu não quero você? Que eu não quero que você seja minha? — ele sacudiu-me levemente enquanto praticamente berrava em minha cara. Ele estava furioso e merda... Ele fica muito gostoso assim. Balancei a cabeça tentando me livrar desses pensamentos e me focar no que ele dizia. — É complicado.

— Por quê?

Ele suspirou e olhou para trás de mim, acompanhei seu olhar e vi que Mike e Angela acabavam de sair da boate e pareciam muito alterados devido às gargalhadas altas e, aparentemente, sem sentido.

— Irei te explicar tudo quando voltar ao quartel. Está na hora de te colocar na missão. — falou rápido e beijou minha testa, quando finalmente encontrei o controle de mim e exigiria respostas, ele já tinha sumido.

— Hey, Bellinha! — dei um pulo assustada com a voz estridente e alta de Mike. — O que estava fazendo aqui sozinha?

Meus olhos ainda vagaram pelo estacionamento em busca do Cullen, mas não havia nem sinal dele. O estranho é que, se não me engano, eu estava encostada no carro dele, ou talvez nem fosse o mesmo. Desistindo de procura-lo, voltei-me para a dupla de bêbados animados demais a minha frente.

— Nada, só vim tomar um ar. — respondi evasivamente e parece que foi o suficiente para eles que deram de ombros. — Vamos embora.

***

Quando menos esperei, a semana já tinha se passado e era hora de voltar para o quartel. Confesso que esperei o retorno um pouco ansiosa e nervosa demais para meu gosto, eu tentava me convencer que isso era só por ter me acostumado ao quartel e por não saber o que me aguardava agora que eu era oficialmente um soldado da NSA.

Depois de lágrimas, desejos de boa sorte, mais lágrimas, abraços, recomendações de Adam e Lucy (até de Meg) e um pouco mais de lágrimas, eu finalmente entrei no ônibus da agência nacional. Sentei-me ao lado de uma Angela chorosa e acenei para Mike que conversava animadamente com um cara que ainda não sei o nome, mas que eu tinha certeza que Mike me atualizaria até o fim do dia. Encostei a cabeça no encosto do banco e tentei relaxar nos últimos minutos que faltavam até chegar ao nosso destino.

Acho que acabei dormindo porque acordei sobressaltada com os gritos e balanços do ônibus. Muitos agentes rodeavam o ônibus balançando-o e dando a ordem aos gritos para que descêssemos dele.

— NÃO TEMOS O DIA TODO! ANDEM, SEUS MOLENGAS!

O mais rápido que pude, desci do veículo e posicionei-me igual aos outros. Só então, quando olhei para frente, foi que vi o Cullen. De braços cruzados atrás do corpo e expressão rígida, ele aguardava que todos se posicionassem para se pronunciar. Em momento algum ele olhou para mim.

— Bem-vindos de volta. Como perceberam, só porque agora são oficialmente militares não quer dizer que o treinamento de vocês será mais relaxado, pelo contrário. Além de continuarem com o treinamento de recrutas, começarão a realizar algumas missões não oficiais. — um pouco surpresos, os outros novatos começaram a cochichar extasiados com a notícia uns com os outros, deixando o Cullen nada feliz.

— Silêncio. — pediu um dos agentes, mas nem foi ouvido. Ri internamente vendo o Cullen bufar de raiva.

— SILÊNCIO! Deixem para tagarelar depois. — de forma impressionante, todos se calaram envergonhados. — Para as missões, vocês serão divididos em vários grupos, para cada um deles será designado um comandante avaliado antes de tudo por seu desempenho durante o recrutamento. Cada grupo terá um agente para acompanhar e avaliar os integrantes, as táticas de guerra e sobrevivência, o trabalho em equipe, conhecimentos gerais e, é claro, a liderança do grupo. Alguma dúvida?

O cara que tinha conversado com Mike durante o caminho, levantou a mão.

— Sim?

— Quando as missões começam? — perguntou animado.

— Amanhã bem cedo. Deixaremos o dia de hoje para se instalarem e descansarem, estejam prontos amanhã. Estão dispensados.

O Cullen cumprimentou-nos com uma continência, respondida por todos, e, antes de sair, olhou-me intensamente. Fez um gesto com a cabeça indicando os dormitórios principais e eu assenti discretamente. Aos poucos os outros foram saindo e conversando, saí à francesa tentando não chamar atenção.

Quando cheguei ao corredor do meu quarto fiquei em dúvida se entrava no meu ou se ia para o do Cullen. Decidi que deixaria minhas coisas no meu quarto antes de ir encontra-lo e foi uma boa ideia, porque adivinha só quem me esperava sentado em minha cama? Resposta fácil! O Cullen.

— Finalmente! Achei que tinha se perdido. — brincou ironicamente. Não lhe dei valor e coloquei a mala sobre a cama, ainda estava chateada por ele ter sumido do estacionamento sem me dar verdadeiras explicações. Ele bufou e levantou-se vindo para meu lado, continuei tirando e separando minhas poucas roupas permitidas ali. — Certo, vamos às explicações.

Edward estendeu uma pasta em minha direção, peguei-a antes de me sentar. Abri a pasta e a primeira coisa que tinha ali era uma foto de uma mulher loira muito bonita, parecia-me muito familiar. Arregalei os olhos quando lembrei que aquela mulher era a mesma da foto que vi no dia que dormi na casa do Cullen, aliás, era a mesma pasta.

— Quem é? — tentei disfarçar.

— Annie Antonella Vezzani. Se não me engano, você já teve essa pasta em mãos. — corei violentamente. Droga, ele lembrava.

— O que ela tem haver com os meus pais? — mudei de assunto. O Cullen sorriu discretamente ao perceber o que fiz e relevou.

— Vamos com calma, primeiro você saberá o porquê de eu estar nessa com você.

Virei-me totalmente para ele na curiosidade imensa de saber seus motivos. Eu já tinha quebrado muito a cabeça pensando neles e não perderei essa oportunidade de saber tudo.

— Annie é sobrinha de Bob. — arregalei os olhos surpresas e já ia enchê-lo de perguntas quando ele me interrompeu. — Quando eu a conheci, eu era um dos melhores do exercito americano e fui escolhido para integrar a agência já com algumas honrarias, o meu cargo atual foi conseguido com muita luta, mas não posso desmerecer o prestígio que eu já possuía no exército e que de alguma maneira prevaleceu aqui. Bob percebeu em mim a oportunidade de um passe livre aqui dentro, confesso que era idiota demais naquela época, deixei-me levar por Annie e dei algumas vaciladas com a NSA. Mas então, depois de um tempo, inesperadamente ela apareceu morta.

Coloquei as mãos na boca para evitar que o grito de susto saísse, aquilo estava se tornando uma bola de neve cada vez maior e mais pesada.

— Então eu comecei a investigar mais e descobri os desvios de informações, meus programas secretos do computador sumiram e por pouco não fui acusado de ser espião. Annie era só uma vadia assassina que se infiltrou na minha vida para ajudar o Bob e aos assassinos dos seus pais.

— Ela era algo mais para você? — perguntei receosa, queria saber o tamanho do ódio que ele sentia e o porquê disso.

— Era minha noiva.

 


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Notas finais do capítulo

Espero que tenham gostado. Comentem, viu?

Até mais!

Att,
General Clessi Magalhães.