Work Of Fire escrita por Clessi Magalhães


Capítulo 18
Confiança.


Notas iniciais do capítulo

Olá, recrutas! Voltei com mais um capítulo para vocês, está bem grandinho. Obrigada a todas as lindas e maravilhosas meninas que comentaram, irei responder em breve. Capítulo dedicado as novas leitoras que a fic ganhou e já comentaram.
Espero que gostem e vamos a leitura.



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Encarei os enormes portões de ferro negro com estranha melancolia, foram mais de três meses fora e eu, com toda certeza, posso dizer que senti falta de casa. Os dias no exército americano não são nada fáceis, fato ainda mais perceptível quando se volta para o que chamamos de lar. Acenei para Rick, um dos seguranças que ficavam na entrada, que logo correu para abrir o portão.

— Bom dia, Bella! É muito bom revê-la. — cumprimentou-me.

— Obrigada, Rick. Tenha um bom dia.

— Você também. Não esqueça que está me devendo uma luta.

Sorri. Rick trabalhava há muito tempo aqui, muito antes de eu chegar. Era um bom homem, pai de uma linda garotinha de sete anos, fiel escudeiro de Adam e meu principal rival nas lutas de treinamento.

— Não irei, quero completar a tabela de dez vitórias seguidas das nossas lutas. — debochei enquanto seguia pelo longo caminho até a casa e ouvia sua gargalhada ficar para trás. Quando cheguei à calçada, nem precisei anunciar minha chegada, Lucy já estava a minha espera.

— Bella! Tão bom te ter em casa, querida. — exclamou enquanto me abraçava. — Venha, vamos entrar. Você precisa descansar, tomar café conosco, contar como foram as coisas lá e...

— Assim você irá fazê-la querer voltar para o quartel, querida. — a voz grossa de Adam, vinda da cozinha, interrompeu o monólogo de Lucy. — Também queremos falar com ela.

Soltei-me, delicadamente, de uma Lucy envergonhada e fui até ele para dar-lhe um abraço.

— Senti falta de vocês. — confessei e segundos depois senti os braços de Lucy envolver a mim e Adam.

— Nós também, querida. Nós também.

— Não é querendo acabar com o momento ternurinha de vocês, mas também quero falar com Bella.

Gargalhei ao escutar a voz chateada de Meg e virei-me para a escada que ela tinha acabado de descer. Em seus braços estava a pequena e sonolenta Luna.

— Também senti sua falta, sua chata. — abracei-a com cuidado e depois acariciei o rostinho rosado da garotinha. — Ela está cada vez mais linda.

— Puxou a mim. — Meg deu de ombros.

Revirei os olhos com a modéstia da loira, Meg sempre será a Meg. Depois de mais algumas implicâncias, risadas e de matar um pouco a saudade, finalmente fui para meu quarto. Tudo estava do mesmo jeito de sempre: a cama no centro ladeada pelo criado mudo, o pequeno sofá sob a janela, minha confortável poltrona vermelha estrategicamente posicionada embaixo do meu abajur de pé, as inúmeras almofadas espalhadas em que as cores branca e vermelha predominavam no ambiente.

Voltei meu olhar para a cama e encontrei meu, agora nem tanto, inseparável coelho de pelúcia um pouco desgastado pelo tempo. O peguei com cuidado e apertei contra o peito, tantas lembranças que ele me trazia... Balancei a cabeça para me livrar dos pensamentos nostálgicos, deixaria para outro momento. O que eu precisava agora é de um banho, algumas horas de sono e depois tentar entender o que o Cullen me escondia.

***

Narrador Desconhecido:

 

Quartel Militar 01 - Agência Nacional de Segurança, NSA.

 

— E então, o que descobriu?

— Ainda não consegui entrar no sistema, senhor, é complicado não ser identificado. ­— murmurou.

— Como não? Você foi treinado pra isso. Porra! ­— Bob gritou possesso. — Se você não conseguir isso em duas horas estaremos ferrados, aquele merda do Cullen irá descobrir a falta dos carregamentos apreendidos.

— Estou tentando, mas o novo sistema desenvolvido pelo Major Whitlock é seguro ao extremo, além de que falta pouco para que comecem a vistoria dos novatos.

Bob bufou e começou com a irritante mania de andar de um lado para o outro da sala. Revirei os olhos e dei uma tragada no meu cigarro quase esquecido.

— Relaxa, Bob. O carregamento já está longe, mesmo que o General descubra, será quase impossível de acha-lo novamente.

— Diz isso porque não é você que está sob duas miras diferentes, se eu não for pego pelo Cullen, sou pelo chefe. Sinceramente, não sei qual é o pior.

— Com medinho do Cullen? ­— debochei.

— Fica na tua, idiota. — rosnou e voltou-se para o nerd que digitava freneticamente no computador. — E aí?

— Er... Senhor, o sistema acaba de ser bloqueado. Todo e qualquer eletrônico de comunicação usado pelos membros da agência está sendo rastreado e fiscalizado pela equipe, inclusive este computador. — respondeu temeroso.

— Merda!

— Podem me explicar o porque fazerem isso? — pedi.

— É uma medida adotada pelo departamento de tecnologia para identificar um possível infiltrado ou algum idiota que passe alguma informação de dentro para alguém. Basta uma conversa por telefone com algum assunto suspeito e o novato está fora, simples assim. — explicou-me o nerd.

— Quanto tempo até que o sistema volte ao normal? — perguntou Bob.

— Uma semana.

— Mas esse é o tempo até a volta para as missões. — exclamou Bob e o nerd deu de ombros.

— Que falta de sorte. — debochei mais um pouco e recebi um olhar pesado de Bob. — Tudo bem, não está mais aqui quem falou. — levantei as mãos em sinal de paz, depois apaguei meu cigarro e peguei meu casaco. — Tenho que ir.

— Espera. — chamou-me Bob. — Preciso que tire uma pessoa da jogada.

— Quem?

— A Swan. Quero que ligue pra ela e a tire da seleção. Você tem lábia e já fez isso várias vezes, vai saber coloca-la em alguma conversa suspeita e aí... Ela estará fora.

— Por que essa implicância com a garota? — arqueei a sobrancelha em desconfiança.

— Ela é protegida do Cullen por algum motivo, enquanto não descubro o porquê, a quero fora das vistas dele.

— Certo, vou cuidar disso.

***

Swan POV:

Os olhinhos azuis de Luna estavam vidrados no meu rosto e, na medida em que eu mudava as minhas caretas, ela me agraciava com sorrisos banguelas.

— Não acredito, minha filha me trocou pela madrinha. — resmungou Meg pela quinta vez.

— Deixa de ciúmes, Meg, ela ainda é sua filha.

— Mas o primeiro sorriso foi pra você, isso não é justo. — choramingou me fazendo rir.

— Ela só ficou feliz de conhecer a dinda, não é princesinha? — falei infantilmente para Luna que me concedeu mais um sorriso.

— Bella, seu celular está tocando. — Lucy interrompeu-nos e me entregou o aparelho. Encarei o visor com o número desconhecido decidindo-me se atendia ou não. — Não vai atender? — perguntou Lucy sem entender minha hesitação.

Entreguei Luna a Meg que me olhava da mesma forma que Lucy e pedi licença para me retirar para meu quarto. Meu celular ainda vibrava em minha mão quando cheguei lá e tranquei a porta. E agora? Eu obedecia ou não ao Cullen? Poderia ser realmente algum dos meus novos colegas, já que somente entreguei meu número sem ter tido tempo de pegar o deles. E também eles não teriam o porquê de falar nada comprometedor se esse assunto não existia entre eles. Quando me preparei para atender, o telefone parou de tocar.

Ótimo, isso é um sinal.

Sentei-me na cama jogando o celular na mesma. Esse mistério e mudanças de comportamento do Cullen estão me matando, ficar no escuro nesta situação é terrivelmente frustrante. Foram os meus pais que foram vítimas, eu que comecei essa vingança. É a minha vida, droga! Eu tenho direito de saber de tudo e o Cullen vai ter que me explicar tudo direitinho.

Dei um pulo assustada quando o celular voltou a tocar, o mesmo número desconhecido ligava.

E agora? Mais um sinal?

Peguei o celular que vibrava insistentemente, meu polegar moveu-se para a tecla de atender. Verde e vermelho. Uma atendia e a outra cancelava, era só arrastar e dizer alô. Nervosa e decida, apertei a tecla escolhida e em seguida desliguei o celular. Pronto, resolvido o problema. Vou te dar um voto a mais de confiança, Cullen, mas você tem muito que me explicar.

 

***

 

A semana estava passando de forma um pouco entediante, não me leve a mal, era muito bom estar em casa, mas eu já tinha meio que me acostumado com a rotina do quartel, tanto que eu era a primeira a acordar na casa e, antes que estivessem todos à mesa para o café da manhã, eu já tinha terminado meus exercícios matinais.

— Você deveria descansar ao invés de se cobrar tanto, Bella. Deveria sair, se divertir um pouco e não ficar enfurnada naquela academia o tempo todo. — reclamou Lucy.

— Ela tem razão, Bella. — apoiou Adam. — Gosto de vê-la levando a sério o seu treinamento, mas é sempre preciso um descanso.

Suspirei e assenti. Não queria contraria-los e nem retrucar que eu só fazia aquilo por não ter algo a mais que prendesse minha atenção por mais de uma hora, faltavam três dias para eu voltar para o quartel e até agora o Cullen não deu as caras.

— Eu vou tentar. — assegurei vendo-os sorri em seguida. Minutos depois, Alba, nossa governanta, aproximou-se de mim e pediu licença.

— A senhorita tem visita.

— Obrigada, Alba. — agradeci e fui para a sala de visitas sob os olhares desconfiados de Adam e Lucy. Visualizei, com surpresa, uma Angela sorridente no meio da sala.

— Oi, Bella. Tentei falar com você esses dias, mas seu celular parecia desligado.

— É, eu... o perdi. — indiquei o sofá para que ela e sentei ao seu lado. — E então? Como estão as coisas?

— Ah, ótimas. — fez um sinal de descaso com a mão. — Mas vão ficar melhores hoje à noite. Tem uma festa numa boate super badalada e a galera combinou de fazer tipo um happy hour antes de voltar, então vim te convidar.

Eu já estava pronta para declinar do convite, inventando uma desculpa qualquer, quando lembrei da conversa de Lucy agora pouco, talvez fosse o que eu realmente precisava.

— A que horas será isso?

 

***

 

Depois de uma maratona com a ajuda de Meg e Lucy para escolher roupa, sapato, cabelo e maquiagem e de ter ganhado elogios de Adam, finalmente cheguei à boate. Fiquei ainda alguns minutos dentro do taxi até criar coragem para enfrentar a multidão que entrava aos poucos. Procurei por Angela que tinha dito que iria me esperar na entrada e a encontrei ao lado de Mike, pensei duas vezes antes de ir até eles que acenavam freneticamente.

— Até que enfim, Bella, eu já estava criando raízes aqui. — resmungou Mike.

— Oi pra você também, Mike. Estou ótima, obrigada por perguntar e você? — brinquei, fazendo-os rir.

— Chata! — mostrou a língua e puxou-me junto com Angela. — Vamos logo, tenho muitos bofes pra pegar.

A boate estava muito cheia. O ambiente típico, com luzes, fumaça de gelo seco, casais se atracando e outros dançando, conversando e bebendo, era levemente aconchegante. Mike nos arrastou até o bar e pediu uma rodada de tequila, começaríamos a todo vapor, palavras dele.

Depois de mais algumas rodadas, fomos para a pista de dança. Possivelmente por causa do álcool, eu não estava com um pingo de timidez ao dançar. Somente fechei os olhos e segui a música, era bom esquecer um pouco dos problemas. Quando houve a troca da música e escutei Angela gritar junto com Mike a letra, abri os olhos para olha-los, mas eles se prenderam na figura imponente no bar. O Cullen estava malditamente lindo encostado ao balcão e segurando um copo de whisky enquanto me encarava. Pisquei os olhos na dúvida se eu estava o vendo mesmo ou se era só minha imaginação fértil.

— Bella, vamos garota! Vamos dançar! — gritou Mike atrás de mim, virei-me para eles e sorri para que não percebessem minha confusão, mas não resisti e olhei novamente para o bar. Ele não estava mais lá.

Droga, era só ilusão.

Balancei a cabeça para me livrar dos pensamentos e voltei a dançar. Mike dançava freneticamente agarrado com outro cara a alguns passos de mim e Angela tinha sumido, provavelmente estava se pegando com alguém.

Fechei os olhos novamente e concentrei-me na batida. E então alguém me segurou pela cintura e encaixou o corpo ao meu por trás, já me preparava para virar e meter um belo soco na cara do atrevido quando aquela maldita voz gostosamente rouca sussurrou no meu ouvido.

— Eu disse que ia te achar, Isabella.

 


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Notas finais do capítulo

Não esqueçam de comentar! Até mais!

Att,

General C. Magalhães.