Work Of Fire escrita por Clessi Magalhães


Capítulo 13
Quarto A20


Notas iniciais do capítulo

Olá, recrutas!
Mais um capítulo! A todas as meninas que comentaram o último capítulo, meu eterno agradecimento.

Vamos a leitura!



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Faziam exatas quatro semanas que eu estava no treinamento, quatro semanas correndo, escalando, pulando, exercitando. Também eram quatro semanas sem ver o Cullen. Ele simplesmente sumiu, não o via nos treinamentos, nem no refeitório e muito menos no corredor que, supostamente, dividíamos. Corredor este, deveras silencioso e monótono, ótimo para quem precisa dormir cedo para correr, apesar de já ter sido liberada da punição há um tempo atrás, eu ainda mantinha essa rotina.

A minha estadia naquele quarto, como já era de se esperar, levantou muitos questionamentos, chegava a ser cômico a quantidade de pessoas que vieram me fazer a mesma pergunta: O que você fez para o General Cullen? Não adiantava que eu repetisse milhares de vezes o engano ocorrido na inscrição, eles olhavam-me desconfiados e em suas testas franzidas ficava explícita a verdadeira pergunta que queriam verbalizar:

Você está dando para o Cullen?

A única pergunta feita, descaradamente, por Mike, claro. Eu somente repetia a verdade e depois os ignorava.

Ninguém sabia onde o General estava, pelo menos não os recrutas, ninguém tinha coragem suficiente para perguntar a algum agente. Não sabia se gostava ou não disso, de um lado isso era bom, assim eu ficaria longe daquelas sensações desconhecidas, e por outro lado... Bom, isso eu já não sei explicar.

Alguns especulavam que ele estava em alguma missão secreta ou coisa do tipo, o que gerava mais perguntas e comentários admirados pelos inúmeros feitos dele. Como se não bastasse toda a superioridade do Cullen, eles ainda faziam questão de alimenta-la.

— Fico até surpreso que o General tenha descoberto só naquele dia que você estava no nosso quarto. — disse Jacob enquanto comia, era hora do almoço e todos nós estávamos no refeitório. Mais uma vez eles tocavam naquele assunto. — Afinal, o Cullen possui as fichas de todos os agentes no quarto dele.

Levantei o rosto surpreendida.

— Como sabe disso?

— Tenho minhas fontes. — deu de ombros nervosamente.

— Hum... — assenti, os planos já se formando em minha mente. Se isso for verdade, então o Cullen pode ter a ficha completa de Bob, e isso me interessava e muito.

— Bella? Bella?

Saí de meus devaneios quando Angela me chamou.

— Vamos? Já acabou nosso horário, temos que voltar ao treinamento. — a segui até a enorme academia, onde seria o treinamento na parte da tarde de hoje, ela quase saltitava animada na minha frente. — Dá pra acreditar que falta apenas duas semanas para o credenciamento no exército e logo seremos agentes?

— Ainda temos mais três testes. — respondeu Mike, que estava ao meu lado e estranhamente sério. — O escrito, sobre os conhecimentos gerais; o clínico e o psicológico. E se descobrirem que sou gay?

— Como se eles já não soubessem. — retruquei irônica.

— E por que ainda estou aqui? — perguntou confuso.

— Mike, eles não seriam hipócritas de fazer isso. Talvez não sejam preconceituosos em achar que, só por você ter outra opção sexual, você não possa ser um agente especial do exército americano. — respondi e ele suspirou.

— Tem razão, Bellinha, só estou preocupado.

— Deixe isso pra lá, Mike! Logo seremos agentes e você verá que se preocupou a toa. — tranquilizo-o Angela.

Desliguei-me da conversa deles quando entramos na academia repleta de aparelhos, pesos, sacos de boxe, tatames e ringues, e vi Bob conversando com outro agente mais alto, se não me engano, aquele era o Tenente-Coronel Emmett McCarty. O homem alto, loiro e extremamente musculoso, seria sombrio e intimidante se não fosse pelas lindas covinhas que acompanhavam o sorriso brincalhão ao cumprimentar os demais, diferente de Bob que o encarava com a expressão fechada enquanto ainda conversavam. Aproximei-me deles discretamente, curiosa em saber o que conversavam.

— Não pode me afastar do treinamento desta forma, como se eu estivesse fazendo algo errado! — tenso, Bob exclamou.

— Ordens do General e se ele ordenou, então ele tem motivos. — respondeu McCarty calmamente.

— E quais os motivos? — Bob perecia cada vez mais nervoso.

— Terá que perguntar a ele, agora se me dá licença, tenho um treinamento a comandar.

Controlei-me para não rir quando Bob saiu enfurecido, mesmo que isso acarretasse em menos tempo para observa-lo e examinar seus pontos fracos, era gratificante vê-lo ser rebaixado.

— Boa tarde! Sou o agente 042, Emmett McCarty, Tenente-Coronel e comandante do Departamento de Estratégias e, de agora em diante, instrutor de lutas variadas. — apresentou-se e ficou em nossa frente. — Imagino que alguns de vocês tem alguns conhecimentos ou até experiência com lutas, então, quero que estes vão para meu lado direito.

80% se dirigiram para o lado direito dele, inclusive eu.

— Interessante! Isso deixa tudo mais fácil. — falou depois de nos examinar atentamente. — Formem duplas, quero ver o potencial de vocês.

Angela e Mike, que estavam do lado esquerdo, ainda discutiram para quem faria par comigo, mas, ao perceberem em que lado eu estava, formaram eles mesmo uma dubla. Quando eu já estava achando que ficaria sozinha, Emmett parou diante de mim.

— Já que está sem parceiro, fará dupla comigo. — arregalei os olhos, não por achar que não conseguiria lutar contra ele, mas sim surpresa por sua atitude. Já estava começando a desconfiar dessa minha "sorte" aqui dentro. Sem esperar resposta minha, ele virou-se para os outros. — Sem um estilo definido de luta, quero que ataquem seu parceiro e este terá que se defender, sem revidar.

Alguns soltaram exclamações de surpresa e outros pareciam excitados com a ideia. Esse momento de distração quase resultou em um enorme punho fechado direto em me rosto, mas desviei a tempo.

— Ótimo reflexo, recruta! Qual seu nome? — o respondi enquanto desviava de mais socos seus. — Então é a famosa Swan?

Dei de ombros, não me abalando com seu comentário, provavelmente as perguntas começariam novamente.

— O que quer que seja o que está fazendo aqui, continue assim, garota!

Sua fala me surpreendeu a ponto de me distrair e seu soco pesar em meu ombro direito, gemi com a dor.

— Merda! Te machuquei? — perguntou ele, preocupado, enquanto eu massageava o ombro dolorido.

— Tudo bem, eu me distraí. Por que falou aquilo?

— Logo saberá o porquê, Bella. Não precisará de mim para descobrir, agora concentre-se! — juntou meus braços e me colocou em posição de ataque. — Sua vez de atacar.

Mesmo um pouco alheia, revidei com rapidez e força. Ele tentava segurar meus punhos fechados para me imobilizar, porém, antes que suas mãos se fechassem, eu já desviava para outro lugar. Só paramos quando eu soquei, inesperadamente, no meio do seu peito, o deixando momentaneamente sem ar.

— O senhor está bem? — preocupei-me.

— Sim, não se preocupe. — ele respirou fundo e alinhou a postura. — Mandou bem, Bella, seu soco é bem forte.

— Desculpe por isso...

— Deixe de bobagem! Foi ordem minha, você só cumpriu. — disse e depois sorriu. — Teremos uma ótima agente futuramente.

Meu rosto esquentou com seu elogio e o agradeci rapidamente. Depois disso, o Tenente-Coronel McCarty explicou a todos as noções básicas dos tipos de lutas, frisou que não ensinaria o passo a passo de cada uma delas e que aprenderíamos isso por conta própria treinando. Isso durou até uma hora antes do jantar e então fomos liberados. Praticamente corri para o quarto, louca por um banho. Antes de entrar, o quarto A20 prendeu minha atenção. Poderia ser uma atitude louca e suicida, mas naquela noite eu aproveitaria a ausência do General e iria procurar pela ficha de Bob, quanto mais informações eu tivesse dele, mais fácil será derruba-lo. Eu já estava mais que decidida, depois do jantar, quando todos estivessem dormindo e alheios àquele corredor, eu iria atrás de respostas.

[...]

 

Nervosamente, eu andava de um lado para o outro em meu quarto. Perdi a conta de quantas vezes grudei o ouvido na porta em busca de algum ruído que indicasse alguma alma viva que transitasse por perto.

Nada.

Tinha a impressão de que se eu suspirasse, as pessoas iriam ouvir do outro lado do quartel. Exagero? Acredite, nem tanto.

O relógio no criado mudo indicava que já passava das duas da madrugada, uma hora perfeita. Com os pés cobertos por meias e de luvas nas mãos, saí o mais silenciosamente do quarto. A todo o momento eu virava para trás, com medo de que alguém me veja, mesmo vendo o longo corredor vazio. Quando finalmente cheguei a porta A20 foi que pensei na possibilidade de ela estar trancada, que idiotice a minha. Claro que estará, mas não custa nada verificar!

Pedindo aos céus que ela estivesse destrancada, girei a maçaneta bem devagar. Abriu! Ou o Cullen é um esquecido ou ele não se importa de ter documentos confidenciais em seu quarto, onde alguém, tipo eu, possa entrar e pegar algumas informações.

Seu quarto era diferente do meu em duas coisas: Era bem mais confortável, para não dizer luxuoso, e era bem mais impessoal que o meu. Eu tinha uma foto de Meg, Adam e Lucy, escondida, mas tinha. E o Cullen... Possivelmente, não tinha nem escondida. O quarto espaçoso possuía uma cama king size no centro, do lado esquerdo tinha duas portas, que verifiquei e era um banheiro maior que o meu e na outra porta um closet, e do lado direito uma poltrona grande de couro marrom, uma pequena mesa e um armário que ocupava quase toda a parede ao lado da cama. Meu primeiro alvo.

Com o extremo cuidado de deixar tudo como estava antes, comecei a abrir as gavetas repletas de pastas de todos os tamanhos e cores, não dei muita importância por se tratarem de estratégias, relatórios de possíveis terrorismos, documentos de reuniões passadas e entre outros. Somente na quinta gaveta foi que encontrei as fichas organizadas por ordem alfabética e departamento. O Cullen era organizado, mais uma qualidade para o magnifico Cullen. Revirei os olhos com o pensamento.

Uma a uma eu li os nomes, mas para a minha surpresa, a de Bob Diller não estava ali. Não é possível! A ficha de todos os agentes estava ali, até do próprio diabo Cullen, porém de Bob não. Vasculhei mais e não encontrei nada, quando já estava prestes a desistir eis que a ficha de Bob aparece. Diferente dos outros, sua ficha é preta e com letra em vermelho está escrito: Documento extremamente confidencial. Não sei pra quê usam essa frase para nos dizer que não se pode ver, se é justamente ela que nos faz ficar mais curiosos.

Com coração descompassado e as mãos trêmulas, comecei a ler sua ficha. Mal tinha lido as informações superficiais quando escutei passos pelo corredor, meu coração quase saiu pela boca. Rapidamente peguei a pasta e coloquei debaixo da blusa, fechei a gaveta com cuidado e, segundos antes do trinco da porta rodar completamente, me meti debaixo da cama.

Botas pretas e lustradas aparecerem em meu campo de visão, elas iam de encontro ao lado esquerdo, provavelmente para o banheiro, mas de repente voltaram e pararam ao lado direito da cama, bem na frente do armário.

— Devo não ter fechado essa gaveta direito... — gelei ao ouvir a voz confusa do Cullen e prendi a respiração. O caminho que ele fez, do armário até o banheiro, pareceu uma eternidade. Assim que a porta fechou, rastejei para fora do meu esconderijo e, sem pensar nas consequências, saí em disparada do quarto ainda lembrando de fechar a porta com cuidado.

Somente na segurança do meu quarto percebi que ainda prendia a respiração, talvez aquela maldita prova na piscina tenha ajudado em alguma coisa. Essa foi por muito pouco, muito mesmo. Mas como eu ia adivinhar que justamente hoje o Cullen ia dar as caras?

Tirei a pasta de seu "cofre" e coloquei sobre a cama, teria que ter mais cuidado quando a for devolver, mas pensaria nisso depois. Hora de te tirar sua máscara, Bob Diller.

 

 


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Notas finais do capítulo

Espero que tenham gostado, por favor, não esqueçam de comentar.

Beijos e até a próxima!

Att,
General Clessi Magalhães.



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