Lilly Luna Potter Narrando:

Saímos para o camarim colocar roupas normais e é ali que encontro meu pai segurando um enorme buquê de rosas. Seus olhos estão marejados de lágrimas, ao seu lado está James e Albus. Eu franzo o cenho.

O que está acontecendo aqui?

–Lils - eu ouço meu pai sussurrar, abrindo e fechando a boca várias vezes como se não soubesse o que falar. Cruzo os braços.

–Acho que errou de camarim senhor Potter, o camarim da Rose é logo ali - falo apontando para a porta e chacoalhando a mão. Uma lágrima rola pelo rosto de Harry Potter. Acho que o que falei o atingiu em cheio.

–Por que mandaria rosas para uma garota como aquela? - ele finalmente diz.

–E não é o que você vem fazendo todos esses anos? Deixando os espinhos para mim? - retruco dando de ombros, como se aquilo não importasse. O que é mentira, pois meu coração está batendo loucamente e a única coisa que quero fazer é ir desesperadamente abraçá-lo.

–Está na hora de tirá-los, não é mesmo? - ele pede, respirando fundo. Eu sinto as lágrimas vindo e não as contenho e corro para meu pai que larga o buquê no chão e me abraça forte como costumava fazer antes de eu ir para Hogwarts. E sei que tenho meu pai-herói de volta - Eu sinto muito, meu lírio, eu.... Eu... Não tenho o que dizer, nada justifica.

–Tudo bem - eu sussurro, enterrando meu rosto em seu ombro, ele me levanta e me gira - Tudo bem. E a Gina? - não consigo chamá-la de mãe.

–Ela... Ela está enlouquecida - meu pai fala ainda abraçado a mim - Estou indo embora de casa. Há muito tempo as coisas não tem andado bem - ele me solta e coloca suas mãos nos meus ombros - Você nasceu pra salvar nosso casamento, foi a tentativa desesperada dela para que isso não acontecesse - ele respirou fundo, como se o que fosse contar estivesse guardado há muito tempo - Isso só me impediu de ir embora, não poderia levar os três comigo. E continuei. E invés de eseprar você crescer e finalmente ir embora entrei no jogo doentio de sua mãe. E como você não serviu para os objetivos dela, acabou descontando tudo em você. Jogando todos contra você, inclusive Rose.

–Mas... Mas... - eu não sei o que dizer com isso.

A culpa para mim sempre foi de Rose. Ela era a grande vilã e minha mãe alguém que foi levado. Nunca me passou pela cabeça que talvez Gina tivesse feito minha prima me odiar, que eu fosse algo indesejado na família... Talvez eu sempre soubesse, mas tivesse escondido de mim.

Doía ainda mais saber que eu vim como um incomodo. Mas isso também taz sentido a tudo. E a realidade por mais dolorosa que seja, é a verdade. E a verdade é sempre a melhor coisa de tudo.

–Eu, eu... - abaixo a cabeça - Vocês nunca me amaram, então. Nada do que eu fizer, ou o que eu fiz até agora vai fazer grande diferença não é? Vocês sempre quiseram se ver livres...

–Não Lils, não - meu pai me abraça de novo - Eu sempre quis você. Sua mãe que te afastou e me fez acreditar que você não era nada. Mas agora que sei de todas as coisas que você fez, que você faz, das suas notas durante todos esses anos e de todas as coisas horrorosas pelo que você passou. Eu não poderia te amar mais.

Eu estou tremendo nos braços dele e chorando descontroladamente, empurro-o para longe. Agora que sei de tudo isso o toque dele me dá nojo. Nunca poderei perdoá-lo, poderei?

–Dê todo seu amor a Rose, ao Albus e ao James, nunca precisei dele e não é agora que vou precisar - falo friamente me afastando, sinto os braços de Riley me envolver - Você e Gina nunca me quiseram realmente e não precisam me ter. Só me deixem em Hogwarts e em paz.

–Lilly... - eu viro ás costas para Harry Potter.

–Não importa o que você faça agora, nada vai apagar o passado. Vocês nunca me trataram como filha. Sempre jogaram meu amor no poço. E por mais que tenha sido induzido, você fez tudo o que fez. E mesmo que esteja arrependido você era o único que não poderia ter feito isso - jogo essa bomba sem olhar para os seus olhos e saio do camarim. Riley está comigo e no momento é isso que importa.

–Para onde vamos? - ele pede, beijando de leve minha bochecha. E eu dou de ombros.

–Para algum lugar tomar um porre - respondo limpando as lágrimas do meu rosto e indo até uma das passagens que nos levam até Hogsmeade e um dos novos bares que tem na vila.

Riley Black Malfoy narrando:

Não posso falar que não faria o mesmo se fosse eu. Lilly está bebendo descontrolavelmente sem falar uma palavra. E eu só estou cuidando para que não faça nenhuma bobagem. Não que vá fazer. Ela nem parece tonta.

O Senhor Potter está realmente arrependido. Mas o que ele fez com a ruiva por todos aqueles anos não é algo que possa ser perdoado tão facilmente. Lilly só me perdoou porque bem, eu não era da família dela, eu não a conheci desde pequena, ela não era sangue do meu sangue, não era minha filha ou minha irmã.

E ela perdoou os irmãos porque no final de tudo eles ainda a protegiam. E de certa forma sempre a viram ser rejeitada pelos pais, mesmo que de uma maneira superficial. E era verdade, desde que frequento a casa dos Potter, não lembro de ter visto um dos dois terem a abraçado ou insistido que participasse da família.

Todos os almoços e jantas que eu estive por lá, Lilly nunca era chamada a mesa, ou se era, não insistiam que visse. E isso é realmente triste. E de certa forma muito errado. Lilly não deve perdoá-los. Não mesmo.

O que eles fizeram com ela não merece perdão. Foi pior do que o que Rose ou qualquer outra pessoa já possa ter feito contra ela.

–Me leva pra casa Riley - ela sussurra depois de um tempo, sua voz está distante.

–Casa?

–É, para Hogwarts, afinal de contas, por mais fodido que tenha sido a minha vida por lá, é o único lugar que eu chamei de casa por todos esses anos - ela fala isso e então acaba meio que desmaiando no balcão. Eu respiro fundo e a pego no colo, levando-a para Hogwarts, direto para a enfermaria.