Lilly Luna Potter narrando:

            Eu vou cantar e de certa forma a música que escolhemos é um grito para todos nós, e para todos aqueles oprimidos pela vaca da minha prima. Talvez seja a única vez que todos possam me ver em um palco, e por isso decidiram que eu vou cantar, estou nervosa, mas sei que não preciso ter medo.

            Assim que me levanto e olho no espelho eu sorrio, eles deixaram meu cabelo solto em um estilo meio rebelde, colocaram o estilo de chapéu que eu amo, estou com os olhos super destacados, e um batom em um tom meio preto, mas não muito forte. Estou parecendo uma daquelas bad girls, disposta a matar alguém. Estou com uma calça de couro colada, o que deixa minhas coxas bonitas, estou com um sapato de salto alto fechado, que mais parece uma bota. Estou com uma regata preta também, ela é justa e destaca meu corpo, e está escrito “Ich Bin Nitch” em branco na frente. Estou com braceletes, um colar de guitarra e brincos de caveirinha, tudo de prata. Sorrio para o meu reflexo, não pareço indefesa e assustada, como me sinto.

            Os meninos me olham de cima a baixo, e eu os analiso. Hugo está com um chapéu igual ao meu, com uma camisa social preta meio aberta, uma calça jeans de lavagem clara e um all star. Jason está com uma calça jeans azul escura, e uma camisa de banda por baixo de uma camisa social que está aberta, ambas são pretas, e está descalço, seu cabelo está uma bagunça. Olho para Riley, e esqueço como se respira.

            Quando as meninas dizem que ele é bonito, elas estão usando um eufemismo. Ele está com uma calça jeans preta, e de all star preto bem gasto, seu cabelo está bagunçado de uma maneira rebelde. As mulheres contornaram seus olhos com lápis preto, porém não ficou algo feminino, ele ficou parecendo um rebelde meio drogado com aquilo, algo perfeito para o visual da banda. E não sei quem teve a brilhante ideia de deixá-lo ir com uma camisa social preta aberta, revelando o abdômen perfeito que ele tem. Ele está lindo, e só pelo fato de estar quase sem camisa vai levar a plateia feminina à loucura.

            -Vocês estão perfeitos – a mulher disse para nós e sorriu – E prontos bem na hora, vocês fecham o show, e se preparem, porque só falta uma banda para isso.

            Nós nos olhamos e nos reunimos em um abraço grupal, ficamos até nos chamarem, e então unimos as mãos no centro, e as jogamos para o alto, gritando o nome da banda.

            Entramos e todos berram, porém assim que me reconhecem um silêncio percorre toda a plateia e quase consigo ouvir as vaias, os meninos se ajeitam e eu vou até o microfone e dou um sorriso irônico.

            -Senhoras, senhores, senhoritas, apresento a vocês Ich Bin Nitch – eu falo, e então Riley começa a tocar, vindo para o meu lado e as meninas começavam a assoviar. E eu comecei a contar o tempo balançando minha cabeça no ritmo da música.

            Tell me where our time went

(Me diga onde foi parar o nosso tempo)
And if it was time well spent

(E se ele foi bem gasto)
Just don't let me fall asleep

(Apenas não me deixe adormecer)
Feeling empty again

(Me sentindo vazia novamente)
'Cause I fear I might break

(Porque eu temo que posso ceder)
And I fear I can't take i

( E eu temo que não possa aguentar)
Tonight I'll lie awake

(Esta noite vou deitar e ficar acordada)
Feeling empty

(Me sentindo vazia)

            Começo a cantar soltando todas as minhas emoções, escuto a plateia ficar em silêncio absorvendo a minha voz, espero por vaias, escuto apenas algumas, e então alguém começa a berrar de satisfação e mais vozes se unem ao coro, e logo eu abro os olhos, vejo todo mundo dançando loucamente, e Rose me olha com raiva. Sorrio para ela.

            Vou até Riley e começo a cantar perto dele, enquanto ele toca a guitarra, a conexão entre nós me faz ter coragem e não vacilar.

            I can feel the pressure

(Eu posso sentir a pressão)

It's getting closer now

(Está chegando mais perto agora)

We're better off without you

(Nós estamos melhor sem você)

I can feel the pressure

(Eu posso sentir a pressão)

It's getting closer now

(Está chegando mais perto)

We're better off without you

(Nós estamos melhor sem você)

            Lembro das coisas que estão por vir, lembro da guerra interna que estou travando, mas nada importa, estou cantando e libertando minhas emoções, dou a entonação correta e não erro nem uma palavra. Saio um pouco de perto de Riley e vou para a beira do palco.

Now that I'm losing hope

(Agora que eu estou perdendo as esperanças)

And there's nothing else to show

(E não há mais nada a mostrar)

For all of the days that we spent

(Por todos os dias que passei)

Carried away from home

(Levada pra longe de casa)

Something's I'll never know

(Algumas coisas eu nunca vou saber)

And I had to let them go

(E eu tenho que deixá-los ir)

I'm sitting all alone

(Estou sentanda sozinha )

Feeling empty

(Me sentindo vazia)

            Fecho os olhos por um momento, e deixo a energia de todos fluírem, preparo minha voz para o refrão e assim que começo a cantá-lo, escuto todo mundo repetindo comigo, abro os olhos e vejo muitos olhares admirados.

            I can feel the pressure

(Eu posso sentir a pressão)

It's getting closer now

(Está chegando mais perto agora)

We're better off without you

(Nós estamos melhor sem você)

I can feel the pressure

(Eu posso sentir a pressão)

It's getting closer now

(Está chegando mais perto)

We're better off without you

(Nós estamos melhor sem você)

            Deixo Riley vir para onde estou na parte em que fica só a guitarra, mas assim que é minha vez de novo, reúno novamente tudo o que sinto e vou para o lado dele e canto com toda a minha energia, emoção, raiva, amor... Nem sei descrever.

Something's I'll never know

(Algumas coisas eu nunca vou saber)

And I had to let them go

(E eu tenho que deixá-los ir)

Something's I'll never know

(Algumas coisas eu nunca vou saber)

And I had to let them go

(E eu tenho que deixá-los ir)

I'm sitting all alone

(Estou sentanda sozinha )

Feeling empty

(Me sentindo vazia)

            A música está prestes a acabar e estou me deliciando com tudo aquilo, olho mais uma vez para Rose, e não vacilo, não sinto medo. Eu estou em cima do palco, vejo pelas roupas que ela está e o lugar, que ela também está em uma banda, mas ela nunca será tão boa quanto eu. Não nisso. Termino a música com um olhar provocativo para ela, não posso deixá-la vencer. Não mesmo.

            I can feel the pressure

(Eu posso sentir a pressão)

It's getting closer now

(Está chegando mais perto agora)

We're better off without you

(Nós estamos melhor sem você)

I can feel the pressure

(Eu posso sentir a pressão)

It's getting closer now

(Está chegando mais perto)

You're better off without me

(Você está melhor sem mim)

            -EU SOU LILLY, ESSE É RILEY, HUGO E JASON – eu berro no microfone assim que termino a música, e todo mundo berra, assovia e bate palmas – E NÓS SOMOS OS ICH BIN NITCH, NÃO ESQUEÇAM DESSE NOME, E FELIZ HALLOWEEN – todo mundo berra junto comigo, e a moça que está apresentando nos parabeniza e então saímos do palco sendo aplaudidos e todo mundo grita o nome da banda, é uma coisa muito maluca, mas aproveito a sensação de ser amada e pela primeira vez na vida não ligo que logo tudo vai ser um inferno de novo, só quero aproveitar o momento.

Riley Black Malfoy narrando:

            A maquiagem não ficou tão ruim, não para uma apresentação, e as meninas adoraram minhas roupas, mas não é isso que me interessa agora, assim que saímos do palco vejo Lilly sorrindo, sei que aquilo a deixa sentindo-se completa e com vontade de viver, e eu não quero deixá-la na festa para Rose atormentá-la.

            A mulher que apresenta berra que o resultado só sairá em um mês e que a festa vai começar, eu seguro Lilly por uma das mãos e ela levanta uma sobrancelha para mim, que apenas dou um sorriso e a faço vir comigo até a torre de Astronomia.

            Chega a ser incrível como em pouco tempo de festa já tenha gente chapada e bêbada e como os professores estão fingindo ignorar tudo isso. Lilly está confusa, mas não diz nada, ainda está um pouco entorpecida pelo efeito da música em seu corpo e mente.

            -Onde estamos indo Riley? Na torre de astronomia? – ela fala quando estamos quase chegando, e eu faço que sim com um gesto de cabeça, e assim que chegamos a Torre está vazia e a noite perfeita – Por que está me trazendo aqui? – ela pede se se encostando ao parapeito da torre e olhando para o céu.

            -Não sei, não quero ficar na festa, e sei que Rose vai aprontar algo, não quero te ver mal, não hoje – eu respondo, passando meu braço em volta do corpo dela e olhando para o céu.

            -Por que não hoje? – finjo que não escutei a pergunta – O que achou da apresentação?

            -Você continua linda, mas você não tem noção de como parecia poderosa em cima daquele palco cantando e provocando a Rose com olhar – ela cora ao ver que eu percebi o que ela fez – Não está errada, você é boa Lilly, tem que mostrar a ela.

            -Meus pais não acreditam em nenhum talento meu...

            -Ei, eu sei que a opinião deles importa bastante, mas eles estão envenenados, Lilly. Além do mais, não são eles que precisam acreditar, basta você acreditar – eu falo para ela.

            -Eu... Eu acho que acredito...

            -Tenha certeza, porque eu tenho certeza ruivinha, que você tem talento e que o mundo será seu, só não pode desistir de lutar por isso – ela olha para mim, vejo um brilho em seu olhar tão diferente, ela ainda está sob efeito da música, mas sei que ela está decidida a mudar.

            -Mas como posso vencer Rose e fazer meus pais acreditarem em mim? – eu mordo o lábio com a pergunta então olho para ela.

            -Você não conseguiria falar tudo o que sente para eles, né?

            -Não se eles não tocarem no assunto antes – ela sussurra para mim e eu tenho uma ideia, uma ideia brilhante.

            -Vá para casa no natal – eu sussurro para ela – Cante, jogue quadribol e mostre que pode ser diferente, não conte nada dos seus problemas. Só faça o suficiente para que Gina e Harry te mandem para cá de novo – ela arregala os olhos para mim – Se nós ganharmos, o nosso último show aqui em Hogwarts com as bandas das outras escolas, os pais virão, e nesse show vamos ter que apresentar cinco músicas, duas delas vão ter que ser de nossa autoria – ela pisca confusa para mim, e então dá um meio sorriso – Conte sua história nessa música, eles vão entender, se não entenderem, pelo menos vão ter orgulho por ter chego até lá.

            -Se eu não ganhar vão esquecer do meu triunfo... – ela sussurra e olha para o céu mordendo o lábio.

            -Foda-se, você vai ter chego lá e isso que importa. Se eles voltarem a te tratar mal eu roubo você da sua casa e faço você morar comigo – ela cora com o que eu falo e eu sorrio.

            -Se nós ganharmos, Riley, quando eles vierem me dar os parabéns eu vou contar tudo, vou mostrar minhas cicatrizes e vou revelar toda a culpa que eles têm nisso – ela fala olhando para o céu, seus olhos parecem tão profundos, porém, não estão com medo.

            -Você poderia fazer isso agora...

            -Eles só teriam vergonha e diriam que é mentira – ela retruca e dá um sorriso – Mas se eu conseguir algo que só por mérito eu conseguiria, então eles vão estar um tanto quanto orgulhosos e aí eu vou falar a vergonha que eu tenho por ser filha deles.

            -Você sente vergonha por ser filha de Harry Potter? – pergunto, qualquer bruxo acharia aquilo uma honra e teria orgulho.

            -Sinto – ela responde – Ele pode ter salvo o mundo bruxo, mas acabou com a vida da própria filha – eu a abraço forte e beijo seus cabelos.

            -Hoje é meu aniversário – eu comento para ela.

            -Tá falando sério? – Lilly olha para mim e eu assinto, e então ela simplesmente passa os braços em volta do meu pescoço me abraçando e me deixando entorpecido com seu cheiro maravilhoso – Vem, vou pegar algumas coisas para podermos comemorar

            -Eu não comemoro aniversários... – eu sussurro, mas ela ignora e me tira da Torre de Astronomia, levando-me até a frente de uma estatua, ela manda esperar e então desaparece e logo depois volta com um monte de doces e algumas cervejas amanteigadas – Você foi para Hogsmeade? – ela sorri e dá de ombros e então me puxa de volta para a Torre de Astronomia, e passamos o resto da noite conversando, fazendo planos, e cantando algumas músicas, comendo e tomando cerveja amanteigada. Lilly parece feliz, e pela primeira vez, tenho um aniversário que valeu a pena.