Riley Black Malfoy narrando:

            Saio do ensaio e vou caminhar calmamente pelo lago, Rose não havia mostrado a cara depois da cena de manhã, e eu sei que Lilly consegue se virar, e que logo, logo ia ficar perto do Albus e do Scorpius. E que os dois iam cuidar dela tão bem quanto eu cuidaria.

            Não me agrada a ideia da ruivinha ser protegida pelo Scorpius, ele é meu primo, confio nele e sei que não está enganando ninguém. Porém não consigo imaginar aqueles dois juntos, é razoavelmente irritante pensar no Scorp abraçando-a e beijando-lhe o rosto ternamente, e quem sabe até os lábios. Deus sabe como Scorpius tende a se apaixonar rápido por meninas e conquistá-las mais facilmente ainda.

            Odeio admitir, mas o que sinto parece ciúmes. Tento tirar os pensamentos da minha cabeça, mas é inútil. Então para não ficar com raiva de alguém que eu confio inteiramente, lembro-me de Lilly, de seu rosto, de seus lábios, e novamente penso em como foi seu treino.

            Em como e despiu na frente dos tarados da grifinória, e em como eles devem ter se deliciado com a visão daqueles seios fartos, redondos e tentadores. Em como devem ter percebido seu belo corpo e suas coxas delineadas. Em como ela deve ter corado com isso, e em como seu rosto deve ter ficado belo. Penso em como ela ficaria sexy daquele jeito e em como se ela fosse do meu time eu a desejaria, e a conquistaria e a levaria para a cama. Sei que Lilly é puritana e santinha, mas esse tipo de menina eram as que tinham mais fogo na cama. Tento não ficar excitado com as imagens que imagino, de Lilly comigo, é quase impossível.

            -Riley – eu praticamente esqueço das imagens excitantes só de ouvir a voz irritantemente melada de France. Como fui transar com uma menina daquelas? Ela era encrenca e o pior de tudo, não tinha quase corpo, a única coisa de bela eram os olhos, azuis vibrantes e que nem se comparavam aos de Lilly.

            -France – falo com a minha voz fria, e tiro o sorriso do meu rosto, tento deixar claro desse modo o quanto não a desejo e a desprezo. Ela se aproxima apesar de tudo e dá um sorrisinho.

            -Você sabe que não é o único cara com quem eu transei nos últimos tempos, e que eu não tomo cuidados, porque tomo poções – ela deu um sorriso melado e senti os pelos da minha nuca se eriçarem, isso significava problema, e dos grandes – Só que algo saiu errado e eu estou grávida.

            -Você o quê? – peço como se não estivesse prestando atenção, mas a verdade é que me xingo mentalmente. Sou uma panaca inútil viciado em sexo fácil e meninas que transem sem camisinha. Isto é, realmente frustrante, eu não estava preparado para ter um filho, ainda mais com aquela vadia. Claro que tinha a chance de não ser meu, mas Rose não a deixaria falar isso se não fosse, berrei mentalmente comigo, porém mantive meu roto impassível.

-Estou grávida Riley – ela sorri maldosamente – Você pode não ser o pai, estou em dúvida entre você, o Yan e o John. Tem uma poção que dirá quem é o pai, mas demora um mês para ficar pronta. A Madame Lynn – também conhecida como ajudante da Madame Ponffrey – está a fazendo. Só queria lhe avisar, porque você precisa comparecer para o teste. Vai ser na manhã do baile do dia do Halloween. 

-No meu aniversário – dou de ombros – Estarei lá.

-Olha que legal, se você for o pai, vai ganhar um ótimo presente, um filho para criar – e então ela me dá as costas e eu bagunço meus cabelos, passando a mão no rosto e jogando uma pedra no lago. Odeio Rose e seus planos, odeio minha burrice, e odeio o fato de que aposto que Lilly irá me odiar ainda mais por isso quando souber, e eu sei que sou eu que tenho que contar se não Rose vai fazer de uma maneira horrível.

Sei que a ruiva não sente nada por mim, mas... Tento não pensar em nada e saio em um passo apressado, deixo meus pés me guiarem, normalmente eles sabem onde Lilly está. Sorrio ao ver aqueles inconfundíveis cabelos ruivos indo para a biblioteca, seguro seu braço e quase levo uma cotovelada, mas ela para o golpe e dá um sorriso involuntário e encantador quando vê que sou eu. O sorriso se apaga, assim que ela olha para os meus olhos.

-Desculpa – ela sussurra, eu dou um sorriso encantador e tento deixar a minha expressão suave – O que aconteceu?

-Nada – sorrio tentando tirar o foco, não sei se estou pronto para falar a notícia horrível que recebi a pouco – Está indo fazer algum trabalho na biblioteca?

            -O que aconteceu Riley? – ela ignora minha tentativa de mudar de assunto, sei que estou em estado de choque, a ideia de ter uma criança e a mãe ser a France é horripilante.

            -É... É... – eu suspiro e então sem enrolar mais falo o que estou pensando – A France tá grávida, e o filho provavelmente é meu – Lilly arregala os olhos e dá um passo para trás, ela respira fundo e passa a mão no rosto.

            -Riley, você é um idiota – ela fala calmamente, e vejo em seus olhos desaprovação – Você transou com uma garota e não usou camisinha? Caramba, espero mesmo que você seja o pai para ver se para de ser tão burro – eu a encaro perplexo, e vejo em seus olhos muita raiva.

            -Lilly... Eu... Eu sei que sou tudo isso, mas porra... O que eu faço agora? – ela revira os olhos e manda-me explicar a situação, falo da poção teste que vai acontecer dali um mês.

            -Você espera e reza Malfoy – ela responde depois de escutar tudo o que tenho a dizer – É isso que você faz agora.

            -E se eu for o pai? Não vou conseguir ser um bom pai, vou ter que desistir da escola e...

            -Se você for o pai você tá fodido – ela responde e dá de ombros, eu passo as mãos no meu cabelo preocupado, pela primeira vez na vida tenho vontade de chorar e não é só por estar desesperado com a possibilidade de ter um bebê, mas por Lilly estar me tratando com frieza. Ela me encara e morde o lábio.

            -Eu... Eu... – não consigo falar nada, então Lilly larga as coisas dela no chão e me abraça, seus braços são firmes, ela é batedora apesar de tudo, porém, de todas as meninas que já me abraçaram do mesmo jeito que ela, passando os braços em volta do meu pescoço, eu nunca me senti tão bem, tão seguro e tão em paz quanto fiquei nos braços da Lilly.

            -Vamos dar um jeito, Ri. Scorp, Al e eu não vamos te deixar nessa sozinho –  eu olho para Lilly, e vejo que seus olhos estão preocupados, mas a única coisa que penso é em seus lábios tentadores – Fique calmo, o filho não deve ser seu, é só uma maneira de fazer você ficar mal, isso é típico de algum plano da Rose – ela me dá um beijo na bochecha, mas movo sem querer meu rosto, e seu beijo é quase em meus lábios. Sinto uma corrente elétrica passar pelo corpo, e tenho vontade de puxar Lilly e a beijar, beijar de verdade, porém me contenho e não faço nada.

            -Obrigado, minha pequena – eu falo ainda abraçado a ela, e ela passa uma das mãos confortavelmente na minha nuca, enroscando meus cabelos entre seus dedos de uma maneira que eu adoro.

            -Vem, vamos sair daqui, precisamos falar com os meninos – ela sussurra e pela primeira vez ela me puxa, segurando a minha mão e sinto como se Lilly fosse meu porto seguro.

Uma semana depois... 

Lilly Luna Potter narrando:

            Fiquei com raiva de Riley quando ele me contou sobre a France, mas quando entendi o que estava acontecendo me acalmei e agi rápido. Riley não precisou falar que aquilo era um plano da Rose, e eu tinha quase certeza que ele não era o pai da criança de France e tinha minhas dúvidas sobre a gravidez dela.

            Puxei Riley pelos corredores de Hogwarts, falei tudo o que precisávamos falar para os meninos, e então deixei-os conversando. Não sei o que decidiram lá, mas a semana que se passou depois disso foi extremamente quieta. Os três estão ainda extremamente quietos e tinham deixado um pouco de lado a minha “segurança”.

            Eu sempre estou com um deles, claro que sim, eles ainda se preocupam comigo. Mas a verdade é que eu estou preocupada. Eu e Riley temos ensaios com a banda que Minerva nos colocou, e quando cantamos ou tocamos juntos temos uma ligação muito forte, mas sinto que ele está distante quando acabamos de cantar e saímos do ensaio.

            Ele está se afastando de mim, e sei que é porque está preocupado, e sei que é o objetivo da Rose. Estamos saindo de um ensaio, eu guardo meu violão e suspiro. Não sabemos quem são os outros no projeto de música, então não fazemos a menor ideia de com quem vamos competir, uma coisa que começamos a fazer nos ensaios era discutir quem poderia ser. Riley sempre sai da sala antes disso e fica me esperando lá fora.

            Então hoje decido que não vamos falar sobre possíveis oponentes, e Hugo e Jason parecem entender, acho que a notícia da gravidez da France se espalhou para a escola inteira, e a maioria havia ficado do lado dela, de querer descobrir quem era o pai e obrigar o menino que for a ficar com ela e com a criança. Todos apostavam em Riley, e eu sabia que apesar de não falarem Hugo e Jason achavam que eu e ele estávamos juntos.

            -Lils – meu primo me chama antes que eu vá atrás de Riley, ele já está no corredor me esperando – Eu sinto muito pelo Riley, a France quer acabar com o namoro de vocês, isso não parece certo, vocês são tão perfeitos juntos...

            -Eu não estou com o Riley, Hugo – sorrio triste – Eu só não quero que a France acabe com a vida do Riley e do filho que ela deve estar esperando...

            -Sério que você não é namorada dele? – Jason dá um sorriso para mim, eu faço que sim com a cabeça – É bom saber disso, lindinha – coro com o lindinha, digo tchau para os meninos e vou lá fora, para perto do Riley, ele está sentado em um canto, com os olhos fechados. Sento do seu lado e passo a mão em seus cabelos.

            -Riley... – eu o obrigo olhar para mim – Eu sei que é difícil passar por isso e que está nervoso, mas tenha esperança. Rose está tão quieta nos últimos dias porque está amando te ver mal – seus olhos brilham de raiva quando falo em Rose, controlo meu corpo para não tremer, aquele olhar fora lançado muitas vezes para mim e eu ainda tinha medo – Você precisa relevar isso, ser mais forte, ignorar, como você faz. Você precisa voltar a pegar todas as meninas, e achar a menina mais gostosa de Hogwarts para ir com você na festa de Halloween, como sempre – ele solta um suspiro, mas dá um leve sorrisos – Se você fizer isso, parecer confiante, Rose vai ficar com medo, e France também e tudo o que estão fazendo vai parar.

            Sim, não cheguei a comentar, mas elas estavam mandando cartas horríveis para Riley, e ele foi inclusive falar com a McGonagall. Ele estava sendo aterrorizado, e algo me dizia que logo Rose pediria para ele voltar para o grupinho dela, e voltar a me maltratar e assim o deixaria em paz, e mentiria para todos sobre a gravidez de France, deixando-o como inocente, mesmo que ele não fosse o pai, ou fosse.

            -Eu vou tentar Lilly – ele sorri para mim, daquele jeito maroto dele e se não fosse pelos seus olhos eu acharia que tudo está bem.

            -Tá – eu dou de ombros, e então ele levanta e me acompanha para o meu Salão Comunal, dou um beijo estalado na sua bochecha e ele bagunça meus cabelos.

            -Você jura que não vai me odiar se eu virar um galinha, de novo? – ele pede para mim antes que eu entre pelo buraco da Mulher Gorda.

            -Está pedindo permissão minha para pegar meninas?

            -De certa forma... – ele dá um meio sorriso.

            -Riley, faça o que for melhor para você, pequeno – eu dou um sorriso, ignorando a pontada de ciúmes que eu sinto em pensar nele com outras meninas e entro para o Salão Comunal, onde Al e Scorpius logo me chamam para sentar onde eles estão, e Scorpius passa os braços em volta de mim, aconchegando-me em seus braços, como virou costume desde que quase nos beijamos.