Riley Black Malfoy narrando:

Por algum motivo me sinto muito mal por Lilly ter me visto beijando France, esse é o nome da garota. Ela só pediu um beijo e eu dei, algo me diz que Rose mandou, achando que Lilly gosta de mim e que isso a machucaria, e me preocupo com a hipótese.

E ainda estou preocupado lembrando que depois do treino, o vestiário é junto e é costume todo mundo se despir um na frente do outro, algo me diz que isso pode traumatizar a Lilly para sempre, ela parece tão pura, que tenho medo de largá-la no meio de pervertidos. Não que eu não seja um, mas não sou assim perto dela, parece tão errado mostrar meu lado falso, que é frio e insensível perto da ruivinha.

É de manhã e me arrumo rapidamente o que faz meu cabelo ficar bagunçado, minha gravata desajeitada e toda a minha veste um completo caos, mas não ligo, meu estilo é meio bagunçado, pelo menos quando estou preocupado, e eu estou, não quero que Lilly tenha uma recaída e voltemos a estaca zero. Eu sei, é presunçoso supor que ela goste de mim, ma deve gostar, ou será que as coisas que eu fiz vão fazer que no máximo ela me ache legal e nunca ame um garoto?

Desço para onde é a entrada do Salão Comunal da grifinória e peço para Black pedir para Lith onde Lilly está, ele rapidamente me diz que ela está descendo. Encosto-me na parede e espero, porém ela demora. Estranho isso será que ela está mal, ou Rose aprontou alguma coisa?

Estou prestes a falar com Black me ajudar a entrar, mas assim que penso na possibilidade Lilly saí rindo com Albus e Scorpius, eu prendo a respiração e a olho de cima a baixo, ela está linda. Está com a blusa do colégio um pouco mais aberta o que deixa um sutil decote o que faz seus seios belos ficarem destacados, a gravata dela pende desajeitada e ela está com um colar com o pingente de uma nota musical dourada. A saía está um pouco mais curta que o natural, a cima dos joelhos o que mostra as belas pernas, e ela está com um sapato preto de salto. A veste parece um acessório em seu look despojado e ao mesmo tempo parecendo super estiloso, e o chapéu preto que ela está usando deixa tudo perfeito, não esconde seu rosto, deixa-o ainda mais belo. Não é bem um chapéu bruxo, porém muitas bruxas inglesas o usam, ele tem uma aba curva atrás e na frente era mais reto, porém as abas são curtas e ele não é pontudo, e sim normal como chapéus trouxas. Sem contar que a Lilly está com uma maquiagem tão perfeita que a deixa tão linda e não a esconde que eu fico impressionado, ela poderia ser confundida com a garota mais bonita de Hogwarts se fosse popular.

-Não sabe mais como respira, primo? – Scorpius comenta rindo, vem me cumprimentar e o fuzilo com o olhar, Lilly revira os olhos, mas dá uma leve corada. Albus me cumprimenta e então Lilly me dá um beijo no rosto, o lugar que ela beija fica quente, e eu quase coro com o gesto.

-Bom dia, Ri – ela fala com a voz quase melodiosa. Meu ego fica ferido ao perceber que ela não me ama, ou pelo menos não gosta de mim do jeito que eu pensei que ela gostava, não parece abalada com o que viu, e está tão bela. Parece dar um troco a minha estupidez por ficar com outra se mostrando bem e disposta... Mas por que ela daria um troco em mim se eu não gosto dela? Ou gosto?

-Bom dia, princesa – eu falo sem perceber o que estou falando, que merda foi essa de princesa? Ahhh eu prometi que só chamaria de princesa meninas bonitas e que eu não foderia com o coração depoi, ou seja, eu nunca chamei nenhuma menina de princesa. Será que a Lils passou algum perfume que fode com neurônios de Malfoy, ou eu que estou pirado? Ela cora violentamente com isso, e percebo que Albus bufa com ciúmes, mas revira os olhos, como se soubesse que eu não faria nada.

Vamos tomar café, conversamos um pouco, porém Lilly não participa muito, Lith a acompanha e parecem estar conversando mentalmente, eu poderia ouvi-las, mas não faço isso. Sei que Lith me mataria, e talvez até a ruivinha se ela estivesse com a coragem que parecia arder em seus olhos.

Vejo que assim que entramos no Salão, Lilly tira a varinha das vestes e tira a franja do olho, e eu vejo que ela está com um anel de ouro com um rubi, e brincos em forma de violão, ela está linda. E vejo em seus olhos coragem, mesmo quando eu estava do lado de Rose, eu nunca havia visto os olhos dela daquele jeito, até agora.

Rose se levanta, ela está com a saia super curta, a camisa da escola que deixa a barriga aparecendo, o decote super apertado, ás vestes ajeitadas, com um sapato de salto alto, o cabelo está preso em um rabo de cavalo, está cheia de joias e parece uma vadia. Mas espera, ela é uma vadia. Algumas garotas que estão com o estilo parecido levantam atrás dela. Lilly arqueia os lábios em um meio sorriso.

-Vou ser recebida pela corte de honra da rainha das vadias – ela comenta, e eu a encaro, aquela decididamente é uma Lilly diferente da que eu estava aprendendo a conhecer.

-Quem é você e o que fez com Lilly Potter? – eu pergunto, e Lilly sorri e pisca para mim de um jeito angelical.

-Estou deixando a Lilly agir, e estou matando aos poucos a Lilly que me forçaram a ser – ela diz isso, me dá um beijo na bochecha e saí com passos firmes, queixo levantando e varinha em punhos para a mesa da grifinória. Eu só fico parado a olhando com cara de bobo e tentando não babar.

Lilly Luna Potter narrando:

Hoje eu coloquei as roupas que eu sempre quis colocar, não estou com medo do que pensem ou do que falem, quero me sentir bem e bonita e mostrar pro Riley que eu não sou tão indefesa quanto eu estava sendo. Só estava fragilizada e agora eu me reconstruiria aos poucos.

Por isso, dou um beijo na bochecha do Riley e sigo para a mesa da grifinória, sei que Scorp e Al estão me seguindo, a medida que me aproximo Rose e suas vadias se aproximam de mim, eu as ignoro e sento calmamente na mesa, servindo-me de suco de laranja. Lithium foi caçar na floresta proibida com Black, então Rose não vai hesitar em se aproximar, deixo minha varinha na minha mão por precaução.

-Costume estranho o seu de tomar suco com a varinha na mão – Rose comenta e senta do meu lado – Aliás, amei a camisa – ela está pegando o suco para jogar em mim e já começa a falar – Pena que... – quando eu frustro seu ataque apenas apontando a varinha para o copo e o fazendo se esvaziar, e o líquido cair na frente da Rose, ela arregala os olhos, porém não perde a pose.

-Obrigada, e nossa parece que esse céu de Hogwarts tá ficando maluco, né? Tá chovendo suco de laranja – eu dou um meio sorriso sarcástico e escuto Scorpius e Albus rirem.

-Se manda daí Rose – escuto a voz de uma garota que eu não conheço falar, Rose a encara e levanta com a varinha em punhos e coloca na garganta da garota.

-Como ousa falar comigo assim, Lola? Sei coisas sobre você e não tenho medo de contá-las para o mundo – digno-me a olhar para a garota, ela tem o cabelo curto e preto, usa óculos grandes, porém de uma maneira que deixa seus belos olhos azuis destacados. Está com a veste personalizada de uma maneira mais masculina e logo me ligo quem ela é.

-Conte-as que eu conto como foi divertida a nossa noite de sexo lésbico para toda a escola – ela fala em uma voz baixa e sei que só eu escutei aquilo. Rose fica pálida e se afasta com o olhar furioso e vai para o seu lugar. Os professores entram no Salão bem na hora que Rose senta, e Lola senta do meu lado.

-Oi – ela fala suavemente e sorri – Você é a Lilly, certo?

-Certo – eu respondo com um sorriso, já tinha visto aquela garota em algum lugar fora de Hogwarts... Talvez em algum lugar que eu tocasse nas férias...

-Por acaso não é conhecida como Swetty no ForthSquare? – eu suspiro, lembrando-me do meu refúgio favorito nas férias onde eu ia cantar sempre, eu suspiro e mordo o lábio, não sei se confirmo ou não, mas de algum modo eu sei que não adianta mentir.

-Isso mesmo, por quê? – ela sorri com a minha resposta e me entrega uma carta.

-Vamos ter aula de música em Hogwarts e a Minerva me deu isso, ela disse que era para você, mas não acreditei, só depois que te vi arrumada assim que lembrei da Swetty e achei vocês parecidas, então não pude jogar isso fora, como Rose sugeriu que eu fizesse – eu ergo uma sobrancelha – Além do mais, você é boa demais para que eu deixasse Rose tentando te humilhar sem fazer nada, então tá aqui – ela dá um sorriso, entrega-me uma cartinha e saí do meu lado para ir sentar do lado de uma amiga, ou quem sabe namorada? Não me importa, guardo a carta no bolso, e os meninos me encaram. Principalmente meu irmão.

-Você canta? – Scorpius pergunta, ele não me conhece então fico de boa com a pergunta.

-Sim – dou de ombros.

-Você sabe tocar algum instrumento musical? – tenho vontade de pular no pescoço de Al, se bem que ele nunca entrara no meu quarto, ou pelo menos faz uns sete anos que não entra, foi nesse meio tempo que aprendi a tocar: piano, violão, violino e flauta doce.

-Só toco piano, violão, violino e flauta doce – respondo comendo um morango e ouço Al dar um suspiro frustrado por conhecer tão pouco de mim, e então ele dá um sorriso bobo.

-Era você tocando o piano pela casa? Esse tempo todo? – eu faço que sim com a cabeça e ele sorri – Você toca bem.

-Obrigada – sorrio e dou de ombros, meu irmão me encara e vejo em seu rosto uma expressão de arrependimento, quem sabe agora ele entenda o que realmente fez e aprenda a me conhecer como nunca mais fez.

-Por nada – ele fala após alguns segundos, e então voltamos a comer, eles comem, eu só tomo o suco, apesar de tudo meu estômago está embrulhando, e a historia de aulas de música não me acalmam. Enfrentar a Rose é difícil, além do mais, velhos hábitos são difíceis de abandonar.

Quando levanto, os meninos me encaram, coro violentamente quase lendo os pensamentos deles, que olham diretamente para o meu prato e fazem menção de se levantar, porém quase como se estivesse cuidando de todos os meus movimentos Riley veem para o meu lado e sorri para eles como se dissesse: “Deixa comigo”.

-Deixa que eu te acompanho para a próxima aula – ele diz com um sorriso  maravilhoso, eu sorrio e dou de ombros.

-Se faz questão – ele sorri de novo, e segura minha mão, pegando meu material e colocando nas costas, eu reviro os olhos, mas não falo nada, pelo jeito do Riley vamos discutir até a sala e ele terá carregado meu material e não terá soltado minha mão.

Claro que Rose não deixa esse gesto passar e vem com a garota que o Riley ficou, estamos saindo do salão e a abordagem dela é digna de um plano bem elaborado, apesar de ter sido feito no calor da raiva que ela tem de mim.

-Ei Riley, vai deixar a France com ciúmes assim – Rose fala com uma voz adocicada e totalmente enjoativa. Sinto um arrepio, mas tento ignorar as reações que meu corpo se condicionou a ter.

-Ela sabe que foi coisa de uma noite só, Rose – Riley responde serenamente e com um ar superior que eu simplesmente odeio, porém sei que é assim que ele trata as meninas.

-È a terceira vez que a gente fica... – Riley interrompe o discurso de France com um olhar gélido e cruel.

-Só porque eu te levei para cama mês passado, e nas férias, e ontem, isso não significa que eu te amo, isso significa que você é vadia e gostosa e eu como um bom cara uso isso ao favor dos meus instintos – eu reviro os olhos com isso, e sinto uma enorme vontade de tirar a minha mão da dele, porém ele a segura forte.

-Como... – a garota não termina a frase, apenas saí correndo e chorando dali, Rose vai atrás, e seu plano vai por água a baixo graças à grosseria do Riley e eu não gostar dele.

-Sinto muito por isso – Riley fala quando nos afastamos do Salão Principal e eu continuo tentando soltar minha mão da dele – Não queria que tivesse me visto a beijando, e muito menos presenciado eu falando essas coisas.

-Já vi você dispensando garotas de jeitos piores, e você não tem que se preocupar em eu ver você ficando com outras garotas, isso é perfeitamente normal e eu sou sua amiga, não tenho motivos para me sentir desconfortável com isso – respondo tão serenamente quanto ele e no mesmo tom formal. Riley morde o lábio e dá de ombros.

-Eu me senti desconfortável, achei que se sentiria traída...

-E por que eu me sentiria? – pergunto dando um meio sorriso.

-Achei que pudesse achar que eu quisesse você e que você me quisesse... – eu solto uma risada, é engraçado o ver sentindo desconfortável e admitindo indiretamente que seu ego é enorme.

-Então não ache, porque isso não vai acontecer – respondo dando um meio sorriso e sei que as próximas palavras que vão sair da minha boca podem se tornar mentiras, mas é o que um ser normal faria – Eu posso tê-lo como amigo, mas depois de tudo o que você fez nunca poderia amá-lo, concorda?

-Plenamente – ele responde e prosseguimos em silêncio até eu lembrar que tenho um embrulho para abrir.

-Espere um pouco – eu falo largando minha mão da dele e tirando do bolso da veste a cartinha com o selo de Hogwarts e um selo estranho que parece algo como uma nota música.

-Que foi? – ele pede erguendo uma sobrancelha, eu dou de ombros e mostro o embrulho que estou abrindo, a face de Riley dá um sorriso e tira algo do bolso também – Também te chamaram? Achei que ninguém conhecia seu talento...

-Da Lilly Potter não, mas da Swetty da ForthSquare sim – abro o embrulho e tem uma carta com uma tabela de horários e alguns nomes, meu nome aparece junto com o de Riley e mais dois garotos e nossa primeira aula de música vai ser na última aula. Tem uma cartinha da Minerva junto.

-Acho que vamos nos ver na última aula – ele dá um meio sorriso e eu dou de ombros.

-Acho que sim – eu dou de ombros e pego minha mala dos ombros dele – Posso ir sozinha daqui – falo e dou um beijo na bochecha dele – Boa aula, Malfoy.

-Boa aula, Potter – ele retruca com um sorriso formidável e fica parado me olhando seguir para minha aula, vejo de canto de olho um sorriso bobo nos lábios dele e sei que aquele sorriso se reflete nos meus lábios.