Trevasluz escrita por Mondai


Capítulo 40
Ele não pode lhe proteger; só eu posso


Notas iniciais do capítulo

Oi^^
Até que esse capítulo veio rapidinho...
Pois é,
Cheio de acontecimentos surpresas: Uuuuuuhh
E dor.
E brigas.
Foi díficil escolher um título para esse capítulo e.e
Droga, não coloquei metáforas suficientes T.T
Deixei lacunas à serem preenchidas sobre os sentimentos nesse cap., mas eu acho que vocês vão sacar tudo direitinho.
De qualquer forma, no próximo cap. vocês vão entender tudo.
Boa leitura,
Desculpem os erros,



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Já fazia uma semana que Hermione estava ali na Mansão Riddle. E, ao contrário do que ela pensava, sua culpa não havia diminuído. Muito pelo contrário; ela só parecia aumentar.

Neste momento ela estava indo para o jardim se encontrar com Cedrico. É, era mais um daqueles dias em que Tom estava fora de casa envolvido com os Comensais. Ela não se decepcionava, sabia que eram os primeiros dias pós-guerra e as coisas deviam estar complicadas, mesmo que ela não pensasse muito sobre isso...

Arrastou o vestido azul pela grama milimetricamente aparada do jardim. Encontrou Cedrico ao fundo. Acenou.

- Olá, Hermione! – Cumprimentou-a alegremente.

- Olá – Disse com algum entusiasmo.

- Você chegou tarde hoje, eu já vou ir embora... – Cedrico falou, erguendo os olhos para a noite que começava a pintar-se no céu.

- Estava com um leve mal-estar – Justificou-se sinceramente.

- Ah... Está tudo bem? – Questionou-a preocupado.

- Oh, sim, sim – Respondeu, rodeando-o enquanto o observava guardar seus materiais espalhados pelo chão – Você virá amanhã, não?

- Virei sim – Ele respondeu, levantando-se com a bolsa de jardinagem atravessada pelo pescoço – E você vai vir aqui, não vai?

- Venho sim, Cedrico – Disse sorrindo.

Atravessaram os jardins de volta a casa, enquanto Hermione arrancava algumas rosas no caminho para enfeitar seu quarto.

Como de costume, Sr.ª Berry os aguardava. Hermione ainda se assustava sempre que a via. Após despedir-se de Cedrico, perguntou naturalmente o que Hermione estava pensando em jantar, alto o suficiente para que Cedrico, que já estava quase à porta, ouvisse. Depois voltou-se para seu cômodo misterioso.

Hermione subiu as escadas e largou as flores em um vaso, sobre sua penteadeira. Jantou antes de Tom chegar, por que estava com muita fome.

Enquanto ela finalizava sua refeição (em seu quarto), Tom surgiu.

Ele sorriu antes de se aproximar, como sempre fazia. Ela sorriu também, mas seu rosto logo se transformou em uma expressão de curiosidade quando viu o pequeno embrulho que ele tirava de dentro de suas vestes negras, enquanto caminhava para perto dela. Ela pôs a bandeja que estava sobre seu colo de lado e levantou-se.

- O que é isso, Tom? – Questionou, olhando o que devia ser algo pequeno envolto em um papel amarelado. Ele colocou uma de suas mãos na cintura dela, enquanto com a outra segurava o objeto.

- Um presente – Murmurou com a boca colada ao seu ouvido, fazendo-a estremecer.

- Presente? – Repetiu ela.

- É... – Ele sussurrou, colocando o embrulho na palma da mão de Hermione. Ela apertou seus dedos ao redor do objeto. Sorriu confusa para ele, enquanto se afastava para abrir.

Desenrolou o papel com cuidado e deparou-se com o seu pequeno presente. Girou entre os dedos. Era uma presilha. Não uma simples presilha. Tinha o formato de uma rosa, uma réplica perfeita de uma rosa. Formada por dezenas de fios dourados extremamente finos, espaçados entre si, que deixavam a peça com um aspecto frágil. Onde a luz tocava a peça parecia refletir um tom de verde, quando movimentada. Era linda.

- Tom... É tão... Lindo – Disse encantada, sem conseguir tirar os olhos do delicado adereço, que parecia ser feito por fadas, tamanha a perfeição. Ele agarrou Hermione e a colocou de frente para o espelho da penteadeira.

- Creio que eu nunca expressei a gratidão que eu senti no dia do ataque, que você veio até mim – Ele continuava sussurrando no ouvido dela, enquanto ela observava a imagem dos dois refletida no espelho – Eu pensei em várias formas de agradecer, mas nenhuma me pareceu melhor do que esta, que era algo que há... um bom tempo... eu queria dar à você – Terminou sorrindo sombriamente.

- É realmente um presente maravilhoso, obrigado – Agradeceu verdadeiramente. Ele riu.

- Bobinha – Sussurrou em seu ouvido – Você acha que eu iria lhe dar só uma simples presilha? Hermione, isso não seria o suficiente. Eu pensei “por que não dar algo para ela que a faça lembrar-se de mim?”. Algo meu... – Ele pegou a presilha de suas mãos e encaixou-a no cabelo castanho dela – Que agora, literalmente, será seu...

Hermione estava confusa enquanto tentava raciocinar o que ele estava dizendo, sem deixar de sorrir bobamente.

- O que você quer dizer com isso? – Perguntou, virando seu rosto para ele.

- Uma parte minha para você, meu amor... – Ela compreendeu. Voltou-se a observar-se no espelho. Passou seus dedos sobre a flor.

- Uma horcrux... – Sussurrou quase sem voz. Ele sorriu e espalmou uma de suas mãos na nuca dela.

- Isso mesmo, querida. O que você achou? – Questionou, com uma pequena nota de angustia.

- Eu... Eu amei – Respondeu perplexa – Tom, eu não consigo acreditar que... que você confia tanto em mim... Oh, Tom! Isso foi tão... bonito – Abraçou-o, com algumas lágrimas transbordando de seus olhos – Muito obrigada! Eu amei! – Beijou-o.

- Eu que agradeço, Hermione... Só a sua reação já o suficiente... Se bem que, se todas as vezes que eu lhe der um presente você agir assim, vou lhe dar presentes mais vezes...

Realmente... É tão cômico pensar em como seria a reação de Hermione Granger seis meses atrás se ela ganhasse uma horcrux de Voldemort. Bom, o mundo dá voltas. Aliás, em algumas voltas dessas, nós acabamos ganhando uma parte da alma de nosso inimigo e ficamos alegres demais para destruí-las, porque precisamos usar ela no nosso cabelo.

Como se fosse possível, a relação de Hermione e Tom ficou mais forte. Ela sentia como se ele colocasse um voto de confiança nela (o que para ela era algo grandioso), talvez seja por que ela continuasse com o pensamento de que ela o amava mais do que ele a amava... E é desnecessário mencionar que Hermione não tirava a flor do cabelo.

A flor fazia Hermione se sentir menos sozinha quando estava sem Tom. Mas a horcrux não tinha o poder de afastar o sofrimento. Logo, as crises diurnas de choro ficaram difíceis de serem despercebidas por Pok. Hermione tinha pesadelos quando dormia sozinha. Hermione estava afundando... Ela não aguentava mais. Porém, cada vez que via Tom, o sorriso de Tom, ela se sentia aliviada, flutuando, embriagada, e isso fazia com que ela desistisse de desistir.

Um dia desses, Hermione estava aguardando o jantar fica pronto, na sala de jantar, conversando com Pok. Cedrico também estava lá, só que no jardim; Hermione teria adorado ficar conversando com ele, mas ele praticamente a expulsara de lá, tinha dito que precisa se concentrar, a chuva na noite anterior havia queimado várias flores e ele também estava muito rabugento por culpa disso.  

Hermione estava impaciente. E com fome.  

- Senhora? O jantar já está pronto – Disse Pok, espalhando pratos e talheres com mágica sobre a mesa.

- Ah, tudo bem. Eu já volto... – Respondeu Hermione, indo rapidamente até o jardim, fazendo com que a presilha-horcrux que prendia seu cabelo em um coque reluzisse – Cedrico! Cedrico! – Gritou procurando por ele entre os corredores de flores.

- Hermione, por favor! Já está tarde e eu preciso acabar isso aqui! – Disse, sem deixar de cortar alguns galhos da planta que ele estava mexendo.

- Cedrico! Você termina isso amanhã... Olhe; já está noite! Vamos entrar, você janta comigo e depois vai embora descansar... – Sugeriu, sabendo que o coitado tinha trabalhado o dia todo. Ele olhou com os olhos cerrados para ela.

- Sr.ª Berry nunca me convidou para jantar...

- Sr.ª Berry está com um resfriado, não é nada grave, mas ela não quer sair do quarto, então ela me disse que é para você ir para casa... Mas eu sei que você deve estar morrendo de fome, e eu arriscaria dizer que a comida de Pok está muito melhor do que qualquer que você consiga fazer... – Inventou ela rapidamente. Merlin ajudaria para que Sr.ª Berry não surgisse de repente e estragasse com a mentira toda.

-Hm... – Ele pensou um pouco, tirando a terra de suas roupas – Você tem razão, eu estou com fome – Respondeu sorrindo. Era melhor Hermione se lembrar daquele sorriso.

Ela o levou até a sala de jantar, onde Pok já trazia os alimentos. A elfo estranhou a presença de Cedrico, mas não disse nada.

- Então, você mora aqui desde quando? – Ele perguntou para Hermione, enquanto sentavam-se à mesa.

- Bem... Desde a... Morte de Harry – Mentiu com voz fraca. Percebendo isso ele calou-se.

- Sr.ª Berry é uma ótima pessoa – Comentou ele. Hermione grunhiu uma afirmação – Tem certeza de que é só um resfriado? Na idade dela, qualquer coisa pequena pode-

- É apenas um resfriado, mas ela já bebeu algumas poções – Ela tranquilizou-o, afinal de contas, ele realmente achava que ela era algo... humano.

- Melhor assim – Ele fungou.

Comeram tranquilamente, enquanto ele reclamava das flores, provocando risos em Hermione. No fim do jantar, Pok apareceu para recolher os pratos, lançando olhares neutros para os dois.

Cedrico levantou-se.

- Já está muito tarde. Obrigado pelo jantar, Pok – Ele agradeceu. Enquanto ambos se dirigiam para porta do hall de entrada – Ah, não! Não! – Ele choramingou, percebendo algo que Hermione não notara.

Ele olhava para a larga janela ao lado da porta de mármore branco. Ela aproximou-se. Pequenas gotas de uma chuva fraca e silenciosa escorriam pelo vidro, pintando a noite escura como trevas.

- Cedrico Diggory, nem pense em voltar para o jardim, ouviu? – Ela disse mandona. Ele coçou a cabeça.

- Está bem, está bem! Não vou voltar lá... Mas você vai me ajudar amanhã a cuidar de tudo aquilo! – Ele apontou severo para o lado do jardim. Ela suspirou.

- Só vá embora, Cedrico – Disse, sem paciência. Será que ele dava tanto valor ao seu emprego assim? Bem, ele havia tido muitos transtornos emocionais em sua vida, o trabalho talvez servisse como uma válvula de escape. Estremeceu só pensar.

Ele deu um meio sorriso e levou a mão à maçaneta. Mas uma figura molhada coberta por um manto preto abriu primeiro e ficou encarando Cedrico e Hermione à sua frente, mesmo que não fosse possível ver seu rosto completamente por causa do capuz.

- Oh, milorde, olhe só para o senhor! Irá ficar doente! – Pok disse em tom emergencial, aparecendo na peça repentinamente, com algumas toalhas brancas nos pequeninos braços.

Hermione olhou para Cedrico, que estava confuso.

Tom deu um passo à frente, puxando o capuz para trás. Apavorando Cedrico e Hermione, mas por motivos diferentes. Ela olhou para o chão, temerosa. Ou seria nervosa?

- Quem é você? – Ele praticamente cuspiu as palavras com uma espécie de nojo e raiva, não no habitual tom maléfico e frio de Voldemort. Cedrico o olhou.

- Sou o jardineiro da Sr.ª Berry... – Respondeu simplesmente. Tom levantou as sobrancelhas como se entendesse o que ele dizia. E entendia.

- E o que faz com Hermione? – Ele perguntou no mesmo tom, só que agora com um sorriso sombrio estampado nos lábios.

- Quem é você? – Perguntou Cedrico com um pouco de raiva.

- Ora, ora, não me conhecesse? – Questionou com malícia. Hermione podia sentir o estalo na cabeça de Cedrico. Pok assistia a tudo com um silêncio mórbido. Tom puxou levemente o cotovelo de Hermione, de forma possessiva. Ela protestou imediatamente.

- Tom, me-

- Não toque nela!!! – Alertou Cedrico, gritando e puxando a varinha de dentro do casaco.

- Cedrico!- Ela foi interrompida antes de interferir.

- Como ousa? – Tom falou, ainda sorrindo – Avada Kedavra – Murmurou, puxando velozmente sua varinha da capa e jogando a luz verde no peito de Cedrico, não dando tempo de ele reagir.

Ela não conseguiu acreditar naquilo. Seu coração pulsou forte e ela se sentiu tonta. Raciocinou rapidamente os últimos segundos...

- NÃO!!! – O grito foi de Hermione.

Cedrico estava no chão, com olhos vidrados; finalmente morto. Hermione olhou com horror para o corpo enquanto chorava agudamente.

Voltou-se para Tom, com ódio. Talvez um ódio maior do que ela sentira quando ele matara Harry, por que a morte de Harry vinha de uma rixa antiga entre eles, e Tom tinha seus motivos (mesmo que errôneos) para isso. Mas matar Cedrico tinha sido desnecessário! Pura maldade!

Ele encarava o corpo no chão, sem expressão alguma.

- Pok, pode servir o meu-

- COMO VOCÊ PODE? – Ela gritou, batendo com suas duas mãos fortemente no peito dele. Ele ficou surpreso, mas não foi pego desprevenido. Agarrou as mãos dela e a encarou.

- Hermione?...

- EU TE ODEIO! EU TE ODEIO! – Ela gritou com extrema fúria, sentindo sua garganta pegar fogo e sua pele arder – POR QUE VOCÊ FEZ ISSO, TOM? VOCÊ GOSTA DE ME VER SOFRER, NÃO É MESMO? VOCÊ GOSTA DE ME VER CHORAR ATÉ DESMAIAR POR CULPA SUA! – Ela gritava e chorava ao mesmo tempo, tentando arrancar seus braços das mãos dele. Parecia que toda a culpa que ela estava sentindo desde que chegara ali transbordava em litros pelos seus poros. Tom tentava falar algo, mas não sabia o que fazer, nunca tinha visto Hermione assim. Ou melhor, nunca tinha visto alguém assim – VOCÊ MATOU TODAS AS PESSOAS QUE EU AMAVA! VOCÊ FEZ TODAS ELAS SOFRER! VOCÊ ME FAZ SOFRER! – Seu cabelo agora caía pelo seu rosto e seu vestido estava desarrumado. Pok soltava gritinhos agudos com ambas as mãos nos ouvidos, assistindo tudo em um canto afastado. Hermione não pensava, apenas berrava tudo que sentia, numa explosão de fúria. Culposamente furiosa – POR QUE VOCÊ NÃO PODE SÓ ME AMAR? POR QUÊ?! POR MERLIN, COMO EU FUI CAPAZ DE AMAR UM MONSTRO COMO VOCÊ?

- ENTÃO É ISSO? – Ele gritou, fazendo-a assustar-se e se calar momentaneamente – VOCÊ QUER ME ABANDONAR? VOCÊ É BOA DEMAIS PARA AGUENTAR A CULPA? VOCÊ-

- CALE A BOCA! CALE A PORCARIA DA SUA BOCA! – Ela tornou a gritar, ainda sem conseguir tirar suas mãos dos braços dele, que agora estavam ficando doloridas – ME ESCUTE! PELO MENOS UMA VEZ, ME ESCUTE – Ela parou e soluçou, desviando o olhar por alguns segundos – Você... Você... – Ela fungou – Eu jamais pensei que diria algo assim... Mas eu também jamais pensei que você fosse capaz de fazer algo assim... Talvez eu sempre soubesse o monstro que você era, mas só fiquei me enganando... Agora eu vejo você como você realmente é... E você merece morrer, Tom. Assim eu não sofro mais. Morra, Voldemort. Faria bem para todo mundo. Eu juro que eu esqueceria de você.

Aquelas palavras... Ah, aquelas palavras atingiram Tom de uma forma pior do que a morte poderia atingir. Mas ele não se afastou de Hermione ou gritou com ela, muito pelo contrário, agarrou-a com força e sugou seus lábios com brutalidade, enquanto ela o batia, tentando o jogar para longe. Ele se afastou e ela o fuzilou.

- VOCÊ É UM MONSTRO, TOM! UM MONSTRO! – Berrou. O corpo de Cedrico ainda estava no chão, ao lado deles.

- SOU! EU SOU VOLDEMORT, HERMIONE! – Ele riu sem humor após um pausa – Você não percebeu isso ainda?

- Até pouco tempo atrás eu tentei evitar todas as formas pensar em você desse jeito... Oh, céus! Como eu fui burra! Como eu pude confiar em você? Eu pensei que seu “amor” – ela disse a palavra com desgosto – era o suficiente para afastar minha culpa, mas-

- Claro, a sua culpa de menina boa, realmente-

- VOCÊ NÃO SABE COMO EU TENHO SOFRIDO! VOCÊ NEM SE IMPORTA!

- VOCÊ PREFERIA TER FICADO DO LADO DO POTTER, NÃO É? DIGA!

- PREFERIA!!! – Ela gritou atingindo o pico de sua raiva – PELO MENOS ELE SE IMPORTARIA COMIGO! MAS AGORA ISSO É IMPOSSÍVEL, POR QUE ELE ESTÁ MORTO! VOCÊ O MATOU! POR CULPA DO MALDITO PODER! AGORA, ME RESPONDA; EU SOU IMPORTANTE PARA VOCÊ?

- DO QUE VOCÊ ESTÁ-

- SE SEU SOU IMPORTANTE PARA VOCÊ, POR QUE O PODER SEMPRE ESTEVE NA MINHA FRENTE? – Ele deu uma pausa em seu monólogo para chorar. Olhou nos olhos dele – Eu sempre estou em segundo lugar, não é mesmo?

- Não, jamais! Tudo, tudo, que eu fiz para chegar onde eu estou agora foi para nossa felicidade, o poder não é só meu, Hermione, ele é seu também.

- MAS EU NUNCA QUIS QUE VOCÊ MATASSE TODO MUNDO PARA ISSO! VOCÊ NUNCA DEU ATENÇÃO PARA A MINHA OPINIÃO SOBRE TUDO ISSO! – Esbravejou e abaixou sua cabeça – Eu só queria seu amor...

- Não se faça de inocente, Hermione. Eu não sou tolo – Ele disse, apertando com força seus braços e sussurrando em seu ouvido, contra a vontade dela – Você sempre soube quem eu sou. Voldemort e Tom Riddle são a mesma pessoa. E você sempre soube disso também. Se você pensou que era diferente, sinto muito em acabar com sua fantasia – Finalizou, soltando seus braços e virando-se para porta.

- Vai me abandonar? – Perguntou, sem ainda ter parado de chorar. Não conseguia parar de chorar por causa de Cedrico. E, por em nenhum momento ele ter sequer dito que a amava.

- Você me odeia e quer que eu morra – Ele disse de costas para ela, olhando a porta aberta onde se via a chuva que não cessava – Talvez seja seu dia de sorte – E aparatou. Ela olhou para a porta e gritou. Um grito longo, alto, que deixou as veias do pescoço de Hermione protuberantes. Um grito de dor, raiva, desistência, repleto de culpa.

Passou as mãos no cabelo. Sentiu a rosa ainda presa em sua cabeça. Parecia que, mesmo com toda fúria que ela estava sentindo, não conseguia tirar a presilha dali. Olhou para o corpo de Cedrico no chão.

- Cedrico, me perdoe! Perdoe-me, por favor – Ela chorava. Agachou-se ao lado dele e deitou sua cabeça em seu peito – Me perdoe, Cedrico! Por favor, me desculpe... Oh, meu Deus! Meu Deus! – Ela chorava, agarrada ao corpo frio que nunca chegaria em casa novamente. Pok surgiu atrás de Hermione, sem que ela percebesse. Levantou uma de suas pequenas mãozinhas – Pok... – Hermione disse, percebendo a presença da elfo – Me deixe em paz, Pok, por favor! Por favor... – Ela pediu, ainda acariciando o corpo do morto.

- Me desculpe, senhora... – A elfo, que parecia não sair do seu estado aterrorizado, estalou os dedos perto de Hermione, que caiu sobre Cedrico, inconsciente – Descanse um pouco...

                                                                         ***

- Milorde? – Pok bateu a porta do cômodo do último andar, onde ela sabia que seu Lord estaria. Ela sabia que ele estava lá desde o escândalo de uma hora atrás; ele não havia ido embora como Hermione tinha pensado. Ela não escutou nada. Entrou mesmo assim. Seu Lord estava parado, com as mãos nos bolsos, olhando para a noite chuvosa pela pequenina janela, de costas para ela – Chamei um de seus servos para levar o corpo embora. Ele já foi embora – Ela depositou a bandeja que trazia em mãos, onde tinha um pequeno frasco e uma xícara, em uma mesa que tinha ali – Trouxe um pouco de Poção do Sono, achei que você gostaria de dormir...

Tom respirou fundo e virou-se de frente para Pok. Ela tinha certeza que estava errada, mas podia jurar que nos olhos de seu mestre havia uma luminosidade excessiva.

- Eu não quero dormir – Ele disse – Como ela está?

- Eu a botei para dormir, está em seu quarto. É provável que durma o dia inteiro amanhã. Ela estava muito conturbada, mestre.

- Você ouviu o que ela disse? – Ele desviou de assunto, voltando-se para a janela.

- Eu ouvi tudo, milorde.

- Então você viu que ela me odeia. E que eu sou um monstro. E ela me quer... Morto – Um trovão barulhento iluminou o pequeno recinto – Eu não entendo. Ela parecia tão feliz comigo... Você passa os dias inteiros com ela, ela estava feliz, não estava? – Ele virou um pouco seu rosto. Pok silenciou – Me responda – Ele ordenou sem emoção.

- Milorde... – Pok retorceu os dedos, nervosa – A senhorita chora muito durante o dia. Ela... Ela se sente culpada, milorde.

- Eu sei disso – Ele suspirou – E o jardineiro? Quem ele era?

- Ele parecia ser um amigo de Hermione, um amigo antigo. Eles conversavam toda vez que ele vinha aqui. Mas eles só conversavam... Essa foi a primeira vez que ele jantou aqui dentro-

- Ele... jantou aqui? – Tom perguntou, com uma raiva contida na voz.

- Si- sim... – Gaguejou a elfo – Milorde, eu tenho que lhe confessar. A senhorita nunca estava feliz...

- Saia daqui – Ele ordenou, jogando a cabeça para trás.

- Milorde, me desculpe, eu-

- Saia! – Gritou, atirando um vaso de vidro que havia ali contra a elfo, que aparatou antes. Ele sentou-se na cama de solteiro que tinha naquele quarto.

Que motivos ela teria para ter tido um ataque como aquele? Ele não fazia ideia. Foi tudo tão de repente. Ou melhor, fazia ideia sim, mas não conseguia imaginar por que Hermione diria aquelas coisa a ele.

Mesmo querendo ter saído dali no momento em que ela se revoltou contra ele, ele apenas aparatou para aquele cômodo, o mais alto da mansão. Não conseguira sair dali após ela ter perguntado, ainda com fúria, mas receosa, se ele iria a abandonar. Não, ele não a abandonaria. Mas gostaria. Momentaneamente gostaria.

Quando ele conseguiu finalmente por as mãos em Hermione, ela diz aquelas coisas. As palavras de Hermione eram repetidas diversas e diversas vezes em sua cabeça.

                                                                               ***

Hermione acordou. Sua cabeça doía e ela sentia-se enjoada. Não foi necessário pensar muito para que os acontecimentos da noite anterior voltassem à sua mente. Seus olhos ardiam. Sentou-se na cama. Pok com certeza devia ter colocado a camisola violeta em Hermione e arrumado seus cabelos. Deitou a cabeça em seus joelhos e chorou baixinho. Nem sabia direito por que chorava, nem queria saber, apenas chorou. Será que ele realmente a havia abandonado?

Sentia raiva de Tom, mas ao mesmo tempo estava preocupada. Ela lembrava-se exatamente de ter dito que o odiava e queria sua morte, mas... Era culpa de sua culpa. Sua culpa a consumiu. As palavras saiam sem esforço de sua boca, simplesmente eram ditas. A pilha de cartas havia ganhado a habilidade de falar na noite anterior. Ainda mais com o corpo de Cedrico aos seus pés.

Oh, Cedrico! Agora ela tinha motivos para chorar. Por que Tom o matou? Ele não tinha feito nada! Ele só queria defender Hermione!

Hermione jamais pensou que Tom faria algo assim, mas nunca duvidou de suas capacidades. Naquele momento ela não conseguia enxergar Tom, apenas Voldemort, o homem que matou seu melhor amigo.

Mas ela ainda se lembrava de Tom ter dito que ele e Voldemort são a mesma pessoa. E eles são. Hermione era apenas ingênua o suficiente para achar que Tom Riddle só existia para ela. Que Tom Riddle a amava, a protegia e se preocupava com ela. Mas ela nunca passara de um divertimento para Voldemort/Tom Riddle. Que graça tinha enganar ela tão dolorosamente?

Ele a tinha machucado muito. Demais. O suficiente para ela não ter mais motivos para viver. Ela fez tudo por amor a ele e como ele a retribuía? Matando alguém que morreu por que foi protegê-la. Hermione tinha sido muito má e cruel por ele.

Deitou-se novamente, chorando agora sobre o travesseiro dele. Ele nem ao menos se abalou quando ela disse que desejava sua morte. Muito menos quando disse que o odiava. Talvez esse também seja um motivo de ela ter dito tudo isso: provocação. Queria vê-lo ser humano. Queria vê-lo ficar terrivelmente triste com aquelas afirmações, da mesma forma que ela ficaria se a situação fosse contrária. Mas não, ele apenas deu alguns gritos e foi embora. Ela sentiu-se um lixo, um nada. Como se tudo que ela fez até agora não valesse a pena. Como se ela não valesse a pena. E parecia ser isso mesmo.

Ela não conseguia esquecer os olhos de Cedrico ainda fitando-a, sem vida, enquanto ela implorava seu perdão, para poder ficar em paz, o que não aconteceu.

Sentia fome, frio, medo e dor. Mas não conseguia mexer-se para fazer alguma coisa. Não, ela não estava mergulhada em culpa. Estava mergulhada em dor. Um torpor que dominava e moía cada uma de suas células, enquanto ela olhava fixamente para sua presilha-horcrux sobre a mesinha de cabeceira. Não conseguia produzir mais lágrimas, apenas chorava sem chorar.

Ele não a amava, ele não a amava, ele não a amava... Tom Riddle apenas brincava. Talvez até ele arranjasse um novo brinquedo algum dia.

Um estalo indicou que a porta foi aberta. Só de pensar na possibilidade de ser Tom, ela ficou alerta.

Olhou para a porta e viu que era ele, observando-a da porta, sem arriscar entrar. Ela não pode dizer se sentiu raiva ou não, só sentia a dor. Não desviou o olhar dele. A porta estava entreaberta, a mão alva dele segurava a porta, impedindo que ela se fechasse ou abrisse completamente. Ele tinha os olhos obcecados em Hermione, que não conseguia perceber isso. Ela queria gritar novamente com ele, mas não fez isso, porque não adiantaria nada gritar e o xingar novamente se ela não tivesse independência suficiente para sair daquela casa. Ninguém a aguardaria do outro lado uma traidora mesmo.

Apenas o observou em silêncio. 

- Você vai ficar me assistindo definhar, Tom? – Ela questionou, com uma voz rouca e falha. Ele apenas manteve o olhar duro sobre ela. Eles não faziam nada além de se olhar. Ela não obteve resposta dele.  Ele ergueu um pouco o queixo e pareceu analisar se entraria no quarto. Ele não entrou. Ela não disse mais nada. Apenas sustentaram o mesmo olhar. Cada um queria saber o que outro pensava, cada um queria fazer algo, cada um queria dizer algo. Mas ninguém fazia. Nada ninguém dizia. O olhar sôfrego de Hermione parecia não o afetar. Somente parecia. Enquanto o olhar severo dele, visivelmente a afetava, deixando-a um pouco assustada. Mas ela não conseguia distinguir isso, por que só sentia o torpor da dor. Depois de longos minutos, ela quebrou o silêncio – Diga que me ama. Diga que tudo que eu fiz foi certo – Pediu, fechando os olhos, esperando que ele dissesse o que ela queria.


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Notas finais do capítulo

Juro. J-U-R-O. J~U~R~O que se esse capítulo não atinger no mínimo 70 reviews o próximo capítulo vai demorar UM BOM TEMPO para ser postado.
Obrigado por terem lido ^^
COMENTEM, SE NÃO...
EU MATO O TOM NA FANFIC!
Mentira, não mato não...
Ou mato? Ô.õ ?
É só isso por hj,
Boa noite,
JuB'S
Ahh, valeu pelas MPs fofinhas que algumas de vocês me mandaram, eu tenho tanto orgulho de vocês, caras leitoras ~cry~
EBAAA , ABRAÇO EM GRUPO!!!