Trevasluz escrita por Mondai


Capítulo 3
Fácil como aparatar...


Notas iniciais do capítulo

Oi de novo!
Boa leitura e deculpem os erros
Obs.: o nome da dona do orfanato eu copiei de uma outra fic (Riddles's Riddle's, que é muito boa por sinal),porque eu realmente não achei no livro o nome dela.



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Hermione levantou-se lentamente certificando-se que sua varinha estava dentro de sua saia. Estava lá. Pegou seu malão que estava no meio da rua, quando ela reparou que sua mão esquerda deveria estar com grandes cortes e sangrando. Não, estava perfeita. Mesmo estranhando isso, ela ajeitou sua saia e prendeu o cabelo em um rabo de cavalo alto. Agarrou firmemente o seu malão e olhou ao seu redor. Era uma longa rua, com muitas casas de ambos os lados. Hermione ficou fascinada com as casinhas daquela época, todas escuras, dar cor de piche, igual o asfalto. Olhou para o céu, estava nublado e tudo estava muito úmido, então iria chover. Foi para calçada arrastando seu malão e começou a ficar preocupada se encontraria o orfanato, ou pior, se ela havia ido para o lugar certo. Mas esse sentimento desapareceu quando ela avistou uma grande casa de arquitetura gótica com grandes portões de ferro escuro. Como aquela rua podia ser tão sombria? Havia uma placa no topo do portão indicando que aquele era o orfanato. Ela empurrou o portão que rangeu mais alto do que ela esperava. Várias cabecinhas apareceram nas pequenas janelas da casa. Hermione notou que a casa tinha quatro andares, deveria ter muitas crianças. Arrastou-se pela estradinha cimentada no meio do gramado mal cuidado, subiu os três degraus e bateu na grande porta do lugar. Menos de dois minutos depois, uma mulher de baixa estatura com óculos redondos aparentando ter uns cinquenta anos olhou para ela dos pés a cabeça e perguntou:

–Posso lhe ajudar, querida?- Ela tinha uma voz rouca e amável.

–Si-sim- Hermione gagueja, vendo que apareceram várias cabecinhas no topo da escada, completa: - Poderíamos conversar em um lugar mais reservado?

A mulher lançou um olhar zangado para quem presenciava a aparição de uma estranha, no topo da escada e as crianças rapidamente se retiraram. Hermione ficou surpresa, havia um número parcial de crianças e adolescentes da idade dela ali. Ela pensava que ela e Riddle seriam as exceções. Seguiu a senhora até o último andar e elas entraram num pequeno e frio escritório. O interior da casa era tão sombrio quanto o lado de fora, ela apreciou o silencio absoluto que só durou até a senhora se sentar atrás de uma mesa e Hermione em uma das duas cadeiras acolchoadas de frente para a mesa. Notou uma plaquinha escrita “Sr.ª Cole”. Elas se encararam por exatos três segundos até que a senhora ajeita os óculos e começa a falar.

– Muito bem, minha jovem, vejo que você traz um malão, então acredito que esteja a procura de abrigo, estou certa?-Hermione assentiu - Quantos anos você tem?

–Dezessete - Hermione já sabia onde aquilo iria acabar.

–Oh, minha querida! Você sabe que adolescentes raramente encontrão um lar, casais sempre preferem crianças...

–Não, não-Ela a interrompe – Não desejo um lar, nem uma família, quer dizer... – Hermione complementa sua atuação deixando duas lágrimas escorrerem de seus olhos- Eu queria a minha família de volta, mas eles estão mortos- Sua voz falha na última palavra e ela soluça. Ela estava saindo melhor do que ela esperava – Eles foram mortos em um bombardeio, há alguns meses, desde então venho conseguindo me manter em um albergue, com minhas economias, mas elas se esgotaram e eu não tenho para onde ir... – Agora Hermione chorava e soluçava como se aquilo fosse real.

– Querida – A Sr.ª Cole estava com lágrimas por traz das lentes de seus óculos – Nós temos um quarto disponível, acho... Acho que você pode ficar aqui. O tempo que necessitar. Oh, não chore, meu bem, tudo vai ficar bem... Seu nome é?

–Hermione Granger, muito obrigada, senhora...? – Ela estava sendo ótima mesmo em sua atuação.

– Cole, Martha Cole – Sr.ª Cole levanta-se de sua cadeira, enxuga suas lágrimas com um lencinho e abre a porta. Hermione passa por ela e depois Sr.ª Cole a fecha.

Hermione já estava recuperada de seu showzinho e deslizava atrás de Martha, decorando cada lugar que ela lhe mostrava. Passaram pelo refeitório, banheiros femininos e, para grande surpresa de Hermione, uma biblioteca. Pararam em um corredor cheio de portas que era o dormitório feminino, foram até o fim dele. Sr.ª Cole tirou um grande molho de chaves do bolso de seu vestido vinho escuro de veludo e abre uma porta idêntica as outras.

– Bem, Hermione Granger, não é? – Hermione assentiu – Este será seu quarto, o café da manhã é servido às sete horas. Você está em férias, não está? – Ela assente novamente – Bem, o toque de recolher é às oito e meia da noite. Tudo bem?

– Sim – A voz de Hermione estava um pouco rouca por causa de seu choro mais cedo.

– O almoço vai ser servido daqui há... – Ela olha o relógio no final do corredor – meia-hora. Vou deixar você arrumar suas coisas.

Hermione abraça Sr.ª Cole pela cintura, que retribuí o abraço carinhosamente de Hermione e beija o topa da cabeça da menina. Afasta-se dela e as duas se fitam intensamente. Hermione olha os profundos olhos negros da senhora.

– Muito obrigado, Sr.ª Cole – Ela murmura.

– De nada, querida, de nada- Sr.ª Cole diz, depois vai para as escadas. Hermione entra para seu quarto.

Não foi surpresa para ela que o quarto fosse pouco acolhedor. As paredes negras e o piso de linóleo escuro juntos com o espaço pequeno causaram um arrepio na coluna de Hermione. Ela olha para a cama de metal enferrujada com um fino colchão e um fino travesseiro. Também havia um fino cobertor dobrado aos pés da cama. Um pequeno guarda roupa e uma pequena estante. Ela coloca seu malão do lado do guarda roupa, não tiraria nada dele, e o selou com um feitiço silencioso, caso alguém estivesse escutando atrás de sua porta.

Hermione precisava pensar em que desculpa daria quando os outros voltassem para as escolas e ela não. Mas ela tinha coisas mais importantes para pensar. Ela começou a analisar se ter sido criado num ambiente como aquele pode ter afetado Riddle. Ela logo deduziu que ele não teria uma horcrux relacionada com aquele lugar, como havia sugerido Harry. Isso eliminava uma das teorias deles. Quando Hermione deu por si, saiu na porta de seu quarto e olhou o relógio. Haviam se passado vinte minutos, mas ela já podia escutar o barulho de conversas no primeiro andar. Desceu as escadas tentando se camuflar com a parede, ela nunca gostara de atenção, ainda mais quando ela passava e cada cabeça virava e a encarava como se ela estivesse só de roupas intimas.

Foi muito difícil chegar ao refeitório. Ele era aberto, sem as grandes portas do de Hogwarts, e possuía três grandes mesas com grandes bancos nos lados. Todas as mesas estavam lotadas, para seu desespero. Ela serviu-se de um sopa que não era nada parecida com a sopa da Sr.ª Weasley, mas não parecia tão ruim quanto o frango que tinha ali. Virou-se para o salão e viu que todos a encaravam e cochichavam com os outros, ela sentiu seu rosto arder e se sentou no extremo sul da primeira mesa, perto da janela que ficava de frente para a rua. Quando sentou- se percebeu que as conversas começavam a retornar ao tom normal. Varreu o salão com os olhos e encontrou o que procurava.

Ele estava sentado a duas mesas de distância dela, e assim como ela, longe de todas as conversas animadas. Sua postura era ereta e elegante, e tinha os olhos em seu prato e comia naturalmente, como os outros. Ela o analisou: seus cabelos eram de um castanho escuro reluzente e com ondas leves que não podiam ser definidas como cachos, era curto. Não era possível ver a exata cor de seus olhos, apesar dela saber que eles eram cinza. Mesmo sobre o pulôver preto que ele usava podia-se ver pequenos, porém definidos, músculos. Seu rosto era anguloso e ela tinha que admitir que a linha saliente de sua mandíbula só o deixava mais atraente. Sua pele, branca como neve, gerava um lindo contraste com seu cabelo. Hermione era obrigada a admitir, mesmo sabendo que ele era o futuro Lord Voldemort, ele era bonito, muito bonito.

Ela não estava com medo, ele não faria nada como ela ali, ele nem a conhecia e aquele lugar estava cheio de testemunhas.

Ela tomou rapidamente sua sopa e o observou terminar de comer e se levantar e andar como um príncipe até o corredor. Ela não sabia onde ele foi, mas a Sr.ª Cole havia lhe dito que só se podia sair de lá com autorização dela ou nos passeios de final de semana. Provavelmente ele estava ali.

Ela foi à biblioteca, era grande e com várias estantes de metal enfileiradas. O lugar só possuía duas janelas, ela pegou um livro que chamou sua atenção e encaminhou-se para o jardim, ficar ali era sufocante.

Ela viu que algumas meninas de nove ou dez anos brincavam de pular corda, uns garotos de catorze ou quinze anos jogavam futebol americano, um grupinho de meninas da idade de Hermione davam risadinhas e lançavam olhares significativos para um grupo de garotos que estava mais adiante. Ela foi até uma das quatro árvores que existiam ali, e repousou suas pernas no chão e suas costas no tronco. Antes de ler, olhou ao redor, a maioria dos órfãos estava ali, não havia sol, estava como de manhã. Mal sabia ela que um par de olhos grafite a fitava com curiosidade.

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À noite, chovia ruidosamente na rua, como Hermione previra. O clima esfriou e Hermione já havia jantado, novamente, perdeu a maioria do jantar observando Riddle. Ele agiu igual no almoço, não falou com ninguém. Ela pensou que uma horcrux dele não seria nada que não tivesse relação com o mundo mágico, já que ele desprezava os garotos que passaram quase toda sua vida com ele, na mesma casa. Bem, era isso que ela pensava.

Faltava um pouco mais de uma hora para o toque de recolher. Hermione estava separando sua muda de roupa de dormir para ir tomar banho, quando ela notou o livro em cima da sua cama. Ela passara o dia inteiro o lendo, mas havia esquecido de avisar a senhora bibliotecária que o retirara, então ela precisava devolve-lo ainda hoje. Algumas garotas conversavam no corredor do dormitório feminino, ela desceu as escadas e entrou na biblioteca. A bibliotecária não estava mais lá, ela decidiu deixar o livro na estante em que o havia retirado e amanhã explicaria para ela. Acendeu as luzes brancas da biblioteca, o contraste delas deixou o ambiente mais fantasmagórico, ela pensou ter escutado um barulho, como Olho-Tonto tinha a ensinado ela tocou sua varinha para se certificar de que estava ali. Ótimo, estava. Depois de algum tempo, ela deduziu que podia ser um rato ou sabe-se lá o que, pelo estado daquele orfanato podia ser quase tudo.

Rapidamente ela achou a prateleira de seu livro. Ela havia realmente gostado do livro. Quando um barulho novamente chamou sua atenção. Hermione podia ter simplesmente ido embora, mas o pensamento Grifinório ganhou e ela andou pelas prateleiras, sem sua varinha erguida porque podia ser alguém. Algum órfão indefeso, especificamente.

Ela estava no fim de um corredor entre duas prateleiras, estava perto da parede negra do fim da biblioteca quando uma mão toca seu ombro. Sem pensar, ela puxa a mão que estava em seu ombro e empurrou a pessoa dona daquela mão contra a parede da biblioteca, prensando ameaçadoramente na parede com sua varinha na jugular de seu “agressor”. A má iluminação da sala não ajudou Hermione a identificar quem era, mas à medida que seus olhos identificavam os olhos cinza abertos de choque um arrepio percorreu sua espinha e seu cérebro raciocinou que eles estavam sozinhos ali, ela era uma vitima indefesa. E seus rostos estavam muito próximos.

Depois de longos dez segundos ela pensou na idiotice que cometeu. Ela ainda tinha sua varinha grudada no pescoço de Riddle. Ela agora não podia mais fugir ou inventar uma mentira para explicar o que aconteceu, e agora? Hermione afastou-se dele, que ficou grudado na parede, enquanto ela fingia analisar a estante da direita, quando na realidade sua cabeça pulsava pensando no que dizer.

Tom finalmente desgrudou da parede e encarou as costas de Hermione que não estava tendo sucesso em fingir que procurava um livro. Ela só rezava que ele saísse dali, mas percebendo que aquilo não iria acontecer, ela olhou para ele de esguelha, timidamente, e encontrou um rosto sem emoção, com olhos vazios. Desviou os olhos rapidamente.

–Eu sou o que você é. – Ele disse com uma voz rouca e fria, que arrepiou os pelos da nuca de Hermione. Era a voz de Voldemort. Uma voz suave e letal.

Com o último resquício de coragem Grifinória que restava ela virou-se completamente e encarou seus pés, depois olhou para ele e para seus pés novamente.

Ela encararia a rodada de perguntas que provavelmente aconteceria. Mas ela poderia responder olhando para seus pés.


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Notas finais do capítulo

Já tenho o cap. 4 pronto, mas depende de vocês ele ser postado hoje ou não... Obrigada por lerem !!!